Emoção tomou conta do primeiro ensaio de bateria da Grande Rio, na última terça-feira, em Caxias. Mestre Fafá foi surpreendido com a presença do lendário Mestre Odilon, que comandou a bateria da escola por 11 anos.
Fotos: Rafael Arantes/Divulgação Grande Rio
“Muito emocionante estar aqui hoje. Um convite incrível e que eu realmente não esperava. Fico muito feliz de ver o trabalho que o Fafá está fazendo aqui. Ele é um garoto de ouro e que merece continuar esse caminho incrível. A bateria da Grande Rio está em boas mãos”, frisou Odilon.
Emocionado com a surpresa, Fafá celebrou a oportunidade de abrir a temporada de treinos para o Carnaval 2025 ao lado de um profissional que ele sempre admirou.
“Foi uma honra receber o Odilon, aqui, no nosso primeiro ensaio. Ele que é a minha maior referência, junto com meu pai, no carnaval. São meus mentores mesmo. Foi um momento muito emocionante pra mim e, com certeza, pra toda a bateria. A melhor forma pra começar a nossa temporada”, celebrou o Major.
Os ensaios de bateria acontecem sempre às terças-feiras, a partir das 20h, na quadra da Grande Rio, em Caxias.
Dar espaços a novas pessoas é sempre uma atitude que pode dar certo, além de ser importante revelar pessoas para o cenário do carnaval. Na ocasião, a Barroca Zona Sul escolheu uma dupla de intérpretes para substituir Pixulé, que defendeu a agremiação durante cinco carnavais. Os dois novos cantores oficiais da ‘Faculdade do Samba’, se tratam de Cris Santos e Dodô Ananias. O primeiro é uma ‘solução caseira’, pois já estava no carro de som da escola e assumia os microfones em ensaios e apresentações quando Pixulé estava ausente. O outro contratado é Dodô Ananias, cantor gaúcho com experiências no carnaval carioca, sendo apoio e defendendo oficialmente a ala musical da Acadêmicos da Rocinha nos últimos quatro desfiles. A dupla conversou com o CARNAVALESCO e contou a história e do sentimento de defender as cores da Barroca Zona Sul.
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO
Cartão de visitas
Cris é oriundo da cidade de Santos. O intérprete teve passagens em agremiações da Baixada Santista e se apresentou dizendo que é uma consagração ser o cantor oficial da verde e rosa de Jabaquara. “Eu vim de Santos. Venho da Baixada Santista, tive uma saída em algumas escolas agremiações de Santos e Cubatão e há sete anos eu estou na Faculdade do Samba, hoje sou consagrado como o primeiro intérprete, junto com o Dodô, meu parceiro”, celebrou.
O gaúcho Dodô já tem mais experiência frente aos microfones de uma escola de samba, visto que já foi intérprete da Rocinha, no Rio de Janeiro e também trabalhou como apoio em outras escolas cariocas. “Sempre eu trabalhei com samba lá no Sul. Entrei no desafio de morar no Rio de Janeiro e já venho há seis anos para viver desse sonho. Agora, estou vivendo esse sonho hoje, em São Paulo, ao lado do Cris, na Barroca Zona Sul. No Rio de Janeiro fui intérprete da Acadêmicos da Rocinha nos últimos quatro carnavais e agora estou tendo essa oportunidade de ser intérprete oficial no carnaval de São Paulo”, disse.
Recepção da comunidade e missão de substituir Pixulé
Cris, que está há sete anos na escola, tem um grande carinho pela comunidade. De acordo com o cantor, o recebimento da notícia de que seria cantor oficial teve um sentimento de felicidade. “O sentimento é o melhor possível. O sentimento de amor que a gente tem pela escola, pelo carinho da comunidade que abraça a gente. A euforia tomou conta desde quando foi anunciado que seríamos oficiais da escola. É muito gostoso, é muito gratificante. Não tem a explicação da palavra de qual sentimento floresce cada dia aqui na escola”, declarou.
Pixulé marcou história na Barroca Zona Sul. O intérprete carioca estava na escola desde o Grupo de Acesso e se despediu no Carnaval 2024. Dodô, que já cantou com ele no Paraíso do Tuiuti, disse que vai trabalhar bastante para substituí-lo à altura. “O Pixulé é nosso amigo. Trabalhei com ele lá no Tuiuti no último carnaval. Eu era apoio do Paraíso do Tuiuti. O meu sentimento hoje é de realização de um sonho. Mas a gente vai trabalhar muito. Eu mais ainda, porque o Cris já fazia parte da escola. Eu que estou chegando agora, quero retribuir o carinho que estou recebendo das pessoas. Quando me falaram que o Barroca era uma família e uma verdadeira Faculdade do Samba, eu não pensei duas vezes. Eu acreditei e estou vivendo isso na prática”, afirmou.
Recado para a comunidade
A dupla deixou um recado para a comunidade. Ambos estão entusiasmados e prometem extrema dedicação com o pavilhão e componentes da Barroca Zona Sul. “É um prazer enorme estar defendendo esse pavilhão que tanto amo e tanto admiro. Minha velha guarda, minhas alegorias, harmonia e geral da escola. Minha bateria ‘Tudo Nosso’, essa rapaziada maravilhosa”, disse Cris.
“Passistas, baianas, velha-guarda, todos os segmentos da escola, eu quero prometer e me comprometer que empenho, dedicação e trabalho não vão faltar. Nessa dupla aqui, a gente vai trabalhar muito para entregar o resultado que a escola precisa e merece”, finalizou Dodô.
A Superliga Carnavalesca do Brasil realizará no domingo, a partir das 19h, o sorteio que definirá a ordem dos desfiles das escolas das séries Bronze e Prata na Estrada Intendente Magalhães para o carnaval de 2025. O evento terá entrada restrita para as agremiações filiadas e com transmissão ao vivo pelo canal do Fita Amarela.
Foto: Anaiara Gois/Divulgação Superliga
Segundo o presidente da Superliga, Luiz Vinícius Macedo, “Este sorteio é um momento crucial para as escolas, pois define a sequência dos desfiles, influenciando diretamente na preparação e na apresentação de cada uma. Estamos trabalhando para garantir um evento transparente e justo, que respeite o empenho e a dedicação de todas as agremiações participantes”.
A Viradouro, atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, está preparando um enredo impressionante para o Carnaval de 2025, intitulado “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. Em uma entrevista exclusiva concedida ao site CARNAVALESCO, o diretor executivo da escola, Marcelinho Calil, compartilhou sobre o momento que a agremiação vive desde 2019 e como ele encara a responsabilidade de abrir os desfiles com a Imperatriz, Mangueira e UPM. Marcelinho também deixou sua opinião sobre esse momento que as escolas estão abordando a temática afro-religiosa.
Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO
Em análise sobre o momento atual da Viradouro, que desde 2019 tem se mantido no top 3 do Carnaval do Rio de Janeiro, Marcelinho descreveu dois cenários distintos que se complementam para explicar esse sucesso contínuo. O primeiro cenário é de uma força institucional, onde a escola foi entregue em condições precárias e foi reconstruída com uma liderança forte, profissionais competentes e o apoio fundamental da comunidade. O segundo cenário é competitivo, envolvendo quesitos fortes e uma estrutura sólida para os profissionais trabalharem. O diretor executivo enfatizou que a escola busca realizar suas atividades com amor e competência, minimizando erros e riscos. No entanto, Marcelinho reconheceu que a fórmula exata para o sucesso da Viradouro é difícil de definir, pois é resultado de um esforço constante no dia a dia e da capacidade de entender e se adaptar à competição.
“Passa por dois cenários distintos que se completam: Força institucional, uma escola que foi entregue falida. Falida, que eu estou falando, não é dinheiro, é moralmente falida e que foi reconstruída, acredito eu com uma liderança boa, profissionais que abraçam e que são competentes, uma comunidade que é o pilar de tudo, que estava adormecida e abraçou todas as ideias e acreditou na gente. De outro ponto competitivo, claro, quesitos fortes, sem dúvida alguma, já que está falando de colocação, estrutura para o profissional trabalhar, uma escola que faz tudo com muito amor, com muita competência, pelo menos busca isso, e procura minimizar erros, minimizar riscos. O que você quer saber é a fórmula da Coca -Cola e todo mundo quer saber, mas de fato são pilares assim, mas é impossível eu conseguir dizer para você o que sustenta a escola no topo a algum tempo. Eu acho que é o dia a dia, procurar, como eu disse, o empenho e obviamente com alguma capacidade, pelo menos o mínimo possível, conseguir entender essa competição, como ela funciona, mas sempre deixando claro que a escola não se sustenta para a competição, a escola de fato se fortalece como escola, como instituição e aí sim ela tem todas as ferramentas para competir bem”, compartilhou Marcelinho.
A escola de Niterói vai abrir o Carnaval 2025 com a vice-campeã, a Imperatriz, além da Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro, e da Estação Primeira de Mangueira, a segunda escola mais vencedora da história do carnaval e Marcelinho descreveu esse momento como fortíssimo. Ele enfatizou que não vê a Imperatriz como uma rival direta, mas sim como uma das 11 escolas buscando seu lugar ao sol. No entanto, Marcelinho expressou sua confiança na capacidade da Viradouro de fazer um grande Carnaval, independentemente da posição em que desfile. Ele mencionou sua experiência passada, sendo campeão e vice tanto como última de segunda quanto como segunda de domingo, evidenciando a resiliência e força da escola.
Marcelinho deixou claro que sua principal preocupação é proporcionar à Viradouro as condições para fazer um grande desfile, confiando no processo de julgamento e no padrão de excelência que a escola tem buscado nos últimos anos. Sua declaração de “zero preocupação” não é arrogância, mas sim um reflexo da confiança que tem no trabalho realizado pela escola e na capacidade de se destacar independentemente da posição no desfile.
“Um dia fortíssimo! Não vejo a Imperatriz como a rival, acho que são 11 escolas tirando a Viradouro, obviamente, com ela 12, buscando seu lugar ao sol. Carnaval já teve ciclos na sua história, escolas que vêm bem, escolas que depois não têm bons resultados, depois passam a ter de novo. Reconheço a Imperatriz como uma grande escola, sem dúvida alguma, que vai fazer um grande Carnaval. Acho que tem um dia fortíssimo mesmo, a Mangueira, a Imperatriz e a UPM, mas assim, eu vou falar o que eu falei lá no sorteio. E para não achar que é história, eu vou falar exatamente o que eu falei para o CARNAVALESCO quando fiquei em sexto do último dia. Eu não me preocupo mesmo, sendo bem honesto. Nos últimos anos a escola tem um padrão, ela vem buscando excelência e o meu papel é repetir ou melhorar. Eu sei que a escola tem capacidade, tem condição de fazer um grande Carnaval e de buscar as notas máximas, independentemente do lugar que ela venha. Já fui campeão e vice como última de segunda e campeão e vice como segunda de domingo. Então eu acho que a Viradouro tem a sua maneira, a sua força e eu tenho certeza que ela vai ser muito bem julgada se for muito bem e penalizada se não for bem como qualquer outra escola, independentemente da colocação. Zero preocupação. Quando eu digo zero preocupação não é nenhum tipo de arrogância não. É porque de fato não é algo que habita o meu coração nem a minha cabeça. A minha preocupação é proporcionar a Viradouro a condição de fazer um grande desfile, que aí sim eu entrego para quem estiver julgando, como tem sido muito bem feito nos últimos anos,” contou Marcelinho.
Em relação a sua percepção sobre o momento atual das escolas de samba abordando temas afro-religiosos, reconhecendo a importância de celebrar e honrar essa cultura ancestral. Marcelinho destacou que, embora muitos enredos tenham uma conotação afro-indígena, como o da Viradouro, é fundamental entender e respeitar as diferenças entre as diversas manifestações culturais. Ele expressou sua felicidade ao ver o reconhecimento e valorização da cultura afro-brasileira no carnaval e ressaltou a importância de estudar e compreender as nuances de cada enredo, evitando a simplificação ou generalização de culturas tão ricas e diversas.
“Eu acho que de uma maneira geral isso faz sentido, mas vejo um pouquinho de diferença. O enredo da Viradouro, por exemplo, ele é afro -indígena, mas eu diria que ele tem uma conotação muito mais indígena, que é a história da divindade do encantado Malunguinho na jurema sagrada, e assim um paralelo africano muito interessante com o João Batista, o último malunga, mas esse sentimento que você me traduziu eu fico muito feliz, porque eu acho que a escola de samba é isso mesmo, mas acho também que é hora de todos nós, como sambistas, reforçarmos e estudarmos as diferenças que cada um tem. Não cometemos o mesmo erro que quem nos agride faz, que é colocar tudo num pacote unificado. São enredos que homenageiam e que veneram uma cultura, uma ancestralidade, que de fato é a nossa existência, é a escola de samba em si, mas com todas as suas diferenças. Então eu vou buscar estudar melhor, já fiz o meu dever de casa, mas vou buscar estudar um pouquinho melhor cada um desses enredos para ver, sim, esse mesmo sentimento ancestral, mas de fato saber diferenciar cada um deles. Eu acho que nesse momento, é muito importante a gente ter esse dilema. A gente vive num continente e ninguém confunde Buenos Aires com Rio de Janeiro, mas na África tudo é a mesma coisa. É hora da gente botar cada coisa no seu lugar, mas concordo com você. Estou com muito orgulho de falar da origem do samba e da origem de quem construiu tudo o que a gente está pisando hoje,” disse Marcelinho.
O Camisa Verde e Branco permaneceu no Grupo Especial do carnaval de São Paulo, fato que não acontecia desde 2005 e 2006, depois teve passagem no Especial em 2008 e 2012, mas não permaneceu no Especial. O Trevo, nove vezes campeão do Grupo Especial, é um dos pavilhões mais pesados do carnaval de São Paulo e mira um projeto mais ousado após superar dez anos consecutivos no Acesso I.
O vice-presidente e diretor de carnaval, João Victor Ferro, é um dos símbolos da reconstrução do Camisa Verde e Branco, com uma família de grandes raízes na agremiação, atualmente sua mãe, Erica Ferro é a presidente e a irmã Sophia Ferro é a rainha de bateria, todos crias da agremiação da Barra Funda e frutos da retomada no Grupo Especial.
Em entrevista para o site CARNAVALESCO, João Ferro falou sobre o momento de felicidade da comunidade: “É um sentimento de felicidade. A escola ficou muitos anos no Grupo de Acesso, vinha de diversos problemas aí anos anteriores. Então conseguimos estabilizar a escola. Para a gente foi um prazer, uma felicidade, e agora estamos trabalhando para alcançar novos voos. A realidade é essa, a escola subiu, conseguimos se manter, agora a briga é outra. Estamos trabalhando, de forma organizada, quietinho, para fazer as coisas acontecer, e se Deus quiser vai dar certo”.
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO
O Camisa Verde e Branco esteve disputando nota a nota contra o rebaixamento para o Acesso e escapou nas últimas notas, ficando no 12º lugar. O objetivo da escola era pés no chão, foco era justamente na permanência no Grupo Especial após tanto tempo sem disputar a elite do carnaval paulistano.
Mas para o carnaval de 2025, o foco é diferente, João frisou que é mais ousado e relatou sobre as mudanças que a escola passou em quesitos como de carnavalesco e casal: “Todas as mudanças foram para continuar mantendo a escola organizada, é o que falei, hoje o projeto é outro, tínhamos um projeto de se manter no grupo, agora o projeto é um pouco mais ousado. As mudanças foram por conta disso, outras nem tanto, ciclos que apenas se encerraram né. Mas a escola continua com a amizade com os profissionais que passaram pela escola. É tudo para poder encaixar em uma linhagem de projeto e acredito que está dando certo já, vocês vão ter algumas novidades nas próximas semanas”.
O Camisa Verde e Branco terá o carnavalesco Cahê Rodrigues, que é carioca, mas trabalhou no Vai-Vai em São Paulo, e aposta no casal Everson Sena e Lyssandra Grooters. Foram duas mudanças nos quesitos, além de renovar com Mestre Jeyson, o intérprete Igor Vianna e o coreógrafo Luiz Romero.
Sobre o enredo, Cazuza, o vice-presidente, ressaltou: “Para mim é muito difícil falar, é um enredo forte, é um enredo imponente, graças a Deus um enredo que a escola abraçou, a escola gostou muito. Temos uma proposta de horário para o desfile, que é fechar uma das noites de desfile, então assim, o pensamento, sentimento, tem a proposta, é positivo cara, vamos embora”.
Neste sábado, dia 09 de junho, o Camisa Verde e Branco lança oficialmente o enredo em homenagem a Cazuza. O vice-presidente e diretor de carnaval, João Victor Ferro, convidou toda a comunidade e o povo do samba para o evento que acontecerá na Fábrica do Samba.
“Convidando novamente toda a comunidade verde e branco, a família do samba, do carnaval de São Paulo, para poder prestigiar o nosso evento. O enredo já foi lançado, mas estaremos lançando a logo oficial do enredo, vai ter a presença da Lucinha, mãe do Cazuza, de alguns convidados da Lucinha, enfim, é uma noite para podermos festejar o momento que a escola está vivendo né. Depois de tantos anos ter ficado no Grupo Especial, a escola merece esse presente, uma festa para poder comemorar, confraternizar entre componentes da escola, e os familiares do nosso homenageado”.
A Inocentes de Belford Roxo começa nesta quarta-feira, a partir das 19h, na quadra de ensaio da agremiação, na Avenida Boulevard, 1741, no bairro São Vicente, a aula inaugural da 15ª oficina de percussão “A procura da cadência perfeita”, coordenada pelo mestre de bateria Washington Paz. Os alunos aprendem com professores especializados a tocar diversos instrumentos, tais como: tantan, tamborim, chocalho, surdo de marcação, agogô, reco-reco, caixa de guerra, cuíca, repique e pratos. As inscrições para o curso são gratuitas e realizadas às quartas-feiras, das 19h às 22h. Podem se inscrever pessoas de qualquer sexo e idade. É só levar xerox da identidade, comprovante de residência e uma foto 3X4. Podem participar das aulas alunos iniciantes e também os que tenham algum domínio de instrumentos para aprimoramento. Não é preciso ter instrumento para participar do curso.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
A escolinha é um projeto social gratuito da Inocentes criado pelo mestre Washington com o objetivo de formar ritmistas da comunidade e também tirar da ociosidade crianças através da música. Alguns muitas vezes não têm voz onde vivem, não têm residência ou dependem de favores dos outros. A mudança começa quando frequentam as aulas e recebem todo apoio dos ritmistas, da diretoria e do presidente de honra Reginaldo Gomes. Logo que aprendem a tocar um instrumento, passam a gerar seu sustento com shows, fazendo parte de bandas, grupos musicais ou escolas de samba.
“Gostaria de dizer que o projeto não é só para crianças e adolescentes é para os mais velhos também, pessoas adultas e da terceira idade de todos os sexos, desde que queiram aprender”, disse o comandante da bateria da Inocentes de Belford Roxo, Washington Paz.
A rainha de bateria, Darlin Ferratty, mãe da cantora Lexa, com sua beleza e simpatia, deverá estar presente na primeira aula. A oficina de percussão “A procura da cadência perfeita” está incluída no conjunto de atividades grátis na quadra da agremiação, intitulada “Inocentes em movimento”.
A Pérola Negra anunciou em suas redes sociais o novo Mestre de Bateria para o próximo ano: Carlinhos Sombrinha, que assumirá o comando da Swing da Madá.
Foto: Felipe Araújo/Divulgação Liga-SP
Mestre Sombrinha vem de uma família do samba e é ritmista desde os 5 anos de idade, tendo crescido na Mocidade Alegre, conhecida como a Morada do Samba. Atualmente, ele é Diretor de Bateria na escola.
No Carnaval 2024 houve um grande debate sobre as transmissões dos desfiles das escolas de samba. Nas últimas semanas, circularam informações pela internet de que a TV Globo, detentora dos direitos de transmissão do carnaval do Rio e São Paulo, mudaria novamente seu estilo de comunicação ao público. Neste ano, a emissora praticamente abandonou o jornalismo que sempre fazia e deu ênfase aos influencers junto às escolas com o objetivo de atrair mais audiência. Entretanto, não deu certo. O canal registrou uma das piores audiências da história e as discussões entre os sambistas é sobre o formato que não deu a devida atenção aos quesitos e a competição. O site CARNAVALESCO conversou com sambistas presentes no evento do sorteio na Cidade do Samba e questionou sobre o modelo preferido e o que falta para uma eventual melhora. Uma curiosidade é que, por unanimidade, todos falaram dos esquentas.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
Esquenta da escola é importante
Luygui Silva, mestre de bateria da Vigário Geral, diz ser importante a volta do jornalismo, pois prefere assistir os bastidores. “É importante voltar o jornalismo, mostrar os bastidores da escola e voltar com aquela ideia da transmissão antiga. É muito bacana, vai ser muito legal”, declarou.
Perguntado sobre o que gostaria de colocar em uma transmissão, o músico não hesitou em falar dos esquentas. “Sem dúvidas é o esquenta. Se na transmissão pudesse mostrar para todo o Brasil, o esquenta todo dedicado à escola seria de grande importância. Acho que traria mais pessoas para o carnaval”, completou.
Três dias de desfile e a falta dos esquentas
A jovem musicista Laísa Lima exaltou os canais que sempre dão atenção maior ao carnaval e, também, enalteceu a Rede Globo e já vê um futuro promissor com os três dias de desfiles. “Nós sambistas, preferimos alguns canais no qual valorizam a gente, que não nos tirem do ar. Porém, a Globo é e sempre será a maior emissora a televisionar de maneira correta o carnaval. Agora, o Rio está com um formato de três dias de desfiles. Acredito que nada vai atrapalhar. O campeonato é maravilhoso”, comentou.
Seguindo a linha de pensamento do mestre Luygui, a profissional da música sente falta dos esquentas. De acordo com Laísa, falta pegar a emoção dos componentes antes de entrar na passarela. “Falta aquele esquenta. Vou nem dizer do Setor 1 ao boxe, mas pelo menos o mínimo ali do boxe. Aquele grito de guerra, o samba exaltação, a hora que a gente chora, se emociona… Eu sinto muito a falta disso. Eu gostaria que as pessoas entendessem o nosso sentimento de escola naquele momento”, disse.
Carnaval é alegre e do povo
José Carlos Machine, síndico do Sambódromo da Sapucaí foi bem sucinto em relação ao tema. Segundo o funcionário do local, o carnaval é do povo e tudo precisa ser mais alegre. “Eu prefiro a diversão, porque é mais alegre. Eu acho ótimo o pessoal entrevistando o público no meio da arquibancada. O carnaval é o povo”, afirmou.
Precisa-se acostumar com o novo e implementar várias novidades
O coreógrafo de ala das passistas e comissão de frente, Diego Nascimento, tem várias ideias. O profissional vai ao contrário do que muita gente pensa e apoia a ideia dos influencers dentro da transmissão. O dançarino crê que deveria ter mais tempo para esse formato se provar a valer à pena e que o público deveria se acostumar com as novidades.
“Eu sou uma pessoa que eu gosto da novidade. Ao contrário do que muita gente falou, eu gostei muito dessa nova programação de entretenimento, de colocar outras pessoas de fora. Eu acho que vieram pra agregar. Na minha opinião, pode estar havendo um retrocesso pela questão de voltar para o mesmo que todo mundo já conhece, que já era algo que eu não gostava. O que acontece hoje em dia é que muita gente está com medo do novo. Eles não estão dando tempo para poder se provar se é algo que veio mesmo para ficar e se é válido ou não. Eu acho muito que a Globo, na minha opinião, poderia fazer o que ela às vezes já fez no Multishow, que é mesclar o jornalismo e o entretenimento”, opinou.
O dançarino é mais um sambista que apoia a volta dos esquentas. Além disso, gostaria de ênfase para as alas de passistas, que é um segmento importante do carnaval. “Eu acho que todo mundo sente falta do esquenta das escolas. Além dos esquentas, eu acho que deve passar mais nas alas da comunidade, dar uma visibilidade também maior para as passistas, que é uma ala que muita gente não sabe. Eu falo porque hoje eu sou coreógrafo de ala e de alegoria da Portela. Hoje eu ajudo na comissão de frente da Viradouro. Porém, eu já fui passista. É um segmento que faz o carnaval acontecer. É um segmento que não para e não tem férias no carnaval”, disse.
Por fim, Diego comenta que gostaria de maiores bastidores, como os componentes se arrumando e a correria que existe antes da escola entrar na pista. “Falta também explicação daquele segmento, o quanto importante é para a escola de samba, para o carnaval do Rio de Janeiro. Eu acho que falta pegar o pessoal se preparando, colocando a roupa, aquela correria gostosa, aquele desespero, se o carro vai entrar ou não. Falta desmembrar mais e pegar essas alas de comunidade e saber inserir dentro da transmissão”, finalizou.
O Museu do Samba abriu uma nova exposição. Intitulada “Samba Patrimônio”, a mostra tem como proposta inserir o visitante na atmosfera do samba carioca e contar um pouco da história social por trás do samba-enredo, do partido alto e do samba de terreiro. Para seguir nessa viagem, o Museu do Samba expõe itens característicos da indumentária e do ritmo do samba, além de prestar homenagens a sambistas ilustres de agremiações carnavalescas e rodas de samba e mapear a geografia do samba no estado do Rio.
Foto: Divulgação/Museu do Samba
“Samba Patrimônio é mais que uma exposição, é um ambiente de acolhimento, pensado para despertar o sentimento de pertencimento e inspirar uma sociedade mais integrada, democrática, e que reconheça a riqueza desse patrimônio cultural. É uma mostra que celebra a identidade do sambista, exalta suas lutas e reconhece a força cultural e social do samba”, explica Nilcemar Nogueira, fundadora do Museu do Samba.
*Ineditismo* – A maioria das peças da nova mostra foi doada à instituição pelos próprios sambistas e suas famílias e fazia parte da reserva técnica do museu, ou seja, daquela parte do acervo guardada longe dos olhos do público e ainda inédita. Roupas e acessórios típicos do visual do samba ganham destaque com itens como o exuberante colar de crioula da cantora Alcione e a guia de orixás do compositor Arlindo Cruz. Os chapéus panamá de Monarco e Tia Surica da Portela, o sapatinho bordado de Dona Zica da Mangueira, e o sapato bicolor de Wanderley Caramba, compositor da Estácio de Sá, também marcam presença, exibindo o estilo inconfundível da tradição que virou marca registrada do samba.
No mesmo setor, um painel de madeira presta homenagem a oito baluartes conhecidos pela elegância e originalidade em se vestir, caso de Mestre Dionisio, fundador da Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, de Tia Nilda, presidente da ala das baianas da Mocidade Independente de Padre Miguel, de Zé Catimba, compositor da Imperatriz Leopoldinense, Djalma Sabiá, fundador do Salgueiro, Carlinhos Brilhante, lendário mestre-sala da Vila Isabel, do compositor Tiãozinho da Mocidade e, ainda, Nelson Sargento e Dodô da Portela. Ao tocar na foto do artista, a imagem gira como uma janela que se abre, tornando visível uma mini biografia de cada homenageado.
*Ritmo e poesia* – No espaço dedicado ao ritmo, à música e à poesia do samba, estão expostos o repique de mão de Ubirany e o pandeiro de Bira Presidente, os irmãos fundadores do bloco carnavalesco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, símbolos das inovações rítmicas e melódicas do gênero no início da década de 1980. A essa valiosa “bateria”, se juntam o tarol de Mestre Ciça, veterano mestre de bateria da Unidos do Viradouro, e o imponente agogô de 22 bocas de Ciro do Agogô, junto com a fantasia que o percussionista da Unidos de Vila Isabel usou no desfile de 2004.
Garantindo a harmonia, o histórico violão do compositor Cartola é uma das preciosidades da exposição. Ao seu lado, o manuscrito de ‘As rosas não falam’, um dos maiores sucessos do mestre mangueirense. Os Estandartes de Ouro do compositor Aluísio Machado, do Império Serrano, autor do antológico samba-enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, de 1982, também ganham destaque.
*Geografia do samba e resistência* – A exposição Samba e Patrimônio passeia ainda pelo mapa da Geografia do Samba no Rio de Janeiro, apresentando ao visitante a localização das escolas de samba e das principais rodas de samba da cidade do Rio de Janeiro e sua Região Metropolitana, Niterói e Baixada Fluminense. Estão listadas 19 rodas, como Beco do Rato, Candongueiro, Samba do Trabalhador, Feira das Yabás, Tia Doca, Tia Gessy e Samba da Dida. Além das escolas que desfilam na Marquês de Sapucaí e na Estrada Intendente Magalhães, o mapa aponta ainda locais de referência para a história do gênero, como Pedra do Sal, Igreja da Penha, Largo do Estácio e Cidade do Samba.
Samba e Patrimônio relembra também um ato de resistência protagonizado por Candeia: a fundação, junto com Neizinho, Wilson Moreira e Mestre Darcy do Jongo, do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, em 1975. O lendário compositor da Portela afastou-se de sua escola de samba do coração, criticando fortemente as inovações trazidas pelas agremiações nos desfiles e a falta de valorização do sambista e suas tradições. A bandeira original do GRANES Quilombo faz parte da mostra, que conta detalhes desta história de resistência.
*Sambistas Pintores* – Uma agradável surpresa da nova mostra do Museu do Samba é a presença de duas telas, em estilo arte naif, pintadas por sambistas que também foram artistas plásticos. São eles Wanderley Caramba, célebre autor de sambas de terreiro, e Nelson Sargento, eterno baluarte da Estação Primeira de Mangueira. Wanderley e Nelson integraram o grupo Pintores do Samba, fundado em 1984 e composto ainda por Guilherme de Brito, Heitorzinho dos Prazeres e Sérgio Vidal.
*Créditos e patrocínio* – A exposição Samba Patrimônio é patrocinada pelo Ministério da Cultura, por meio do Ibram – Instituto Brasileiro de Museus, com verba de emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva.
A exposição tem idealização e curadoria de Nilcemar Nogueira e Nathalia Basil, com pesquisa de Juliano Dumani, Camila Reis e Annanda Baptista. O projeto expográfico é de Lilian Sampaio.
SERVIÇO
Exposição Samba Patrimônio
Local: Museu do Samba
Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1296 – Mangueira
Horário: de terça a sábado, das 10h às 17h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada) – Grátis para estudantes da rede pública
O maior festival de música do país confirmou a participação do Fundo de Quintal no Palco Favela, no dia 19 de setembro. Será a primeira vez do quinteto formado por Bira Presidente (pandeirista), Sereno (tantã), Márcio Alexandre, Junior Itaguay (banjo), Ademir Batera (bateria) e Tiago Testa (repique de mão) no evento.
Foto: Divulgação
“Na primeira batida do tantã, do repique de mão e do pandeiro, todo mundo já sabe que vai ouvir samba da mais alta qualidade. O impacto do Fundo de Quintal vai além dos palcos e se estende ao universo digital, onde mantém uma presença sólida com milhões de visualizações em seu canal no YouTube, além de uma considerável base de ouvintes mensais em plataformas de streaming”, divulgou o Rock in Rio em comunicado.
Com quase 50 anos de carreira, o Fundo segue arrastando uma multidão nos shows Brasil afora e com milhões de views nas plataformas digitais. No mês passado, o grupo lançou um novo trabalho: o EP “Samba de Roda”. A obra é composta por três inéditas: “Bora Bora”, de Sereno, Jr. Itaguay, Márcio Alexandre e Vitor Souza; “Samba de Roda” – Sereno e Polegar; e “Um sonho se perdeu”, de Alcino Correia Ferreira e Marquinhos PQD.
O Fundo de Quintal é um grupo de samba brasileiro formado no Rio de Janeiro na década de 1970. Surgido a partir das rodas de samba do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, agremiação criada por Bira Presidente, Ubirany e Sereno em 1961. Entre os grandes nomes que passaram pelo Fundo de Quintal, muitos foram fazer carreira solo. A lista é grande. Entre eles, estão Jorge Aragão, Sombrinha, Arlindo Cruz, Cleber Augusto, os saudosos Almir Guineto e Mario Sérgio, e outros sambistas que construíram a história do grupo.