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‘Arraiá do Brás’ revela enredo que marca os 50 anos da Colorado; bruxas serão o tema

Como tem se tornado tradicional nos últimos anos, a festa junina da Colorado do Brás não teve como única finalidade reunir a comunidade para comer, beber, dançar quadrilha e pular fogueira. O evento, realizado no Ginásio da Portuguesa, às margens do Tietê, também teve um propósito que tem tudo a ver com a escola de samba: o lançamento do enredo para o desfile de 2026. Assinado pelo carnavalesco David Eslavick, a agremiação do Centro de São Paulo apresentará “A Bruxa Está Solta: Senhoras do Saber Renascem na Colorado” no Anhembi. Novamente marcando presença em um evento importante para uma escola de samba paulistana, o CARNAVALESCO conversou com figuras relevantes da escola sobre a temática durante a festividade, chamada de Arraiá do Brás.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

‘Arraiá bão’ demais

O nome do local não é por acaso: o Ginásio da Portuguesa fica sediado no clube que é tricampeão de direito do Campeonato Paulista e vice-campeão brasileiro de 1996. Está localizado, por sinal, ao lado do estádio Oswaldo Teixeira Duarte, conhecido como Canindé. O espaço estava tomado por uma série de barraquinhas que vendiam bebidas e comidas, além de oferecerem brincadeiras como a tradicional pescaria. Havia também um espaço com escorregadores infláveis para as crianças.

O Arraiá do Brás começou com um show do cantor sertanejo Cícero Lima. Depois, como em toda boa festa junina, foi organizado um grande bingo. Houve tempo também para o “Pagode do Presidente”, no qual Antônio Carlos Borges, o Ká, mandatário da agremiação, tocou tantã, e Léo do Cavaco, intérprete da escola, honrou o apelido e assumiu o cavaquinho.

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Os eventos ligados à escola começaram logo na sequência. Primeiro, uma quadrilha formada por passistas da Colorado. Depois, o esquenta da “Ritmo Responsa”, bateria da escola comandada por mestre Acerola de Angola. Jessika Barbosa foi oficialmente empossada como porta-bandeira da agremiação ao lado de Brunno Mathias – presente na escola desde 2023. As novidades quanto ao quadro de casais não pararam por aí: o segundo casal, formado por Edgar Tadeu e Liliane Cocchi, chegando para o desfile de 2026, também foi apresentado. Após anos com apenas duas duplas, a escola terá um terceiro casal para proteger o pavilhão do Jubileu de Ouro, e caberá a Marcus Amorim e Isabella Andrade tal honra.

Não foram as únicas novidades. A “Ritmo Responsa” também oficializou a nova corte: Talita Guastelli é a nova rainha, enquanto Bruna Costa foi nomeada madrinha. Para tornar a apresentação ainda mais especial, ambas se posicionaram no meio da bateria ao som do clássico “Catopês do Milho Verde, de Escravo a Rei da Festa”, samba de 1988 da escola, considerado um dos melhores da história do carnaval paulistano.

Com a ilustre presença de Luiz Felipe, intérprete do Vai-Vai, alguns sambas da tradicional escola alvinegra também foram cantados. Após uma apresentação dos integrantes da comissão de frente, coreografada por Paula Gasparini, David Eslavick declamou um texto alusivo ao enredo antes da revelação do imenso banner da temática, posicionado atrás da ala musical da agremiação. Para encerrar, sambas recentes (mas já históricos) da Colorado foram executados.

Ideias vindas de experiências

Em entrevista, David revelou as motivações por trás da proposta de enredo para a Colorado: “É uma ideia totalmente minha. Sempre tive curiosidade em abordar esse tema. Trabalhei muito tempo na Noite do Terror, no antigo Playcenter, e na Hora do Horror, no Hopi Hari. Essa magia sempre me encantou. Meus amigos são apaixonados pelo tema, e eu dizia que um dia faria um desfile sobre isso. Falar sobre essas mulheres que tiveram extrema importância na ciência e no mundo é inspirador. Deveríamos dar a elas o respeito e o valor que merecem. E enredo de bruxa é um enredo extremamente feminista. Vamos falar da mulher em si, das bruxas, de seus feitos e histórias. Ao final do desfile, há uma mensagem relacionada às mulheres, pois bruxa também representa empoderamento feminino. Achei totalmente interessante abordar isso em samba e poesia”.

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Jairo Roizen, diretor de carnaval da agremiação, endossou a proposta: “A gente não vai falar só sobre bruxaria. Vamos falar sobre empoderamento feminino. A grande mensagem do enredo é que, em todos os tempos, mulheres que se destacam acabam sendo chamadas de bruxas. As bruxas eram isso: mulheres que se sobressaíam. A ideia é mostrar que a bruxa está solta no desfile da Colorado no carnaval de São Paulo. Solta para ser o que quiser, fazer o que quiser e mostrar que a mulher pode e deve ocupar cada vez mais espaços na sociedade”.

O que o público vai ver na avenida

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David também detalhou a estrutura do desfile: “Abro o carnaval com a visão da Igreja, a demonização das bruxas, quando se acreditava que elas tinham pacto com o demônio por conta dos feitiços. Já começamos com a Inquisição, com uma abordagem intensa. Depois, viajamos no tempo, mostrando os feitos dessas mulheres e sua importância – especialmente nos países que protagonizaram a caça às bruxas. Em seguida, abordamos a aceitação no cinema e nos contos infantis – quando a bruxa ganha chapéu e vassoura, como n’O Mágico de Oz, o primeiro filme a retratar uma bruxa com nariz e verruga. Encerramos com uma homenagem à mulher, ao empoderamento feminino, mostrando todos os feitos femininos. Achei importante retratar isso – é extremamente relevante para o momento atual”.

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A empolgação continuou com mais referências: “Teremos um carro totalmente voltado para uma convenção de bruxas. São personagens de todos os contos de fadas, desenhos animados e filmes de terror… será uma espécie de ‘reunião de fofocas’ das bruxas. É um carro bem interessante, com espaço também para as crianças – elas vão reconhecer João e Maria, por exemplo. As referências são ótimas: vamos levar o público de volta à infância, com a bruxa do Pica-Pau, a Maga Patalójika, a Feiticeira… todas estarão retratadas”.

Recepção positiva

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Embora o enredo fuja do convencional, foi bem recebido pela direção. O presidente Ká comentou: “Não foi um choque ouvir essa ideia. Tínhamos outras opções, mas quando o David apresentou a proposta da bruxa, falei o mesmo que disse a outros carnavalescos: você precisa me provar que dá samba, que dá enredo, que tem história e que quer fazer algo alegre. Bruxas têm histórias tristes – são banalizadas, condenadas à morte, à fogueira. Mas, ao pesquisar mais, vimos que elas têm muitas facetas interessantes. E a escola está num momento muito lúdico: vamos falar de todas as bruxas, inclusive as boas. A bruxa do Pica-Pau, a Bruxa do 71, a do Mágico de Oz. Teremos um setor lúdico. Não será um desfile obscuro. Vai ter muita novidade. Serão bruxas diferentes”.

Jairo completou, lembrando quando ouviu o tema pela primeira vez: “O David comentou a ideia uns 15 dias antes do carnaval 2025. Eu já gostei de cara. Pedi apenas para focarmos no carnaval atual e, depois, voltarmos à proposta. Assim que acabou o carnaval 2025, começamos a pensar em 2026. Esse foi o enredo que o carnavalesco e a direção levaram à escola. Discutimos outras possibilidades, claro, mas concluímos que esse tema era o mais adequado – por seu potencial visual e plástico, e também pela força da mensagem”.

Equipe elogiada

Questionado sobre o trabalho de David na escola, Jairo foi enfático: “Ele está mais do que aprovado! O David foi um grande presente para a Colorado. Já havia trabalhado conosco, como assistente dos carnavalescos Leonardo Catta Preta e André Machado. Era alguém de confiança. Precisávamos de alguém capaz de dar conta do recado, de fazer fantasias, alegorias. E vimos seu potencial criativo. Não tivemos dúvidas de que ele deveria continuar como nosso carnavalesco. Espero que fique por muitos anos. Ele entende a escola, entende o Ká – o que é fundamental. E não posso deixar de citar o Thiago Morganti, nosso enredista. Após definido o enredo, ele e David fizeram toda a pesquisa e construíram essa temática. O Thiago também é fundamental para nós”.

Próximos passos

Uma das marcas do presidente Ká é antecipar datas no planejamento. Ele confirmou: “Sou louco por prazos! Está tudo dentro do cronograma. Já compramos materiais, temos cinco alas em produção. A partir de 9 de junho, começamos pra valer. Fechei com toda a equipe de Parintins que vai trabalhar conosco e renovei com todos os setores. Tenho uma meta para o desfile e fiz um organograma com o carnavalesco. Ele precisa me entregar três pilotos por semana. A Colorado não vai ficar para trás. Estamos trabalhando, e vamos trabalhar muito mais. É um ano diferente para mim e para a escola”.

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David acrescentou: “Iniciamos os pilotos no dia 9 de junho, já com provas e ensaios. Os figurinos estão prontos, as alegorias desenhadas. É uma loucura – minha cabeça trabalha 24 horas por dia”.

Mais datas

Em um ano especial, Jairo antecipou os próximos eventos da escola: “Os carros e fantasias já estão desenhados. Começamos a fazer pilotos na Fábrica do Samba, no barracão. Não faremos eliminatória de samba-enredo – o samba será encomendado à parceria do Léo do Cavaco, nosso intérprete. O próximo evento será o lançamento do samba-enredo, previsto para 24 de agosto, um domingo. Ainda definiremos o local: pode ser na Portuguesa, na Rua Itaqui ou em outro espaço. Em outubro, faremos a festa de 50 anos da escola. Já lançamos o pavilhão comemorativo, temos um novo casal, o terceiro – algo que não tínhamos há anos. A escola volta a ensaiar após o lançamento do samba. Que esse ciclo seja forte, que tudo dê certo e que alcancemos o maior resultado da história da Colorado do Brás. A escola me abraçou e me fez ter certeza de que este é o meu lugar”.

Acadêmicos do Tucuruvi divulga sinopse do enredo para o Carnaval 2026

Enredo: ANTI-HERÓI BRASIL

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SINOPSE

Brasil, alguma hora entre a primeira faísca e a última gota.

Noite de lua cheia. Temperatura indeterminada.

Cruzamento entre as ruas da glória e da amargura. Sem número. (1ª instância)

O desafio foi lançado: o veneno ou a cura? A palavra ou o não disse? A luz ou a sombra? O cachimbo ou a flauta? Ser herói ou vilão? O Senhor do Corpo irrompe a lógica dualista e abre caminhos: é preciso de uma terceira cabaça! Eis a energia exusíaca que, ao misturado e sacudido, faz com que os opostos possam coexistir no mesmo ser. Ao fazer da encruzilhada seu domínio, ensina que não há uma direção única: inventa-se a vida pelos desvios, pelos dribles, pelas curvas.

Laroyê ! Da cabaça de Igbá Ketá , propaga-se a voz ancestral de um estado de vida que desafia a presença do Estado. Sim, há um Estado que toma para si o poder da força e há uma voz que não se comporta nos padrões estabelecidos. Uma voz que não se deixa ser controlada ou regulada. Uma voz anti-heroica! Na esquina em que a desigualdade corta a humanidade, o anti-herói é concebido para assentar suas práticas que desorganizam e ordenam a realidade.

Manifesto Valente! Ao andar pelas ruas, vigiadas e vigilantes, a voz anti-heroica puxa coro em levante. Ecoa em cantos para ocupar o espaço público mesmo sob perseguição, com todos os olhos voltados para si, dizendo-lhe ser criminosa. Para fazer da rua terreiro, essa voz transgrediu leis, esquivou-se de normas, revidou a violência. No cruzo onde a noite atravessa o prazer, a voz se fez malandragem brasileira, enredada pela pele negra, pela pobre posição e pela situação periférica.

Brava atitude! Essa voz aflorada é a sabedoria oralizada pela poética das margens, dos que foram desamparados pela centro-cidade e afastados para nunca reverberarem. Ledo engano! As mãos do controle não podem impedir uma comunicação poderosa da boca a boca. Sob a melodia de Enugbarijó , da Boca Coletiva, a condição marginal tornou-se altiva. Todo um arsenal de lábias e gírias foi criado e transmitido como legado dos que lutaram para fazer a conversa de bar ser aula, a vida se tornar escola.

Glórias aos mestres! Os marginalizados fizeram do corpo um texto vivo, compilado de páginas da história que ginga com dinamismo. Um salve à voz repercutida nos encantamentos de Zés e Marias, que diante da opressão e do silenciamento, mantiveram seus ideais desobedientes no fio da navalha. O poder de se adaptar é a especialidade da voz que se tornou o coração da identidade nacional. E não “ tum-tum ”, essa voz segue a palpitar!

Ponto de cruzamento entre as páginas dos corpos e as páginas das estantes. Horário comercial. (2ª instância)

Em sutis, ouve-se as necessidades do brasileiro e seus atos errantes, tortuosos, desviantes. Quando veio a civilidade, as pessoas foram jogadas para debaixo do tapete. Afinal, quem é notário? Escondidas do mundo, em silêncio, passariam a não existir. Mas essa voz abafada emite ruídos pela literatura ao fazer do cotidiano poesia.

Abriu-se um “ trac , trilha ! trec , trec ”! É o som enferrujado da máquina que legisla baseada em preconceitos. Desafiá-la requer burlar seus princípios e desativar suas leis de funcionamento. O ar que sai dos pulmões recusa ser programado para só dizer “sim, sim”, porque seu recurso mais potente é a palavra. Com diferentes nomes e histórias, a voz brasileira foi sendo balbuciada com linguagem anti-heroica.

“Vruuuum”, o avanço industrial toma conta das ruas! O som da garganta resiste nem sempre será, nem sempre serão. Ora, ora pro nobis de uma voz com as marcas da falta de um abrigo, que sem o afeto familiar vai capitanear entre a poeira e a areia. Ela pega carona com o vento de um canto para o outro, em busca de alguma esperança de que chegue a hora de seus sonhos, numa migração de mãos dadas com a morte e a vida. Nos atalhos encontrados, se envereda com seu bando à espera da sorte e busca nunca estar na solidão que mata de dor.

E quando preciso, volta como ataque para se defender. E quando é o caso, compadece com malícia para se saciar, porque a cobra coral já morde a cauda, sendo a fome e a comida. E quando perdida, acredita no milagre porque se tem fé na proteção de todos os deuses e de todos os guias. E quando quer vadear, faz murmurinho em mesa de bar, vira o copo sem pensar na saideira e cai no gosto da boemia.

É uma voz que faz o corpo libertar-se na sensual que não dá ouvidos às queixas dos olhares. É um gemido de prazer aos amantes do sexo. É a ousadia de um beijo que dá língua ao carinho que não se deixa censurar.

É o desejo de que a cultura popular salve a pátria. Voz utópica que nos liga.

“Trimmmm-trimmmm”, caiu a ligação! A voz anti-heroica desbrava todas as regiões, se lança na lama e vira constelação porque a missão exige estar em constante metamorfose para ser a cara do país. A cidade moderna é uma máquina de capital motorizada que consome a energia da massa às cinco horas na Avenida Central e depois empilha os restos por aí como se a vida fosse desejada. Essa é a espécie de retroalimentação de pessoas que se sacrificam na jornada do dia a dia e que são vistas como animais a serem abatidos. A metrópole é uma indústria que fabrica marginalidade como efeito colateral. Nesse campo de batalhas sem rimas, a voz marginal é heroica no improviso para lançar o verso que denuncia o podridão desse mercado.

No cruzamento das ruas do passado com as ruas do futuro, o relógio marca a hora: agora. (3ª instância)

Uma urgência é sentida no ar. Brasil, mostre a sua voz! O desabafo de uma legião de anônimos quebra o silêncio do status quo. Ouve-se um clamor que retome as ruas pela boca coletiva de trabalhadores que estão em deslocamento o tempo todo. Entre a Augusta e a Angélica, multiplica-se um grito que dá a mão na Consolação. No fluxo ordinário, essa voz se expressa pelos semáforos, em parques e praças. Percorre quadras, campos e ginásios. Trafego por calçadas, vias e viadutos. Circula por obras, passagens e edifícios. Trânsito de lá pra cá, do Leste para Oeste, do Sul para Norte, arriscando o asfalto e cantando pneus para sustentar um filho e uma nação. Seguem com ambição porque, apesar de tudo, o tempo não para e o corre é mil grau. Mas nos respiramos dessa escalada, as ruas são ocupadas por gargalhadas que mostram que a vida não é só trabalho. Em meio às contradições, o riso tromba com a alegria na maior atividade e se faz comunidade.

Aparecendo na fotografia somente do outro lado da vida, os heróis dessa história não são os mais corajosos, os grandes campeões, os super-heróis midiáticos que só existem na tela. Pelo contrário, são aqueles que erram, que caem, que perdem, mas que continuam bradando o seu direito à humanidade. Cujo aqueles que falam é um perigo para a hipocrisia social e por isso são julgados e condenados. Consagrada seja a voz dos que incomodam, inquietam, subvertem, radicalizam, retrabalham e revolucionam a ordem operante e a “pasta” do progresso.

Encruzilhada entre as ruas da criação e da realidade. Hora exata em que da periferia ecoa uma reforma: “Seja marginal, seja herói”! Na entregue, tudo que era resto passou a ser início, a obra do futuro é feita da matéria do passado. Na terceira cabaça, nossa gente vira nossas estrelas. Na Avenida, quem leva o país nas costas recebe os devidos louros pelo canto da Cantareira. Na voz eternizada, reverbera o nosso ato heróico.

Que toda hegemonia seja questionada.

Que toda imposição seja superada.

Que toda convenção seja transgredida.

Anti-heróis brasileiros, uni-vos!

Vizinha Faladeira define carnavalescos para o Carnaval 2026

A Vizinha Faladeira definiu sua nova dupla de carnavalescos para o Carnaval 2026. Leandro Mourão e Vitor Mourão, que estavam atuando na direção artística de alegorias desde julho do ano passado, foram efetivados e agora assumem oficialmente o comando criativo do desfile da agremiação da Saúde. A missão dos irmãos será conduzir a “Pioneira do Samba” no desfile da Série Prata da Superliga Carnavalesca do Brasil.

Foto: Divulgação/Vizinha

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Foto: Divulgação/Vizinha

Leandro Mourão iniciou sua carreira como carnavalesco em 2011 no G.R.E.S. Unidos de Lucas, onde conquistou o campeonato em sua estreia. No ano seguinte, foi vice-campeão com a Mocidade Unida da Cidade de Deus, onde também assinou o carnaval de 2013. Em 2014, teve uma dupla jornada, integrando a comissão de carnaval da Alegria da Zona Sul e assinando o desfile do Engenho da Rainha. Em 2016, trabalhou ao lado de Luana Rios no Gaviões da Iconha, em Guapimirim. No ano seguinte, iniciou uma parceria com seu irmão Vitor Mourão no comando do carnaval da União do Parque Curicica.

Vitor, por sua vez, traz um perfil multifacetado para a função. Multiartista, atua como desenhista, figurinista, cenógrafo, pintor e escultor, sempre com forte presença nos bastidores dos desfiles. Em 2017, deu um passo à frente e assinou seu primeiro carnaval ao lado de Leandro, também na União do Parque Curicica.

Luto no carnaval: Morre João Carlos, mestre-sala do Águia de Ouro

O mundo do samba amanheceu mais triste. Faleceu João Carlos, mestre-sala do Águia de Ouro e um dos grandes nomes da dança do carnaval paulistano. Carismático, elegante e profundamente apaixonado pelo pavilhão azul, branco e dourado da Pompéia, João deixa uma lacuna imensurável na folia paulistana. Não foi informada a causa da morte.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

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João Carlos não foi apenas mais um entre tantos que já passaram pelas pistas de dança do Anhembi. Ele foi símbolo, referência e emoção pura. Com sua postura impecável e o inconfundível sorriso no rosto, tornou-se sinônimo de respeito e amor à arte de conduzir o pavilhão de uma escola de samba. Ao lado de grandes porta-bandeiras, protagonizou momentos memoráveis que estão eternizados na memória de quem vibra com o desfile das escolas de samba.

Mais do que um exímio dançarino, João era um ser humano ímpar. Dentro e fora da quadra da Águia de Ouro, cativava todos com sua generosidade e afeto. Era o tipo de figura que acolhia com um abraço, aconselhava com sabedoria e iluminava com sua presença. Uma liderança natural, que fazia questão de cultivar laços, transmitir ensinamentos e manter acesa a chama da cultura popular.

Na avenida, representou com garra e leveza o pavilhão que tanto amava, desfilando com emoção em cada apresentação. Fora dela, era um irmão de samba, sempre pronto a ajudar, rir e sonhar junto. O legado que deixa não se mede apenas em notas ou troféus, mas em histórias, amizades e inspiração.

Em nota, a Águia de Ouro expressou toda sua dor e saudade:

“É com o coração em luto e os olhos marejados que a Família Águia de Ouro comunica o falecimento do nosso inesquecível e amado João Carlos, eterno Primeiro Mestre-Sala desta agremiação.

João Carlos não foi apenas um mestre-sala. Ele foi uma verdadeira lenda viva do nosso pavilhão, um artista nato que, com sua elegância, leveza e paixão, defendeu o nosso pavilhão como poucos na história do samba. Cada movimento seu era reverência, cada gesto era respeito, e cada sorriso sempre presente em seu rosto era um ato de amor ao Águia de Ouro, à cultura popular e à nossa comunidade.

Homem de alma generosa e coração gigante, João Carlos era daqueles que chegava e iluminava o ambiente. Tinha sempre uma palavra amiga, um gesto de carinho e um sorriso sincero que acolhia a todos. Nunca negou um abraço, um conselho ou uma risada. Era mestre não só de dança, mas de vida.

Durante todos esses anos desfilando conosco, foi o orgulho da nossa escola, sendo exemplo de dedicação, disciplina e amor ao nosso Pavilhão. Na avenida, dançava como se fosse a primeira vez com emoção, brilho nos olhos e uma conexão com a porta-bandeira que emocionava até os corações mais duros. Fora da avenida, era um companheiro leal, amigo de todos, um irmão de samba.

Hoje, perdemos uma parte de nossa história, uma parte do nosso coração. O céu ganhou um mestre-sala de luxo, e temos certeza de que ele já está lá em cima, rodopiando com leveza, sorriso no rosto, e carregando no peito o mesmo orgulho de sempre: o de ser Águia de Ouro.

A saudade será eterna, mas o legado de João Carlos viverá para sempre em cada passo, em cada ensaio, em cada desfile. Obrigado, João, por tudo o que você foi e continuará sendo para nós.

Descanse em paz, querido João. Seu nome será lembrado enquanto existir samba.

Dona Solange… receba seu filho e através de cada giro que vocês derem juntos derramem bênçãos e amor para a comunidade da Pompéia!

Com amor e gratidão,
GRCES Águia De Ouro”

A equipe do site CARNAVALESCO se solidariza com toda a família de João Carlos, amigos, admiradores e integrantes da Águia de Ouro. O samba perde um ícone. Mas sua arte, seu sorriso e sua leveza continuam vivos em cada nota, em cada passo e em cada coração sambista.

Cidade do Samba 2 para Série Ouro sofre revés com suspensão de pagamento para empresa que faz a obra na Leopoldina

O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou a suspensão do pagamento à Concrejato Engenharia, empresa responsável pela reforma da Estação Leopoldina. Em publicação nas redes sociais, Paes destacou que a empresa “tem histórico de graves acidentes em suas obras, com destaque para o desabamento da Ciclovia da Niemeyer, que levou à morte de duas pessoas”, além de denúncias de descumprimento de leis trabalhistas, colocando em risco a segurança dos operários.

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Fotos: Divulgação/Prefeitura do Rio

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A decisão tem impacto direto nas obras planejadas para o terreno da antiga estação, onde será construída a Cidade do Samba 2, voltada para abrigar os barracões das escolas de samba da Série Ouro. Segundo o prefeito, “em razão disso, e para apurações mais detalhadas”, o pagamento à Concrejato foi suspenso. “Ou a Concrejato/Concremat passa a cumprir as leis e respeita a vida ou as obras continuam com outra empresa”, afirmou Paes.

O projeto da Cidade do Samba da Série Ouro prevê a construção de 14 galpões para abrigar as agremiações. Ela será erguida numa área de cerca de 28 mil metros quadrados dentro do terreno da Estação Leopoldina, na parte virada para a Rua Francisco Eugênio. O projeto prevê, além dos galpões, praça de eventos, prédio de administração e um parque linear. Os galpões foram projetados para comportar a confecção de alegorias e terão ainda vestiários, sanitários e refeitórios para os trabalhadores do carnaval. Sua construção está orçada em cerca de R$ 194 milhões.

O projeto de revitalização da Estação Leopoldina prevê ainda a construção empreendimentos habitacionais. A previsão é que sejam erguidos na área 700 unidades habitacionais, divididas em 35 blocos de apartamentos. Na área também deverão ser erguidos uma Clínica da Família, um Ginásio Educacional Tecnológico, ciclovia, quadra esportiva e áreas verdes. Também está prevista a construção de um Centro de Convenções.

Carlinhos Salgueiro é convidado para se apresentar no Caribe após sofrer intolerância religiosa no carnaval

Carlinhos Salgueiro, que em 2025 completou 20 anos como diretor da ala de passistas do Salgueiro — escola onde atualmente também exerce a função de diretor artístico — está de malas prontas para o Caribe, dando início à sua temporada de workshops de samba pela América e Europa.

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Foto: Divulgação/Leo Cordeiro

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“Eu tive um início de ano muito difícil, com muitos ataques à minha apresentação no ensaio técnico do Salgueiro, mas foi justamente por esse personagem que os organizadores viram meus vídeos e me convidaram para levar a minha arte para o Caribe”, comentou Carlinhos.

Em um dos treinos da vermelho e branco da Tijuca na Marquês de Sapucaí, para o Carnaval deste ano, o artista fez uma representação impactante da Pomba Gira Maria Mulambo das Almas, que viralizou nas redes sociais — com vídeos ultrapassando a marca de 3 milhões de visualizações. Ao mesmo tempo, Carlinhos sofreu ataques de intolerância religiosa por sua interpretação. No entanto, graças à sua dedicação e entrega ao personagem no ensaio, ele deu a volta por cima e tem recebido reconhecimento por seu trabalho dentro e fora do Brasil.

Carlinhos desenvolveu o método “Samba Diva”, que, além de trabalhar o samba no pé, envolve postura, olhar, posição das mãos e o entendimento do corpo em cena. “Este método não é somente para quem já domina o samba no pé. É feito também para quem está começando e deseja aprimorar-se e entender seu corpo no espaço”, explicou o professor de dança.

O dançarino embarca para o Caribe esta semana e, na sequência, seguirá para os Estados Unidos, onde foi novamente convidado para ser o Rei do Carnaval de Hollywood 2025.

Imperatriz Leopoldinense divulga calendário do concurso de samba-enredo para Carnaval 2026

Em mais uma etapa para o Carnaval 2026, a Imperatriz Leopoldinense divulgou nas redes sociais o cronograma com as datas disponíveis aos compositores. A escola, que levará para a Marquês de Sapucaí no ano que vem o enredo “Camaleônico”, do carnavalesco Leandro Vieira, realizou a entrega da sinopse, que homenageia o cantor Ney Matogrosso, no último dia 27 de maio em sua quadra.

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Foto: Leonardo Queiroz/Divulgação Imperatriz

VEJA O CRONOGRAMA:

10/06 – Tira Dúvidas
17/06 – Tira Dúvidas
24/06- Tira Dúvidas
01/07 – Tira Dúvidas
08/07- Tira Dúvidas
15/07- Audição interna
28/07- Entrega dos Sambas (Sem divulgação)
31/07- Inscrição dos Sambas na Quadra
02/08- Apresentação Oficial dos Sambas (Feijoada)
09/08 – Eliminatórias
15/08 – Eliminatórias
22/09 – Oitavas de final
29/08 – Quartas de final
06/09 – Semifinal (Feijoada)
12/09- Audição interna
19/09 – Grande Final

Sinopse do enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2026

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

➡️ As parcerias poderão ser formadas com no máximo seis compositores, sendo expressamente proibidas as participações especiais;

➡️ Não será cobrada taxa de inscrição;

➡️ É expressamente proibida a participação de torcidas comercializadas e grupos coreografados;

➡️ Serão disponibilizados cinco microfones para cada parceria;

➡️ Será permitida apenas a contratação de 01 (um) intérprete do Grupo Especial por parceria

➡️ Está proibida a confecção de camisas, bandeiras, adereços, e faixas de torcidas

Arranco exalta a trajetória da primeira palhaça negra do Brasil em enredo para 2026

O Arranco do Engenho de Dentro anunciou nesta semana o enredo que levará à Marquês de Sapucaí no Carnaval 2026. Com o título “A Gargalhada é o Xamego da Vida”, que será desenvolvido pela carnavalesca Annik Salmon. A escola promete transformar o terreiro de Zé Espinguela em um verdadeiro picadeiro, celebrando a irreverência e representatividade de uma figura histórica pouco conhecida: Maria Eliza Alves dos Reis, a primeira palhaça negra do Brasil.

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Foto: Reprodução de internet

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Em uma época marcada por preconceitos de gênero e raça, Maria Eliza desafiou todas as convenções sociais ao vestir-se como um palhaço homem e brilhar no picadeiro do Circo Teatro Guarany, conquistando o público com humor, talento e carisma. Sua trajetória, marcada pela resistência e pela alegria, será o fio condutor do desfile do Arranco, que aposta em uma abordagem leve e emocionante para cativar o público e os jurados.

O anúncio do enredo reforça a linha do Arranco de valorizar personagens e histórias que misturam cultura popular, ancestralidade e afeto. Para 2026, a escola promete uma ode à arte de rir, mostrando que o humor também é um ato de resistência e celebração da vida.

Com essa proposta, o Arranco pretende tocar corações e arrancar gargalhadas, levando para a avenida uma mensagem de alegria, amor e superação, embalados por uma estética circense e afro-brasileira.

Confira o anúncio oficial feito pela escola nas redes sociais:

🎪✨ A Gargalhada é o Xamego da Vida! ✨🎪

Respeitável público… O Terreiro de Zé Espinguela vai virar picadeiro em 2026! 🎭💙
Nosso enredo leva para a Marquês de Sapucaí a história da primeira palhaço negra do Brasil: Maria Eliza Alves dos Reis. Sim, você leu certo! Uma mulher negra que, em um tempo em que mulheres não podiam ser palhaços, vestia-se de palhaço homem e brilhava no picadeiro do Circo Teatro Guarany, arrancando gargalhadas e espalhando alegria. 🎪✨

Vamos celebrar essa história leve e divertida, que nos lembra que viver é celebrar, sorrir, gargalhar e espalhar amor por onde passamos! 💙🩵💙

Vem rir com a gente, porque “A Gargalhada é o Xamego da Vida”!

Dragões da Real aposta em inovação e resistência para emocionar o Anhembi com enredo indígena

A Dragões da Real realizou, na noite do último sábado, um grande evento na Fábrica do Samba e lançou seu enredo para o Carnaval 2026. As festas da escola costumam ocorrer no galpão de eventos, mas, repetindo o feito do ano passado, tudo foi idealizado em seu próprio barracão. A “comunidade de gente feliz” lotou o espetáculo e aprovou o tema divulgado, que será desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Freitas. A narrativa que a escola levará para a avenida tem como título “Guerreiras Icamiabas: Uma Lendária História de Força e Resistência”, com pesquisa do enredista Rafael Villares. É o primeiro enredo indígena da agremiação e abordará a luta das mulheres nativas por meio da lenda das Guerreiras Icamiabas, que batalham pela Amazônia e pela preservação do meio ambiente.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

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Vale destacar a apresentação do tema, que contou com uma encenação de cerca de 30 minutos. Luzes, teatro, dança e projeções no telão transportaram o público para dentro da narrativa.

A noite também marcou a coroação da nova madrinha de bateria da “Ritmo que Incendeia”, Lexa. Ela, que já havia sido anunciada pelas redes sociais, teve a oportunidade de se apresentar à comunidade e iniciar oficialmente essa nova fase de sua carreira. A cantora sambou ao lado da rainha de bateria Karine Grum e da princesa Yohana Obyara.

Luta pela Amazônia e espetáculo da comunidade

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Evandro Malandro esteve no evento com o carnavalesco Jorge Freitas

O carnavalesco Jorge Freitas, que desenvolve o desfile da Dragões da Real pelo quarto ano consecutivo, falou sobre o compromisso do tema com a força feminina e com os povos indígenas.

“Guerreiras Icamiabas é uma lendária história de força e resistência, de empoderamento da mulher e dos povos originários. Dessas guerreiras que lutaram, e das aliadas que continuam lutando pela preservação das matas e da floresta. Acho que todos nós temos a responsabilidade de transformar o Anhembi em um palco de voz para essa grande luta”, comentou.

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Segundo Jorge, o tema foi apresentado em parceria com Rafael Villares. A proposta foi aprovada pela escola, e a expectativa é de um grande espetáculo no próximo carnaval:

“Apresentamos esse enredo à Dragões e o diretor de carnaval, Márcio Santana, junto com a escola, compraram a ideia. Temos tudo para fazer um desfile grandioso, com um enredo de forte conteúdo social, onde a responsabilidade é minha, sua e de todos que dizem que a Amazônia é o pulmão e o coração do mundo. Mas será que estamos realmente dispostos a mantê-la viva?”, provocou.

Como mencionado, a apresentação foi repleta de criatividade. A escola aproveitou o grande espaço do galpão da Fábrica do Samba para projetar imagens, montar encenações em estruturas suspensas e surpreender o público com componentes descendo do teto — tudo isso com luzes e fumaça para criar uma atmosfera imersiva. O momento de maior euforia foi quando uma enorme faixa com a logo do enredo desceu do último andar.

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“Durante um mês e meio, nossa comunidade demonstrou comprometimento com o enredo. Estamos em junho, e olha como lotou essa arena. Nosso barracão se transformou em um espetáculo. Quando dizemos que o carnaval é uma grande ópera, é isso que queremos dizer: cada momento deve ser transformado em um grande show, feito pelos artistas da comunidade. São eles que levarão essa grande história para a avenida”, finalizou Jorge.

Felicidade com o tema e acerto em cheio

O presidente Renato Remondini, o Tomate, afirmou que o projeto está a todo vapor. As alegorias já estão desenhadas, e a expectativa é de um visual impactante. Ele destacou o ineditismo da proposta, característica da Dragões em momentos marcantes como os carnavais de 2017 e 2024:

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“É um enredo aguerrido, com uma história maravilhosa, de luta mesmo. A Dragões vai proporcionar um visual fantástico. Jorge é ótimo nisso, e esse é um desafio novo também para ele. Sempre que nos propomos a algo novo, mergulhamos de cabeça. Foi assim com Asa Branca, com África. Estamos muito felizes”, declarou.

Tomate revelou ainda que as eliminatórias de samba-enredo acontecerão em novo formato: “As eliminatórias continuam, mas com um modelo diferente: mais curto, com semifinal e final. Serão cinco sambas no CD, após uma pré-seleção a capela na quadra ou na Fábrica. A apresentação do enredo foi algo sobrenatural. Não é fácil fazer um evento desses hoje em dia, poucas escolas conseguem. O galpão estava lotado, com mais de três mil pessoas, encenação com mulher descendo e voando. Acho que acertamos em cheio”.

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O dirigente também elogiou a nova madrinha de bateria, Lexa, e a ligação dela com o enredo: “A Lexa é sambista. Assim como Simone Sampaio, Cacau e Camila Prins, que vieram para a Dragões e fizeram história. Lexa samba desde os oito anos de idade, passou por um momento muito difícil na vida pessoal, e tem sinergia com o nosso enredo do ano passado. Ela é uma guerreira e vai literalmente se vestir como tal. Junto com Karine, Yohana e essa legião de guerreiras que temos na escola, cercadas de grandes guerreiros, vão lutar. Se Deus quiser, trarão o caneco para a Vila Anastácio”.

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Busca pela inovação e a virada de chave

O diretor de carnaval Márcio Santana destacou a capacidade da escola de se reinventar após resultados abaixo da expectativa: “A Dragões tem uma característica muito forte em seus 25 anos: sempre dá a volta por cima após um revés. Isso aconteceu em outros momentos da nossa história, e agora não é diferente. Temos um enredo inédito, indígena, já acolhido pela comunidade. Acreditamos que foi uma escolha acertada”.

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Diretor de carnaval Márcio Santana

Apesar de ter feito um dos melhores desfiles do último carnaval e ser apontada como uma das favoritas ao título, a escola ficou apenas na sexta colocação e não participou do Desfile das Campeãs. Márcio comentou sobre o sentimento de frustração e a força da comunidade:

“É doloroso. Não é fácil de assimilar. Mas o que não te destrói, te fortalece. Nossa essência é a inovação, seja no lançamento do enredo, com toda essa criatividade, seja na avenida. Espero que isso alimente o combustível da nossa comunidade. Temos uma comunidade guerreira, agora ainda mais identificada com um enredo que carrega uma mensagem muito importante”.

‘Berenguendéns e Balangandãs’: Leandro Vieira propõe enredo ancestral e feminino para a União de Maricá

“Esse enredo é um resgate ancestral, mas também um espelho do presente.” Foi com essa frase que Leandro Vieira definiu o novo projeto carnavalesco da União de Maricá, anunciado oficialmente na noite do último sábado, durante uma festa marcada por emoção, batucada e reverência à história. O tema escolhido — “Berenguendéns e Balangandãs” — promete transformar o desfile de 2026 em uma verdadeira celebração da cultura afro-brasileira, com destaque para a força ancestral e simbólica das mulheres negras.

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Fotos: Rhyan de Meira/CARNAVALESCO

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O evento, realizado na quadra da escola, no Centro de Maricá, reuniu integrantes, comunidade e convidados num clima de celebração. A atmosfera era de terreiro: tambores, danças e energia coletiva ecoaram enquanto o enredo era apresentado como algo muito além de um título ou conceito artístico — ele carregava memória, luta e identidade.

“Quando pesquisei sobre essas joias, entendi que elas eram muito mais que enfeites”, explica Leandro Vieira, com os olhos brilhando. “Eram documentos pendurados na cintura de mulheres que conquistaram sua liberdade e passaram a circular pela sociedade exibindo, literalmente, suas conquistas. Cada fruto, cada figa, cada medalha tinha um significado. Era uma linguagem cifrada que vamos decifrar no desfile. Não se trata só de beleza visual. Queremos provocar reflexões profundas, trazer à tona histórias que ficaram apagadas”.

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Leandro, conhecido por enredos que misturam rigor histórico e exuberância plástica, encontrou no balangandã a metáfora perfeita para falar sobre mulheres pretas que transformaram adornos em armas de afirmação:

“É um enredo feminino, ancestral, com um recorte que vai além da exuberância visual. Ele me possibilita aprofundar a ideia da escola de samba como um espaço pedagógico e afirmativo, sobretudo para mulheres pretas”.

Como foi a escolha?

Para a diretoria da União de Maricá, a escolha do enredo foi imediata. Assim que o projeto foi apresentado, houve um sentimento quase místico entre os presentes.

“Foi uma sensação muito mística. Conhecer o enredo foi algo muito forte pra mim. É um enredo que representa profundamente a nossa ancestralidade e conversa diretamente com a nossa cidade e com aquilo que a gente vem planejando: um mundo melhor”, contou o presidente Matheus Santos.

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A confiança na visão artística de Leandro é total. “Ele chegou com o enredo pronto e convincente. Eu disse logo de cara: ‘não quero ouvir mais nada’. Daí pra cá, mergulhamos de cabeça nesse projeto. Todo dia é uma nova inspiração, uma nova descoberta. Estamos todos muito animados e cheios de tesão pra mostrar esse enredo ao público. Vai ser um belo desfile”, garantiu o dirigente.

Segundo Matheus, o processo criativo tem sido contagiante: “É uma mistura de confiança, alegria e contágio. Cada pessoa envolvida no projeto sente que está fazendo parte de algo maior, que vai tocar corações e provocar mudanças”.

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Disputa de samba já com data marcada

Enquanto o departamento de carnaval começa a desenhar alas e alegorias, outra batalha toma forma nos bastidores: a disputa pelo samba-enredo. Wilsinho Alves, diretor de carnaval, garante que a competição promete ser das mais acirradas.

“Ano passado, tivemos sambas que poderiam vencer em qualquer escola do Grupo Especial. Isso mostra o quanto a premiação e a isenção de taxa de inscrição atraem grandes compositores. E isso fortalece a escola”.

As datas já estão sacramentadas: a entrega dos sambas será no dia 25 de agosto, e a grande final está marcada para 29 de setembro. A disputa ocorrerá em quatro etapas, sempre às sextas-feiras, com transmissão ao vivo e participação popular.

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Sobre a opção por manter as mesmas regras, Wilsinho é objetivo: “Não há mudanças previstas. Continuaremos sem cobrar taxa de inscrição e incentivando parcerias. A premiação do ano passado foi de R$ 75 mil para a parceria campeã, e pode haver aumento este ano, conforme decisão da diretoria”.

E, quando questionado sobre a escolha por mais um enredo autoral, o diretor é taxativo: “Com o Leandro, seria um crime engessar a criatividade. Ele trouxe um tema que fala com o povo, que educa, que emociona. Isso não tem preço. Quando você contrata alguém do calibre dele, precisa dar liberdade pra ele ser quem é. O resultado é um enredo pertinente, que dialoga com a cidade e com o momento político-cultural atual. Essa mensagem é importante e vai marcar presença no desfile”.

Berenguendéns e Balangandãs

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O balangandã, peça central do enredo, não é apenas uma joia. É um símbolo de resistência, proteção e poder. Originário de expressões da língua banto — como bulanganga ou mbalanganga, que significam “balançar” ou “penduricalho” —, o nome também é considerado onomatopeico, pela sonoridade característica que a peça produz ao ser movida.

Historicamente, os balangandãs eram usados por mulheres negras como proteção espiritual, objeto de fé e símbolo de status. Confeccionados muitas vezes com ouro e prata, adquiridos através do trabalho e da luta diária, essas joias carregavam não apenas valor estético, mas também simbólico e cultural. Além disso, tinham papel importante nas religiões de matriz africana, sendo vistos como amuletos protetores contra o mau-olhado e outras forças negativas.