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Beth Bejani é a nova coreógrafa do primeiro casal da União de Maricá para o Carnaval 2026

A União de Maricá tem mais um nome de peso rumo à Série Ouro do Carnaval 2026. A escola acertou com a contratação da experiente coreógrafa Beth Bejani para dirigir os movimentos do seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Fabrício Pires e Giovanna Justo. Com uma trajetória de sucesso, Beth chega para somar com sua experiência junto aos premiados defensores do pavilhão maricaense.

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Foto: Divulgação/União de Maricá

Beth Bejani traz um histórico de sucesso no universo do samba, com passagens marcantes ao longo de quase duas décadas. De 2005 a 2009, esteve à frente da direção de movimentos do primeiro casal da Mangueira, quando trabalhou com Giovanna Justo. Entre 2010 e 2012, repetiu a parceria na Unidos da Tijuca. Em seguida, de 2013 a 2018, dirigiu o casal do Salgueiro, Marcella e Sidcley, e desde 2019 vem comandando o primeiro casal da Grande Rio, Daniel e Taciana. Além disso, Beth também trabalhou com Jéssica e Vinícius, na Unidos de Padre Miguel.

Beth Bejani recebeu o convite da União de Maricá com grande entusiasmo. Ela ressaltou a importância do momento, que marca uma volta ao trabalho com a porta-bandeira Giovanna. Para a coreógrafa, essa parceria representa o reencontro de uma história de paixão e dedicação à dança de casal.

“Foi com grande alegria que aceitei o convite da União de Maricá para a direção de movimentos do seu primeiro casal e agradeço a confiança. Em 2005, exatamente 20 anos atrás, Hélio e eu chegávamos ao Carnaval para esse mesmo trabalho com Giovanna e Marquinho na época. A experiência e troca que tive ao lado de Giovanna, uma grande artista, me despertou toda paixão pela dança de casal”, disse.

Beth também destacou que o trabalho vai muito além do aspecto visual. Para ela, é essencial transmitir emoção, tradição e cuidado em cada passo, sobretudo pela responsabilidade de apresentar o pavilhão, símbolo maior da comunidade representada pela escola. Essa responsabilidade, segundo a coreógrafa, é um desafio que requer dedicação e sensibilidade.

“Juntos, buscaremos não apenas a beleza estética e técnica, mas a emoção, a tradição e o cuidado, afinal é um desafio de tamanha responsabilidade apresentar o pavilhão, representando toda uma comunidade”, completou Beth, que também demonstrou grande expectativa para esse novo ciclo:

“Estou ansiosa para reencontrar muitas conexões, especialmente com Giovanna e Fabrício, mas também com o querido amigo Leandro Vieira, com quem compartilhei vários carnavais. Será uma alegria celebrar todas as nossas histórias nesse novo capítulo pela União de Maricá”, finalizou.

Em 2026, a União de Maricá será a sexta escola a desfilar no sábado, 14 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí.

‘Vem pra Ramos!’ Com Mocidade e UPM convidadas, Imperatriz Leopoldinense realiza mais uma edição de sua tradicional feijoada

A tradicional feijoada da Imperatriz Leopoldinense já tem data marcada para acontecer e está repleta de atrações. No próximo domingo, 22/06, a partir de 13h, a verde, branco e dourado recebe em sua quadra, em Ramos, Zona da Leopoldina do Rio, as coirmãs Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos de Padre Miguel.

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Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz

Além das convidadas especiais, a feijoada tem como atrações para o público o Pagode do Mestre Lolo e também o já aguardado super show com os segmentos da Rainha de Ramos.

A venda de ingressos está disponível pela plataforma SYMPLA. Já para reserva de mesas e camarotes, o telefone para contato é (21) 98317-6137.

A quadra da Imperatriz Leopoldinense fica na Rua Professor Lacé, 235, em Ramos.

SERVIÇO:
Feijoada do G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense com Mocidade e UPM convidadas
Data: 22/06/2025 (domingo)
Horário: a partir de 1 da tarde
Endereço: Quadra de ensaios LPD- Rua Professor Lacé, 235- Ramos
Venda de ingressos pela Plataforma SYMPLA
Mesas e camarotes: (21) 98317-6137

Unidos do Jacarezinho celebra aniversário com show da Mangueira nesta sexta-feira

A Unidos do Jacarezinho que completou 59 anos de fundação prepara para a próxima sexta-feira, 20 de junho, uma grande festa para comemorar em grande estilo seu aniversário. Retornando à Marquês de Sapucaí no próximo carnaval, a escola celebrará a data recebendo a Estação Primeira de Mangueira em sua quadra a partir das 20 horas com entrada franca.

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Foto: Divulgação/Jacarezinho

Além do show dos segmentos e da apresentação da equipe 2026, o grupo Samba Bom abre os festejos na quadra. A agremiação preparou um show especial para brindar os presentes. Encerrando a noite, a rosa e branca do Jacaré receberá o show da verde e rosa, a madrinha Estação Primeira de Mangueira.

A Unidos do Jacarezinho nasceu da fusão de três agremiações: Unidos do Morro Azul, de cores azul e rosa, fundada em 28 de março de 1946 por Dona Andressa Moreira da Silva, líder comunitária e uma das primeiras mulheres a assumir a presidência de uma escola de samba; Unidos do Jacaré, de cores verde e rosa; e pelo bloco carnavalesco “Não Tem Mosquito”, de cores vermelho e branco.

Em 2026 a agremiação será a primeira escola a pisar na Sapucaí na sexta-feira de carnaval, dia 13 de fevereiro pela Série Ouro. A quadra de ensaios fica localizada na Avenida Dom Hélder Câmara nº 2233.

Acadêmicos do Cubango tem nova presidência: Anderson Leko assume o comando

A Acadêmicos do Cubango, uma das mais tradicionais agremiações do carnaval, inicia um novo ciclo em sua história. No dia 26 de maio, foi oficializada a eleição de Anderson Leko como novo presidente da escola. Ele chega com a responsabilidade de liderar uma gestão focada na reconstrução e no fortalecimento da Cubango, com o objetivo claro de recolocar a verde e branco de Niterói entre as grandes potências do carnaval e conduzi-la novamente à Marquês de Sapucaí.

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Foto: Divulgação Cubango/Lucas Ribeiro

Ao lado de Anderson Leko, compõem a nova diretoria Arnaldo Menezes, como vice-presidente, Bob Brown, presidente do conselho, e Iran Robson, que assume a diretoria financeira. Juntos, trabalham para conduzir a escola de volta ao seu lugar de destaque no cenário do samba. Anderson Leko assume a presidência em um momento decisivo para a agremiação, que busca retomar seu espaço de destaque e reconhecimento.

“Este é um momento de muita responsabilidade, mas também de grande entusiasmo. Estamos muito empenhados em realizar um trabalho sério, com dedicação, planejamento e, principalmente, muito amor pela nossa escola. A meta é clara: devolver a Acadêmicos do Cubango ao seu lugar. Vamos trabalhar com responsabilidade, união e muito respeito à nossa comunidade, para voltar ao nosso lugar com força total”, declarou o novo presidente.

Sinopse do enredo da Portela para o Carnaval 2026

Enredo: “O Mistério do Príncipe do Bará – A oração do Negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”

logo portela2026

Argumento

Para o Carnaval de 2026, o G.R.E.S. Portela apresenta o enredo “O Mistério do Príncipe do Bará, a oração do Negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”, propondo uma narrativa fantástica que se debruça sobre a história da comunidade negra no Rio Grande do Sul, a partir da referência de um personagem essencial não só para a construção da negritude e da afrorreligiosidade no estado, mas que também se torna um farol para o estabelecimento do movimento negro nacional.

Essa história toma, então, protagonismo como uma ferramenta importante para corrigir erros contínuos na construção do imaginário popular brasileiro, trazendo à luz uma negritude que resistiu, persistiu e forjou uma identidade que se perpetua até os dias de hoje. Ao trazer um símbolo universal de poder, a Portela, instituição cultural mais conhecida do Brasil, propõe ao país a descentralização da historicidade negra nacional, promovendo a história do Príncipe Custódio.

Símbolo da resistência e participação negra na construção do estado, o príncipe se torna personagem principal de uma narrativa que promove uma alternativa de se enxergar não só o Rio Grande do Sul, mas também os grandes heróis da negritude brasileira.

Na centralidade desta saga está um personagem que é egresso do continente africano, que toma o rumo do Brasil não pelas correntes da escravidão, mas sim como um príncipe coroado, agente ativo de sua própria história. Ainda que nesta condição, ele apresenta uma perspectiva de análise que reforça e exalta a capacidade do povo negro de moldar novas realidades por onde passa. Através da influência de Custódio, seremos capazes de descortinar um Rio Grande do Sul ainda desconhecido pelo brasileiro, e que se constitui como peça fundamental para a construção da luta que conhecemos, se tornando, assim, amplamente reconhecido como referência.

Iremos dissipar a névoa ao redor de uma figura que, ainda que originária do Benin, representa um Brasil que queremos colocar cada vez mais no mapa: um Brasil que se reconhece em sua negritude e a coloca como liderança política, cultural e religiosa, enaltecendo aquilo que nos é essencial.

Na narrativa proposta, buscamos abarcar a construção do Príncipe Custódio como um mito de fundação da sociedade gaúcha. Tamanha é a sua influência na organização da população negra dos pampas e sua importância na construção desse organismo social, que podemos alcançar a compreensão de que a sua existência perpassa os limites da corporalidade e passa a integrar a esfera do que é intangível. Ao colocá-lo, uma vez mais, no plano material, contando sua história, poderemos fincá-lo de maneira definitiva no imaginário popular brasileiro como um espelho da negritude que construiu, e constrói, o país em que acreditamos.

JUSTIFICATIVA

“Terra de estância,
charqueada grande,
negros salgando.
Terra quilombo,
choça em mocambo,
negro lutando,
e resistindo,
se libertando.”
Oliveira Silveira, em “Terra de Negros”

Desde a aurora de sua história centenária, o G.R.E.S. Portela se impôs como referência basilar na linha de frente do enfrentamento ao racismo brasileiro. Nascida em uma sociedade cuja escravidão fora recém-abolida, num processo traumático e mal conduzido, que resultou no abandono e na negação de quaisquer perspectivas às pessoas negras, esta escola de samba acabou por se consolidar como a grande referência de seu povo, farol a guiar todo um país.

Em 2026, a Portela contará a epopeia de um príncipe negro: Custódio Joaquim de Almeida. Batizado Osuanlele Okizieru, no Benin, onde nasceu, descendia da realeza e se tornou guerreiro da liberdade de sua gente — uma luta que o levou a ser perseguido até deixar sua terra natal. Guiado pelo Ifá, onde buscou uma direção que o protegesse, aportou na Bahia, passou pelo Rio de Janeiro e chegou ao Rio Grande do Sul, casa e cenário desta saga.

Mística e fantástica, a história do príncipe é narrada a partir do encontro entre o Negrinho do Pastoreio e Bará, ambos símbolos fundamentais para o povo gaúcho. Uma criança que orou e iluminou o caminho até encontrar a memória de um reinado pronto para ser redescoberto, diante do grande deus do Batuque — religião afro-gaúcha —, que permite os caminhos e os encontros nas encruzilhadas: o início, o meio e o início.

E este conto não pode ser encontrado em obras literárias, matérias jornalísticas ou escritas acadêmicas, pois se apresenta a partir do protagonismo da oralidade na formação dos mitos fundamentais. Sem tal recurso, esta e tantas outras histórias são encaixadas e reduzidas a espaços delimitados pelo que se vê, sem a ludicidade e a mobilização trazidas pelo exercício da utopia enquanto possibilidade de manutenção do mito — para que estes se tornem imortais, mesmo diante do vigor do tempo.

Sinopse

Prólogo

Bará indica:

Corre, Negrinho… voa, Negrinho
Tua ronda é precisa
Voa, Negrinho, mostra a trilha
No sinuelo do tempo novo tu levanta o que foi negado
Lá onde o açoite cala, teu passo deixa recado

Corre leve, Negrinho do Pampa, tua vela é farol no breu
Trote firme na cancha da alma, tua luz é caminho dos seus

Rente ao chão no descampado noturno
A luz da tua vela clareia o infinito
Negrinho de galope manso, de parceiros confiantes
Cada um carrega a ausência de um pampa esquecido

No breu do não saber
Tu acendes a dignidade que te negaram
Um pampa negro, paleteado do peito
Escondido sob a fumaça branca, brava, cerrada…

Corre, Negrinho… voa, Negrinho
Deixe que te vejam no escuro véu
Tua ronda são suas lembranças
Teu galope sobe pro céu…

Negrinho do Pastoreio diz:

Alupo, Alupo… licença, meu senhor
Não tem tropa ou cavalo que me faça estancieiro
Perdão pela palavra: somos dois renegados
Na querência do Brasil, mal somos enxergados
Mas quem sabe… se eu lhe trouxer um achado da noite?
Da nuvem da memória, só se lembram do açoite

Achei uma coroa – e eu sei a quem pertence
Se o senhor me ouvir, conto a história com reverência:
É sobre um Príncipe, preto feito eu
Que mal pensa o brasileiro de sua existência

À Luz da Realeza

Jamais o Negrinho saberia explicar porque o dono dos caminhos e senhor das histórias o convocara para esta missão. Atendendo ao chamado, revelou seu achado…

Atento, Bará se pôs a ouvir o menino, que passou a lhe contar sobre o Príncipe de Ajudá, vindo do Benin: Custódio Joaquim de Almeida, ou Osuanlele Okizi Erupê. A cabeça coroada por Sakpatá, o homem que lutava em suas terras pelo direito de existir livremente, era líder da resistência, das revoltas. Em nome da segurança de seu povo, foi exilado e, no jogo de búzios, viu seu destino apontado para o Brasil.

Acalentado, seu caminho foi abraçado pelos deuses do desconhecido desta nova terra. O mar estava no meio do tabuleiro e a sorte do caminho era de quem respondia primeiro. No porto do passado, ficou a mãe terra.

“E NAN TṢẸ E NAN TṢẸ
E DỌ E NAN TṢẸ
ENAN TṢẸ NU E AONON DAHO”

Assentando a África nos Pampas

Foi quando o vento da palha que dança chegou, desembarcou primeiro na Bahia, ventou e foi para o Rio de Janeiro. O barulho da fibra se batendo no solo só́ dançou e levantou terra quando chegou ao Rio Grande.

O poder que trazia dos séculos se restabeleceu, e pelos infinitos horizontes das querências gaúchas espalhou-se a real presença de um negro Príncipe Africano.

Coroado Príncipe dos Mendigos, pois o povo atendia. Príncipe Curandeiro e Macumbeiro, era feiticeiro. Rei das mandingas e dos despachos. Revirava a alma dos necessitados com folhas, rezas e toques que só́ compreendiam os antigos africanos. Um trono de fumaça que exalava o ancestral.

Tornou-se temido e respeitado a ponto de fazer a burguesia dançar consigo o dueto de reverências. Chefe dos pobres, todos vindos de um negro Brasil recém-liberto que estava sob sua influência, era o representante dos vadios, da cidade baixa, de malandros e vagabundos. Uma história cheia de mistérios que merece cuidado.

Xirê de Nações, firmando o Batuque

Enquanto desviava as atenções sobre sua famosa e misteriosa figura na elite, enquanto recebia em sua casa nas escuras noites porto-alegrenses os chefes de Estados, governadores, entre outros, o Príncipe organizava seu povo no fundo do quintal, por detrás da capela, por detrás dos santos.

Uniu por um único toque, único tambor, uma África despedaçada pelo horror das invasões.

E foram chegando… o que lá́ eram diferentes povos, aqui se tornaram os remendos de uma alma, os remendos da cor com linhas de sobrevivência.

De mansinho, pés rastejos e descalços, no embalo do ilu, juntaram-se as Nações de Oyó, Jeje e Nagô̂, os negros Cambinda e também de Ijexá.

Sob o trono do Príncipe das Encruzilhadas, cruzaram distintas heranças e entronaram o Deus da comunicação como seu principal representante em comum, abrindo caminhos entre as diferenças e unindo a todos para resistir ao tempo.

O assentaram pela cidade, e no Mercado o cruzeiro de BARÁ virou o encontro de todos. A chave da eternidade.

Negritude resplandecente e consciente, se reconstituindo, de nome resistência, de sobrenome tambor. E o BATUQUE nasceu.

– Bará diz:

É bem aqui, no cruzeiro dessa história
Que te encontro, Negrinho da alma andeja
Eu — que sou “começo, meio e começo” —
Carrego a coroa numa mão, noutra, a chave campeira do porvir

O Príncipe já se foi, se encantou nos passos de Sakpatá
E bailou sua última dança no terreiro do tempo
Fui eu quem mandou buscar, no escuro do esquecimento
A coroa perdida de um reinado que ainda vai ser teu

Serás, Negrinho, com outros da tua tropa
Príncipes do sol nascendo no campo limpo
Onde nossa gente não vai ser mais açoitada
Nem sumida na névoa braba do racismo
Do abandono, da violência
Do tempo que tentaram nos calar

Vão beber das águas de um Rio Grande
Que corre nas veias africanas do Sul do Brasil

E assim será:

Xirê de Batuque, Firmando a Negritude

Bará, então, disse que nesse Rio Grande onde o Príncipe se encantou assentou-se um novo rumo, um novo Sul, africano e pouco conhecido, com um destino certo de expandir sua força para as terras continentais deste país, que tanto tem de África em outros conhecimentos.

Foi quando apresentou ao Negrinho o Xirê̂ do Batuque, a religião com mais adeptos e casas abertas no Brasil, que é fruto da organização das diferentes nações unidas pelo Príncipe Custódio, que firmou a negritude do Sul de um País que não a vê e persiste em suas próprias lutas. É como se sentem.

Contam com o movimento da espada de Ogum e Oyá́, com a justiça de Xangô̂. Com a esperança dos Ibejis e a obstinação de Odé e Otim. Estão com Obá em uma dança de cura e segredos, onde Ossain e Xapanã̃ também são sacerdotes. Com a destreza de Oxum e o acalanto de Iemanjá́, firmam seus Oris para servirem ao pai Oxalá́ em suas missões de paz e dignidade para os seus iguais.

Estão nos assentos de Bará espalhados pela cidade, no cruzeiro do Mercado e na procissão de fé que tem como terreiro a Igreja do Rosário, um rito que simboliza a ocupação da cidade pela esquecida corte da realeza africana.

Assentou a Cultura dos Pampas

Corte real esta que espalhou sua mancha preta, a cor do trono do principado ocultado que revive nos contos, nos mitos e na oralidade de seus súditos.

Versaram em alto e bom som:

“Nós não éramos nascidos/Nossa mãe não pôde conhecê-lo/O já então falecido Príncipe africano que, por capricho do destino, desembarcou no Rio Grande/Mas o tempo passou/E, por pouco, não perdemos nossa identidade/Como uma prova do destino, tivemos que lutar bravamente/Para merecermos a nossa velha imortalidade.”

Imortais nos toques do tambor de sopapo, nos movimentos quilombolas que resistem e nas espadas, coroas e bandeiras dos Maçambiques de Osório.

Estão nos estandartes de Onira, herança da negritude, o cortejo onde seu Rei é preto e a Rainha também. Baila a porta-estandarte ao lado dos Comanches que, ano após ano, sorriem na avenida para não se tornarem um espaço vazio numa passarela que não contará suas histórias.

A cultura negra do Rio Grande do Sul está́ assentada na memória do velho Príncipe de Sakpatá, o homem que firmou o Bará tão profundo que a terra respira os ecos de sua real presença preta, que não abaixa a cabeça.

E que assentou um Brasil inteiro quando refez o trono de Zumbi como o rei do Brasil de cor, fazendo de sua data o maior marco do sentido de liberdade. Feitiçaria ensinada pelo velho Custódio, que ensinou este Bará a abrir os caminhos de seu povo.

À Luz de Custódio, um Novo Prólogo

Bará ensinou ao Negrinho o que aprendeu com Custódio: a ser rei e a servir. O senhor das chaves mostrou ao menino o caminho da eternidade: a chama da memória.

Por isso, a partir de agora, o Príncipe da nova história é um menino negrinho que deu cera, pavio e fogo para tantos outros encontrarem as estradas da liberdade, para sobreviverem no formigueiro grande de costumes malditos que tenta matar aos pouquinhos os pretos do Rio Grande.

Enquanto sobrevivem na luz da lembrança, alimentam as velas de outros pretinhos e pretinhas que pastoreiam esse país para salvar o corpo de um Negro inteiro, que será coroado a céu aberto de dia claro, e, quem sabe, ganhará asas para voar com as águias e laçar das nuvens as injustiças desse país.

CORRAM, NEGRINHOS… VOEM, NEGRINHOS
DEIXEM QUE SIGAM VOCÊS
SUAS RONDAS SERÃO DE VITÓRIAS
O MUNDO PRECISA LHES VER

Autores do enredo: André Rodrigues, Fernanda Oliveira, João Vitor Silveira e Marcelo David Macedo.
Textos: André Rodrigues, João Vitor Silveira e Marcelo David Macedo.
Carnavalesco: André Rodrigues
Sinopse inspirada no poema “Negrinho do Pastoreio”, de Jayme Caetano Braun.

“E Nan Tṣẹ E Nan Tṣẹ
E Dọ E Nan Tṣẹ
Enan Tṣẹ Nu E Aonon Daho”

Oração para Sakpatá, que diz “Tudo vai dar certo (Assim Seja) /Eu te digo (Assim Seja) /Tudo vai dar certo.”

“Começo, Meio e Começo”

Trecho extraído de uma citação de Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo (1959-2023).

NÓS NÃO ÉRAMOS NASCIDOS/NOSSA MÃE NÃO PÔDE CONHECÊ-LO/ ENTÃO FALECIDO PRÍNCIPE AFRICANO QUE, POR CAPRICHO DO DESTINO, DESEMBARCOU NO RIO GRANDE/MAS O TEMPO PASSOU/E, POR POUCO, NÃO PERDEMOS NOSSA IDENTIDADE/COMO UMA PROVA DO DESTINO, TIVEMOS QUE LUTAR BRAVAMENTE/PARA MERECERMOS A NOSSA VELHA IMORTALIDADE.”

Poema de Marcus Almeida, bisneto de Custódio, de 1993.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros e artigos

BORBA, Rudinei O. Redescobrindo o culto nagô̂ do Príncipe Custódio no Batuque afro-sul. Revista Olorun, nº 8. Porto Alegre, 2022.

CHAVES, Larissa Patron; MADRUGA, Thiago. Narrativas emergentes: a história de Luciana Lealdina de Araujo na produção de arte urbana. Revista GEARTE, v. 5, nº 2. Porto Alegre, 2018.

DA SILVA, Maria Helena Nunes. O “príncipe” Custódio e a “religião” afro-gaúcha. Ed. UFPE. Recife, 1999.

FRANCHI, Diones. A história do príncipe negro. Revista África e Africanidades, ano 9, nº 22. Rio de Janeiro, 2016.

ORO, Ari. Religiões afro-brasileiras do Rio Grande do Sul: passado e presente. Estudos afro-asiáticos, ano 24, nº 2. Rio de Janeiro, 2002.

PAIXÃO, Cassiane de Freitas; LOBATO, Anderson O. C. Os clubes sociais negros no estado do Rio Grande do Sul. Editora da FURG. Rio Grande, 2017.

PERNAMBUCO, Adalberto Ojuobá. As religiões africanas no Rio Grande do Sul (Batuque). Debates do NER, ano 19, nº 35. Porto Alegre, 2019.

SALIS, Eurico. Rio Grande do Sul: cultura e identidade. Edição do Autor. Porto Alegre, 2019.

SILVA, Alberto da Costa e. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Nova Fronteira, Ed. UFRJ. Rio de Janeiro, 2003.

VERGER, Pierre Fatumbi. Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Baía de Todos os Santos, no Brasil, e na antiga Costa dos Escravos, na África. Editora da USP. São Paulo, 2019.

Audiovisuais

CAVALO DE SANTO. Mirian Fichtner e Carlos Caramez. Globoplay, 20 nov. 2022. 1h10min. Documentário. Disponível em: https://globoplay.globo.com/cavalo-de-santo/t/5cqFc2HN92/. Acesso em 14 mai. 2025.

CUSTÓDIO, O PRÍNCIPE DE PORTO ALEGRE. Palácio Piratini. Entrevistadores: Mateus Gomes e Stefani Fontanive. Entrevistados: Baba Phil, Jorge Sodré, Jovani Scherer, Manoel José Ávila da Silva, Vander Duarte e Vinícius de Aganju. Porto Alegre: Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 23 nov. 2021. 32min. Documentário. Disponível em: https://www.palaciopiratini.rs.gov.br/custodio-o-principe. Acesso em 10 jun. 2025.

FESTA DE BATUQUE. Locução de: Everton Cardoso. Porto Alegre: Muamba, Radio da Universidade, UFRGS, 03 ago. 2023. Podcast. Disponível em: https://creators.spotify.com/pod/profile/radioufrgs/episodes/Muamba-t05e02–Documentrio-especial—Festa-de-Batuque-e274fhs/a-aa6rp3t. Acesso em 04 jun. 2025.

O INVISÍVEL GAÚCHO NEGRO. Entrevistador: Thiago André́. Entrevistada: Fernanda Oliveira. Rio de Janeiro: História Preta, 14 jan. 2019. Podcast. Disponível em: https://historiapreta.com.br/episodio/o-gaucho-negro/. Acesso em 04 jun. 2025.

OS TERREIROS DO BATUQUE GAÚCHO. Alfredo Alves. São Paulo: TV Cultura, 03 jan. 2020. Documentário. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=skJy_tEgNz4. Acesso em 14 mai. 2025.

TAMBORES DO SUL. Locução de: Thaís Seganfredo. Canoas: Riobaldo Conteúdo Cultural, Nonada Jornalismo, 11 jan. 2021. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/3bbZVlINwTVxvFB9dMTWDY?si=b81119031f854071. Acesso em 04 jun. 2025.

 

Reportagens

A HISTÓRIA DO PRÍNCIPE NEGRO ACOLHIDO PELA ELITE GAÚCHA QUE, HÁ UM SÉCULO, CONSOLIDOU AS RELIGIÕES AFRICANAS NO RS. Alexandre Lucchese. Porto Alegre: Zero Hora, 20 mar. 2020. Reportagem. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2020/03/a-historia-do-principe-negroacolhido-pela-elite-gaucha-que-ha-um-seculo-consolidou-as-religioes-africanas-no-rs-ck80hodbj06dn01pq824lyj2s.html. Acesso em 06 jun. 2025.

A MEMÓRIA VIVA DE CUSTÓDIO, PRÍNCIPE AFRICANO QUE VIVEU EM PORTO ALEGRE. Grégorie Garighan. Porto Alegre: Jornal da Universidade, UFRGS, 01 abr. 2021. Reportagem. Disponível em: https://www.ufrgs.br/jornal/a-memoria-viva-de-custodio-principe-africano-que-viveu-em-portoalegre/. Acesso em 06 jun. 2025.

BATUQUE/BATUQUE GAÚCHO. Tom Oolorê. Rio de Janeiro: Historiando Axé, 16 mar. 2024. Reportagem. Disponível em: https://historiandoaxe.com.br/2021/02/batuque-batuque-gaucho/. Acesso em 04 jun. 2025.

O MISTÉRIO DO PRÍNCIPE DO BARÁ.* Banda Lı́tera. Disponível em: https://litera.mus.br/o-misterio-do-principe-do-bara/#:~:text=Tratase%20de%20um%20dos,na%20atual%20Rep%C3%BAblica%20da%20Nig%C3%A9ria. Acesso em 17 mai. 2025.

ONDE ESTÃO OS NEGROS DO RIO GRANDE DO SUL? Eduardo Amaral. Porto Alegre: Correio do Povo, 20 nov. 2019. Reportagem. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/especial/onde-est%C3%A3o-os-negros-do-rio-grande-do-sul-1.381578. Acesso em 06 mai. 2025.

O PRÍNCIPE CUSTÓDIO DE XAPANÃ/SAKPATÁ ERUPÊ E SEU CULTO NAGÔ. Hùngbónò Charles. 01 fev.2016. Artigo. Disponível em: https://ocandomble.com/2016/02/01/o-principe-custodio-de-xapanasakpata-erupe-e-seu-cultonago/. Acesso em 09 jun. 2025.

PRÍNCIPE NA ENCRUZILHADA: COMO O RS VIROU POLO DAS RELIGIÕES AFRO NO BRASIL. Fernanda Oliveira. UOL, 04 mai. 2022. Reportagem. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2022/05/04/principe-na-encruzilhada-como-o-rs-virou-polo-das-religioes-afro-no-brasil.htm. Acesso em 29 abr. 2025.

REINO DO BENIN. Cláudio Fernandes. Reportagem. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/reino-benin.htm. Acesso em 11 jun. 2025.

* Este texto serviu como inspiração para a criação do título do enredo.

Fim do ciclo! Vai-Vai anuncia saída do carnavalesco Sidnei França

A direção do Vai-Vai anunciou na noite desta terça-feira a saída do carnavalesco Sidnei França. A escola anunicou que o carnaval 2026 será conduzido por uma comissão de carnaval, composta por: Gleuson, Marcão, Renato e Tati.

Gleuson é arquiteto e já atuou como carnavalesco. Trabalhará em parceria com o Renato, que já executa com maestria, inovação e muito profissionalismo as alegorias da escola. Marcão tem mais de 20 anos de experiência no carnaval, atuando como diretor do departamento de fantasias em diversas escolas do Grupo Especial e Acesso. Tati será a enredista do projeto, assim como atuará diretamente na produção da pasta de jurados, trabalho que já faz na escola há alguns anos.

Eles serão apoiados por uma equipe técnica composta por: Drika, da Ala Aziz, André Felipe, do Departamento Cultural, Carlinhos, da ala Ireti, Edison Buiu, da Velha Guarda, e Radamés, Diretor Geral.

Veja abaixo a publicação da escola sobre a saída de Sidnei França.

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sidnei vaivai
Foto: Divulgação/Vai-Vai

“Hoje termina um capítulo muito bonito e cheio de relevância da escola do povo.

Sidnei França e Vai-Vai encerram a parceria que imortalizou nossos baluartes em uma reedição que nos resgatou e arrebatou o Anhembi.

Trouxe a rima ácida e as cores vibrantes do Hip Hop pra avenida, conectando tribos e ideias.

E fez o samba amanhecer com o mundo louco de Zé Celso.

Com a certeza de ser um até breve… Muito obrigado, Sidnei França!”

Alexandre Louzada ressalta parceria com Chico Ângelo no Águia de Ouro: ‘Eterno aprendiz’

Dono de oito títulos nos principais pelotões do carnaval no Rio de Janeiro e São Paulo, Alexandre Louzada está de casa nova. Agora, o profissional estará integralmente no Águia de Ouro, que disputa o Grupo Especial paulistano. Na definição da ordem dos desfiles para 2026, o CARNAVALESCO conversou sobre os desafios de Alexandre Louzada na cidade em que ele não assina um desfile desde 2019.

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Carnavalesco Alexandre Louzada. Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Motivo do retorno

Desde quando focou a própria carreira apenas no Rio de Janeiro, Louzada trabalhou na Beija-Flor, na Unidos da Tijuca e na Unidos de Padre Miguel – todas no Grupo Especial da Cidade Maravilhosa. A Terra da Garoa, entretanto, nunca saiu do coração do profissional: “Já tinha se tornado um sonho voltar para o carnaval de São Paulo. Eu tive algumas propostas para permanecer no Rio, mas eu queria e eu acho que eu devia isso a São Paulo. Eu também devo muito do que eu aprendi enquanto carnavalesco em relação a novas técnicas, super dimensionar um carnaval e uma alegoria aqui”, comentou.
Há, entretanto, algo que tornará a nova passagem do carnavalesco pela cidade em algo novo: “Eu só me afastei de São Paulo porque não estava podendo dar uma assistência presencial, algo que eu acho muito importante. Eu sentia falta disso tanto no Império de Casa Verde, quanto no próprio Vai-Vai e na Unidos de Vila Maria. Faltava essa minha presença maior no dia a dia. Quando houve essa oportunidade, eu decidi me colocar à disposição do carnaval de São Paulo”, destacou.

Pouso na Pompeia

Ainda falando sobre o retorno ao carnaval paulistano, Louzada falou sobre como chegou à escola pela qual assinou: “Graças a Deus conheci o Sidnei e a Águia de Ouro. Estou muito feliz e vejo até os mimos: ela enfrentou esse povo todo para me trazer até aqui. Já tive meu batismo na feijoada da escola e estou muito feliz. Eu vou morar em São Paulo, é diferente dessa vez. Eu não vou estar indo e vindo, estou até à procura de onde vai ser mais perto. Também quero ficar perto de amigos, tenho que ter vizinhos”, brincou.

Parceria

Nos últimos anos, Louzada se acostumou a assinar desfiles em conjunto. Em 2025, por exemplo, “Egbé Iyá Nassô”, na Unidos de Padre Miguel, foi produzido em parceria com Lucas Milato. Em 2023, “Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”, na Beija-Flor de Nilópolis, teve a companhia de André Rodrigues. Não será diferente no Águia de Ouro. Em 2026, o profissional será parceiro de Chico Ângelo – que assinou um desfile pela primeira vez em 2025, na tradicionalíssima Unidos do Peruche.

Na visão de Louzada, ambos estão em completa sintonia em prol da agremiação: “Eu não vou considerar o Chico um iniciante, porque ele já tinha bastante experiência trabalhando em alegorias de outros carnavalescos. Está sendo o início de uma grande amizade. Essas pessoas que estão começando a crescer no carnaval criam uma nova identidade. Ele foi premiado como o melhor conjunto alegórico no Grupo de Acesso II, isso já é uma grande coisa. Não se trata de Chico Ângelo nem de Alexandre Louzada. Eu sou ele, ele sou eu e nós somos o Águia de Ouro. É assim que vai funcionar”.

O carnavalesco, por sinal, fez questão de se colocar em patamar de igualdade com o novo companheiro para confecção do desfile: “Eu aprendo mais com eles do que eles comigo, eu também fui assim um dia. Sempre quando você se coloca na posição de eterno aprendiz, é quando você cresce. Eu não faço carnaval para mim. Eu faço carnaval para alegrar a vida das pessoas, para uma comunidade. Se for vencedor, é a comunidade que vence. Eu não faço mais do que a minha obrigação enquanto artista. As pessoas que despontam têm muito axé. Ninguém me ensinou nada. Eu só observava. Agora o Chico já tem um trabalho iniciado e eu espero que ele traga o axé dele para que a gente possa em dupla, ter resultado”, observou.

Escolha de enredo

O profissional aproveitou para falar sobre como anda o processo de escolha da temática por parte da agremiação da Pompeia: “Nós estamos aguardando bater o martelo na questão de enredo. O Sidnei tem algumas propostas, ele me passou algumas ideias e elas já foram desenvolvidas por mim e pelo Chico em um trabalho que está começando agora. O tempo vai dizer o enredo, que pode criar grandes possibilidades. Todos os enredos que foram oferecidos ao Águia de Ouro são muito bons. Com relação a isso eu não estou tão preocupado. E tem essa questão de pé-de-coelho em relação a trazer bons resultados”, finalizou.

Presidente da Tucuruvi ‘Seo Jamil’ é homenageado pela Liga-SP

Na noite da última segunda-feira, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo prestou uma homenagem mais que justa a um dos grandes nomes do carnaval paulistano: Seo Jamil, presidente da escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi.

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Foto: Divulgação/Tucuruvi

A sala do Departamento Financeiro da Liga-SP agora leva o nome de ‘Seo Jamil’ Hussein Abdo El Selam, em reconhecimento ao seu trabalho dedicado e exemplar como financeiro da entidade durante muitos anos.

Atualmente com 91 anos, é considerado uma figura respeitada e carismática, Seo Jamil não é apenas um dos pilares da sua escola, mas também um símbolo de compromisso, seriedade e amor pelo samba. Sua trajetória inspiradora ajudou a construir e fortalecer a estrutura da Liga-SP ao longo das últimas décadas.

A homenagem marca não apenas o reconhecimento institucional, mas também o carinho e a gratidão de todo o carnaval de São Paulo a um dos seus grandes baluartes.

Sinopse do enredo da União de Maricá para o Carnaval 2026

Enredo: “BERENGUENDÉNS & BALANGANDÃS”

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Estamos na velha Bahia, a Roma Negra como tão bem definiu a ialorixá Eugenia Anna dos Santos ao tentar dar conta da centralidade da cultura negra para a formação da identidade daquele território. Voltando no tempo e olhando para o passado, estamos na beira do cais de uma antiga Salvador e, de lá até a mais alta ladeira que nos leva às portas dos sobrados da cidade alta, o que se vê é o Brasil colonial e o vai e vem de corpos retintos apregoando aves, bolos, mingaus e peixes frescos.

Em meio à cena, o que chama a atenção é a quantidade de mulheres pretas empunhando tabuleiros que exibem bolos e frutas tropicais. Quitutes de toda sorte, ofertados a granel, que perfumam o ambiente. Perfume ora doce, ora salgado. Para comer com a boca e com os olhos.

Nesse recorte público, quem olhar com mais atenção o sobe e desce das ladeiras, enxergará o luzir de joias feitas em ouro e prata enfeitando os corpos que desfilam. Símbolo de poder e status, os artigos são brincos para as sinhás e anéis para os dedos dos senhores. Um camafeu ao gosto português no colo de uma senhora de pele alva. Uma cruz bordada com incrustações de rubis no peito do Bispo e, também (e por que não?) uma penca sonora junto ao ventre de uma preta que equilibra seu tabuleiro em meio ao som continuado que empresta uma sonora trilha para a sua caminhada: Barangandãns…Belenguendén…Berenguendén… Balangandãs…

Ornando seu corpo retinto em meio aos martírios da escravidão, o brilho das joias trazia a lembrança de um território livre, aonde reis e rainhas eram cobertos por luxo e riqueza. De deuses engalanados e mulheres livres numa África – de ouro e de prata – que nem de longe podia ser imaginada no degredo da imposição do trabalho forçado nos trópicos.

À luz do sol que ilumina uma Bahia escravocrata, a presença de metais preciosos reluzindo como ornato para um corpo negro de mulher evocava, em quem os ostentava, a memória dos metais que deram fortuna à soberana haussá Amina de Zaria. Uma joia, em uma mulher preta da Bahia de tempos idos, trazia a presença de Nzinga, a Rainha de Matamba e as histórias de que, após ser vitoriosa em uma guerra, teria sido vista coberta por fios de latão, ligas maciças e fartura de colares dourados.

Ali, balançando feito chocalho junto ao corpo, estava também saberes africanos sobre a fundição dos metais. Na peça, que funcionava como adorno, está o trabalho das mãos de um negro malê que deu a um cilindro os desenhos feitos no cinzel e o espaço oco em que as pretas guardavam seus pós de mandingas ou, quem sabe, fragmentos do alcorão tidos como relicário.

Eternamente gravadas nas peças ornamentais que embelezavam o baixo-ventre de mulheres negras, estão as digitais dos negros da Guiné, vindos do Império Axânti, seus saberes sobre a extração dos metais, sobre a faiscação do ouro, as filigranas desenhadas em fios tão preciosos quanto precisos e o culto a Ogum.

Sobre isso, é curioso pensar que, no som do balanço das teteias pendentes que deram nome à peça ornamental produzida em território brasileiro, também está o toque ritmado do adarrum que saúda Ogum, divindade trazida pelos cativos vindos para cá na travessia das calungas. No ouro ou na prata dos balangandãs está a memória ancestral da forja do senhor do ferro e a emulação fragmentada de seu assentamento de fetiches pendentes. Ele – o balangandã – é parte da armadura da divindade que guarda com as suas armas o corpo alheio. Sua espada, sua lança e a sua faca transmutada em joalheria.

Um chocalho de badulaques. Berloques encantados para as pretas que os ostentavam no balanço das caminhadas. Balançando pra lá e pra cá, via-se requebrando junto aos quadris que se mexiam, uma chave propiciatória na intenção de abrir caminhos. A evocação para a incorporação da força de um gato-maracajá em um dente felino encastoado de prata. Um adorno barroco e tropical onde o pouso de dois papagaios está eternamente aprisionado em uma amálgama metálica rígida presa à cintura por uma corrente de argolas.

Amuleto para pender uma figa de jacarandá, azeviche ou coral. Evocação de ancestralidade com sabor de fruta fresca. O culto aos orixás transmutado nas curvas de cajus com castanhas de ouro oco (Kaô Kabecilê, valei-me meu pai Xangô!); em gordas romãs bordadas em prata (Epahey, senhora das nuvens de chumbo!); ou em belos abacaxis enfeitados com espinhentas coroas metálicas (Atotô Bábá, a sua benção Omulu!)

Era visto rebolando nas cinturas das pretas engalanadas nas festas da Conceição da Praia. Presente na memória dos encontros na Igreja da Barroquinha. Chocalhando na Baixa do Sapateiro junto aos festejos de Santa Barbara ou em meio à brancura das rendas e dos camisus das pretas que se apressavam rumo à colina do Bonfim. Artigo misturado junto aos brincos de pitanga e aos colares agigantados, brilhando em penca, na beca e nos panos-da-costa das mais antigas irmãs da Irmandade da Boa Morte.

Joias fartas luzindo diante dos olhos de uma sociedade racista. Artigo subversivo que documenta o êxito de mulheres rebeldes que se deixaram chamar de “sinhás pretas” tamanha a riqueza acumulada. Matronas ancestrais que se tornaram símbolos de ascensão social e liberdade. Donas de seus caminhos quando os caminhos ostentavam portas fechadas. Mulheres que fizeram de suas joias um cofre que se carregava junto do corpo. Poupança e pecúlio para planos maiores e operações financeiras que lhes garantiram o maior dos investimentos: a compra da própria liberdade.

Nesse artigo de rara beleza, exemplar de uma joalheria retinta, está a história de mulheres que deixaram como herança para seus descendentes a experiência de terem sido alforriadas por assinaturas advindas de mãos negras. Um baú de ouro traduzido em joias inventariadas que nos lembram uma luta vertida em enfeites que embelezam. Um legado ancestral que revela a identidade e as ânsias de mulheres pretas que, apesar da crueldade imposta pelo sistema vigente, encontraram brechas e conquistas que resultaram em bens, luxo e poder.

Seus nomes, vamos descobrindo por terem sido gravados por elas em ouro e prata. Nas pratas que fundem as grossas alianças que se entrelaçam para formarem os colares deixados em testamento por Marcelina da Silva – uma negra natural da Costa da África – para sua filha, de nome Magdalena. Nas memórias imaginadas de um Recôncavo romântico onde viveu “Mariquinha dente de Ouro” – aquela que se cobria “com roupas de linho bordadas de barafunda” ou na farta penca de berloques presentes no balangandã de Florinda Anna do Nascimento, a rainha de Ébano brejeiramente chamada Fulô, que sorri coberta de joias em registro fotográfico que funciona não apenas como prova material de suas conquistas individuais – e das investidas de inúmeras pretas detentoras de posses no luxuoso mundo das joias – mas, também, da história que agora proponho contar como enredo.

Enredo, pesquisa, desenvolvimento e texto: Leandro Vieira.

Sinopse do enredo da Vila Isabel para o Carnaval 2026

Enredo: “MACUMBEMBÊ, SAMBOREMBÁ. Sonhei que um Sambista Sonhou a África”

logo vilisabel2026

“(…) A Macumba é o ritual mais aproximado do Samba. Já está a Macumba aí.
Quanto ao Samba… a origem do Samba é a Macumba.”
Heitor dos Prazeres – depoimento ao Museu da Imagem e do Som, 1966

“Na pintura eu sonho. Eu sonho música, eu sonho momentos amorosos, eu sonho alegria. Enfim… tudo eu sonho, tudo me dá riqueza. (…) Essas figuras que eu faço de coisas que eu já vi, que ainda existem, esses bailes, essas Macumbas, esses Sambas, essas coisas que existem, (…) eu tenho tudo aquilo do passado e de agora dentro da minha memória.”
Heitor dos Prazeres – documentário Heitor dos Prazeres, de Antonio Carlos da Fontoura, 1965

“Eu cheguei, moçada…”

O som dos tambores ao fundo, misturado ao cantar sereno de pastoras e passarinhos. Minha gente vai descendo o Morro, de cetim se faz manto sagrado, o branco e o azul cintilantes, lampejos de franjas. O enredo que sonho e conto a vocês celebra as memórias e os percursos de “um homem do povo”, multiartista, sambista, inventor, sonhador de uma nova-velha África, uma África que se congraça no coração do Rio de Janeiro. A África que ele canta, desenha e reinventa é uma África imaginada, impressa em estamparias, pintada em poemas, telas e partituras. Um lugar de roupas vistosas e casas coloridas, onde as pessoas se reúnem para sambar, brincar, comer, fazer Macumba. Um lugar que não é necessariamente “pequeno”, mas do tamanho do mundo: uma “África em miniatura”, múltipla, muitas “Pequenas Áfricas”, unidas e conjuntas, conectando centros e periferias, morros e roças, jongos e cateretês. Retalhos de pilar café, cortar a cana, cantarolar com as lavadeiras, pisar chão batido e dançar, reconstruindo os afetos entre ruas e boulevares, veias que esboçam folias e redesenham a vida. Os fluxos da Bahia, nos estandartes que giram – e seguem oceano afora, nas nuvens dos devaneios, em direção ao Continente-Mãe (reflexo e pertencimento). Mas vamos sem pressa, Povo do Samba. Que o miudinho é o mais fino traço!

“Me deixem vadiar…”
Lino

A África de que falo é um quilombo em festa, cortejo real que me leva às raízes baianas deste “Pedaço” – cuja pedra angular é a Pedra do Sal e cuja capital é a Praça Onze. Com fé, mandinga e saudade, balangandãs brilhosos (as joias da nossa coroa), chego às lembranças queridas, famílias de sangue e de Santo. Quem diria, o espelhamento: Tio Hilário e Tia Hilária, “padrinho” e “madrinha” do memorando – menino arteiro que, apelidado de Lino, é o Príncipe Negro deste cortejo (os perfumes dos velhos Ranchos…). Foi por meio de Hilário Jovino, Lalau de Ouro, um Orfeu da Bahia retinta, o Tio, que a família daquele menino nascido das ruas do Rio conheceu um lugar lendário: o reino de Ciata, Hilária Batista de Almeida, a mais afamada das Tias em cujos quintais o Samba fervia. O etéreo! Naquela época, os “Ranchos baianos” se transformavam, rasgando os tons dos reisados, pastoris amenos, e adquirindo, aos pouquinhos, contornos feéricos – anjos com asas de prata, platinelas douradas. Sonhar é pra quem flutua… no eterno! Versado na capoeira, o menino viu isso tudo. No esquivo de cada invertida, as mãos do destino pavimentavam caminhos. Os olhos brilhavam no azul do encanto!

Ogã Alabê-Nilu

Era a casa de Tia Ciata o lugar da roda: se a Praça Onze era a capital da África de cá, repleta de sortilégios, a Macumba e os tambores educavam pelo toque. Matriarcais, insubmissos, rebeldes. Ecoavam vozes profundas, ávidas de escuta. É que muitas gentes chegavam, trazendo pedaços de crenças. A fé é uma velha moenda e ninguém certamente sabia aonde a “cidade” findava, dando lugar ao “campo”. “No tempo da aprendizagem”, como ele mesmo dizia, o terreiro era casa e travessa; a praça (pública), o ponto riscado – assentamento e congá. Quem rodopia em ciranda, criança, sabe do que estou falando… Eu me lembro daquela canção, na alvorada: “Baião, Baião, Baião… / filho do Maracatu / descendente do Lundu / Neto do Cateretê”. Tudo, enfim, estava ali, lá, jongado, naquela mistura de caboclos e pretos-velhos, nas fumaças dos cachimbos, nos pés descalços vibrando a gira. Roda-gira! Naquela casa de curimba, o jovem Lino foi Alabê-Nilu, comparsa de Pixinguinha, cantor-tocador de atabaques, Ogã de Xangô e d’Oxum, guardião de um peji matizado. A vida a brincar de batucar na esquina: “Xangô, olhai nossos filhos, meu pai! Xangô, de lá do teu reino, meu pai!”

Mano Heitor do Cavaco Guiado por Hilário e Hilária, o menino cresceu intrépido. Viu o Samba vestir sapatos, trocando o piano, a paixão solene da infância, pelo choro das cordas de aço. Encontrou no cavaquinho um fraterno confidente: aprendeu a tocar sozinho, sonhando acordado. O moço virou foi Mano – Mano Heitor do Cavaco, Mano do Estácio, Mano do Mangue, Mano da Festa da Penha, Mano das parcerias e das pernadas com outros Bambas, bambambãs, pulando de lá pra cá: “Macumbembê, Samborembá!” Ora: a Macumba gerou o Samba, como ele mesmo atestou. Ser sambista era a sua sina, não havia escapatória. Sempre muito alinhado, a gravata borboleta, o paletó bem cortado, os anéis reluzindo nos dedos – a nata da malandragem, a modernidade negra. Um dândi a flanar por aí, bares e gafieiras, costurando a cidade inteira feito a mãe costurava saias.

Viver é uma forma de arte e ele vivia a pintar o que via. E o que falar das orgias, dedilhadas pela Lapa?! Se Samba é que nem passarinho, como disse um certo Rei, gostava que se enroscava de voar nas madrugadas. Jogava. A Penha, lá de cima, dizia que sim!

Afro-Rei-Pierrô

Pois ele também virou Rei, nessa disputa caprichosa. O sucesso musical chegava. E quando vinha o Carnaval, a rinha se acentuava: tudo é competição, desde que o Samba é Samba. No concurso de Zé Espinguela, a flecha certeira de Oxóssi, ganhou o primeiro lugar! Escolas de Samba nasciam e o moço estava no meio, confirmando a ideia precisa de que ele e os irmãos mais chegados, os manos Paulo e Cartola, herdaram do bravo Zumbi o poder de sonhar quilombos. Deixa Falar, Portela, Mangueira, Tijuca, Vizinha Faladeira, De Mim Ninguém Se Lembra… em cada pavilhão um reinado, um símbolo, o bordar de uma nova estrela, na feitura das constelações. O Sol e a Lua, o emblema tão desejado! Na boca do povo, pelos becos em convulsão, sob a chuva de confetes, “um Pierrô Apaixonado que vivia só cantando…”. Brindou com Noel Rosa, o Poeta da Vila, enrolado em serpentinas, à glória de uma marchinha! Pegou o bonde da história, vestido de baiana, e saiu por aí, feliz, tropeçando nos calendários – pra tudo se acabar na quarta-feira, a inspiração de outrora, ou será que não é bem assim?

Embaixador

Pintou e bordou, este líder nato! Foi o mestre da própria oficina, matéria de carpintaria, passo e compasso do pai. Nas tramas da moda, nos palcos e nas coxias, nos letreiros dos cinemas, sob as luzes dos cassinos, no vuco-vuco das Bienais, viajando, viajando… Gravou a Macumba em disco, o Embaixador, para consagrar a fé e a farra como a nossa fusão maior. Viu a Praça virar Avenida e atiçou a nostalgia, chapéu de palhinha e palheta, via Rádio Nacional. Sonhava poetizando – inclusive ganhou poemas de amigos de tinta e de pena, o caso de Carlos Drummond, mesmo autor de “Sonho de um Sonho”, poema que eu já desfilei! O poeta de Itabira, ele também sabia que é dentro do peito que o pandeiro bate! Até as gentes de outras terras, Josephine Baker, Orson Welles, a princesa da Inglaterra, todos se deixaram guiar pela ginga do alfaiate-pintor.

Que vestiu xequerês e ganzás, violões, tamborins e agogôs; que por estes e tantos motivos, foi um dos artistas escolhidos para representar o Brasil no Primeiro Festival Mundial de Artes Negras, realizado em Dakar. Arrumou as malas e foi, diplomacia que samba, apresentando-se assim:

“Eu sou Heitor dos Prazeres. Heitor dos Prazeres é meu nome!”

Mas ele não foi sozinho, ao Senegal, ansioso por conhecer a África que ainda não fora pintada. No rol de notáveis (Clementina de Jesus, Haroldo Costa, Paulinho da Viola, Mestre Pastinha, Mãe Olga de Alaketu, Rubem Valentim, Camafeu de Oxóssi…), foi com ele quem escreve aqui, eu, a Unidos de Vila Isabel, o Mocambo dos Macacos, o Morro do Pau da Bandeira. O filme “Nossa Escola de Samba”, de Manuel Horácio Gimenez, retrata o dia a dia dos “anônimos artistas” liderados por Seu China, no chão da poesia cantado por Paulo Brazão. Comunidade que sonha e trabalha, enquanto prepara o desfile – o garbo e a garra, cerzindo quimeras. Sublime. Este tesouro-documentário foi exibido em Dakar juntamente com a película que mostrou ao mundo que é possível recriar este mesmo mundo no interior de um ateliê. Sonho Sonhado!

Eu fui contigo, meu Mano, kizombando e trançando o tempo. E vou novamente agora, rumo ao próximo cortejo, na Marquês de Sapucaí, artéria da Praça Onze! Também sou aquela gente que você viu dançar na rua, levantando a poeira doce, vestindo a pele das feras, chocalhos nas canelas, turbantes e panos da costa, fios de conta e patuás. Sou Angola, Congo, Nigéria, Moçambique, Etiópia, Costa do Marfim, Guiné, Benin, sou de todos os lugares, o cair do crepúsculo sobre os rios e os mares, sou a Vila, forte e unida, tremulando nas multidões. Sou a Vila, memória ancestral das tantas Áfricas que o Samba esculpe, arruaça que se lança neste sonho carnavalesco, desfiando a fantasia que você também usou.

Venham sonhar comigo, sambistas de todos os cantos! Venham sonhar conosco!

Brincar de catar estrelas, romper fronteiras, bagunçar o coreto e balançar a roseira, sorrir em azuis pinceis!

“Noites de festa no Rio,
Noite de danças e cores,
Em que teus pincéis e notas
Embalam os nossos amores”
Carlos Drummond de Andrade – O Adeus dos Poetas, 1966

Enredo, pesquisa e texto: Gabriel Haddad, Leonardo Bora e Vinícius Natal
Carnavalescos: Gabriel Haddad e Leonardo Bora
Pesquisador: Vinícius Natal
Assistente de pesquisa: Lucas de Medeiros
Equipe de criação: Manoel Rocha, Patryck Thomaz, Rafael Gonçalves, Sophia Chueke e Theo Neves

Agradecimentos: Heitor dos Prazeres Filho (Heitorzinho), Jandra Prazeres e família; João Lucas Pedrosa, Lêo Pedrosa, Margareth Telles e equipe da MT Projetos de Arte; Martinho da Vila e Cléo Ferreira; Renato Menezes; Rachel Valença

Referências bibliográficas:

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GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Modernidades negras. A formação racial brasileira (1930-1970). São Paulo: Editora 34, 2021.
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VAGALUME, Francisco Guimarães. Ecos Noturnos. Rio de Janeiro: Contra Capa; Faperj, 2018.
VAGALUME, Francisco Guimarães. Na roda do Samba. Niterói: Serra da Barriga, 2023.

Músicas e poemas citados no corpo da sinopse:
O adeus dos poetas – Carlos Drummond de Andrade
“Baião, baião, baião” – Heitor dos Prazeres
Cheguei, moçada – Heitor dos Prazeres
Um Homem e seu Carnaval – Carlos Drummond de Andrade
Pierrot Apaixonado – Heitor dos Prazeres e Noel Rosa
A tela alva de Lua – Hermínio Bello de Carvalho
Sonho de um Sonho – Carlos Drummond de Andrade / Martinho da Vila, Rodolpho e Graúna
Tia Chimba – Heitor dos Prazeres
Xangô (Ponto de Macumba) – Heitor dos Prazeres

Exposições:
Heitor dos Prazeres é meu nome. Curadoria de Haroldo Costa, Pablo Léon de la Barra e Raquel Barreto. CCBB Rio de Janeiro, 2023.
Pequenas Áfricas – O Rio que o Samba inventou. Curadoria de Angélica Ferrarez, Luiz Antônio Simas, Vinícius Natal e Ynaê Lopes dos Santos. IMS Paulista, 2023.
O Rio do Samba – Resistência e Reinvenção. Curadoria de Nei Lopes, Clarissa Diniz e Marcelo Campos. Museu de Arte do Rio, 2018.
Tecendo a Manhã – Vida moderna e experiência noturna na arte do Brasil. Curadoria de Renato Menezes e Thierry Freitas. Pinacoteca de São Paulo, 2025.

Filmes:
African Rhythms. Direção de Irina Venzher e Leonid Makhnatch, 1966. Disponível em: https://www.net-film.ru/en/film-6331/?search=qdakar%201966
Berlim na Batucada. Direção de Luiz de Barros, 1944. Disponível em: https://vk.com/video653173939_456242295
Heitor dos Prazeres. Direção de Antonio Carlos da Fontoura, 1965. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-FgabF3G32s&t=225s
Nossa Escola de Samba. Direção de Manuel Horácio Gimenez, 1965. Disponível em:

The First World Festival of Negro Arts. Direção de William Greaves, 1966. Disponível em: https://vimeo.com/ondemand/firstworldfestival