Durante a realização de sua geijoada, a GRES Acadêmicos da Abolição lançou seu enredo para o Carnaval de 2025. Com o título “Os Reis da Rua” o enredo é de autoria da Comissão de Carnaval composta por Thayssa Menezes, Jovanna Souza, Raquel Martins e Pedro Duque e tem a Direção Artística de Antônio Gonzaga. A Acadêmicos da Abolição é a quarta escola a desfilar na terça-feira de Carnaval na Intendente Magalhães.
Apresentação do enredo
“Nas ruas, esquinas e encruzilhadas reinam corpos mascarados que se encantam e ressignificam o cotidiano. Em cada rua, em suas curvas e dobras, acende-se as velas e vela-se as vidas, regando o chão suburbano com marafo e folia. A rua nada mais é que a simplicidade do que se passa por ela, o ordinário que se faz extraordinário. É na diversidade dos corpos que a ocupam que encontramos as escrevivencias dos saberes que resistem a beleza do dia-a-dia, dividir o pão, o suor e as fagulhas de alegria.
A rua também se apresenta como espaço democrático, é de quem nasce, se cria e morre nela, mas também que é de quem faz dela um lugar de atravessamento, do rito e da invenção de mundos. A rua é das mulheres, dos homens, das crianças e de quem ousar desafiar a sua própria lógica de existência, transgredindo o que tá posto, tecendo o emaranhado de histórias e sagacidade, disputando nas frestas e festas o banquete dos excluídos. Eis a rua e seus protetores, a gargalhada que ecoa no silêncio da madrugada, farofa, marafo e mel para adoçar os saberes e sabores da vida, eis o povo de rua e da rua.
Hoje, a Acadêmicos da Abolição vem coroar os descoroados, os corpos que se encantam, que se econtram nas vestes sagradas da existência e se materializam na coletividade das urgências, os bate-bolas.
A rua é nossa, nós somos a rua, eis aqui a dinastia suburbana que insiste em colocar a máscara para sentar em seu trono.
Eis os reis, os reis da rua!”.
O Vai-Vai realizou no último sábado a sua “Festa da Retomada”, com o intuito de rever a comunidade e dar início à 2025 junto aos torcedores e componentes. O evento, que aconteceu na Fábrica do Samba, contou com várias atrações, tendo destaque a presença da coirmã carioca, Paraíso do Tuiuti. Apesar de estarem em cidades diferentes, as duas escolas mostraram um elo muito forte. A ala musical da Saracura, comandada pelo intérprete Luiz Felipe e a bateria “Pegada de Macaco”, também fizeram a festa e levantaram o público presente no local.
Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO
Importante destacar que o evento teve parceria com o Camarote Avenida, que é um dos principais espaços do Anhembi nos dias de desfiles. Lideranças estiveram presentes e conversaram com o CARNAVALESCO. Os diretores falaram sobre a festa, futuro da escola, projeções para o Carnaval 2025, novo formato de samba-enredo e o motivo de escolher fechar o carnaval.
Importância de reunir a comunidade
O presidente Clarício Gonçalves afirma que o Vai-Vai está trabalhando forte e cita a escola como uma empresa, indicando uma gestão profissional, além de uma agremiação de carnaval. “Apesar da festa de hoje, já iniciamos o carnaval. Quando você pretende fazer uma escola se manter na cultura e fazer com que ela seja uma empresa, termina um carnaval, descansa um mês e já retoma os trabalhos. Graças a Deus estamos com uma equipe reduzida, porém trabalhando com foco”, contou.
Presidente Clarício Gonçalves
O diretor geral da escola, Luiz Robles, citou a junção da comunidade para dar início no trabalho para 2025, que internamente já está em andamento. “Abrir os trabalhos. Já estamos trabalhando, para falar a verdade, mas eu acho que é importante fazer esse primeiro encontro com a comunidade. A gente optou em fazer uma festa para trazer todo mundo, juntar o nosso povo de novo para logo começar os ensaios, as eliminatórias que vem por aí. Então, para nós é muito importante essa festa de hoje, trazer a nossa co-irmã, Tuiuti, que sempre estamos juntos. Para nós é importante essa festa, unir o nosso povo novamente e iniciar os trabalhos”, disse.
Diretor geral da escola, Luiz Robles
Paulo Melo, diretor de harmonia, falou sobre a energia que o evento transmitiu. O profissional quer iniciar os trabalhos com tudo. “Essa festa realmente tem essa energia da retomada. A gente quer retomar o Carnaval 2025 com toda a força e com toda a vontade. Um enredo maravilhoso, homenageando o Zé Celso. Então, a gente vem com força total mesmo”, afirmou.
Luiz Felipe citou o comparecimento dos torcedores e componentes do Vai-Vai. O cantor da Bela Vista já almeja um samba-enredo de qualidade. “O povo está querendo, o povo lotou a casa, lotou a Fábrica do Samba. A expectativa é muito grande, o povo está feliz com o enredo e feliz com a posição do desfile. Agora a nossa expectativa, mais ainda, é por um bom samba-enredo”, disse.
Samba-enredo: novo formato de escolha
Com o objetivo de ajudar os componentes a diminuir os gastos com eliminatórias, o Vai-Vai mudou o sistema que sempre adotou. Nos anos anteriores, a agremiação realizava várias eliminatórias em quadra, mas agora optou por fazer apenas a final. “Esse ano a gente mudou um pouco o formato, até para beneficiar também a própria ala de compositores, porque tem muito gasto, todas as coisas e o formato ficou um pouco mais enxuto. É diferente e vai ser mais rápido. Um modelo diferenciado que realmente vai ser um negócio bacana”, contou o diretor de harmonia, Paulo Melo.
Paulo Melo, diretor de harmonia
O presidente foi além das questões financeiras. De acordo com Clarício, o samba vencedor será o preferido do carnavalesco Sidnei França. “Esse ano o formato é diferente. Se tiver cinco ou 20 sambas e, se for da vontade do nosso carnavalesco, é esse o samba que vai para a avenida. Não tendo sambas legais, já eliminamos para evitar gastos desnecessários para os compositores”, declarou.
Buscando a décima sexta estrela
O Vai-Vai almejava posições maiores para o Carnaval 2024, mas o fato é que a agremiação se manteve. Agora, com a maior parte estruturada, há chances de conquistar patamares maiores. Segundo Clarício, a Saracura vai tentar o seu próximo título e, para isso, precisa errar menos. “Vamos fazer de tudo para conquistar a décima sexta estrela. Fazer de tudo para errar o menos possível. Realmente nós vimos que os nossos erros foram de acordo e reconhecemos isso e agora é procurar errar menos para ganhar o carnaval”, afirmou.
Novamente com otimismo, o harmonia falou sobre a união na Bela Vista e sente que o título pode chegar em 2025. “A nossa intenção já no sorteio era vir por último, justamente por conta disso. Esse carnaval que passou em 2024, a gente se manteve, na verdade, mas a intenção não era realmente se manter. A gente foi buscar mesmo. A escola veio grande, pulsando e 2025 não vai ser diferente. A pulsação que a gente busca é sempre maior. A comunidade está unida. Estamos sentindo isso. Realmente, eu acho que esse ano é o nosso ano”, declarou Paulo Melo.
Indo por outro lado, o intérprete Luiz Felipe comentou que a permanência na elite do carnaval paulistano deve ser tratada como um título e, agora, o músico sente que a escola está melhorando e diz que todos que são Bixiga querem a taça. “Muita gente queria ser campeão. Eu acho que pra nós, com a dificuldade que tínhamos, estamos melhorando. Permanecer já foi o título. Você sabe como é Vai-Vai. Todo vai-vaiense quer o título e vamos em busca. É isso que nós vamos buscar o próximo carnaval”, comentou.
Fechando o Carnaval 2025
Não é segredo para ninguém que a escola sempre quis fechar o carnaval. Desejo da comunidade e principalmente do carnavalesco Sidnei França. Sendo a oitava a escolher no dia da definição, conseguiu a posição. De acordo com Luiz Robles, a realidade é brigar pelo título. “Agora, a gente até fala internamente que a nossa meta é o campeonato. Vamos em busca dessa estrela. A comunidade precisa, a escola precisa desse título. E a gente vem pra buscar o título. Quando a gente escolheu o enredo, antes de anunciar, era uma vontade do carnavalesco e a nossa também para a gente provar que o Vai-Vai está firme no pedaço de novo. Então, quando ele trouxe para nós a proposta, tinha tudo a ver com a gente fechar e fazer aquele encerramento apoteótico do carnaval. O sol brilhando tem uma sinergia muito forte como Vai-Vai. A gente já ganhou o campeonato assim. Nós fomos muito convictos do que a gente queria, foi uma decisão em conjunto com a diretoria e o presidente para poder escolher a última e deu certo”, disse.
Paulo Melo pretende realizar o famoso arrastão. Este termo, no mundo do samba, é usado para designar quando há muitas pessoas ao término do carnaval. “O enredo favorece muito o Sidnei. Ele está trabalhando na escola justamente com o amanhecer. O Vai-Vai tem uma energia muito forte, só dele. Vamos fazer aquele arrastão na avenida. Essa é a intenção”, diz o diretor de harmonia Paulo Melo.
Lembrando o desfile de 2011, quando o Vai-Vai fez o emblemático desfile com o enredo “A música venceu”, Luiz Felipe demonstra confiança e espera algo igual à época. “Uma emoção muito grande, muito feliz. É um horário que eu gosto e vejo o Vai-Vai muito bem nisso. O carnavalesco quis e o presidente aceitou. A comunidade ficou muito feliz com isso. O Vai-Vai se dá bem no raio do dia que a nossa expectativa é fazer ‘à lá maestro”, comentou.
“Isso representa a nossa comunidade. Eles estavam pedindo isso. Foi uma coisa gratificante para nós. Foi a vontade deles que prevaleceu”, finalizou o presidente.
O primeiro samba-enredo original (ou seja, sem reedição) para o carnaval de 2025 da cidade de São Paulo já é conhecido pelos foliões. No último sábado, a Dom Bosco revelou a canção vencedora do concurso interno da agremiação em evento realizado no Circo Social Dom Bosco, em Itaquera – Zona Leste da capital paulista. Composta por Turko, Rafa do Cavaco, Fábio Souza, Lucas Donato e Mateus Pranto, a música embalará o desfile intitulado “O Circo Místico das Ilusões”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Gouveia. O CARNAVALESCO esteve presente no evento, que também teve a posse de Leno Tomaz e Lays Gouveia, novo segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição, e conta detalhes sobre tudo que aconteceu no local, tal qual dá voz a importantes segmentos e profissionais da agremiação. * OUÇA AQUI O SAMBA CAMPEÃO
Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO
Novo componente, novo regulamento
A parceria vencedora na agremiação passa longe de ser uma novidade na escola itaquerense. Turko, por exemplo, embalará um samba de sua autoria pela quinta vez (todas consecutivas) na instituição. E ele próprio refletiu sobre as mudanças pelas quais a Dom Bosco passou desde a primeira vez em que ele escrevem uma canção para a agremiação, em 2020: “A escola está preparada para subir, está preparada para participar da grande elite do carnaval de São Paulo. Para fazer esse samba, tivemos um cuidado muito grande porque mudaram muito as regras do jogo. Não dá mais para fazer samba por fazer, a esmo. Temos que ler o regulamento, acompanhar regra por regra. E nós conhecemos o andamento da escola, estamos acostumados a compor aqui. Nesse ano, chegou o Lucas para somar com a gente, diretamente do Morro da Serrinha, do Império Serrano. Estamos bem felizes com o resultado, conquistamos mais uma vitória. Vamos para cima!”, comentou.
Citado por Turko, Lucas Donato juntou-se a compositores que, como dito anteriormente, estão há anos escrevendo canções para a agremiação – além de Turko, Maradona e Rafa do Cavaco estão no grupo citado: “A primeira pessoa que me abriu a oportunidade para fazer um samba em São Paulo foi o Rafa do Cavaco, um dos nossos parceiros, há dez anos atrás, quando ganhamos um samba na Tom Maior. Ter o aval do Turko, do Fábio, de todos estarmos juntos… bem eles, que ganharam milhares de concursos de samba… em 1989 o Turko já estava fazendo samba-enredo! Para mim, é uma honra muito grande participar desse momento único da escola, que está preparada e pronta para subir”, afirmou.
No clima do enredo
Todos que chegavam ao local do evento, desde o primeiro instante, já sentiam que todo o ambiente estava inteiro decorado para a ocasião. O fato da final do samba-enredo acontecer no Circo Social da Obra Dom Bosco era um prenúncio potencializado pela presença de personagens circenses bastante característicos – como o homem em pernas de pau, acrobatas em panos e profissionais fazendo pirofagia. O local onde o palco foi montado também estava armado tal qual um picadeiro – e até mesmo a lona tinha o formato de um picadeiro.
Carnavalesco da agremiação, Fábio Gouveia detalhou o que buscou ao idealizar o enredo: “Quando eu vim para a escola, todo mundo me deu total liberdade para escolher o enredo. E, quando eu vou para alguma agremiação, procuro estudar aquela escola, entender o que a escola gosta e o que funciona. Independente da escola fazer esse ou aquele carnaval, gosto de estudar e entender a raiz da agremiação. De cara, me falaram que eu não seria podado de nada, que eu poderia colocar o que eu quisesse na escola – bastaria todo mundo entender que era bacana. Se fosse assim, eles comprariam a ideia e fariam. Foi assim na Dom Bosco. E, aí, eu fui estudar a escola de samba – e, aí, eu tive a feliz coincidência de descobrir que Dom Bosco era um missionário ilusionista. Quando encontrei essa informação, senti que estava no caminho. Voltei as minhas origens de enredos lúdicos, algo que fiz muito na Independente e na Imperador do Ipiranga. Eu fui buscar algo que casasse com isso: a escola fala muito de alegria e de sorrisos. Todos que cumprimentamos aqui estão sempre com um sorriso no rosto, estão dispostas a te ajudar e a fazer muito por você. Pensei, então, em falar de riso, dessa alegria que tem dentro do Dom Bosco. Fui encontrando o místico a partir do circo, e aí eu encontrei o Circo Místico das Ilusões – que é falar do que está por trás da lona, do picadeiro. Eu vou sempre falar do palhaço, mas do que está por trás de tudo isso. Estamos falando de uma caravana, a Dom Bosco está em movimento. Começaremos no século XIX, atravessar todas as transformações que o circo e os personagens do circo tiveram ao longo do tempo”, disse o profissional que debuta na agremiação da Zona Leste, aproveitando para relacionar a temática com toda a história do sacerdote que dá nome à agremiação.
Sinopse elogiada
O trabalho do carnavalesco foi unanimemente elogiado pelos compositores: “Eu achei muito fácil! Eu gosto desses enredos lúdicos, alegres e felizes. Para a gente, fluiu muito – tanto que, quando decidimos fazer o samba da Dom Bosco, todo mundo foi jogando ideia. A fluidez foi muito grande”, comentou Lucas Donato.
Turko teve o mesmo tom que o companheiro: “O enredo que o Fábio fez foi muito clara e tranquila de se fazer. Não ficou nada denso e nem pesado, estava muito leve e fácil de entender. A leitura do samba ficou bastante simples: se você ver o samba que vai para a avenida, você já imagina a escola. Quando o carnavalesco faz uma sinopse clara e tranquila, a gente desenvolve legal – e foi o que aconteceu nessa obra”, destacou.
Até mesmo um compositor derrotado na grande final para a escolha do samba-enredo concordou. Padre Léo, que também estava presente no evento, aproveitou para contar um pouco do processo criativo para montar a canção composta por ele: “Eu confesso que esse samba, que eu fiz, eu comecei a escrever antes mesmo da sinopse sair. Quando a escola divulgou o tema, já comecei a maquinar alguma coisa. Eu gosto de carnaval, nunca estive envolvido, já assisti os desfiles, mas nunca estive envolvido em nada. Resolvi fazer, gostei muito da sinopse, fui no circo para me inspirar… a sinopse do Fábio é muito boa, foi uma emoção especial”, revelou.
Ao ser perguntado, Fábio destacou que a impressão dos compositores era, justamente, o que ele queria passar com o documento que sintetiza o enredo: “Busquei muito uma sinopse simples e objetiva: tive total liberdade de apresentar o meu texto, a minha pesquisa para a escola. Eles entenderam a proposta: quis casar a história do circo e como o misticismo faz parte dele. Essa pesquisa partiu da ideia do próprio Dom Bosco: criar a imagem a partir da lanterna mágica para iludir os opositores e conquistar os devotos, os que estavam acompanhando a luta. Fala-se muito que Dom Bosco era um saltimbanco, e ele vinha dessa ideia do circo. Foi muito simples entender a ideia de Dom Bosco, do enredo e casar essa proposta”, afirmou.
Finalistas de bom nível
Muitos profissionais da agremiação destacaram o bom nível dos quatro sambas que estavam na disputa pela premiação. Mariana Vieira, porta-bandeira da instituição, foi uma delas: “Todos os sambas que vieram para a final estavam maravilhoso, mas é claro que havia uma preferência de muitos quesitos e da comunidade para o samba vencedor. Era o preferido”, destacou, deixando claro que a canção que ficou na primeira posição no concurso tinha a preferência de boa parte dos torcedores. Leonardo Henrique, mestre-sala, concordou com a companheira de quesito: “O samba vencedor era o queridinho da comunidade, realmente. Vai para as graças da comunidade e vai fazer sucesso, tenho certeza”, comemorou.
Anderson Luiz, popularmente conhecido como mestre Bola, comandante da Gloriosa, bateria da escola, pontuou o quanto o fato da parceria vencedora já ser conhecida pela comunidade e conhecer a agremiação fez com que tal música caísse nas graças de todos que acompanhar a instituição: “O samba vencedor é muito bom, e, dentre os quatro finalistas, acho que era mais a cara da Dom Bosco. Até por ser os mesmos compositores que fizeram nos outros anos, que era encomendado, eles já tinham sacado qual era a ideia da escola. E, quando o vencedor foi anunciado, você viu: todo mundo abraçou a canção”, destacou.
Diretor de Harmonia da instituição, Ricardo Fervorini foi pela mesma linha: “Para ser bem sincero, a gente não sabia do resultado. Mas, dentro dos grupos das alas e da própria Harmonia, fizemos algumas enquetes para sentir a comunidade – e foi meio que unânime o Samba 06. Na hora que anunciou, foi surpresa para nós: nosso diretor de carnaval não abriu, o Rodrigo Xará recebeu o samba cinco minutos antes – tanto que ele ficou fazendo brincadeiras antes de relevar. Era o samba que a comunidade queria, e agora é trabalhar o samba para fazer mais um lindo desfile no meu terceiro ano de Dom Bosco, para colocar a agremiação num degrau ainda maior”, disse.
Outro integrante da diretoria que falou em tal tom foi Carlos Shakila, diretor de carnaval da instituição: “O que é o samba querido para mim é o que é querido para a comunidade. Se a escola abraçou, eu abraço, também. A competição com dezenove sambas foi uma surpresa para a nossa escola. Estávamos acostumados a encomendar sambas, e trouxemos esse novo formato. Foi muito legal escutar todos os sambas, ter vários compositores que almejavam chegar até a final. E, mais uma vez, o Turko, o Rafa e essa galera maravilhosa levou o troféu. Estamos muito convictos que esse samba vai nos ajudar muito em 2025. São vinte e cinco anos de Dom Bosco, não pode passar batido. Temos que fazer o máximo e o melhor, e temos que escutar sempre a nossa comunidade. A comunidade, hoje, cantou e gostou. Isso é maravilhoso! Saio daqui cansado, mas em êxtase”, sorriu.
Elogiando todos os finalistas do concurso, Rodrigo Xará, intérprete itaquerense, também falou sobre o quanto a vontade da comunidade foi importante para a tomada de decisão da instituição: “Nós recebemos dezenove sambas, são muitas canções para uma eliminatória que há muito tempo não existia na Dom Bosco. Eu sempre falo que compor é muito difícil: não é nada fácil pegar uma história que está pronta, entender o que o carnavalesco quer colocar na avenida e compor em palavras e melodias. Tínhamos, na minha visão, seis ou sete sambas que tinham totais condições de estar na avenida. Foram os quatro finalistas que todo mundo gostou, foi meio que unânime esse direcionamento. A comunidade abraçou demais o samba vencedor, é legal quando a comunidade responde. Eu costumo falar que música é sentimento: por mais que tenha a parte técnica dos desfiles, se não tiver sentimento, não vai. Esse samba é sensacional, e ver a galera cantando e sorrindo é demais. Tenho certeza que fecharemos os desfiles de uma forma muito bacana e alegre – que é o que o enredo propõe”, realçou.
Relembrando que o formato para escolha da canção é uma novidade na instituição, Fábio também elogiou as obras apresentadas: “Eu fiquei muito feliz com o concurso. É um movimento novo para a Dom Bosco a escolha de samba-enredo, e a escola comprou a ideia. Fomos fazer o trabalho com os compositores, entendemos que não poderia ser algo na quadra, tinha que ser algo mais simples, para facilitar a vida do compositor. Nossa ideia era ter grandes obras, e nós tivemos a felicidade de receber grandes obras. Foram dezenove obras, estudamos cada um deles, fomos eliminado semana a semana… para chegar ao resultado final. Nós fizemos um programa em que as pessoas votavam e escolhiam o samba-enredo. Eu vim para o evento sabendo que tinham quatro obras que poderiam defender fielmente o meu enredo. Qualquer uma delas que vencesse seria sinônimo de felicidade. A Dom Bosco escolheu o melhor para ela, para o que ela quer fazer”, disse.
Pensando no futuro
Quando perguntados sobre o quanto a música escolhida vai influir na apresentação de cada um dos quesitos, muitos profissionais já destacaram que os pensamentos já estão a mil. Mariana começou: “Acredito que vai ser um desfile bem irreverente, cheio de alegria e de dança. Vamos brincar bastante na avenida, vai ser um desfile bem leve e divertido”, disse. Leonardo falou algo semelhante: “Tem sido bem desafiador, já que estamos nos renovando a cada ano. A Dom Bosco vem se renovando a cada ano e nós temos que estar nessa constância, de fazer diferente, para nunca chegar do mesmo jeito. Daniela que nos aguarde”, riu, citando Daniela Renzo, instrutora de casais de mestre-sala e porta-bandeira.
Contando detalhes sobre como funciona a comunidade em aplicativos de celular, Fervorini também já vislumbrou o trabalho de Harmonia que será desenvolvido: “A comunidade da Dom Bosco é fantástica: é o samba na ponta da língua de todo mundo em todos os últimos anos – não só na minha época, anteriormente também era assim. A comunidade se entrega, marcamos ensaio, a gente joga em grupos de WhatsApp e vão cantando trechos do samba… esperem surpresas. Em mais um ano, faremos mais algumas surpresas na avenida – até porque o Fábio já pediu para todo mundo se preparar, puxando a minha orelha. A nossa comunidade vai responder, assim como respondeu hoje”, garantiu.
Pensando no julgamento que define as colocações de cada escola de samba no carnaval, Shakila aproveitou para elogiar a canção: “Na minha opinião, enxergo o samba campeão como o mais completo para a leitura dos jurados. Na questão técnica, que sempre temos que nos preocupar muito, temos que ser estrategistas em alguns momentos. Não podemos deixar passar nada. Quando eu optei por essa canção, eu encontro a sinopse inteira nele. O jurado, ou quem estiver na arquibancada ou na televisão, vai conseguir entender e ver a leitura da plástica junto com o samba-enredo na avenida. Essa junção vai ser muito maravilhosa”, comemorou.
Ala musical afinada
A obra vencedora, é claro, deverá passar por alguns ajustes finos para estar ainda mais redonda. Xará destaca quais serão os próximos passos: “Todo samba nós temos o cuidado de trabalhar, não é apenas pegar o samba e cantar. Temos o cuidado, juntamente com o Mestre Bola, como responsáveis pela parte musical, de sentar e conversar a respeito de tons e acordes, por exemplo. Nossa ala musical vai para o estúdio uma ou duas vezes por mês até o carnaval para trabalhar em cima do samba para apresentar algo bom na avenida. Somos a voz condutora do desfile: se tivermos algum tipo de problema, refletimos isso direto para a comunidade. Sambas bons ficam fácil de se trabalhar – e é o caso dessa canção. Esse samba, por exemplo, encantou tanto a comunidade que, em duas passadas, já vi algumas coreografias… música é sentimento, não tem jeito”, rememorou.
Mais sucinto e citado pelo intérprete, mestre Bola também pontuou que a imaginação já está fluindo: “Agora, que ele foi oficializado, nós já sabemos como ele pode funcionar, onde podemos fazer um arranjo aqui ou ali. Vai dar certo!”, comentou o comandante da Gloriosa.
Próximos passos
Já adiantando um mês que será importante para o ciclo carnavalesco da agremiação itaquerense, Shakila aproveitou para pontuar que a instituição pretende já chegar em 2025 praticamente pronta para desfilar. “Guarde uma data para vocês em julho! Teremos uma surpresa. Nossos pilotos já estão feitos, nossa escola está completa. Agora, vamos fazer, em julho, a reprodução das fantasias. Temos um cronograma muito apertado, já que também queremos curtir em janeiro e fevereiro, queremos ir para os ensaios técnicos aliviados, com oitenta ou noventa por cento da escola já feita. Estamos trabalhando muito em cima daquilo que nos propusemos desde o início do trabalho. A vinda do Fábio Gouveia e do André Almeida [coreógrafo de comissão de frente], a manutenção de toda a nossa equipe, mostra que estamos na busca pelo acesso ao tão sonhado Grupo Especial, como o padre Rosalvino merece e pede tanto. Temos que continuar lutando”, finalizou.
A escola de samba Águia de Ouro anunciou através de suas redes sociais que a empresária Renata Spallicci é a nova rainha de bateria. A coroação de Renata está marcada para o dia 4 de agosto, em uma cerimônia especial na quadra da agremiação.
Foto: Divulgação/Águia de Ouro
Renata Spallicci, conhecida por sua trajetória de sucesso no mundo empresarial, onde atua como vice-presidente de uma das maiores farmacêuticas nacionais, traz de volta para o samba seu carisma, energia e paixão. Com uma forte ligação com as cores azul e branco, que representam tanto sua família quanto sua carreira, Renata se integra perfeitamente ao espírito e às tradições da Águia de Ouro.
A coroação, que promete ser um evento emocionante e repleto de alegria, contará com a presença de membros da comunidade, sambistas e convidados especiais. Renata está ansiosa para assumir essa posição de destaque e contribuir para o brilho da Águia de Ouro no próximo Carnaval.
“Estou muito honrada e emocionada por me tornar a Rainha de Bateria da Águia de Ouro. É um privilégio fazer parte desta comunidade tão apaixonada e dedicada. Prometo honrar nosso pavilhão e trazer muita energia e amor para o nosso carnaval!”, declara Renata.
O presidente da escola, Sidney Carriuolo, convida a todos: “Venha celebrar conosco essa nova fase da Águia de Ouro e dar boas-vindas à nossa nova rainha de bateria! Temos certeza de que será um grande reinado”.
Para o carnaval 2025, a escola levará para a avenida o enredo: “Em retalhos de Cetim, Águia de Ouro, do jeito que a vida quer”, uma homenagem ao sambista Benito de Paula.
AS CORTINAS VÃO SE ABRIR
NO PICADEIRO O SHOW VAI COMEÇAR
MINHA ESCOLA TÃO FELIZ
COM A CARAVANA PRA TE ALEGRAR
A ARTE NO CHÃO DE ESTRELAS
BRILHANDO O MUNDO DE FASCINAÇÃO
SERÁ… REALIDADE OU ILUSÃO?
EU SÓ SEI… QUE A FELICIDADE
VAI ALÉM DA IMAGINAÇÃO
ADIVINHA O QUE É? SEGREDO!
CARTOMANTE ME FALOU… QUE MEDO!
A RODA GIRA UM DESTINO A DESVENDAR
TEM MISTÉRIO, TEM MAGIA
NA SURPRESA A REVELAR
LUZES PRA ILUMINAR
O MESTRE DAS ARTES NA INSPIRAÇÃO
DESPERTA O SONHO, A MAIS BELA FANTASIA
FELICIDADE É O MEU “DOM” NESSA FOLIA
NA CORDA BAMBA DA VIDA EU SIGO EM FRENTE
MINHA ALEGRIA É TE VER SORRIDENTE
LEVANDO NA ALMA A PAIXÃO QUE TRADUZ
A NOSSA HARMONIA
BRAVO… BRAVÍSSIMO!
O POVO PEDE BIS
HOJE ME FAÇO CRIANÇA
UM ETERNO PALHAÇO PRA TE VER FELIZ!
MEU PEITO TRANSBORDA DE TANTA EMOÇÃO
NO MUNDO MÍSTICO DA ILUSÃO
O GRANDE CIRCO DA DOM BOSCO VEM AÍ
PODE APLAUDIR… AH COMO É BOM SORRIR
Dowglas Diniz divide com Marquinhos Art’Samba o posto de intérprete da Mangueira desde a preparação para o Carnaval de 2023. Uma das mais importantes revelações do mundo no samba nos últimos anos, conversou com o CARNAVALESCO sobre o desfile da Verde e Rosa no último carnaval, o trabalho com o samba da escola, e com os mestres de bateria.
Foto: Nelson Malfafini/CARNAVALESCO
Dowglas começou contando sobre o balanço que fez do último carnaval, em que a Verde e Rosa levou Alcione como enredo à Sapucaí: “O balanço foi de aprendizado para podermos melhorar as coisas que erramos no carnaval de 2024, para no ano de 2025 não cometer os mesmos erros que teve em 2024. Foi um ano maravilhoso também, como eu disse em outras entrevistas para o site CARNAVALESCO, foi um ano de homenagem a nossa madrinha, que fez muita coisa pela Mangueira, fez muita coisa pela Mangueira do Amanhã, então não foi um ano jogado fora, foi um ano de aprendizado para a Estação Primeira de Mangueira”.
Em relação ao desfile da Mangueira de 2024, o intérprete fala sobre o sentimento de não ter voltado no desfile das campeãs, e que a dor seria a mesma independente de qual enredo, mas que a escola virá com tudo para o Carnaval de 2025: “Com certeza dói, para qualquer escola, pode falar de qualquer enredo. Não voltar nas campeãs, para uma escola que se prepara o ano inteiro é muito doloroso. Isso a gente tirou como força para o ano de 2025 vir muito melhor. A gente está sentido, está com o coração ferido e pode ter certeza que em 2025 a Mangueira vai vir com raiva para tentar apagar o ano de 2024 que foi”.
Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO
Dowglas falou sobre o trabalho com Marquinhos Art’Samba e como ambos foram elogiados pelo trabalho com um samba que saiu da final desacreditado, e que captou todo mundo, sendo um acontecimento na Sapucaí: “Como você disse, é um samba que saiu desacreditado da quadra, mas o coração de um mangueirense é um coração diferente. Depois que escolhe o samba não vira samba de compositor tal, compositor outro, vira o samba da Estação Primeira de Mangueira. A gente abraça com a alma e a gente canta, não só pelo enredo, não só pelo homenageado, a gente canta pela Estação Primeira de Mangueira. Quando chega na avenida pode ser qual samba que for, que a Mangueira, a comunidade da Estação Primeira de Mangueira, canta com garra, com coração. Questão de samba não é problema para a gente nunca”.
Encerramos falando com eles sobre o trabalho com os mestres de bateria da escola, Rodrigo Explosão e Taranta Neto, ao qual Dowglas reforça que sempre é um trabalho conjunto em busca do melhor para a escola: “É um trabalho de longa distância, que eu falo. Porque acabou a apuração a gente já estava sentado conversando, eu, Vitor, Rodrigo Explosão, Tigrão que é o nosso diretor musical junto com o Vitor, porque eu sou cantor hoje, mas fui ritmista, o Vitor hoje é diretor musical, mas também foi ritmista, então a gente entra em um consenso, vê o que é melhor para a escola e também para a gente. A soma de bateria com carro de som para a gente facilita muito, então a gente sempre busca um ideal para todo mundo, para agradar a bateria, para agradar o carro de som. Para a gente não tem problema nenhum, a gente sempre vai buscar trabalhar em conjunto sempre”.
O GRCES Acadêmicos da Ponta da Areia anunciou o intérprete Edson Feliciano Marcondes, mais conhecido como Nêgo, como a voz da escola, a caçulinha de Niterói, em 2025.
Foto: Ana Victória/Divulgação
Nêgo já fez história no carnaval, conquistando o campeonato da Série Ouro em 2022 com o Império Serrano, e em 2023 com a Unidos do Porto da Pedra. Este ano, além de defender o pavilhão vermelho e branco da Ponta da Areia, Nêgo também estará à frente do carro de som da Acadêmicos de Niterói.
O cantor já passou pela Beija-Flor, Unidos da Tijuca, Grande Rio, Salgueiro, Sossego e no carnaval de São Paulo, na X-9 Paulistana e Camisa Verde e Branco.
A Botafogo Samba Clube já tem os novos defensores do segundo pavilhão. Marvyn Souza e Giselly Assumpção formam o novo segundo casal de Mestre-sala e Porta-bandeira da família alvinegra.
Foto: Divulgação/Botafogo Samba Clube
Marvyn começou a dançar no Projeto Manoel Dionísio e tem passagens pela Cubango, Alegria da Zona Sul, Renascer de Jacarepaguá, Sereno de Campo Grande e atualmente é o primeiro mestre sala da União do Parque Curicica.
“Minha expectativa é a melhor possível. Vou misturar meus dois grandes amores que são o Botafogo e o samba. Estou ansioso para poder estrear com a escola que representa meu time do coração. Tenho a certeza que será emocionante esse desfile não só para os botafoguenses como para todos que estarão na Marquês de Sapucaí”, revela Marvyn.
Giselly Assumpção tem passagens pela Acadêmicos de Vigário Geral, Renascer de Jacarepaguá, Novo Império e no último carnaval defendeu o primeiro pavilhão da Vila Santa Tereza.
“Estou super feliz com o convite feito para defender o segundo pavilhão dessa escola que a cada ano vem crescendo mais e mais mostrando sua força no carnaval carioca. Gostaria de agradecer ao Presidente Sandro Lima e toda a sua Diretoria pela confiança que estão depositando em meu trabalho. Podem ter certeza que vamos honrar esse pavilhão com muito amor, carinho e respeito”, finaliza Giselly.
A Botafogo Samba Clube abre o carnaval da Série Ouro, na Marquês de Sapucaí, no dia 28 de fevereiro, com o enredo “Uma gloriosa história em preto e branco”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza.
A direção do Porto da Pedra celebrou desfilar no sábado de carnaval, sendo a quinta escola da Série Ouro. Ao site CARNAVALESCO, o vice-presidente Fabrício Montibelo lembrou que o dia e ordem, coincidentemente, são os mesmos do título conquistado pela agremiação de São Gonçalo em 2023.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
“Melhor coisa o dia e a nossa ordem de desfile. Nossa antiga posição em 2023 quando fomos campeões. É um sinal! Nós usamos o Circo ali perto e o lado da concentração facilita para gente. Estamos pensando em brigar para subir novamente e voltar ao Especial”, disse Fabrício Montibelo.
O site CARNAVALESCO apurou que a escola anunciará na próxima semana o enredo para o Carnaval 2025. A decisão é por uma proposta autoral do carnavalesco Mauro Quintaes e que terá novamente o trabalho do enredista Diego Araújo.
A presença de ensaiadores e coreógrafos junto aos casais de mestre-sala e porta-bandeira não é uma novidade, e vem ajudando bastante os defensores do pavilhão das escolas a dançarem na avenida. O CARNAVALESCO conversou com a porta-bandeira da Imperatriz, Rafaella Theodoro, o mestre-sala do Tuiuti, Raphael Rodrigues, e com a coreógrafa Beth Bejani, responsável pelos ensaios do casal da Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto, para entender a opinião dos envolvidos dentro deste assunto.
Rafaella Theodoro, porta-bandeira da Imperatriz, vê como primordial para o casal a presença de um profissional para auxiliar na preparação: “Acho primordial para a preparação, além de ser uma troca enriquecedora sem perder a tradição. Esse ano tivemos o auxílio da Ana Botafogo que permanece conosco por mais um ano. Sempre nos deixou à vontade para que nós dois montassemos a nossa coreografia e logo após ela entrou com todo seu refinamento e limpeza dos nossos movimentos”.
Em seguida ela contou também sobre como esse trabalho, realizado neste ano por Ana Botafogo, ajuda na evolução da mesma como porta-bandeira: “Em todos os momentos, seja ele no giro, no olhar, nos movimentos dos braços, das mãos. A cada ano eu aprendo mais e posso desenvolver tudo aquilo que é passado dentro e fora dos palcos”.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
Por fim, a porta-bandeira contou como faz a sua rotina de preparo físico para poder desfilar na Sapucaí: “A preparação é mantida o ano inteiro, quando se aproxima o carnaval os nossos treinos são mais específicos, voltados para nossos movimentos e ter um bom condicionamento físico”.
Raphael, mestre-sala do Tuiutí, também conversou sobre a questão dos ensaiadores de casal, e destacou que uma terceira pessoa, vinda de fora, pode ajudar a melhorar a dança: “Eu acho bem legal. Até porque é uma terceira pessoa, uma pessoa de fora. Eu não consigo me ver dançando, a Dandara não consegue se ver dançando, a gente quando está dançando a gente não consegue se ver. Ter uma terceira pessoa de fora que entende é bem legal, é bem interessante, porque é um conjunto. Óbvio, que ela não pode querer mudar. Pelo menos para mim, eu sou um adepto da inovação, mas eu acho que a inovação na medida certa, que não seja exagerada, que não fuja a tradicionalidade do casal. Dentro disso, eu acho que ter uma terceira pessoa para que possa compor esse conjunto que é o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, que venha para somar, mudar, melhorar movimentos, melhorar postura, que venha agregar com isso, eu acho bem interessante, eu sou a favor”.
O mestre-sala também citou como funciona a preparação física para o carnaval. Raphael comparou os casais com atletas, no nível de esforço e preparação que levam para dar o seu melhor na avenida: “Eu tenho dito isso, inclusive numa reunião que eu tive sobre casais de mestre-sala e porta-bandeira, que nós casais nós somos atletas. Nós somos atletas, a gente é como um jogador de futebol, um jogador de vôlei, uma pessoa que está se preparando para correr, para fazer atletismo, para correr a maratona, para correr os 100 metros rasos. Nós somos atletas, então um atleta ele tem que se cuidar, se dedicar, alimentação, ter uma atenção especial para que ele possa se desenvolver dentro do quesito. E assim como os clubes que os atletas defendem, investem na preparação deles, eu acho, particularmente falando, que as escolas também deveriam olhar com mais carinho para o mestre-sala e a porta-bandeira e ver a gente como atleta. Investir mais nessa questão de preparo físico. Algumas escolas já fazem, outras ainda não. Eu acho que as escolas poderiam ter esse olhar de carinho para esse lado dos casais”.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
Beth Bejani é coreógrafa da comissão de frente da Grande Rio e ensaiadora do primeiro casal da escola, Daniel e Taciana, contou um pouco da história com o casal, e de como ganhou essa responsabilidade assim que chegou na escola: “O Daniel e a Taciana foram um presente pra mim. Chegamos na Grande Rio em 2018, eu e Hélio, para assumirmos a comissão de frente para o Carnaval de 2019 e foi me dada a missão de preparar um novo casal que se formava, o experiente e premiado, apesar de jovem, Daniel Werneck e estavam subindo a terceira porta-bandeira, Taciana Couto, de apenas 17 anos, para o posto de primeira e formar o novo primeiro casal da Grande Rio. Por aí já podem imaginar o tamanho do desafio. Fui pesquisar a Taciana em desfiles anteriores e apresentações de quadra, pois o Daniel já conhecia e admirava sua dança e estilo. Vi que Taciana, apesar de uma menina, era muito talentosa, mas tudo dependeria mais deles do que de mim, pois não seria fácil formar um novo casal com experiências e expectativas tão diferentes. O processo foi lindo e os dois totalmente abertos ao trabalho, dedicados, confiantes e com muito talento”.
A coreógrafa continuou a história, ressaltando como a dupla ter se conectado e forjado confiança foi essencial para o trabalho: “Vale dizer aqui que Dani abraçou e acolheu a Taci de uma forma incrível e o sucesso do trabalho e da dupla muito se deu por essa postura, profissionalismo e acolhimento do Dani para com a Taci. Ele foi o suporte que ela precisava para se desenvolver e crescer como primeira porta-bandeira. Ela teve confiança e em todo o momento eles foram juntos e o talento de cada um se somou ao do outro. Tenho muito orgulho desse casal, não só na dança, mas na vida, pelas pessoas que são. Dito tudo isso o que era um grande desafio, se tornou fácil. Não que a cada ano não seja um novo desafio, sempre é, mas nossa união somada ao trabalho, a dedicação e ao talento faz tudo ficar mais leve, prazeroso e nos faz acreditar que o céu é o limite. Eles se superam a cada ano e sou muito feliz de acompanhar e estar com eles desde o nascimento desse casal”.
Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
Beth contou como concilia a comissão de frente da escola com os ensaios do casal, e que o trabalho dela junto ao marido, Hélio, está relacionado a cabeça da escola como um todo, e ressalta a parceria com os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora: “Consigo equilibrar bem, pois já trabalhávamos assim, eu e Hélio, desde o Salgueiro. Na verdade, ficamos responsáveis pela cabeça da Escola e pensamos em um “todo” para essa abertura, junto com os queridos Gabriel e Léo que desenvolvem e pensam todo o desfile da Grande Rio”.
Por fim, a coreógrafa contou como essa união de responsabilidade do casal com a comissão ajuda a dar o andamento da escola durante o desfile: “Enquanto estamos na avenida, nós damos o andamento da Escola e essa é uma responsabilidade muito grande, por isso fazemos questão de estarmos muito bem organizados e com riscos zero ou quase zero no que dependa da gente, além de contarmos com a colaboração do Thiago Monteiro. Essa dobradinha, comissão e casal na verdade facilita e ajuda os dois quesitos, pois pensamos no melhor para as duas apresentações e tem dado certo! Estamos sempre juntos e fazemos questão que o casal participe também de todo o processo da comissão, assim como a comissão também acompanha toda a criação do casal. E a esses dois quesitos também se misturam a bateria, o Fafá sempre participa de nossos processos, e nós também fazemos questão de participar do dele, ao processo do Evandro, a harmonia, enfim acho que formamos um grande time, onde todos se apoiam, se dedicam, se entendem e lutam pelo melhor para Grande Rio”.