Início Site Página 293

São Clemente abraça a causa animal no Carnaval de 2025 e quer volta da carnavalesca Rosa Magalhães

A São Clemente apresentará no Carnaval 2025 um enredo focado na defesa da causa animal: “A São Clemente dá voz a quem não tem”. O enredo conta a importância da adoção de animais e a luta contra os maus-tratos, trazendo essa relevante mensagem para a Marquês de Sapucaí. O presidente Renato explicou ao site CARNAVALESCO como surgiu a parceria com os deputados Marcelo Queiroz e Fred Costa, e o que podemos esperar da São Clemente no Carnaval 2025.

renato fred
Presidente Renatinho com o deputado Fred Costa. Foto: Maria Clara/CARNAVALESCO

Renato destacou que a escolha de Thiago Meiners para desenvolver o enredo foi estratégica, já que Meiners é uma figura conhecida no carnaval. O presidente também contou da necessidade de trazer uma força maior para criar um carnaval impactante, o que levou a parceria com os deputados, que são apaixonados pela São Clemente. O enredo, focado em emoções e conexões, promete tocar o público ao abordar o amor pelos animais, uma paixão compartilhada por muitos. O desejo da escola é trazer de volta a carnavalesca Rosa Magalhães.

“Eu tive a ideia de pegar o cara que fez o nosso enredo, Thiago Meiners, porque todo mundo já conhece ele no carnaval, e ele desenvolveu todo o nosso enredo. Mas a gente precisava de mais alguma coisa, precisava de uma força maior, porque não ia ser só fazer um carnaval pequenininho. Eu falei com o Roberto que a gente tinha que chamar duas pessoas gigantes, gostando da São Clemente, gigantes de tudo que você imagina aqui no Brasil e aí o Roberto teve a inteligência de chamar o Fred Costa, parceiro do Queiroz. Eles são dois deputados federais. E não é um enredo qualquer, é um enredo de escola de samba, de emoção, de coração, e que mexe com muita gente, porque todo mundo tem um animal em casa. Eu tenho um cachorrinho em casa, que eu adoro, que eu amo, que dorme na cama comigo e é isso, todo mundo tem a paixão por essa coisa”, explicou Renato.

Conheça o enredo e a sinopse da São Clemente para o Carnaval 2025

O deputado Marcelo Queiroz compartilhou sua longa relação com a São Clemente e seu carinho com a escola. Marcelo contou que sempre considerou a São Clemente uma família, lembrando de suas amizades feitas em Botafogo e de seu tempo no Colégio Santo Inácio. O deputado elogiou a escola por quebrar paradigmas sociais e políticos, sendo uma força contestadora em uma sociedade resistente a mudanças. Ele se sente honrado em fazer parte dessa família e, apesar de se considerar um coadjuvante, deseja contribuir significativamente para a causa especial que a São Clemente abraçará no carnaval deste ano.

“Eu acho que a São Clemente sempre foi uma família, convivi muito na São Clemente, estudei no Colégio Santo Inácio, ali eu fiz vários amigos em Botafogo, e eu já frequento aqui há muito tempo, eu também já tenho uma história na política há algum tempo, e eu acho que o legal da São Clemente é que ela vem quebrando paradigmas, sejam paradigmas sociais, paradigmas políticos, são queimas sempre contestadoras de uma estrutura de sociedade que não muda, e eu acho que a gente novamente vem inovando, e é uma honra poder fazer parte dessa família, mas eu sou bem obediente, eu sei que tem gente que entende muito mais de carnaval do que eu, eu quero ser um coadjuvante que ajude muito uma causa tão especial, que vai ser a causa desse ano da São Clemente” compartilhou Marcelo.

O deputado Fred Costa explicou que a parceria com a São Clemente começou há cerca de três meses, durante as discussões para definir o enredo de 2025. Para ele, essa parceria representa a união de dois amores: a São Clemente, sua escola do coração, e a causa do bem-estar animal, que é fundamental em sua vida.

“Já vem de aproximadamente três meses essa parceria, quando estabelecemos diálogo e tentativas, a fim de definir qual seria o enredo de 2025. Para mim, a união de dois amores, a São Clemente, a escola do meu coração e a causa da minha vida, que é o bem-estar animal. E ainda bem que deu casamento para 2025, a São Clemente vai dar voz a quem não tem voz na Sapucaí”, explicou Fred.

Marcelo também revelou ao site CARNAVALESCO como chegaram nesse enredo que vai impactar e emocionar não só a Sapucaí, mas o Brasil todo com essa causa que é tão importante para ele.

marcelo queiroz
Deputado Marcelo Queiroz

“Na verdade, a gente tem um trabalho gigantesco na causa animal, em Brasília, aqui no Rio de Janeiro, eu acho que é uma causa que a gente precisa ainda discutir muita coisa, muito maltrato que acontece, ainda muita lei que tem que ser feita, ainda tem muito preconceito contra os nossos animais e eu acho que um enredo como esse é algo que não vai mudar só a Sapucaí, vai mudar a conscientização no Rio de Janeiro e no Brasil e eu acho que é bom para todo mundo, é bom para os nossos filhos de quatro patas, nossos animais, é bom pra toda a sociedade, é bom para a São Clemente que ganhe uma projeção nacional e é bom também para todo mundo que trabalha e luta por essa causa, eu sou um exemplo, mas tem vários outros, diversos partidos, gente que quer mudar a história dos animais no Brasil”.

Quando questionados do que não pode faltar no samba para 2025, Marcelo disse que não podem deixar de citar a importância da adoção, especialmente depois de tudo que aconteceu no Sul do Brasil, e que o samba tem a necessidade de levar na avenida o amor pelos animais, comparando ao amor pelo samba.

“Eu acho que não pode faltar adoção, que a gente tem que adotar muita coisa, vocês viram o que aconteceu no sul do Brasil, as ongs ainda muito lotadas, são muitas pessoas que sacrificam suas vidas pelo bem dos animais e eu acho que é levar para avenida a característica do Brasil caramelo, levar para a avenida a importância da adoção, levar para a avenida o que é esse amor que as pessoas às vezes não entendem, mas é o mesmo amor que a gente sente pelo samba e que vocês que cobrem esse evento maravilhoso, só vocês entendem quantos movimentos de paixão, os animais são muito parecidos com o samba nesse sentido”.

Fred complementou contando de sua paixão pelos vira-latas e a importância da adoção, cuidados veterinários e educação, destacando o papel da São Clemente em promover o respeito por todas as formas de vida no carnaval.

“Sou suspeito, obviamente, dos vira-latas, aqueles animais sem raça definida, os animais que infelizmente vivem nas ruas e precisam de adoção, olhar para os protetores independentes do Sul, os protetores de ONG, adoção, castração e educação. Em esse sentido, a São Clemente vai ter um papel fundamental no maior espetáculo da Terra, incitar as pessoas a ter um olhar, se não de amor como eu tenho, mas respeito a todas as formas de vida”.

Conheça o enredo da União do Parque Acari para o Carnaval 2025

A União do Parque Acari anunciou o enredo “Cordas de Prata: o retrato musical do povo”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Guilherme Estevão no Carnaval 2025. O enredo deste ano promete trazer à avenida um personagem íntimo e fundamental da história cultural do país: o violão.

Enredo 2025 Uniao do Parque Acari

Com autoria do carnavalesco Guilherme Estevão, o enredo destaca o violão como a imagem musicada da cultura brasileira. O artista apresenta o instrumento em sua jornada desde uma ferramenta das elites até se tornar o companheiro dos causos populares, o som das romarias, das festas e cantorias, e o protagonista de movimentos culturais que eternizam sentimentos no dedilhar de mestres e poetas.

“A ideia não é apresentar uma simples cronologia do violão. Mas entender de que maneira a colaboração de cada parte do povo foi determinante para fazer do violão um dos nossos instrumentos mais íntimos. Ele está presente na roda dos amigos, nas casas, nas festas e bares, nos ritos religiosos, na literatura e teatro. É algo fortemente inserido no imaginário musical e no cotidiano do brasileiro”, explicou o carnavalesco.

Estevão ressaltou a importância de revelar as formas originais do violão e a contribuição de outras culturas, sua presença em teatros medievais e religiosos, e seu papel na ocupação e colonização do território. O enredo também abordará a construção de uma cultura interiorana, sertaneja e caipira, onde o violão é expoente, como nos cordéis, além das colaborações do povo negro, ciganos, e os movimentos e músicos que carregam o violão como protagonista. Em especial, destacará o elo do violão com o samba, fundamental para unir o morro e o asfalto, o popular e o erudito.

Em 2025, a União do Parque Acari será a segunda agremiação a desfilar no segundo dia dos desfiles, 3 de março, pela Série Ouro da Liga-RJ, na Marquês de Sapucaí.

Definida ordem dos desfiles das escolas mirins para o Carnaval 2025

Foi definida na tarde deste domingo a ordem dos desfiles das escolas mirins do Rio de Janeiro para o Carnaval 2025. As novidades são os desfiles acontecendo na sexta-feira, antes do sábado das campeãs, dia 7 de março, e a abertura oficial com a escola mirim Netinhos do Tuiuti, que fará sua estreia na folia. Veja abaixo a ordem completa.

desfile mirim
Foto: Hanna Beyla/Divulgação Riotur

Netinhos do Tuiuti
Pimpolhos da Grande Rio
Inocentes da Caprichosos
Infantes do Lins
Golfinhos do Rio de Janeiro
Corações Unidos do Ciep
Herdeiros da Vila
Tijuquinha do Borel
Aprendizes do Salgueiro
Ainda Existem Crianças na Vila Kennedy
Virando Esperança
Estrelinha da Mocidade
Nova Geração do Estácio
Império do Futuro
Filhos da Águia
Mangueira do Amanhã
Petizes da Penha
Miúda da Cabuçu

Participantes de GT de Turismo do G20 conhecem Sapucaí e caem no samba

Neste domingo, cerca de 150 participantes do GT de Turismo do G20, de mais de 30 países, tiveram a chance de participar de uma imersão no Carnaval, em pleno inverno. Nem a chuva fraca impediu os visitantes de caírem no samba em um mini desfile da Viradouro, campeã do carnaval 2024. Os participantes foram convidados a descer para a pista, onde acompanharam um minidesfile com passistas, bateria, mestre sala e porta-bandeira, e até a cobra que encantou a comissão de frente da escola na conquista do título. Para completar, a interpretação de Wander Pires.

gt turismog20 2
Fotos: Bruno Brito/Divulgação Riotur

A ação, organizada pela Prefeitura do Rio, por meio da Riotur, faz parte de uma série de atividades que serão realizadas ao longo dos encontros preparatórios para a Reunião de Cúpula, em setembro. Também participaram do evento a Secretária Executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, e a Secretária Municipal de Turismo, Maia.

Para o presidente da Riotur, Patrick Corrêa, o evento foi mais do que compartilhar a cultura carioca, foi uma oportunidade singular de mostrar aos integrantes das delegações a grandiosidade do carnaval do Rio de Janeiro.

gt turismog20

“O carnaval está no DNA do nosso povo, é uma alegria que se espalha por todos os cantos da cidade. Arrastando e encantado foliões, seja no carnaval de rua, na Marquês de Sapucaí, ou na Intendente Magalhães, a indústria do carnaval gera empregos e movimenta a economia”, ressalta o presidente sobre a importância do carnaval para a cidade.

A maioria dos participantes está no Rio pela primeira vez. Esse é o caso de Muma Almzeouei, dos Emirados Árabes Unidos, que disse ter se emocionado ao conhecer o Sambódromo.

gt turismog20 3

“É indescritível a sensação de estar aqui. Estou me sentindo extremante acolhida e fascinada pela alegria e receptividade do povo carioca. Já estive em diversos lugares do mundo, e nunca vivi uma experiência como essa”, descreve Muma.

A integrante da delegação de Portugal, Rita Roque, teve a oportunidade de experimentar, pela primeira vez, um dos símbolos da cultura carioca: biscoito de polvilho e mate. E destaca: “É fascinante estar aqui, conhecendo os detalhes do maior espetáculo da Terra, o Carnaval que eu só assisto pela televisão. Estou realizando um sonho!”

Mais carnaval na Cidade do Samba

A festa continuou na Cidade do Samba, com uma visita guiada ao barracão da Viradouro, onde os participantes puderam conferir de perto o processo de confecção das fantasias e carros alegóricos. O encontro terminou com muita música e feijoada.

O GT de Turismo termina nesta segunda-feira, 1º de julho. Um dos destaques da pauta do grupo de trabalho é discutir ideias de como prover turismo com sustentabilidade.

gt turismog20 4

Artigo: ‘O jogo do bicho e a escola de samba’

Por Sérgio Almeida Firmino

Léo Christiano Soares Alsina (1941-2021) foi convocado, em 2010, por Ricardo Vieiralves de Castro, reitor da UERJ, para ajudá-lo na edição de alguma publicação que remetesse ao sexagésimo aniversário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Léo Christiano não hesitou em responder a Vossa Magnificência. “Vamos escrever um livro sobre o Jogo do Bicho!” De fato, contam as boas línguas, que o terreno no qual fora construída a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, pertencia a um bicheiro e que, após a remoção da Favela do Esqueleto, ele o doaria para a construção da Universidade.

jogo bicho
Foto: Reprodução

O livro de 120 páginas, com o título peculiar “O Jogo de Deus, do Homem e do Bicho”, escrito e editado em 2010, conta histórias muito interessantes. Uma delas chama atenção sobre informações norteadas de um outro livro citado por Léo Christiano: “Noel, Uma Biografia”. Criação de João Máximo e Carlos Didier, nele revela de onde João Batista Vianna de Drummond (1825-1897), o Barão de Drummond, tirou a inspiração de criar uma loteria com animais.

O Jogo do Bicho fora inspirado no Jogo das Flores, curiosamente desenvolvido por um mexicano, Manuel Ismael Zevada, que tinha seus negócios no Centro da Cidade. Não há relato temporal exato, sobre a data de nascimento e morte do mexicano, tampouco este encontro entre o Barão e Zevada, no entanto, era o final do império e o nascimento da República.

O que causa perplexidade, foi a intuição do Barão de Drummond, em perceber o bom desempenho da loteria das Flores e sabendo que não teria mais patrocínio do Imperador para o seu Zoológico de Vila Isabel, contrata o mexicano para gerenciar seu Jardim Zoológico. O Jogo do Bicho nasceu para manter o Zoológico e seus animais.

O inteligente mexicano Zevada tentou implantar o lucrativo e já famoso Jogo do Bicho em outros lugares, entretanto, mesmo naquela época, foi perseguido pelo fiscal de finanças do governo, chamado David Morethson Campista (1863-1911); segundo Léo Christiano, David Campista foi secretário de Finanças de Minas Gerais em 1899 e ministro da Fazenda do presidente Afonso Pena, entre 1906 e 1909. Depois disso, David Campista virou nome de rua no bairro do Humaitá.

A legalidade do Jogo do Bicho, que teoricamente inicia em 13 de outubro de 1890, com o aditivo ao contrato de criação do Jardim Zoológico de Vila Isabel, acaba em 1895, com ato do prefeito do Distrito Federal, Francisco Furquim Werneck de Almeida.

Em 1897, faleceu o Barão de Drummond, aos 72 anos de idade. Lamentavelmente, nem o Barão, tampouco (…) seus herdeiros, conseguiram reaver a anuência das autoridades para sua liberação, entretanto, o Jogo do Bicho espalhou-se como uma febre pelo país, (…) conquistando até a fama do “jogo mais honesto” infelizmente, sempre na ilegalidade (extraído do livro “O Jogo de Deus, do Homem e do Bicho”).

O Jogo do Bicho é uma loteria como outra qualquer, entretanto, inteligente; aliás, há necessidade de se fazer alguns cálculos preliminares para se tentar a sorte. Léo Christiano menciona outro livro “O Jogo do Bicho à luz da matemática”, de Malba Tahan, este autor, pediu para que seu livro fosse publicado somente após sua morte. Nele, Malba Tahan revelava as inúmeras vantagens de se jogar no bicho.

O Jogo do Bicho possui uma historiografia maravilhosa, presente no cotidiano da população desde a sua criação, no Brasil Império, remanescente de uma rica experiência; entretanto, assim como as Escolas de Samba, o Jogo do Bicho sofreu interpretações equivocadas, desconsiderações do Estado brasileiro, propiciando sua exploração por pessoas sensíveis à negligência das autoridades. De fato, os chamados contraventores ou bicheiros, como preferirem, surgem da fragilidade do Estado em lidar com a vontade popular, ou seja, permitir a prática dessa loteria de origem e história de características tão especiais.

Com efeito, a polêmica que envolveu a exploração do Jogo do Bicho, nasceu a partir da incapacidade das autoridades constituídas, em desconsiderar uma atividade de origem popular, entretanto,  rentável, assim como os Cassinos, que já deveriam estar liberados no país. Há jogos permitidos no Brasil, por exemplo, as loterias, das quais, o governo brasileiro, tentou mitigar a vontade do povo em tentar a sorte onde quiser, mesmo expondo-se ao azar de não ganhar.

Ao vislumbrar o imbróglio criado pela ineficiência e falta de gestão do Estado em controlar a atividade, o fragilizado poder público preferiu proibir, alegando, inclusive, uma pressão ou influência da Igreja Católica. O que não deveria ser verdade, não há nada mais bem frequentado nas quermesses das paróquias Brasil afora do que os Bingos, principalmente nesses tempos bicudos da economia brasileira, o que nos parece muito bem-vindos.

Ao pesquisar a historiografia do Jogo do Bicho e olhando de um ponto de vista histórico e antropológico, menos legal, causa certa angústia e nos faz pensar, infelizmente, na falta de zelo do Estado brasileiro com as coisas do povo, com as criações populares. Mais uma vez menciono o mexicano Manuel Zevada, precursor do Jogo do Bicho no Jardim Zoológico de Vila Isabel, que foi perseguido e proibido de exercer a sua criação em outros lugares, após ter a ideia de salvar os bichos do Zoológico, o que nos chama atenção e de qualquer cientista de história, é o fato desta loteria tornar-se a loteria mais famosa do país.

Este artigo, conta uma história verídica, já mencionada em vários livros, Podcasts, Sambas de Enredo, enfim, temperada com íntimos requintes no livrinho editado por Léo Christiano.

Luiz Carlos Magalhães, ex-presidente da Portela e Diretor Cultural da Liesa, também nos ajuda a entender a importância da história do Jogo do Bicho, em seus excelentes cinco Podcasts sobre a história riquíssima dessa loteria.

O Jogo do Bicho é uma loteria Carioca, inteligente, sofisticada, tornou-se paixão nacional, nasceu no bairro de Vila Isabel no Rio de Janeiro. Com seus 25 animais numerados, desenvolvem-se respectivas dezenas, centenas e milhares. Segundo o Jogo do Bicho, o leão tem número 16, no entanto, suas dezenas são 61, 62, 63, 64. Quantos anos você tem? Eu tenho a quarta do leão, ou 64 anos.

Um pouco mais jovem do que o Jogo do Bicho, são as Escolas de Samba, essas maravilhas criativas, que atravessaram períodos difíceis até serem consagradas e admiradas pela maioria da população. A Escola de Samba representa a essência e a origem do povo preto. Sua aparição cultural no Rio de Janeiro foi marcada com muita dor, perseguição e discriminação.

Com efeito, a prática do samba não era apenas proibida, mas, também, perseguida.

A bisneta da Mãe de Santo, Hilária Batista de Almeida ou Tia Ciata (1854-1924), Gracy Mary Moreira, nos acode e passa a nos relatar que:

“na Casa da Tia Ciata, se agregava no terreiro o samba e a religião. No quintal dela, então, ali, tinha não só as festas religiosas, mas também o encontro com os capoeiristas. O samba era marginalizado, a religião teve uma perseguição sim, aqui no Rio de Janeiro, mas foi mais branda. Na Bahia, é que a princípio, a perseguição foi muito grande porque eles estavam até matando as pessoas, inclusive, uma Mãe de Santo, irmã da Tia Ciata, foi morta, quando estava vindo para cá, para o Rio de Janeiro com ela. Vinha com a missão de manter o samba e a religião de matriz africana.  Então, isso aí está corretíssimo, ela fazia da sua casa esse abrigo, esse terreiro, ou encontro de sambistas.  Mas também tem o seguinte:  em muitas das vezes principalmente nas festas religiosas ela pedia permissão a polícia. Os batuqueiros também eram capoeiristas (os conflitos começavam), então, eles (as autoridades), tinham esse problema, essa marginalização e preconceito a tudo, com relação a isso então, quando os sambistas começaram a tocar e a polícia batia na porta dela, ela já mudava o gênero musical e já fazia gestos, e eles mudavam. O bloco dela (Tia Ciata), também era licenciado, ela procurava ser bem-organizada com relação a isso, tanto que o problema maior era o samba. Ela colocava samba, porque eles (a polícia) confundiam o samba dos sambistas com os batuqueiros, (ogãs) do Terreiro. Algumas vezes iam para o Choro, porque o Choro não era proibido” (Gracy Mary Moreira, bisneta da Tia Ciata).

Com efeito, as Escolas de Samba representam o ápice de um conjunto de manifestações populares, seguramente, o maior e mais significativo do mundo; sua origem está diretamente relacionada com a capacidade intelectual, criativa, cultural do povo preto, infelizmente, empurrado para os morros da Cidade, sem água, sem luz, sem saneamento, sem a presença de governos ou apoio de qualquer espécie. Assim surgiram as Escolas de Samba, essas maravilhas sofisticadas, de imenso teor cultural, apresentadas no Carnaval. No entanto, os desfiles espetaculares das Escolas de Samba e do seu atual apogeu, não nasceram num piscar de olhos, muito menos tiveram apoio do Poder Público ou iniciativa privada como agora.

Elas, as atuais empoderadas Escolas de Samba, não estariam onde estão, sem a presença de investidores, que ousaram patrocinar os desfiles. Com efeito, esses visionários, pessoas de distintas origens sociais e culturais, envolveram-se diretamente com a população menos favorecida do segmento do Carnaval. Esses empresários não apenas investiram no Carnaval, mas também ensinaram aos fazedores do segmento, a lidar com o dinheiro, a prestação de contas e todo processo envolvendo o financeiro das belíssimas Escolas de Samba.

Os patrocinadores ou patronos do segmento do Carnaval, não surgiram por um acaso: mais uma vez, nota-se muita inteligência, organização e entusiasmo dessas pessoas, para gerir um universo, do qual, o poder público não teve nenhuma participação no seu desenvolvimento inicial. Muito pelo contrário, posicionou-se negligente, omisso, proibidor e controverso.

O Carnaval é uma importação cultural, os desfiles também não se originaram no Brasil. No entanto, foi o povo brasileiro, com sua força e amor, que modificou essa cultura adquirida, transformando-a em outra de enorme valor. A sociedade é dona de sua história, seja ela como for, seja ela não muito aceitável no presente, mas fora muito bem-vinda no passado. Sem a presença dessa mistura étnica, social, cultural e de apoio financeiro, não teríamos o prazer de dizer que o Rio de Janeiro possui o maior espetáculo do planeta Terra.

Por Sérgio Almeida Firmino
s[email protected]
@sergioalmeidafirmino
Assessor da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Carnaval.
Presidente da Federação da Indústria Criativa Cultural do Carnaval do Estado do Rio de Janeiro. Diretor Conselheiro do Instituto Cultural Cravo Albin.

Agradecimentos: Agradeço a professora Lilia Gutman pela correção do artigo.  Agradeço ao meu querido amigo Léo Christiano, (infelizmente não está mais entre nós), pelas longas conversas sobre a Cultura do Rio de Janeiro. Léo e eu apresentamos Projeto para o tombamento imaterial do Jogo do Bicho,

Pesquisa carnavalesca: Qual samba concorrente da Unidos da Tijuca para o Carnaval 2025 você mais gostou?

A Unidos da Tijuca recebeu 11 sambas concorrentes para o Carnaval 2025. A escola do Morro do Borel levará para Avenida, no ano que vem, o enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira. A disputa na quadra começa no dia 1º de agosto e a final está marcada para o dia 21 de setembro. Agora, o site CARNAVALESCO quer saber de você: Qual samba concorrente da Unidos da Tijuca para o Carnaval 2025 você mais gostou? Vote abaixo e vamos divulgar o resultado no dia 8 de julho. É preciso ser cadastrado no Google para votar e colocar seu e-mail.

* OUÇA AQUI TODOS OS SAMBAS CONCORRENTES

Confira a sinopse do enredo da Unidos da Tijuca para o Carnaval 2025

Inédito! Presidente Fernando Horta revela que 100% dos direitos do samba de 2025 da Tijuca vão para os compositores

Clima especial! Baianas e velha-guarda da Tijuca fazem recepção e abençoam os compositores na entrega dos sambas

Coreógrafas da Tijuca buscam sintonia ao trabalharem em dupla pela primeira vez no carnaval

Com a página virada, Lucinha Nobre e Matheus André já se preparam para o Carnaval de 2025

Conheça o enredo e a sinopse da São Clemente para o Carnaval 2025

A São Clemente anunciou na noite desta sexta-feira o enredo para o Carnaval 2025. A escola levará para Marquês de Sapucaí “A São Clemente dá voz a quem não tem”. A proposta da escola é defender a causa animal. Ressaltando como é fundamental adotar animais e lutar contra os maus tratos.

logo saoclemente

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Para o carnaval 2025 a São Clemente com seu olhar critico e irreverente levará para a avenida uma mensagem de defesa e amor aos animais. Em especial, aqueles companheiros dos nossos dias, os animais domésticos. Quem não tem o amor de um cachorro ou de um gato, não sabe o que é o verdadeiro amor.

Mas muita gente não tem noção do quanto os animais já sofreram e ainda sofrem pelos maus-tratos. Chegou a hora de dizer basta! É hora de fazer dessa história um verdadeiro desfile, uma verdadeira lição. A São Clemente fará do seu desfile um grito, um manifesto, pela causa dos direitos dos animais. Seremos novamente, Uni-vos! a critica. O protesto em forma de samba.

SINOPSE

Com a vibração intensa da bateria e a emoção no ar, a história do amor pelos animais é revelada através dos olhos daqueles que compartilham suas vidas com um companheiro animal. Ao mesmo tempo em que tambores ressoam na avenida e as fantasias brilham, somos levados a uma jornada de aprendizado profundo e reflexão sincera sobre a importância dos animais em nossas vidas. Nossa viagem pelo caminho do conhecimento começa com uma lição poderosa de amor e respeito pelos animais. Cada batida do surdo soa como um tributo a todas as criaturas que habitam nosso planeta, pulsando no carinho e no afeito que sentimos. É como se o coração da escola de samba pulsasse em sintonia com a vida.

Vamos ao “Lar da Felicidade”, a nossa própria casa. Aqui, os animais encontram um espaço cativo nos corações generosos de suas famílias humanas. Onde cada gesto é uma celebração da conexão única e mágica entre humanos e seus animais de estimação. Os momentos compartilhados entre pets e seus donos são um vinculo que transcende as palavras. Os animais de estimação trazem felicidade e conforto para nossas vidas. Seja o cachorro que nos acolhe com entusiasmo ao chegarmos em casa, o gato que se aninha ao nosso lado em momentos de descanso. Companheiros que tornam nosso cotidiano mais leve e alegre. A celebração do “Lar da Felicidade” é um lembrete do quanto podemos aprender com a simplicidade e o amor dos animais.

Nosso enredo assume um tom mais grave ao expor práticas que trazem sofrimento aos animais. O encarceramento cruel, as agressões, o envenenamento, o abandono na rua e até tatuagens para satisfação de alguns sádicos, são crimes de maus-tratos contra os animais que precisam ser denunciados. Essas imagens perturbadoras que vemos no dia a dia, nos forçam a confrontar a realidade dolorosa de muitos animais que sofrem com a crueldade humana e nos fazem refletir.

Este é um chamado urgente à nossa consciência coletiva, um clamor por justiça contra o sofrimento infligido a esses seres indefesos. É uma convocação para que todos se unan na luta contra a maldade e para promover um mundo mais compassivo e justo. Nossa narrativa também é repleta de momentos de esperança e inspiração. Prestaremos homenagem a quem sempre lutou em prol dos animais. Com as bênçãos de São Francisco de Assis, o santo padroeiro dos bichinhos, espalharemos suas mensagens de amor e compaixão. Que a fé nos ensine a importância de proteger e respeitar todas as formas de vida, inspirando- nos a agir com bondade e empatia.

Deixamos para trás as sombras do passado e nos voltamos para um futuro brilhante de esperança e transformação. A luta pelos direitos dos animais persiste, com defensores dedicados em todo o mundo trabalhando para promover uma convivência mais justa e harmoniosa entre todas as espécies. Os investimentos em organizações de resgate, o avanço da medicina veterinária, a causa ganhando voz e força na política, campanhas de adoção, educação, e de castração entre outras medidas, são fundamentais para garantirmos o bem-estar animal.

A São Clemente quer contribuir para a formação de opinião, de uma sociedade que respeite os animais, num mundo onde todas as criaturas são valorizadas, respeitadas e amadas. É um futuro onde o amor prevalece com o compromisso de proteger e celebrar a vida. A história nos convida a abraçar um novo paradigma, onde a empatia e o respeito pelos animais são pilares fundamentais para uma convivência maís harmoniosa e sustentável. Somos uma escola de samba, em sua essência, que resgata sua identidade em ser porta voz daqueles que não term.

Pesquisa e texto: Thiago Morganti e Thiago Meiners

Mestres de bateria da Portela, Nilo Sérgio e Marçal, recebem moção e medalha Pedro Ernesto

Honraria, mérito e orgulho portelense, esses foram os motivos pelos quais, na noite da última quinta-feira, os mestres de bateria Nilo Sérgio e Marçal, receberam a moção e Medalha Pedro Ernesto, na Oficiana de Artes Paulo da Portela.

mestres
Foto: Divulgação/Portela

Entregue pelas mãos da Vereadora Vera Lins e da rainha de bateria Bianca Monteiro, os mestres receberam a moção após Workshop sobre como funciona o processo de criação da Tabajara do Samba.

“É uma honra muito grande ter esses dois mestres aqui na oficina falando com propriedade sobre um dos principais quesitos de uma escola de samba. Quesito esse que eu tenho a honra de vir à frente durante oito anos e aprendi a amar, respeitar e compreender a cada dia”, declara a rainha Bianca Monteiro.

Emocionado, Nilo Sérgio, que segue para o seu 21º à frente a Tabajara do Samba, relata a importância dessa troca com mestre Marçal.

“É uma alegria dupla pra mim, primeiro por estar falando sobre bateria ao lado do Mestre que sou fã e aprendi muito, e depois por estar também junto com Marçal recebendo esse reconhecimento pelas mãos de pessoas que admiro e sempre estão comigo”, relata mestre Nilo Sérgio.

Conheça o enredo da Porto da Pedra para o Carnaval 2025

Uma fábula amazonense que conta a tentativa de um visionário da indústria automobilística, em construir uma cidade industrial dentro da Amazônia é o fio condutor do enredo que Mauro Quintaes desenvolverá para que a Porto da Pedra chegue à Marquês de Sapucaí pronta para disputar mais um campeonato em sua história. Com o título “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou”, o Tigre de São Gonçalo mostrará em cores e versos, a Fordlândia, nome pelo qual é conhecida a cidade utópica de Henry Ford, fundador de uma das maiores montadoras do mundo.

logo enredopp25

“Esta é mais uma fábula amazonense que trazemos para o carnaval carioca, contando a saga da indústria Ford, através de seu fundador Henry Ford que, no início do século XX, chegou à conclusão que os quatro ou cinco pneus que o modelo Ford T, carro mais popular produzido à época, custavam mais caro que o próprio veículo. Em um sonho utópico, ele decide construir uma cidade com todos os moldes de uma cidade americana, a Fordlândia, um pedaço da América dentro da Amazônia. A partir de então, a cultura capitalista tenta impor comportamentos que não lhe pertencem dentro daquele universo e aí, começamos a discutir valores muito interessantes que se perpetuam até os dias atuais”, comenta o carnavalesco.

O tema, uma importante reflexão sobre a floresta, a natureza e os conflitos entre as identidades culturais, tem pesquisa de Diego Araújo que, pelo terceiro ano, está ao lado do carnavalesco no desenvolvimento dos enredos da vermelha e branca.

A sinopse tem previsão de entrega para a segunda semana do mês de julho. Em 2025, a Porto da Pedra será a quinta escola a desfilar no sábado de carnaval, 01 de março.