Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Viradouro desde 2018, Julinho e Rute refletem sobre a trajetória na escola e a preparação para o Carnaval 2026. Eles relembram a chegada à agremiação em um momento difícil da carreira, quando vinham da pior nota do Grupo Especial, e comemoram a retomada na vermelha e branca de Niterói.
“Chegamos à Viradouro em uma fase complicada, cheios de dúvidas sobre se conseguiríamos resgatar o casal que já fomos. Encontramos aqui uma estrutura gigantesca, algo que nunca tínhamos vivido. Bateu aquele medo: ‘E agora? Será que vamos entregar o que a escola espera?’”, contou Rute, que soma 29 carnavais como porta-bandeira.
Segundo Rute, a emoção foi imediata já no primeiro desfile. “Quando vi os carros chegando na concentração, tive uma crise de choro. Pensei: ‘A escola está linda, não posso decepcionar a diretoria’. Graças a Deus, renascemos junto com a Viradouro, como uma fênix”, completou.
Emoção com Ciça
Para 2025, a emoção é redobrada com o enredo em homenagem a Ciça, figura marcante do carnaval carioca. O casal destaca a honra de viver esse momento ao lado do mestre.
“Estamos vivendo uma emoção diferente a cada dia. A gente ama e admira o Ciça e tudo o que ele representa pro carnaval. Temos a oportunidade de conviver com ele, nos vemos representados, em tudo que ele está vivendo e sentimos juntos cada emoção desta contagem regressiva até o desfile. A Viradouro mais uma vez sendo pioneira, com ideias novas”, disse Julinho.
Rute reforça que, mesmo não sendo a homenageada diretamente, sente-se representada: “Eu estou me sentindo homenageada através do Ciça. Não dava para escolher todos, mas junto com ele estão os casais, os mestres, as baianas. Esse vai ser nosso diferencial. Nós sabemos o que ele sente em uma quarta-feira de cinzas, porque vivemos isso também. Então é como se fosse conosco”, reforça a porta-bandeira.
Julinho projeta o desfile, imagina a emoção do mestre na avenida e acredita que a homenagem ao Ciça trará uma energia única para a Viradouro: “Vai ser muito louco. Ele entrar com a bateria e atrás dele a escola contando a história da vida dele. Cada componente vai querer passar essa vibração para ele. É um combustível. Vai mexer com a comunidade, com cada componente. Estar nesse enredo é como se fôssemos nós sendo homenageados também”, pontuou o mestre-sala.
Ensaios e cabine espelhada
Sobre a preparação, o casal mantém a rotina de ensaiar cedo: “Colocamos isso como prioridade. O que acontecer ao longo do dia, já cumprimos a tarefa mais importante, que é ensaiar”, explicou Rute.
Quanto à novidade da cabine espelhada, que será usada pela primeira vez na apuração, eles admitem dúvidas, mas garantem adaptação: “As reuniões aconteceram com os presidentes, não com os casais. Estamos fazendo testes, vendo como nos adequar. Mas temos certeza de que todos os casais vão dar conta do recado. Se tem uma coisa que mestre-sala e porta-bandeira sabem fazer, é se reinventar”, finalizaram.
Seis parcerias subiram ao palco na semifinal da disputa de samba-enredo da Acadêmicos do Grande Rio, na noite da última terça-feira, na quadra da agremiação. Apesar da disputa em aberto, duas parcerias se destacaram, entre elas a de Ailson Picanço. Ao todo, cinco obras concorrentes seguirão para a grande final, que acontecerá no próximo sábado. As finalistas devem ser anunciadas nas próximas horas, por meio das redes sociais da Tricolor da Baixada. A escola de Duque de Caxias levará para a Marquês de Sapucaí em 2026 o enredo “A Nação do Mangue”, de autoria do carnavalesco Antônio Gonzaga. Veja, abaixo, as análises das apresentações desta penúltima etapa.
Parceria de Derê: O intérprete Bruno Ribas ficou responsável por defender a parceria composta por Derê, Licinho Jr. Moratelli, Julio Alves e Fabio Gomes. Apesar de ser forte e imponente na gravação, o samba não trouxe tanta animação ao público e ficou abaixo do esperado. Já os torcedores levaram bandeirões nas cores da agremiação, mas poucos cantavam. Apesar da força, o grupo teve uma apresentação apenas regular.
Parceria de Mariano Araújo: A obra também é assinada por Moisés Santiago, Dionísio, Aldir Senna e Wolkester Rolleigh. O intérprete Tuninho Jr. ficou responsável por defender a parceria e foi um diferencial na hora de levantar o samba. A composição chama a atenção pela riqueza e por conseguir conectar o enredo às raízes da Tricolor Caxiense, como em: “Caranguejos emergem da periferia/ Num grito que une Recife e Caxias”. Já o refrão, apesar de forte, faz referência à bateria da Grande Rio em “No baque virado dos tambores da invocada” — nome descontinuado nos últimos anos. Ainda assim, o grupo fez uma ótima apresentação e contou com uma torcida numerosa e animada, que levou bandeirões da Grande Rio. Nem todos cantavam, mas ao final da apresentação os torcedores fizeram questão de entoar o samba em coro.
Parceria de Myngal: Os intérpretes Charles Silva e Tinguinha ficaram encarregados de representar a parceria composta por Myngal, Denilson Sodré, João Diniz, Miguel Dibo e Hélio Porto. Ambos foram fundamentais na ótima apresentação do grupo, que contou com o apoio de uma torcida presente em peso, embora nem todos cantassem. A obra traz críticas sociais e políticas, como em: “A pobre elite não vê, ou sempre finge/ o que me aflige, eu brado, é grave”. Ao fim, os torcedores da parceria seguiram cantando o samba.
Parceria de Marcelinho Santos: Os intérpretes Tem-Tem Jr., Ito Melodia, Vitor Cunha e Thiago Brito defenderam a obra escrita por Marcelinho Santos, Henrique Bililico, Xande de Pilares, Ricco Ayrão e Sérgio Daniel. O samba consegue ser animado e, ao mesmo tempo, um dos que mais se aproximam do manifesto do mangue. O refrão “chiclete” facilitou o canto dos torcedores sem soar simples demais: “Maré que vem, maré que vem/ Caranguejo em movimento não aceita ser refém”. A letra, o palco forte e o peso da maior torcida da noite resultaram em uma ótima apresentação.
Parceria de Ailson Picanço: Os intérpretes Dodô Ananias e Fábio Moreno ficaram responsáveis por defender a obra composta por Ailson Picanço, Marquinho Paloma, Davison Wendel, Xande Pieroni e Marcelo Moraes. Juntos, contribuíram para a excelente apresentação do grupo. A parceria aparenta ir na contramão de parte das concorrentes ao abrir mão de um hino animado para apostar em um samba-manifesto. A obra é enfática e dialoga com o Manguebeat em referências culturais, sociais e políticas. Um exemplo é o verso “Gramacho encontrou Capibaribe”, que estabelece, de forma indireta, um paralelo entre o rio Capibaribe e o lixão de Jardim Gramacho. Se este for o tom escolhido pela escola para o desfile, trata-se de uma grande obra em potencial. Apesar da riqueza poética e da ótima condução dos intérpretes, é importante destacar que a torcida deixou a desejar em determinados momentos da apresentação. Um melhor desempenho na grande final pode ser um diferencial na busca pela vitória.
Parceria de Samir Trindade: Wantuir comandou o samba escrito por Samir Trindade, Mateus Pranto, Laura Romero, Binho Teixeira e Leandro Custódio. O palco forte e a torcida animada, que esteve presente em peso, ajudaram no bom desempenho da obra. O samba é mais poético e utópico, com foco na ancestralidade e na força simbólica do mangue. O refrão, embora fácil de memorizar e bastante cantado pela torcida, causou uma quebra no tom (importante: não estamos falando de tom musical, mas de discurso na letra) ao encerrar com “Respeite o meu chão/ Grande Rio eu sou”. A torcida levou bandeiras e balões nas cores da escola, ajudando a valorizar ainda mais a apresentação.
Às vésperas do lançamento do samba-enredo para o carnaval de 2026, a Diretoria da Acadêmicos de Niterói foi recebida pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Super honrado em ser o enredo da agremiação para 2026, Lula recebeu a camisa oficial da escola das mãos do Presidente Wallace Palhares.
Lula também ouviu em primeira mão o samba-enredo através dos compositores presentes Teresa Cristina, Paulo César Feital, André Diniz, Fred Camacho, Júnior Fionda e Lequinho.
A festa de lançamento do samba-enredo da agremiação acontecerá neste domingo, 21 de setembro, a quadra localizada na rua Xavier Brito, 22 – Niterói, a partir das 14h. A entrada será 1kg de alimento não-perecível.
Uma das grandes questões envolvendo a infraestrutura de escolas de samba em São Paulo ganha um novo capítulo. O Vai-Vai, maior campeão do Grupo Especial da cidade e que está sem quadra desde 2021, quando o histórico espaço foi cedido para a construção de uma estação de metrô, passou a pleitear um novo local para chamar de sede. E um novo endereço já está na mente da agremiação: a rua Rui Barbosa, no Bixiga – região que, hoje, foi absorvida pela Bela Vista, terreiro histórico vaivaense. A situação, que já se arrasta por quatro anos, entretanto, ganha um novo capítulo – que foi revelado para a reportagem do CARNAVALESCO.
Se, antes, o Vai-Vai tinha um acordo para ter um novo espaço na rua Almirante Marques de Leão (que tem início no final da rua Doutor Loureço Granato, um dos endereços que formavam as históricos Cinco Esquinas, como era conhecida a antiga sede vaivaiense), a busca do Vai-Vai passou a ter olhos para outro local: o antigo Teatro Zaccaro e a Fábrica Elin, também no Bixiga, na altura do número 266 da rua Rui Barbosa.
Vale destacar que o espaço passa longe de ser desconhecido pelo Vai-Vai. O local abrigou, por exemplo, as finais de samba-enredo para os carnavais 2025 e 2026 e realizava ensaios de rua iniciados em tal ponto do endereço.
E o outro endereço?
Quando deixou a histórica antiga sede, nas já citadas Cinco Esquinas, o Vai-Vai negociou com o consórcio de empresas responsável pela construção da Linha 6 – Laranja do Metrô de São Paulo um novo espaço na rua Almirante Marques Leão. Tal espaço, entretanto, passou a ser alvo da 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, que alegou uma série de irregularidades no espaço.
De acordo com a nota da agremiação, “o Vai-Vai não tentará recurso na decisão da suspensão das obras e, nesse sentido, renova seu mais profundo respeito aos Poderes constituídos (e, neste caso, o Poder Judiciário)”.
É importante destacar que, após deixar a tradicionalíssima sede, a escola passou a fazer eventos na antiga quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, na rua Tabatinguera – a 600 metros da Praça da Sé e a mais de dois quilômetros da antiga sede alvinegra. O espaço foi vendido pelo antigo locador, e a agremiação passou a realizar ensaios na quadra da coirmã Uirapuru da Mooca.
Em prol da população carente
Ainda de acordo com a nota oficial do Vai-Vai, a Escola do Povo propõe que o espaço negociado entre a escola e as empresas responsáveis pela estação de metrô “sejam utilizados pela Prefeitura para construção de moradia social, preferencialmente para permanência da população negra”.
Cinco esquinas
A antológica antiga quadra da escola, localizada em um raro imóvel no entroncamento das ruas São Vicente, Doutor Lourenço Granato e Cardeal Leme, foi requisitada em 2015 pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos por meio da Prefeitura de São Paulo. Na área, está prevista a construção de uma estação de metrô da Linha 6-Laranja, que ainda será inaugurada.
Originalmente, a estação estava prevista para se chamar 14-Bis – nome de uma conhecida praça na avenida Nove de Julho, das principais vias de São Paulo, e que ficava distante apenas um quarteirão da antiga quadra. Em 2021, a agremiação deixou o espaço após chegar a um acordo com o consórcio de empresas encarregado de construir a estação – posteriormente, foi descoberto que o Quilombo Saracura, sempre lembrado pelo próprio Vai-Vai, estava sediado exatamente no local.
Por conta de tal descoberta arqueológica, a futura estação teve o nome alterado para 14 Bis – Saracura. As peças, entretanto, fizeram com que a inauguração da estação fosse adiada para 2029 – enquanto a própria Linha 6 – Laranja tem previsão de inauguração para 2026.
Confira a íntegra da nota
“O Vai-Vai não tentará recurso na decisão da suspensão das obras e, nesse sentido, renova seu mais profundo respeito aos Poderes constituídos (e, neste caso, o Poder Judiciário).
Cabe esclarecer que a opção pelo imóvel da Rua Rocha com a Marques Leão foi a única viável diante da desapropriação por que passamos para a realização das obras do metrô.
Considerando a inviabilidade de construção de nossa sede no local, a proposta de permuta do terreno da Marques Leão por moradia popular segue em negociação com a prefeitura, em outras esferas do poder público, tanto municipal, quanto estadual e federal.
A proposta é que os terrenos da rua Rocha e Almirante Marques Leão sejam utilizados pela Prefeitura para construção de moradia social, preferencialmente para permanência da população negra, conforme determina o Plano Diretor sobre o TICP do Bixiga.
Em troca, a escola solicita a desapropriação por interesse cultural dos terrenos do Antigo Teatro Zaccaro e da Fábrica Elin, na Rua Rui Barbosa, para instalação de sua nova sede social, e do centro cultural comunitário do Bixiga.
Vale ressaltar que a escola segue lutando para preservar suas raízes ancestrais no bairro em que nasceu e se consolidou como um patrimônio cultural da cidade”.
O carnavalesco Leandro Vieira abriu o jogo sobre a escolha do enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2026, que vai homenagear o cantor Ney Matogrosso. Em entrevista ao “Só se For Agora Podcast”, apresentado por Jorge Perlingeiro, o artista revelou que já alimentava esse desejo há muitos anos e que não perdeu a oportunidade de convencer o ícone da música brasileira.
“O enredo sobre o Ney estava na minha gaveta. Soube pedir. Nem deixei ele pensar. Joguei mais pesado. Falei: ‘tenho uma ideia e só queria pedir uma coisa: não me negue o direito de sonhar em tê-lo como enredo’”, contou.
Foto: Reprodução de internet
Apelo carnavalesco de Ney Matogrosso
Para Leandro, Ney sempre foi uma figura que dialoga naturalmente com o universo do carnaval, tanto pelo impacto de sua música quanto pela estética visual de sua carreira.
“Eu já tinha o desejo de fazer o enredo sobre o Ney há muitos anos. Sempre achei que ele era uma figura altamente carnavalesca. A música, os grandes intérpretes da música brasileira, são acompanhados por imagem. O Ney, no caso, é mais ainda. Ele é um intérprete consagrado, com grandes clássicos, tem coisas muito alegóricas e visuais. Ele fez do corpo uma bandeira, introduziu a performance. Os figurinos dele são um desbunde visual. Muito combustível para fazer carnaval”, destacou.
Nova fase da Imperatriz
O carnavalesco também analisou a evolução recente da escola de Ramos, que passou por uma transformação estética e artística nos últimos anos.
“A Imperatriz, nos últimos anos, acabou traçando um caminho de muita pluralidade. Agora, ela é a ex-certinha de Ramos. É uma escola mais aquecida. Foi cangaceira, cigana e filha de Oxalá e no ano seguinte experimenta a ruptura. A escola está mais solta, mais livre das amarras e livre para jogo. A Imperatriz tem apresentado carnavais de alto nível em fantasias”, avaliou.
Ambição de título
Mesmo reconhecendo o desafio de transformar Ney Matogrosso em enredo, Leandro Vieira deixou claro que o trabalho é focado na busca pelo campeonato.
“A escola quer ganhar, ela está na briga, porque acreditamos que é possível. Por isso, a gente trabalha antecipadamente”, afirmou.
Com essa proposta ousada, a Imperatriz chega ao Carnaval 2026 reafirmando seu protagonismo e prometendo um desfile que une música, estética e a potência de um dos maiores artistas brasileiros.
A Unidos de Vila Isabel retomou a tradição de grandes disputas de samba-enredo e coroou a parceria de André Diniz, Evandro Bocão e Arlindinho como vencedora da safra para o Carnaval 2026. Em uma final que emocionou o “Povo do Samba”, a escola de Noel e Martinho anunciou, em vídeo feito pelo patrono Capitão Guimarães, a vitória por aclamação, sem a necessidade de apresentação das parcerias concorrentes. O enredo “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um sambista sonhou a África”, assinado pelo enredista Vinicius Natal e os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, ganhou um hino, aclamado antes mesmo que a disputa chegasse ao fim.
Mais do que a consagração de uma parceria histórica, o concurso da Vila neste ano chamou atenção pela organização e pela decisão da diretoria de premiar também o segundo e o terceiro colocados. O gesto foi entendido como reconhecimento ao trabalho coletivo dos compositores da escola.
Entre os que exaltaram o resultado, o compositor Daniel Baga, da parceria de Moacyr Luz, destacou o caráter democrático do processo e a força do campeão. “Hoje é um dia de festa, é um dia de Vila. A disputa foi absolutamente justa. O nosso samba era bonito, mas esse que venceu está sendo cantado pelo Morro dos Macacos. E isso é o que interessa. Ganhou um samba que o povo cantou”, declarou o compositor.
Compositor Daniel Baga
Já Danilo Garcia, da parceria de PC Feital, reforçou a inspiração de André Diniz e a seriedade da condução da disputa: “É um samba belíssimo. Mais uma vez, inspirado. Caiu nas graças da comunidade e era o resultado que tinha que ser. A escola está se reencontrando com suas origens afro e isso é muito bonito. A Vila tem tudo para ser favoritíssima ao título”.
Valorização da obra
A Vila decidiu oferecer premiação também ao segundo e terceiro colocados, reconhecendo a excelente safra apresentada pelos compositores, que resultou em uma das melhores disputas da temporada do Carnaval 2026.
André Diniz, unanimidade na Vila Isabel
A vitória confirma mais um capítulo da trajetória de André Diniz como o maior vencedor da história recente da Vila Isabel. São 20 vitórias em disputas de samba na escola. Em meio às comemorações, o que chamou atenção foi a reverência dos próprios adversários à sua obra, uma unanimidade rara no mundo competitivo dos concursos de samba-enredo.
Compositor Danilo Garcia
Com um enredo que dialoga com as raízes afro-brasileiras e uma safra celebrada por sua qualidade, a Vila Isabel dá o tom da disputa do próximo carnaval. Como resumiu Danilo Garcia, “a obra vencedora tem tudo para figurar entre os grandes sambas do ano”.
A temporada de ensaios técnicos para o Carnaval SP 2026 já tem data para começar. A partir do dia 10 de janeiro, as 32 escolas de samba filiadas à Liga-SP passam pelo Sambódromo do Anhembi. Ao todo, são mais de 50 ensaios técnicos abertos ao público, com entrada gratuita, de sexta a domingo. A grade de ensaios está sujeita a alteração.
10/01 – Sábado
17h30 – IMPERATRIZ DA PAULICEIA
18h30 – UNIDOS DE VILA MARIA
19h30 – MANCHA VERDE
20h35 – ACADÊMICOS DO TUCURUVI
21h40 – CAMISA VERDE E BRANCO
22h45 – NENÊ DE VILA MATILDE
11/01 – Domingo
17h30 – PRIMEIRA DA CIDADE LÍDER
18h30 – UNIDOS DE SÃO LUCAS
19h30 – INDEPENDENTE TRICOLOR
20h35 – IMPERADOR DO IPIRANGA
21h40 – AMIZADE ZONA LESTE
16/01 – Sexta-feira
20h30 – UIRAPURU DA MOOCA
21h30 – MOCIDADE ALEGRE
22h35 – IMPÉRIO DE CASA VERDE
17/01 – Sábado
17h30 – DOM BOSCO DE ITAQUERA
18h30 – BARROCA ZONA SUL
19h30 – ÁGUIA DE OURO
20h35 – ROSAS DE OURO
21h40 – TOM MAIOR
22h45 – GAVIÕES DA FIEL
18/01 – Domingo
17h30 – X-9 PAULISTANA
18h30 – COLORADO DO BRÁS
19h30 – DRAGÕES DA REAL
20h35 – ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO
21h40 – CAMISA 12
23/01 – Sexta-feira
20h30 – MORRO DA CASA VERDE
21h30 – VAI-VAI
22h35 – MOCIDADE UNIDA DA MOOCA
24/01 – Sábado
17h30 – UNIDOS DO PERUCHE
18h30 – UNIDOS DE VILA MARIA
19h30 – NENÊ DE VILA MATILDE
20h35 – MOCIDADE ALEGRE
21h40 – GAVIÕES DA FIEL
22h45 – BARROCA ZONA SUL
30/01 – Sexta-feira
20h30 – TORCIDA JOVEM
21h30 – DOM BOSCO DE ITAQUERA
22h35 – VAI-VAI
31/01 – Sábado
17h30 – CAMISA VERDE E BRANCO
18h30 – MANCHA VERDE
19h30 – ÁGUIA DE OURO
20h35 – ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO
21h40 – ROSAS DE OURO
22h45 – IMPÉRIO DE CASA VERDE
01/02 – Domingo
17h30 – TOM MAIOR
18h30 – COLORADO DO BRÁS
19h30 – ACADÊMICOS DO TATUAPÉ
20h35 – DRAGÕES DO REAL
21h40 – MOCIDADE UNIDA DA MOOCA
Ensaios técnicos
Os ensaios técnicos das escolas de samba se transformaram, ao longo do tempo, em um evento indispensável no calendário do Carnaval paulistano. Muito aguardados pelos sambistas mais apaixonados, esses ensaios são como um prelúdio do desfile oficial, mas sem as fantasias e alegorias completas. Para as escolas, é uma etapa crucial para testar e ajustar o planejamento do espetáculo. Já para o público que lota as arquibancadas, é uma chance de ter um gostinho do que está por vir, socializar e até escolher o melhor local para assistir aos desfiles oficiais. Os ensaios acontecem no sambódromo do Anhembi e são abertos ao público, com entrada gratuita.
Os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo retornam ao sambódromo do Anhembi nos dias 22 e 28 de fevereiro, 1, 2 e 8 de março. A entrada para assistir às agremiações do grupo de Acesso 2, no sábado, 22 de fevereiro, é gratuita. Garanta um lugar em www.clubedoingresso.com/carnavalsp/
Em uma entrevista ao CARNAVALESCO, o coreógrafo da comissão de frente do Salgueiro, Paulo Pinna, abriu o coração ao falar sobre a responsabilidade de homenagear Rosa Magalhães, considerada por muitos a maior carnavalesca da história do Brasil.
“É uma responsabilidade muito grande a gente falar sobre a maior carnavalesca brasileira que nós tivemos. Sou um coreógrafo novo e tenho memórias muito afetivas com a Rosa, de imagens marcantes do meu segmento. Ela e o Fábio de Melo mudaram a cara do meu segmento. Fiquei com aquele frio na barriga gostoso da responsabilidade que é falar sobre Rosa. É uma delícia embarcar nessa viagem louca, essa jornada louca que a carnavalesca viveu durante esses quase 50 carnavais”, contou Pinna, que assinou a direção coreográfica do tributo preparado pela vermelho e branco.
Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO
Emoção nos ensaios e conexão com a história de Rosa
O ponto alto da criação para o Tributo, segundo Pinna, veio quando reviveu um dos momentos mais icônicos da carreira de Rosa: a inesquecível comissão de frente dos piratas, da Imperatriz Leopoldinense em 2003.
“Homenageamos uma das comissões de frente dela. Sou fã de várias. A gente escolheu uma para poder representar com símbolos. Isso mexeu comigo porque eu vi uma comissão marcante que via durante muito tempo”, revelou, emocionado.
Pesquisa e mergulho no legado de Rosa
Para dar forma à homenagem, Paulo Pinna mergulhou em uma intensa pesquisa que envolveu conversas com antigas colaboradoras da carnavalesca, como Alessandra, assistente, e Andreia, escultora. “Elas falaram para a gente que a Rosa tinha muito carinho com a formação de Arte”, explicou.
A relação pessoal do coreógrafo com Rosa também reforçou a emoção do trabalho. “Eu trabalhei com a Rosa na Imperatriz, em 2022. Eu era diretor artístico da escola e o Thiago Soares era o coreógrafo. Lidei com ela durante momentos em que ela realmente marcava presença na comissão de frente. Ela tinha um xodó por esse segmento”, relembrou.
Promessa de um espetáculo inesquecível no Salgueiro
Com o coração tomado pela responsabilidade e pela inspiração, Paulo Pinna garantiu que o Salgueiro vai emocionar o público.
“Já estou estudando, e acho que a gente vai poder homenagear de uma forma muito legal e as pessoas vão reviver momentos muito bons”, prometeu.
O desfile da vermelho e branco promete unir emoção, memória e inovação, celebrando o talento de Rosa Magalhães e reforçando a tradição de grandes espetáculos do Salgueiro no Carnaval 2026.
Na noite deste domingo, a Acadêmicos do Tucuruvi escolheu o samba-enredo que representará a escola no Anhembi, no Carnaval de 2026. A final foi cercada de expectativa, pois foi a primeira realizada na nova quadra da agremiação, localizada na Rua Manuel Gaya. Por isso, a comunidade e os segmentos esbanjaram felicidade. A escola agora conta com uma nova casa, ampla e estruturada para receber eventos e ensaios da Cantareira. Quatro sambas-enredo estavam na disputa. Exceto o primeiro a se apresentar (Denis Moraes e cia.), todos os outros levaram torcidas que abrilhantaram ainda mais a festa. A obra campeã foi a última a subir ao palco: o Samba 7, de autoria dos compositores Fábio Jelleya, Maurício Pito, Felipe Mendonça, Matheus Nassar e Newtinho. A apresentação foi marcada por um grande contingente de torcedores, bexigas e bandeiras, com um canto forte.
A Tucuruvi será a terceira a desfilar no domingo de carnaval, pelo Grupo de Acesso I, com o enredo “Anti-herói Brasil”, desenvolvido pelo carnavalesco Nicolas Gonçalves.
“Não tem nada que explique. Eu sou abençoado. Tenho muita gratidão à escola, porque é o oitavo ano que participo de uma parceria que vai para a avenida, e a construção é sempre em conjunto. Tenho muito agradecimento aos meus parceiros e aos amigos que estão sempre juntos na caminhada. São oito sambas na escola do coração. Cada disputa é nova”, celebrou o compositor Fábio Jelleya, prata da casa e octacampeão de sambas-enredo na Tucuruvi.
Vencendo em casa
Jelleya também destacou o elo da parceria com a escola: “É indescritível. É a escola do coração do nosso time. Foi uma disputa acirrada com parceiros que também são amigos, mas a gente está muito feliz. Acho que conseguimos traduzir o enredo, esse sentimento do anti-herói, que é o mais importante. Só gratidão à escola, à diretoria e à comunidade… Que a gente volte para o nosso lugar”, disse.
Outro nome da parceria campeã, Maurício Pito, comemorou a vitória em casa: “A sensação é maravilhosa, de voltar para a Tucuruvi, que a gente considera nossa casa também. Foi onde começamos, há mais de 15 anos, a compor. Acho que esse momento que a escola está vivendo também é um chamado para quem tem carinho pela Tucuruvi estar aqui. E a sensação é maravilhosa”, afirmou.
Desafios da composição
O tema “Anti-herói” é amplo, mas tem como ponto de partida celebrar o povo brasileiro que vive em meio às contradições do país, utilizando figuras históricas como João Grilo e Macunaíma. A ideia é mostrar que os verdadeiros heróis do Brasil são os anônimos da sociedade. Jelleya comentou sobre o processo de criação do samba.
“Acho que foi um mergulho mesmo. Antes de começar a fazer o samba, ficamos uns 20 dias só estudando a sinopse. Tivemos uma descrição detalhada do enredo pelo Nicolas e pelo enredista Cleiton Almeida para entendermos a alma do anti-herói, porque o objetivo é levar para a avenida esse sentimento anti-heroico que está presente em cada um de nós e que também está ligado à Tucuruvi. São 50 anos de história. Foi um carnaval maravilhoso em 2025, que acabou sendo imperfeito, mas ficou no coração, como diz o refrão, e que a justiça seja feita à nossa emoção”, declarou.
Maurício reforçou que o objetivo foi seguir à risca o tema proposto: “A gente tentou seguir uma linha de entregar, logo de cara e de forma direta, o que é esse enredo: o enredo dos anti-heróis. A Tucuruvi também se coloca, em função do que aconteceu no carnaval passado, nessa posição de ‘anti’ — aqueles que têm um propósito legítimo e, muitas vezes, apesar das imperfeições, se conduzem por esse propósito. A maior parte dos brasileiros se identifica com isso. Acho que o nosso maior desafio é tentar entregar essa mensagem da forma mais clara possível”, revelou.
Pito também destacou seu trecho favorito do samba: “Acho que, a partir do trecho ‘Corre é Mil Graus’, a arquibancada vai reconhecer o herói que há em mim e em você. Porque isso resume muito esse enredo: os anti-heróis, aqueles que, apesar de falhos e de muitas vezes não terem o devido reconhecimento, são pessoas guerreiras e batalhadoras. Acho que essa parte, para mim, é a mais representativa do samba”, disse.
Visão do cantor: escolha certeira
O intérprete oficial da escola, Hudson Luiz, elogiou a capacidade da Tucuruvi de escolher ótimos temas, que resultam em grandes sambas.
“Grandes enredos geram grandes sambas, e acho que isso é natural. ‘Ifá’ em 2024 e ‘Assojaba’ em 2025 foram enredos incríveis, e o ‘Anti-herói’ também é um grande tema. Era natural que a safra fosse muito boa. Tivemos, hoje na final, quatro sambas maravilhosos, de grandes compositores que ganham vários concursos por aí. Fomos fazendo um processo para ver qual se enquadrava mais no nosso projeto, e chegamos à conclusão de que, na disputa, o Samba 7 era o que mais se encaixava. Nós estamos muito felizes pelas grandes obras que recebemos e pela escolha feita”, celebrou.
Hudson afirmou que o samba escolhido combina perfeitamente com seu estilo: “A gente vai estudando aos poucos, mas eu adorei interpretar. Na verdade, eu gravo todos os sambas, e adorei interpretar todos. Cada um com sua peculiaridade e sua característica. Mas fiquei muito feliz e confortável com esse samba, que tem uma melodia maravilhosa, passeia entre o tom menor e o maior, com um refrão do meio muito dançante. Fiquei feliz de poder receber esse samba, que caiu como uma luva para que eu possa fazer mais um bom desfile junto com a escola e, quem sabe, marcar o carnaval”, contou.
Mensagem do enredo sendo passada com sucesso
O carnavalesco Nicolas Gonçalves esbanjou felicidade ao comentar o samba vencedor. Segundo ele, a realização da final na nova quadra simboliza o crescimento da escola.
“É uma felicidade! É um enredo muito denso e complexo, e quando você vê os sambas traduzindo isso para as pessoas e elas se identificando, você sente que a mensagem chegou. Hoje foi bonito ver o povo abraçando esse samba. E o mais legal de tudo é se reconhecerem — e é isso que a gente quer: mostrar para o Tucuruvi que, apesar dos pesares, cada um aqui dentro é um anti-herói. E que está tudo bem não ser o herói campeão, porque às vezes é melhor ser esse anti-herói que faz as histórias acontecerem. É isso que o Tucuruvi vem fazendo. A escola está em uma crescente incrível, e fazer a final na quadra nova já deu uma emoção ainda maior. Agora é preparar o coração, porque vai ser emocionante, vai ser bom demais”, declarou.
Samba correto e um tema incrível
Rodrigo Delduque, vice-presidente e diretor de carnaval da escola, afirmou que todos ficaram satisfeitos com a escolha.
“É um passo bem dado, não só pela estrutura que está sendo mostrada para a comunidade, mas também pela escolha do samba. Um samba diferente do que se esperava, que supriu todas as nossas necessidades. É de uma parceria antiga da escola, que estava distante e agora voltou, conseguindo acertar. Agradecemos também a todas as parcerias que contribuíram. A parte musical da escola aprovou, os segmentos ficaram felizes. Assim, podemos idealizar um carnaval forte e de alto nível, em busca do que tanto almejamos”, disse.
Delduque também exaltou o enredo “Anti-herói Brasil”, idealizado pelo carnavalesco Nicolas Gonçalves, e elogiou seu trabalho.
“O Nicolas me surpreende a cada conversa. Quando ele trouxe o enredo do anti-herói para nós, foi difícil explicar, mas depois entendemos que não era só sobre o momento da escola, e sim sobre o momento do brasileiro. É um enredo extremamente inteligente, desenvolvido por ele e pelo Cleiton, no qual exaltamos o trabalho. O resultado é importante, mas exaltamos também o trabalhador do dia a dia, do nosso universo, que nem sempre volta com a vitória para casa, mas que não deixa de trabalhar e de correr atrás dos seus sonhos”, concluiu.
O domingo (14 de setembro) frio na Bela Vista, Centro de São Paulo, teve muita agitação popular e cultural no meio da rua. Instituição mais conhecida do histórico e boêmio bairro, o Vai-Vai realizou a final da eliminatória de samba-enredo da Saracura e elegeu o samba 06 do concurso, de autoria de Danni Almeida, Vagner Almeida, Marcinho Zona Sul, Anderson Bueno, Thiago de Xangô, Mário Lúcio, Luciano Bicudo, João 10, Xavier, Cris Viana e Tião, para embalar o enredo “Em cartaz: A saga vencedora de um povo heróico no apogeu da vedete da Paulicéia”, desenvolvido por uma Comissão de Carnaval. A agremiação será a sexta a se apresentar na sexta-feira de carnaval (13 de fevereiro), no Grupo Especial da cidade.
Sempre presente em eventos importantes para escolas de samba, o CARNAVALESCO esteve presente na final da eliminatória alvinegra, realizada na rua Rui Barbosa, no coração do Bixiga (região boêmia que não existe mais de maneira oficial nos mapas da cidade de São Paulo e é sempre exaltado pela agremiação., sendo absorvido pelo bairro da Bela Vista), e entrevistou alguns nomes para o desenvolvimento do desfile vaivaiense em 2026.
Retornado às conquistas
Um dos compositores campeões da eliminatória da agremiação, Marcinho Zona Sul resumiu o sentimento de muitos da parceria vencedora: “Cada vitória tem um gosto diferente. Essa já é a minha quarta vitória na escola, mas esse ano, especialmente, o nosso samba foi aclamado pela comunidade. Tem um gostinho diferente, porque a comunidade do Vai-Vai está precisando dessa energia e dessa união”, destacou.
Era perceptível o quanto o samba em questão, de fato, tinha a preferência da comunidade – ele foi o mais cantado enquanto se apresentava e teve boa recepção do público tão logo foi anunciado enquanto campeão, por exemplo. Em redes sociais e aplicativos de mensagens, muitos também falavam sobre a preferência por tal obra.
Marcinho, por sinal, foi o campeão das eliminatórias internas do Vai-Vai também nos anos de 2024 (“Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulista”), 2014 (“Nas chamas da Vai-Vai, 50 anos de Paulínia”) e 2006 (“São Vicente aqui começou o Brasil”).
Também na parceria vencedora em 2026 e 2024, Danni Almeida, outro compositor, começou a entrevista com a reportagem destacando um ponto de partida que trouxe algumas questões para os poetas: “Nós ficamos com uma dúvida no início: se iria ser um samba mais geográfico, sobre a cidade em si. Apesar disso, fomos para outras vertentes: falamos da luta do povo, da cidade e do pessoal que construiu a cidade”, destacou.
Danni aproveitou para elogiar a equipe responsável pela produção do desfile: “Acredito que é um enredo bem interessante e posso atestar a qualidade da sinopse. Foi tranquilo para escrevemos: nos encontramos umas três vezes e já fechamos a melodia junto com bastante parte da letra. Conversamos com a Comissão de Carnaval para ver se a gente estava no caminho certo e fomos felizes”, comemorou.
A equipe em si
Vale destacar que a Comissão de Carnaval do Vai-Vai para 2026 é composta por quatro nomes: Marcus Tibechrani, Tati Gregório, Renato Anveres e Gleuson Pinheiro. Em entrevista para o CARNAVALESCO no evento ”Carnaval de São Paulo como patrimônio: cidade, política, sociedade”, o último citado destacou a função de cada um deles no projeto: “A Tati é a enredista do Vai-Vai, assim como ela era nos carnavais anteriores, é uma continuação do trabalho – logo, a responsabilidade é dela nessa narrativa em questão. Eu e o Renato Anveres somos os responsáveis pelas alegorias – ele já era participava da direção de barracão, já tinha uma função de cuidar da realização, sobretudo, das estruturas dos carros alegóricos. Eu estou entrando para ser o responsável pelo projeto, desenvolvimento e todo o trabalho que se refere às alegorias, especificamente. Por fim, Marcus Tibechrani, o Marcão, cuida das fantasias. Essa é a divisão atual do trabalho”, detalhou.
Enredista aprova samba
Citada pelo companheiro de Comissão de Carnaval, Tati Gregório “Nós estamos muito felizes com as obras apresentadas! Percebemos que as parcerias conseguiram captar a mensagem da sinopse e a mensagem do enredo – em especial, é claro, o samba campeão”, pontuou.
A diversidade de finalista também foi comemorada pela profissional: “A gente teve, apesar de diferentes, sambas que condizem muito com o enredo, que condizem muito com a sinopse e que tem a cara do Vai-Vai. Viemos para uma final com três sambas muito bons, com três sambas de qualidade. Estamos muito felizes com o resultado desse processo de samba-enredo”, disse.
Mudanças
Em entrevista, Clarício Gonçalves, presidente do Vai-Vai, começou reafirmando o quanto a eliminatória teve alto nível: “Eu posso dizer que, dentro dessas três obras, eu agradeço primeiro a todos os compositores que fizeram alguma canção. É lógico que, dessas obras ficaram três – e, graças a Deus, todas elas estavam dentro do contexto, dentro da sinopse – e é claro que o samba campeão teve um destaque extra”, afirmou.
Pouco depois, ele fez menção a uma novidade em uma escola quase centenária: “Quem decidiu, pela primeira vez, foram os nossos jurados: é um modelo diferente, cada um representando a nossa comunidade. E, esse ano, teve um diferencial: nós ouvimos todas as alas e todo mundo opinou em relação ao samba que tem preferência. Eu acredito e digo com certeza: a voz do povo é a voz de Deus. Tenho certeza que a nossa escola foi a melhor”, comentou.
Perguntado sobre mais detalhes dessa ‘primeira vez’, o mandatário vaivaiense foi mais detalhista: “Nesta nova dinâmica que fizemos nesse ano, votaram pessoas de cada setor da escola. O diferencial que tivemos é fazer com que todos os diretores de alas e diretores de departamentos, que são lideranças, consultassem o seu grupo e vissem qual samba foi de sua preferência. Eles fizeram uma votação entre eles que, depois, foi ouvida por meio do voto de um jurado na nossa apuração final. É lógico que, dentro desse contexto, a comissão de carnaval, junto com os jurados, fez uma análise para verificar se todas as canções estavam dentro da sinopse. Depois dessa dinâmica, tenho certeza que venceu a melhor canção”, explicou.
Números para ratificar
Luiz Felipe, intérprete da Saracura, foi mais um a destacar o quanto gostou das obras finalistas e do samba campeão, mas utilizou alguns dados para se basear: “Recebemos quinze sambas, desses quinze ficaram cinco e, desses cinco, passaram os três melhores. Nossa safra de samba-enredo foi boa – melhor que o do ano anterior, diga-se. A nossa intenção é sempre essa. Estamos com três obras de nível Vai-Vai. Mas, como dizia Beth Carvalho: samba-enredo só ganha um”, finalizou.
Mais que a final
Desde a metade da tarde de domingo até o meio da noite, o Vai-Vai deu uma mostra do quanto pode mudar completamente a rotina do Centro de São Paulo. O evento foi inteiramente realizado na rua Rui Barbosa, espaço dominado por restaurantes e bares. O público, é claro, curioso, começou a tomar todo o local – tornando a festa ainda mais popular.
A primeira atração foi o pagode da ala dos compositores do Vai-Vai, seguidos pelo esquenta da bateria e com shows de segmentos – como casais de mestre-sala e porta-bandeira, destaques e comissão de frente, sempre embalados pelo sem fim de sambas-enredo e sambas-exaltação históricos da Saracura.
Também houve tempo para Rosiane Pinheiro, nova madrinha da Pegada de Macaco, bateria da agremiação, ser apresentada à comunidade; bem como para todos os presentes se despedirem de “O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem”, samba vaivaiense de 2025; e para a troca do pavilhão de enredo acontecer.