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Do renascer das cinzas à primeira a chegar no Anhembi: a redenção da Primeira da Cidade Líder

Na noite da última quarta-feira, a Primeira da Cidade Líder foi a primeira escola de samba a levar seus carros alegóricos para o Sambódromo, onde no dia 22 de fevereiro desfilarão pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo. Mais do que as horas madrugada adentro para realizar o transporte, a data ganha um significado ainda mais especial levando em consideração que há cerca de dois meses a agremiação perdeu todas as alegorias e adereços em um incêndio. Depois de renascer das cinzas, a escola mostrou que a força de sua comunidade é maior que qualquer tragédia, chegando no Anhembi carregada não apenas de alegorias, mas também de esperança e fé.

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Fotos: Lucas Sampaio/CARNAVALESCO

Momento de redenção

Os trabalhos realizados na Fupe tiveram a ajuda de integrantes da Cidade Líder, amigos compositores que assinam o samba da escola para 2025 e a presença do homenageado do enredo, Pai Tinho, que fez questão de acompanhar a chegada das alegorias na concentração do Anhembi. A conclusão desta etapa marcante do processo de redenção da Líder foi acompanhada pelo CARNAVALESCO, que conversou com o diretor de carnaval Rodrigo Minuetto sobre o sentimento de ver o trabalho de reconstrução enfim indo para o Sambódromo.

“Com lágrimas no rosto, é uma alegria conseguirmos. Não está fácil ainda porque ainda estamos com muita dificuldade financeira. Nós perdemos todas as alegorias e tivemos que gastar um dinheiro muito maior do que imaginávamos que gastaríamos para refazer, mas é uma emoção gigante. Nós só temos a agradecer a todos que ajudaram, as escolas que prestaram apoio, aos fornecedores que prestaram apoio, que nos ajudaram de uma certa forma, deram materiais, diminuíram o custo do material para nós, ajudaram dessa forma. Nós temos muitas pessoas que ajudaram, então só assim que vamos conseguir chegar. E a equipe que conseguimos montar para fazer o carnaval também, refazer esse carnaval todo em um mês e meio e o resultado é esse. As pessoas que forem ao Anhembi no fim de semana já vão acompanhar, se Deus quiser, as nossas alegorias já montadas e no sábado já dando retoques para no dia 22 nós estarmos passando, se Deus quiser, maravilhosamente bem”, declarou emocionado.

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Os desafios encarados pela Primeira da Cidade Líder vão além de simplesmente reconstruir as alegorias. Os custos envolvidos em torno de tudo que aconteceu são elevados e geram receios quanto ao futuro, e para Rodrigo o resultado do carnaval de 2025 pode ser determinante para os anos seguintes da escola.

“É o que eu costumo falar para o nosso povo: esse ano está sendo muito difícil financeiramente e a escola está quebrada financeiramente então como o nosso enredo de Oxóssi, nós só temos uma única flecha e ela tem que ser certeira, igual a de Oxóssi. Nós precisamos vencer, a escola precisa vencer para no próximo ano pelo menos conseguirmos equilibrar as contas. Se não conseguirmos vencer esse carnaval, vai ser muito difícil para nós nos próximos anos, financeiramente, para conseguirmos colocar a escola na pista de novo, pode acarretar muitos problemas futuros para a nossa escola. Eu não sei para o resultado do carnaval nos outros anos, eu não sei como que pode ser, mas a luta é essa, faz parte do carnaval”, afirmou.

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Rodrigo citou que nesta quarta também ocorreu um incêndio que destruiu as fantasias de três escolas de samba no Rio de Janeiro. O diretor fez um paralelo com o que aconteceu com a Cidade Líder e aproveitou para agradecer as coirmãs que cederam materiais para a reconstrução das alegorias da escola.

“Muitas escolas já pegaram fogo, inclusive hoje no Rio de Janeiro três escolas perderam suas fantasias. Eu acredito que perder as fantasias seja até pior do que as alegorias porque alegorias com um mês e meio você consegue reconstruir igual nós conseguimos, agora fantasia, dependendo da quantidade, não consegue refazer. Isso é muito triste, nós também sentimos muito a dor deles porque além de perder os carros, nós perdemos o galpão também, que nem é nosso, e vamos precisar pagá-lo. Nós tivemos um prejuízo de mais ou menos R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão por causa do galpão, que precisamos reconstruir porque não é nosso, é de uma outra escola de samba. Tem as alegorias, que infelizmente nós perdemos. Não temos mais os carros, eles já foram até cortados, torceram todos os ferros, não tem mais nada. Nós vamos desfilar esse ano com carros emprestados das escolas coirmãs, inclusive de uma que disputa junto conosco. É melhor eu não citar nenhuma escola para não ser injusto com ninguém, mas a todo mundo nós só temos a agradecer de coração, como foi no nosso ensaio técnico, com o discurso emocionado que nós fizemos e tenha certeza de que hoje também é um dia emocionante para nós”, comentou.

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A Cidade Líder optou por focar integralmente nos trabalhos de reconstrução para conseguir realizar os trabalhos com sucesso. O diretor exaltou o compromisso da comunidade neste momento de redenção, relembrando o desempenho da escola no ensaio técnico realizado no Anhembi.

“Hoje cedo o Guilherme Cruz, parceiro nosso de samba-enredo, mandou no nosso grupo umas imagens inéditas do nosso incêndio, que só ele tinha feito no dia, e falou: ‘rapaziada, hoje é o dia de vocês, vão lá e arrebentem!’. Por isso que eu estou emocionado, mas é isso. Nossa ideia foi apenas trabalhar, trabalhar, trabalhar para conseguir acabar. Ainda não estamos totalmente prontos, ainda tem umas pinturas para fazer, mas nós estamos preparados. Chegou o nosso ano, nós estamos preparados para chegar no Grupo de Acesso 1. Nós estamos nesse grupo há seis anos, a escola está preparadíssima. Fizemos um grande ensaio técnico, foi bom demais! A escola está cantando, nós estamos ajustando só as coisas que precisam ajustar, inclusive sábado nós temos mais um ensaio de ala em que vamos fazer uns testes. Podem esperar uma Líder madura para chegar no Grupo de Acesso 1 e se Deus quiser ficar lá para se preparar para ir para o Grupo Especial. Nós vamos chegar lá com muita fã em Deus”, disse.

Dia do incêndio: a salvação dos Exus

Rodrigo Minuetto explicou para a reportagem o que aconteceu no dia do incêndio no barracão das alegorias da Primeira da Cidade Líder. O diretor agradeceu a um funcionário que estava presente no local e conseguiu se salvar sem ferimentos.

“Houve uma perícia no local e foi comprovado que foi uma pane elétrica, curto-circuito dos fios. Nós não sabemos se a voltagem não suportou as máquinas de solda, dessas coisas, e acabou que esquentou os fios, derreteu eles e começou a pegar fogo, foi isso que aconteceu no barracão lá. Nós saímos de lá, inclusive estava eu e o Murilo, saímos de lá e o incêndio, uma hora depois, acordou o nosso parceiro. Quero aproveitar e mandar um beijo para o meu amigo Edinho, que é um dos nossos parceiros aqui da escola e que estava lá no local, ele estava dormindo lá no dia. Ele acordou xingando os caras achando que tinham deixado a luz ligada, só que os caras não deixaram a luz ligada. Quando ele saiu para ver, era um incêndio que estava consumindo o barracão todo. Graças a Deus ele está vivo e está conosco aqui hoje. Nós só temos a agradecer ao Edinho, graças a Deus ele está vivo. Graças a Deus ninguém ficou ferido, isso que é o mais importante, e graças a Deus a escola conseguiu superar. Nós vamos fazer um desfile de superação mesmo. Com toda a dificuldade que ainda estamos sofrendo, nós vamos fazer um desfile de superação”.

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Mesmo diante da tragédia, Rodrigo fez um relato surpreendente do que encontrou quando pôde enfim entrar no local e constatou que as fantasias armazenadas não foram afetadas.

“O incêndio foi no dia 4 de dezembro e o nosso planejamento era de entrega no dia 20 de dezembro. Naquela semana já estávamos em processo de finalização do Abre-alas e íamos entrar para o processo de finalização do segundo carro. Nós íamos virar o ano com as duas alegorias totalmente prontas já, estava tudo muito tranquilo. Para nós um baque, um choque porque você estar com duas alegorias prontas… Quando eu chego no barracão eu olhei pelo lado de fora porque o bombeiro não nos deixou entrar. Eu olhei para dentro e falei: ‘meu Deus’. Só torci para o Abre-alas não ter queimado, torci muito. Falei: ‘meu Jesus Cristo, tomara que o Abre-alas não tenha queimado’. A única coisa que não queimou por completo no Abre-alas foram os Exus que tinham na frente. Foram esses Exus que não deixaram pegar fogo na parte da frente do barracão, das outras coisas que tinham fantasias e tudo. Foram esses Exus, nas costas deles, que seguraram. Derreteram a escultura inteira, mas os rostos das esculturas ficaram intactos. Do fundo delas para trás os dois carros estavam totalmente queimados. Para nós foi um baque, um choque”, revelou.

O processo de reconstrução das alegorias da Primeira da Cidade Líder procurou seguir as ideias do que a escola concebeu no projeto original, conciliando com os recursos oferecidos por outras escolas. Rodrigo destacou o carinho com o qual a equipe de barracão cuidou de todo o processo que resultou nos carros que partiram nesta quarta-feira para o Anhembi.

“Fomos conversar com a Liga, ela prestou apoio e falou: ‘vocês vão fazer o carnaval, vão disputar’. Vamos lá então, vamos refazer o projeto. Começamos o projeto no mesmo dia, e aí vem aquele lance: o que dá para reaproveitar do que queimou? E aí nós fomos. Tivemos vários parceiros que nos ligaram, várias escolas. A Liga e tanto as escolas da Liga quanto as escolas da UESP ligaram para nós. Nós refizemos o carnaval em cima do que conseguimos pegar das outras escolas. Nós tentamos manter as idéias originais dos dois carros. O Abre-alas nosso é a África, o reino de Queto, e o último carro é Oxóssi renascendo nas matas do Brasil, é uma grande mata, vai ser um carro muito bonito onde vem a escultura de Oxóssi. Pegamos as esculturas das pessoas que nos ajudaram e refizemos o projeto em cima do que conseguimos. Os outros dois carros eram lindos também, mas o carinho foi bem diferente da gente fazer, o gosto foi bem diferente de fazer esse carnaval. Eu acho que a dificuldade fez com que a equipe também trabalhasse com mais amor. Nós precisamos conseguir esse lance da superação, foi isso que motivou todo mundo”.

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O diretor aproveitou para agradecer a toda a equipe da Primeira da Cidade Líder que participou desta redenção a qual a escola conseguiu alcançar.

“Eu quero agradecer a equipe também, que é a equipe de serralheria, equipe de madeira, a equipe de forração, de decoração. O nosso carnavalesco Cristiano Oliveira também que ficou enlouquecido, ele ainda está pirado. Hoje as alegorias estão saindo aqui e ele acabou de me perguntar: ‘você tem certeza de que não está precisando de nada? Você tem certeza de que o carro está legal? Eu estou preocupado de prejudicar vocês’. É a estreia do Cristiano no carnaval da Liga, ele sempre fez escolas da UESP. O Cristiano, além dele ser carnavalesco, ele é médico, olha que loucura! É a estreia dele, já dá para ele estrear no Especial, já fez quatro carros! Já dá não, senão vão ficar de olho no meu carnavalesco. Também quero agradecer o nosso carnavalesco Ewerton, que em todo momento esteve conosco no projeto nas ideias, nunca nos abandonou também, a equipe primordial. Meu irmão é um cara que até me emociono de falar, que é um cara guerreiro pra caramba, não deixa a barca cair. O cara que me enche o saco, parece até que é meu chefe, mas é um cara que é guerreiro também. Nosso presidente Mário, nossos parceiros compositores também, os caras não abandonaram a barca em nenhum momento. É isso, agradecer todo mundo que ajudou, sem exceção, igual foi no nosso ensaio técnico. Nós não temos palavras para agradecer. Obrigado por tudo. Vai dar tudo certo, se Deus quiser. Como o Oxóssi, a flecha tem que ser certeira, não tem para onde correr”, disse.

Um recado de Rodrigo Minuetto para a comunidade da Primeira da Cidade Líder

“Quero mandar um recado para todo mundo. Agradecer pelo ensaio que fizemos, por tudo que vocês fizeram por nós depois do incêndio, pelo que já faziam por nós em todos esses anos. Agora depois do incêndio, todo mundo deu a mão, se uniu e foi. Fizemos um baita de um ensaio, nós estamos reforçando o que dizemos no ensaio, arrumando o que achamos que tem que arrumar, e podem ter certeza: a Cidade Líder está madura e nós estamos preparadíssimos para chegar no Grupo de Acesso 1. Chegou a nossa hora, nós sentimos a cada segundo que passa que chegou a nossa vez. Chegou a nossa hora e nós vamos fazer o possível e o impossível, respeitando todas as escolas, para conseguir o campeonato. Essa é a nossa ideia, ganhar esse carnaval, na força do Ofá de Oxóssi, se Deus quiser”, concluiu com determinação.

Portela dá flores em vida à Milton Nascimento em ensaio emocionante com a presença do cantor

Na noite da última quarta-feira, a Portela fez uma procissão emocionante para Milton Nascimento. O cantor, carinhosamente chamado de Bituca, esteve na quadra da escola, localizada na rua Clara Nunes, em Madureira, para o ensaio da azul e branco. Ele chegou acompanhando do filho, Augusto Nascimento, e foi ovacionado pelo público na sua entrada no palco.

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Fotos: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

Antes do início do ensaio, Bituca cantou para a comunidade portelense clássicos do seu repertório como “Maria, Maria” e “Nos Bailes da Vida”, canção cuja letra dá nome ao enredo desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Toin Gonzaga. A noite ainda foi marcada pela emocionante interpretação de Gilsinho da canção “Travessia”, que encheu d’água os olhos de quem estava presente. Emocionada, a Portela ofereceu flores em vida e de corpo presente a um dos maiores cantores da música popular brasileira de todos os tempos.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Augusto Nascimento, filho de Bituca, expressou a emoção do pai em receber a homenagem da Portela. “É uma das maiores homenagens que ele já recebeu nos mais de 60 anos de carreira. Isso aqui coroa tudo o que ele construiu. Estamos todos muito emocionados”, declarou.

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Ele também comentou sobre o recente episódio em que Milton teve o acesso negado no salão principal da festa de premiação do Grammy Award, destacando que a homenagem da Portela supera qualquer reconhecimento internacional. “Isso aqui é muito maior que o Grammy, sempre vai ser, isso aqui é carnaval. Aqui é o Brasil pulsando, é o verdadeiro significado de tudo o que sempre moveu e continua movendo ele a vida toda”.

Tia Surica, matriarca e presidente de honra da Portela, também compartilhou sua alegria em ver Milton sendo homenageado. “É mais do que importante que ele receba essa homenagem, porque ele tem que receber flores em vida. Milton Nascimento sempre foi um bom cantor e um bom compositor, e com a minha Portela o homenageando, eu fico mais lisonjeada”, afirmou.

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O presidente da escola, Fábio Pavão, deu as boas-vindas ao artista mineiro: “É uma honra para mim, é uma honra para a Portela estar recebendo nesta noite Milton Nascimento”, disse no microfone abrindo a noite de ensaio.

Sentado em uma poltrona azul, o artista acompanhou a procissão da Portela no palco, emocionando-se diversas vezes junto com os portelenses. Sem dúvida, o momento de maior emoção foi quando Gilsinho cantou “Travessia”, parceria de Milton com Fernando Brant, levando o público às lágrimas.

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No refrão, o intérprete convidou todos os presentes a soltarem a voz, transformando o momento em uma grande celebração. “Estamos dando flores em vida, graças a Deus. Ele vai desfilar com a gente e merece demais essa homenagem. Vamos fazer de tudo para que seja algo que ele nunca se esqueça”, prometeu Gilsinho.

Outro momento comovente foi protagonizado pelo casal Marlon Lamar e Squel Jorgea, que apresentou o pavilhão portelense ao homenageado. O mestre-sala brincou dizendo que o cantor foi o jurado mais difícil para quem já se apresentou: “Acho que o Milton foi o jurado mais difícil que enfrentamos até hoje. Estamos emocionados com a presença dele aqui. Ver a Portela alegre assim é uma verdadeira procissão ao samba de uma escola centenária”.

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Squel, por sua vez, não escondeu a admiração por Bituca: “Eu sou fã do Milton. E, para mim, foi uma emoção recebê-lo em casa, dançar para ele, receber a energia incrível que esse homem tem, ter essa troca de energia nos alimenta e nos dá mais ânimo para caminharmos rumo ao nosso desfile. Ele já está sendo homenageado pelo povo brasileiro do jeito que merece, com respeito, tendo o lugar de destaque que merece, dane-se o Grammy!”.

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A emoção tomou conta de todos os componentes da escola. Cassio Sales, de 34 anos, da Ala 27, compartilhou sua alegria: “A Portela é uma escola tradicional e o Milton é uma lenda viva. Homenageá-lo em vida é um privilégio. Quando eu o vi sentado no palco, foi uma honra indescritível. Ouvir a voz dele aqui na quadra da Portela é algo que levarei para sempre”.

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Já Elis Regina, de 39 anos, da ala 19, não conteve as lágrimas: “O samba traz muita emoção. Quando a quadra começou a cantar ‘Quem acredita na vida’, foi a coisa mais linda. Chorei muito quando o Milton começou a cantar”.

Bianca Monteiro, rainha da “Tabajara do Samba”, resumiu o sentimento de celebração da noite: “Foi lindo demais ver Milton cantando para a nossa comunidade. Sabemos que não é fácil para ele, mas ele abraçou a todos nós. Foi a cereja do bolo que faltava para nossa emoção ser ainda maior. Milton é emoção, é amor. Suas músicas tocam profundamente na nossa alma”.

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A noite foi, sem dúvida, um marco na história da Portela e na carreira de Milton Nascimento, celebrando a vida e a obra de um ícone da música brasileira. Dando flores em vida, a maior campeã do carnaval honra o legado de Bituca incorporando a força, a raça, os sonhos e a gana de quem tem a estranha mania de ter fé na vida.

Paes visita fábrica que sofreu incêndio e fala sobre trabalhadores: ‘Não devia ser mais admissível as pessoas trabalharem nessas condições’

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, visitou a fábrica da Maximus Confecções, que sofreu um incêndio, na manhã desta quarta-feira, e deixou 21 pessoas feridas. As escolas de samba da Série Ouro, como Império Serrano, Ponte e Bangu, perderam suas fantasias para os desfiles do Carnaval 2025.

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“O carnaval das três escolas (Império Serrano, Bangu e Ponte) já fiz o post explicando a decisão que tomamos. Elas não vão disputar o campeonato e não vão ser rebaixadas. Só essas três. O resto fica a regra normal. Conversei com o presidente da Série Ouro, desde cedo venho falando com ele e tomamos essa decisão. As escolas trabalham o ano inteiro. Busquei tranquilizar, saem da competição, vão desfilar e vamos tentar dar condições. Já vivemos isso na Cidade do Samba (2011) e que trouxe apenas transtornos materiais, que mostra a importância de estar legalizado e dentro dos critérios adequados”, afirmou.

Paes citou que as obras da Cidade do Samba 2, na região da Leopoldina, ainda está em fase inicial e que tentou acelerar para entregar antes do carnaval do ano que vem.

“A obra da Cidade do Samba 2 está em uma fase inicial. Vamos tentar acelerar para não termos esse problema no ano que vem. Não devia ser mais admissível as pessoas trabalharem nessas condições. É um absurdo. Vai resolver a Série Ouro, mas o problema é mais grave. Temos vários grupos de acesso na Intendente Magalhães e elas não vão ter esse espaço. Não sabemos nem quantos lugares podem ser parecidos como esse na cidade nesse momento. Vou pedir para Série Ouro informar isso para que a gente tenha o olhar mais atento. A gente sabe que existe necessidade de espaços. Temos que ter uma ação em conjunto com ligas para que a gente possa ter a responsabilidade por parte deles para sabermos da existência desses galpões”.

Eduardo Paes ressaltou a rapidez do Corpo de Bombeiros como fundamental para salvar diversas vidas no incêndio.

“Estava em Brasília, peguei o primeiro voo que pude para o Rio, a primeira coisa é parabenizar o Corpo de Bombeiros. Se não fosse a rapidez que chegaram a tragégia poderia ter sido muito maior. As pessos ficaram presas em determinado lugar e a agilidade dos Bombeiros salvaram muitas vidas. Estamos dando toda assistência aos feridos nos hospitais da cidade. Nossa equipe de Assistência Social está auxiliando as famílias e a prioridade é que as pessoas possam ter suas vidas salvas e preservadas”, comentou.

O prefeito também falou sobre a situação da empresa e a concessão de alvarás por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro.

“A empresa tinha o alvará e as pessoas tem a responsabilidade de estar em dia com o Corpo de Bombeiros e só eles podem falar se estava em dia ou não. O imóvel vi que é uma cena assustadora. Está tudo queimado. Os Bombeiros conseguiram preservar muita coisa, inclusive, algumas fantasias, mas ainda não sei o que. O foco é salvar vidas. A legislação flexibiliza e as pessoas podem empreender. Nenhum órgão vai conseguir fiscalizar tudo. As responsabilidades vão ser apuradas e a punição tem que ser muito grave para quem criou isso. Não tem como adiantar nada, isso vai ser apurado ao longo do tempo”. .

Tradição e tributo: Camisa Verde e Branco afina últimos detalhes para o Carnaval 2025

Na reta final dos preparativos para o Carnaval 2025, o Camisa Verde e Branco une legado e emoção em seu desfile. Em entrevista ao CARNAVELESCO, Jeyson Ferro, mestre de bateria do Trevo da Barra Funda e líder da Furiosa desde 2021, destacou a fusão entre a homenagem ao poeta roqueiro Cazuza e a preservação do DNA rítmico da escola, herdado de gerações.

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Legado da batida

Com passagens anteriores como mestre entre 2008 e 2013, Ferro reforçou a importância da batida característica da agremiação, consolidada na década de 1990 por seu tio Neno. “Essa batida de caixa do Camisa já vem lá de trás, vem com o meu Tio Neno, em 1990. Foi na transição do Divino, ele assumiu a bateria. Se não me engano, já tinha essa batida, que virou a característica da escola. Graças a Deus, quem passou antes e depois de mim vai manter essa identidade, o DNA da casa”, explicou, enfatizando o compromisso com as raízes que definem o som da Furiosa.

Cazuza no coração do enredo

O tributo a Cazuza, um dos maiores ícones da música brasileira, foi destacado por Ferro como um marco emocional. A escolha do tema promete levar à avenida não apenas a história do cantor, mas também a paixão que sua obra inspira na comunidade do samba. Fã declarado do artista, o mestre não escondeu o orgulho de integrar o projeto: “Sou suspeito de falar de Cazuza, porque eu sou fã. Graças a Deus, estou muito feliz por participar desse enredo”.

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Com o objetivo de repetir os 40 pontos no quesito bateria – conquista que contribui para colocações de destaque no Grupo Especial –, Ferro ressaltou a disciplina da equipe: “Vamos trabalhar muito, é o nosso objetivo. Temos que nos concentrar para tudo dar certo, fazer a nossa parte na pista. Que Deus vai abençoar”. A afirmação reflete o clima de determinação que permeia os ensaios, mesclando técnica e devoção.

Enquanto finaliza os ajustes, o Camisa Verde e Branco carrega nas costas a responsabilidade de honrar duas histórias: a de Cazuza, eternizado em versos e melodias, e a da própria Furiosa, cuja batida ecoa há décadas como sinônimo de resistência cultural. Na bagagem, a promessa de um desfile que vai além do espetáculo – é um recado de tradição, orgulho e samba no pé.

Salgueiro intensifica preparação para o Carnaval 2025 com ensaio no Setor 11 em busca da décima estrela

Na última terça-feira, o Salgueiro realizou um ensaio especial no Setor 11 da Passarela do Samba, comandado pelos mestres Gustavo e Guilherme, com a presença da rainha Viviane Araújo. O treino contou com a bateria “Furiosa”, o carro de som, a ala de passistas e os segundos e terceiros casais de mestre-sala e porta-bandeira.

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Os mestres destacaram a importância do ensaio, realizado na semana do treino técnico da escola no Sambódromo. Guilherme explicou: “Sempre marcamos este ensaio no Setor 11 antes do técnico. Quando vamos para a rua, não levamos a bateria inteira, e sim cerca de 180 ritmistas. Este ano, estamos trazendo os atabaques, mas não conseguimos levar todos para as ruas devido ao espaço apertado. Aqui, nesta dimensão em que todos cabem, andamos em linha reta, entramos no boxe e saímos. Este é o único ensaio antes do técnico. A importância é reunir todos, ver como as coisas funcionam na pista e colocar a galera para tocar”.

Gustavo complementou: “O ensaio na quadra ou nas ruas tem limitações. Aqui, ajustamos a distribuição das filas, a sonorização e a interação com o samba-enredo. É o momento de consolidar tudo para chegarmos ao ensaio técnico e ao desfile com segurança”.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

A dupla também detalhou o que se pode esperar da bateria nas bossas ao longo do samba. Guilherme ressaltou: “Nosso enredo aborda elementos regionais do fechamento do corpo em várias partes do Brasil, desde o candomblé e a umbanda até o legado de Lampião. Essas referências nos inspiram a criar e explorar ritmos”.

Gustavo acrescentou: “As bossas são um destaque da ‘Furiosa’. Analisamos as referências musicais do samba e respondemos a elas. Como o enredo percorre rituais de fechamento de corpo pelo país, abordamos cada trecho de forma única. Na parte que menciona os malês (muçulmanos negros), inserimos um ritmo norte-africano. No refrão do sertão, entramos com baião e maracatu. Na seção do ‘Salve seu Zé’, evocamos um terreiro de macumba”.

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O intérprete Igor Sorriso também marcou presença no ensaio. Além de destacar a importância do “reconhecimento do campo”, ele comentou o reconhecimento do trabalho no Torrão Amado: “É um ensaio crucial para alinhar espaçamentos, distâncias e testar a sonorização. Sou grato pela oportunidade. Fui muito bem recebido e estamos trabalhando em conjunto. Para colocar o Salgueiro no topo, todos os setores precisam entregar excelência, não apenas indivíduos”.

Os mestres Gustavo e Guilherme também mencionaram o carinho da nação salgueirense pelo comando da “Furiosa”. Guilherme disse: “É uma realização. Entramos como mestres há pouco tempo, mas crescemos na escola. Ficamos felizes com a recepção calorosa. Ver o público querendo fotos e desfilar conosco mostra que o trabalho está dando certo”.

Gustavo refletiu: “É gratificante. Alguns me viram nascer, outros cresceram comigo, e há os que me conhecem há cinco anos. O respeito é igual para todos. Tratamos todos com humanidade, e o carinho é recíproco”.

Alemão do Cavaco, diretor musical, enfatizou a importância do ensaio no Setor 11: “Temos poucos momentos para corrigir detalhes. Ensaio é para isso: acertar, criar ideias e testá-las. Na quadra ou na rua, não há essa liberdade. Sobre o Igor: é um profissional talentoso e dedicado. Quanto à ‘Furiosa’, Gustavo e Guilherme são parceiros excepcionais. A bateria mantém o DNA do Salgueiro, mas se renova com jovens talentos”.

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Sobre o samba-enredo (um dos mais tocados em streaming), as expectativas são altas. Igor Sorriso declarou: “Este samba já é aclamado, mas vai superar expectativas. Será o mais cantado do Carnaval e uma explosão de alegria na Sapucaí”.

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Alemão do Cavaco acrescentou: “Está viralizado: é poético, melódico e tem a força do Salgueiro. Um samba completo”.

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Guilherme finalizou: “O samba é forte, o enredo também. A escola está harmoniosa. Ver seu sucesso nas redes nos dá energia para buscar a décima estrela”.

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Gustavo encerrou: “Muita força, ritual e fechamento de corpo. Com fé, o Salgueiro virá forte pela décima estrela”.

Cumplicidade e profissionalismo, casal da Estrela do Terceiro Milênio ressalta apoio da comunidade

Reconhecida pela energia contagiante e pela tradição de reunir milhares de pessoas em seus eventos, a Estrela do Terceiro Milênio levará para a avenida, no sábado de desfiles do Grupo Especial de São Paulo, o enredo “Muito Além do Arco-Íris!”, prometendo um espetáculo de cores, inovação e identidade comunitária. Confiante no comprometimento dos integrantes, o primeiro mestre-sala, Arthur Santos, expressou ao CARNAVALESCO sua gratidão por fazer parte dessa comunidade acolhedora.

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Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“Preciso falar que eu sou muito agraciado com as comunidades, com as famílias que eu ganho dentro do mundo do carnaval. E a Estrela do Terceiro Milênio não foi diferente, totalmente acolhedora. Virei neto das baianas, filho das tias da harmonia. É um entrelaço, que vocês não têm noção da proporção. Com toda certeza eles vêm com essa energia regada de amor, de felicidade e para mostrar serviço. É uma comunidade que tem sangue, sangue quente pra mostrar pra que veio”, declarou.

Nos últimos anos, a agremiação tem se destacado pelo luxo e pela eficácia no quesito fantasia, especialmente no trabalho desenvolvido para o casal de mestre-sala e porta-bandeira. A porta-bandeira Waleska Gomes adiantou que a escola trará elementos visuais inéditos, incluindo uma paleta de cores surpreendente.

“Tenho que tomar muito cuidado porque eu sou geminiana, eu não consigo não contar as coisas (risos). Adoro conversar! Chega por aqui, porque senão a escola me mata. Mas é uma coisa diferente e que vocês nunca viram, eu e o Arthur. E uma cor também bem diferente, vocês vão gostar”, afirmou Waleska, deixando no ar a expectativa sobre as novidades.

A dupla Arthur e Waleska, que está no segundo ano de parceria, tem conquistado não apenas a ‘comunidade da Coruja’, mas também aos admiradores do carnaval paulistano. Sua criatividade coreográfica e o sincronismo são elementos que encantarão na avenida. Waleska aproveitou para compartilhar suas perspectivas sobre o regulamento do quesito, destacando aspectos que poderiam ser revisados no futuro.

“O que eu mudaria é um pouco complexo. Teriam algumas coisas que eu mudaria. Mas para as minhas mudanças, a gente teria que mudar toda a estrutura do carnaval, porque eu gostaria que o casal fosse julgado em frente ao módulo. Portanto, para isso acontecer, a gente teria que ter uma mudança muito grande no nosso formato, e eu entendo que é bem complexo. Também gostaria que questões como vento e coisas que não são pertinentes à dança fossem vistas de outra forma”, explicou.

O primeiro casal é um dos grandes destaques da escola. Com uma parceria marcada por muita cumplicidade e profissionalismo, eles têm se consolidado como uma das duplas mais promissoras do carnaval paulistano. Arthur, com sua elegância e postura, e Waleska, com sua leveza e força como porta-bandeira, formam um time que cativa tanto a comunidade quanto o público. Juntos, eles não apenas exibem técnica e criatividade, mas também transmitem emoção em cada movimento, representando com orgulho o pavilhão da ‘Estrela’ e fortalecendo ainda mais a conexão com a comunidade do Grajaú.

Mulheres levam carimbó para a bateria da Grande Rio e unem o samba à tradição paraense

Quem acompanha os ensaios da Acadêmicos do Grande Rio pode ter notado a presença de dois instrumentos incomuns na bateria do mestre Fafá: o curimbó e o maracá. Esses sons típicos da cultura amazônica, especialmente do Pará, ganharão destaque em uma das bossas do samba que será entoado na Marquês de Sapucaí pela escola de Caxias.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Ao todo, são seis ritmistas — todas mulheres. Juntas, elas integram o grupo Aturiá, formado em 2019 com o objetivo de estudar o carimbó e incentivar o protagonismo feminino. Segundo Fafá, o convite surgiu após a gravação da trilogia “Pororocas Parawaras”, publicada nas plataformas de áudio em 2024.

“Elas estavam disputadas por muita gente (risos) — pela comissão do Hélio e da Beth, pelo casal. Tem um pedaço do samba que fala ‘É doutrina de santo rodando no meu carimbó’. Tinha que ter elas, daí fiz o convite. A gente já tinha gravado algumas músicas juntando o samba ao carimbó, e elas já haviam participado da noite dos enredos. Tem sido uma interação incrível. Elas têm uma energia muito incrível, e a gente espera que consigam transmitir essa energia no toque e em tudo que fazem”, explicou Fafá.

Fundadora do Aturiá e natural do Pará, Andréia de Vasconcelos, de 42 anos, compartilhou o desafio e a emoção de levar o carimbó para a Passarela do Samba. Há 18 anos no Rio de Janeiro, a paraense já deu aulas de carimbó para a comissão de frente do Paraíso do Tuiuti no Carnaval de 2024 e chegou a desfilar pela agremiação, mas nunca esteve na bateria de uma escola de samba.

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“O carimbó é uma cultura na qual a característica principal é o tambor grave. Esse som grave é um pouco mais cadenciado, então tivemos que colocá-lo na pegada da bateria para entrar numa sintonia. Tem o carimbó que é mais chamegado, tem os mais cadenciados e aqueles que são mais ‘para cima’. Neste caso, é como se fosse um carimbó mais para cima para acompanhar a bateria”, detalhou.

A também paraense Amanda Rabelo, de 34 anos, fez uma viagem de Marapanim até a capital fluminense para integrar a bateria da Acadêmicos do Grande Rio. Para ela, a luta para manter o carimbó vivo é semelhante à do samba, ambos como manifestações populares que resistem ao tempo e celebram a resistência do povo.

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“O carimbó é o arcabouço de um patrimônio imaterial e de uma luta de mais de 200 anos. É muito importante esse entrosamento de anifestações culturais aqui na Sapucaí. Acredito que trazer as três princesas turcas encantadas do tambor de mina é uma homenagem lindíssima aos nossos encantados, nossos ancestrais e a nossa espiritualidade”, afirmou.

E se engana quem pensa que o grupo é composto apenas por mulheres do Pará. Três entre seis artistas que estarão na Avenida são do Rio. Uma das cariocas é Panmella de Jesus, de 33 anos. Ela conta que a mistura entre o samba e o carimbó uniu, também, duas paixões que vêm de família: a mãe é paraense, e o pai fez parte da harmonia de escolas do Rio durante anos. Após tocar no minidesfile da Cidade do Samba, Panmella ainda descobriu que a bisavó foi ritmista da Deixa Falar, agremiação paraense que compôs o samba-enredo da Tricolor Caxiense.

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“Nunca tinha me visto nesse lugar (bateria). Sempre era na ala de baianinhas, ala de crianças, mas nunca imaginei isso na minha vida. É emocionante para mim e para a minha família. Toda vez que eu vou ensaiar e tocar, peço licença aos povos, aos mestres e mestras, aos encantados e à minha bisavó. Porque eu penso que isso não é sobre mim, mas sim sobre uma legião de mulheres e uma legião ancestral que já vinham com essa difusão”, emocionada, contou.

Série Barracões SP: Inspirados na COP 30, Vila Maria promete passar mensagem de conscientização na avenida

A Vila Maria busca com todas as suas forças voltar ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo. Esse é o objetivo de todas as agremiações que habitam os grupos inferiores, mas no caso da verde, azul e branco da Zona Norte, é algo específico. A escola estava acostumada a brigar nas primeiras posições, sempre participando do Desfile das Campeãs. Por três anos consecutivos, em 2019, 2020 e 2022, a agremiação do Jardim Japão figurou entre as cinco melhores da tabela. Porém, em 2023, no ano em que homenageou a si própria, houve o descenso e, desde então, a permanência no Grupo de Acesso 1.

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Para conseguir alcançar a elite, a Vila Maria mudou praticamente a equipe toda para o Carnaval 2025. Houve as trocas nos segmentos: mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, intérprete e carnavalesco – Eduardo Caetano, responsável pelo desfile da agremiação, abriu as portas do barracão para o CARNAVALESCO e conversou com a equipe sobre o que a ‘Mais Famosa’ irá levar para a avenida no domingo de carnaval.

A Unidos de Vila será a quarta escola a desfilar no dia 02/03 pelo Grupo de Acesso 1 com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É hora de renovar e preservar!”.

Explicando o tema

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O carnavalesco explicou brevemente o enredo. É um tema que mistura a situação que o planeta Terra enfrenta e já sente, mas que será levado para a avenida com ficção. “Eu e a diretoria prezamos por sair da mesmice. Através de pesquisas, eu descobri que as civilizações pré-colombianas já previam, lá no ano 200 d.C. que o mundo acabaria depois do ano 2000 devido aos fatores naturais que o ser-humano causaria. O nosso enredo começa lá em 2200. Ele começa lá no futuro, onde há o caos, a destruição, onde haverá falta de água, falta de alimento, haverá a extinção de muitos animais, situações climáticas adversas ao extremo. Com isso, Gaia, que é a mãe-natureza, não aceitando que seus filhos vivam mais nessa situação, entra em uma cápsula do tempo e volta a dois mil anos atrás, em 200 d.C. para ver como era a vida naquela época, já que eles previam que o mundo acabaria depois do ano 2000. Ela pegou todas essas informações com os povos incas, astecas e maias, entendeu porque a civilização também começou a acabar devido às situações climáticas e voltou com todas essas informações na intenção de construir um mundo melhor, trazendo novamente a água, o alimento, os animais extintos e de uma forma que a humanidade vivesse em plena comunicação com a natureza”, explicou.

Surgimento do enredo – Inspiração na COP30

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Eduardo Caetano contou que a ideia do tema surgiu da diretoria através da COP30, que será realizada no Brasil. Esse foi o início da ideia para chegar a um consenso com o objetivo de discutir a narrativa. O artista também cita os projetos sociais que a agremiação fornece à sua comunidade. “Ele surge na concepção do que está acontecendo no mundo hoje. Essa situação climática, desmatamento, animais em extinção, aquecimento global. E aí, por que não aproveitar esse gancho da COP30? É a união de todos os países da ONU em busca de uma solução para frear o que está acontecendo com o mundo. Veio da diretoria. Chegamos a um consenso para isso, mas de uma forma mais visionária. Não é novidade para ninguém que a Vila Maria é a escola de São Paulo que tem o maior projeto social. Ela proporciona assistência social, cursos profissionalizantes e ajuda a comunidade com dentista, psicologia e outros fatores de saúde também. A Vila Maria já tem essa característica mesmo de preocupação com o próximo. Por isso chegamos a esse acordo”, contou.

Cores variadas na passarela

Em outros trabalhos na sua carreira, Eduardo Caetano tem um vasto currículo de concepção de alegorias e fantasias em diversas agremiações. É a especialidade do artista. Com isso, especificamente na Vila Maria, ele contou que o público irá presenciar as cores bastante variadas no desfile da agremiação. “Cada profissional tem uma característica. Eu costumo dizer que dificilmente erro em cores. Eu gosto muito de paletas de cores. Eu sou formado em artes e tenho esse fio condutor muito colorido na minha vida. Para mim a cor representa muito em questão de comunicação visual. A paleta de cores está bem variada. A escola, como vem no início com o carro da destruição, automaticamente vai vir nas cores pesadas, que dão essa leitura realmente de destruição. Ou seja, muito laranja, preto, roxo. Mas depois quando chega nas antigas civilizações, você vai ter o excesso de verde, da natureza fluindo, você tem esse resgate das civilizações por essas cores e depois a renovação dos seres distintos e da vida como ela deveria ser. Está muito variado mesmo”, disse.

Trunfo no desfile

Sobre o que será o maior sucesso da ‘mais famosa’ no desfile, o artista citou samba-enredo, mas deu uma ênfase maior à comissão de frente que está sendo executada pela coreógrafa Taiana Freitas, estreante comandando a ala. “Eu sou suspeito de falar, porque eu sou apaixonado pelo enredo. É lógico que eu vou falar da minha concepção plástica, apesar de ser um pouco diferente. Eu estou trazendo uma concepção plástica sem exageros, mas o necessário para as pessoas entenderem qual é a mensagem. Lógico, com beleza, mas com uma leitura plástica fácil. O samba eu acho que é um dos pontos fortes da escola. A Vila Maria está com o samba muito para cima, um samba que é muito didático e leal ao enredo. A comunidade realmente abraçou. Mas eu acho que o público tem que prestar atenção na comissão de frente. Nós temos a nossa coreógrafa, a Taiana Freitas, que está dando um show. A comissão é um duelo até um pouco clichê, mas será feito de maneira diferente. Eu costumo dizer que as histórias têm sempre o mesmo final, mas às vezes o final pode ser diferente”, concluiu.

Setor a setor do desfile

Setor 1
“Tem uma coisa muito interessante que os três setores são divididos pelo relógio. O primeiro relógio é o da destruição. O nome já diz que nós estamos começando em 2200. Não vai ter água, não vai ter alimento, situação climática adversa ao extremo. Nós vamos retratar isso na avenida, essa situação. Lógico, de uma forma alegre, lúdica, divertida, mas não deixando de colocar na avenida essa agressividade que o momento pede”.

Setor 2
O segundo setor, nós vamos falando do relógio da preservação. O relógio onde fomos buscar nas antigas civilizações a forma que nós podemos ter para preservar a humanidade e todo ser vivo que vive sobre ela, sobre a terra. Dentro disso nós falamos das antigas civilizações: incas, astecas e maias”.

Setor 3
O terceiro setor é a renovação, que é a forma de vida que vai ressurgindo. A água suja se transforma em água limpa. Nós temos vidas aquáticas, nós temos o vegetal, nós temos vidas acima dele, que são pássaros, mamíferos, etc… E aí fica o nosso recado no desfile: O que nós podemos fazer para evitar que tudo isso aconteça novamente? Nós temos que fazer a reciclagem, a conscientização e a preservação. Essa é a nossa mensagem”, finalizou.

Ficha técnica
Carnavalesco: Eduardo Caetano
Três alegorias
1200 componentes (15 alas)
Diretor de barracão: Pica-pau
Diretora de ateliê: Cláudia

Prefeito presta solidariedade para Série Ouro afetadas por incêndio e diz que escolas não serão rebaixadas

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez uma públicação nas redes sociais, na manhã desta quarta-feira, prestando solidariedade para escolas de samba da Série Ouro, que foram afetadas por um incêndio na fábrica Maximus Confecções. Segundo ele, após conversar com o presidente da Liga RJ, que organiza os desfiles, ficou definido que não haverá rebaixamento no grupo. Veja abaixo o comunicado do prefeito.

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“Conversei agora com o presidente Hugo Júnior da série Ouro que me deu mais detalhes das 3 escolas afetadas pelo incêndio de hoje em Ramos. Já tomamos a decisão de que , independente de qualquer coisa, as escolas não serão rebaixadas no carnaval desse ano. Havendo possibilidade de desfilar, as três serão consideradas hors con·cours. Como estou em Brasília, o vice-prefeito @CavaliereRJ está acompanhando de perto a situação. Deixo o meu abraço aos componentes do Império Serrano, da Unidos da Ponte e da Unidos de Bangu, agremiações que tanto orgulham o Carnaval carioca. A prefeitura do Rio estará ao lado de vocês”.

Paes também falou sobre o estado de saúde das pessoas envolvidas no incêndio. “Mais cedo, também falei com o Secretário de Saúde Daniel Soranz e ele me informou que as equipes de saúde do Hospital Municipal Souza Aguiar e Evandro Freire estão a postos recebendo as vitimas do incêndio em Ramos. Já ordenei que nosso time de Assistência Social se mobilize para dar todo o suporte necessário aos trabalhadores da fábrica e suas famílias”.

Liga RJ convoca reunião de emergência após incêndio afetar fantasias das escolas da Série Ouro

 

Império Serrano informa que todas fantasias para o desfile 2025 estavam na Maximus Confecções que sofreu incêndio

Ponte informa que fantasias para o Carnaval 2025 são produzidas em local que sofreu incêndio

Ponte informa que fantasias para o Carnaval 2025 são produzidas em local que sofreu incêndio

A direção da Unidos da Ponte informou, através de publicação nas redes sociais, que a produção de todas fantasias para o desfile do Carnaval 2025 é feita na Maximus Confecções, que ssofreu incêndio na manhã desta quarta-feira. O Império Serrano já tinha informado que também perdeu todas fantasias. A Liga RJ, que organiza os desfiles da Série Ouro, convocou uma reunião de emergência. Veja abaixo o comunicado da escola.

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Foto: Reprodução/TV Globo

“O Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Ponte lamente profundamente o incêndio que ocorre neste momento na Maximus Confecções, localizada no bairro de Ramos. Toda produção de nossas fantasias para o Carnaval 2025 se encontram nesta fábrica.

É de extrema importância garantir a segurança de todos que estavam presentes no local. A diretoria”.