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Precisão e espontaneidade impressionam nos trabalhos da Vila Maria no álbum dos sambas de 2025

A assertividade dos quesitos da Vila Maria, que demonstraram alto nível de preparação prévia, foi o destaque nos trabalhos de registro da obra composta pela parceria formada por Panda, Edmilson Silva, Sandro Neves, Rick Ramos, Wilsinho Medieval, Ferreira de Matos e Renato William. A Mais Famosa será a quarta escola a desfilar pelo Grupo de Acesso 1 com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É tempo de renovar e preservar!”, assinado pelo carnavalesco Eduardo Caetano. Como a proposta do álbum para 2025, com o retorno ao formato ao vivo, foi passar a sensação de estar no Sambódromo ouvindo o samba, a espontaneidade pode ser vista como um diferencial. Nesse aspecto, a Vila Maria impressionou ao cravar todas as etapas do processo de gravação de primeira, sem a necessidade refazer tomadas de gravação. A equipe do CARNAVALESCO conversou com integrantes da escola.

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Foto: Lads (Comunicação/Unidos de Vila Maria)

Conscientização na gravação oficial

Diretor de carnaval da Vila Maria, Júlio César Dias Alves, o Queijo, falou sobre o processo de gravação da faixa oficial da escola.

“É um pedaço do que vai acontecer na Avenida. Nós entregamos alguns mistérios, ficaram guardados outros. Muita alegria e muito swing, você pode ter certeza disso. Está todo mundo entendendo o que está acontecendo com o mundo. O mundo está aí mostrando que o tema nosso hoje é isso, é preservar e cuidar. Nós estamos trazendo as pessoas bem conscientes desse momento que nós estamos precisando viver e trazendo um pouco de amor, que é o amor ao próximo, o amor à natureza. A gente vai trazer uma escola muito feliz e muito leve”, garantiu o diretor.

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Diretor de carnaval da Vila Maria, Júlio César Dias Alves, o Queijo

Tocado pela mensagem que o enredo da Vila Maria quer transmitir no carnaval de 2025, Queijo falou sobre qual parte do samba da escola mais gostou. O diretor fez uma profunda reflexão a respeito da situação que o mundo vive com as consequências das mudanças climáticas.

“A segunda parte eu acho muito especial. Ela conta a parte da mãe natureza cobrando a nós por não ter cuidado dela. Essa parte da mãe natureza cobrar a nós, dizendo ‘você não está cuidando de mim, presta atenção, vai faltar água, vai faltar o pão, falta forças para lutar’, isso mexe muito conosco, que é o que está acontecendo hoje. A gente está vendo aí, tem chuva, o sol vindo de rachar, lá nos Estados Unidos acontecendo o que está acontecendo, com o tornado, com tudo. É o que? A mãe natureza reclamando que nós não cuidamos dela, que a gente só soube judiar dela e ela está sem forças hoje para poder tentar lutar por nós. Nós temos que ter essa força agora, mesmo atrasados, para começar a lutar para a gente tentar mudar essa história para o filho, para o neto, para outras gerações. Essa parte toca muito em mim com certeza”, manifestou.

Elo entre cordas e bateria

Cláudio Pirata, arranjador do samba da Vila Maria e integrante do time de cordas da escola, falou sobre os arranjos elaborados para a gravação da obra. A valorização da bateria “Cadência da Vila” junto aos instrumentos de corda foram a prioridade para o artista.

“A gente fez um arranjo muito conjunto, em parceria com o Mestre Moleza, com a bateria. A gente fez mais de sete, oito arranjos simplesmente para essa gravação, com interação de cordas, vozes e bateria, para todo mundo falar mesmo a língua e parecer que o trabalho está realmente em um CD, mesmo sendo ao vivo. A preocupação foi sempre colocar a identidade da bateria junto com as cordas e nos contrapontos que tiverem as cordas vão sobressair. Ficou um trabalho muito harmônico no conjunto”, revelou.

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Cláudio Pirata, arranjador do samba da Vila Maria

Para a faixa de 2025 da Vila Maria, Cláudio apostou no estilo tradicional de samba-enredo, apenas com instrumentos tradicionais do gênero samba-enredo, valorizando elementos condizentes com o estilo de enredo da escola.

“A gente teve o básico de samba. Cavaco, afinação de bandolim, violão de seis, violão de sete cordas. O samba está em lá menor, tem uma passagenzinha para maior, mas é todo em lá menor que é bem em contexto com o tema do enredo”, explicou.

O arranjador afirmou que a proposta da Vila Maria segue um modelo já tradicional na escola, oriunda de uma comunicação entre cordas e percussão que exige boa sintonia desses segmentos musicais.

“A proposta musical é a mesma que a gente sempre adota. O conjunto sempre com a bateria, que é complexa. É uma bateria com diversos naipes, diversas convenções no decorrer do samba, e a proposta sempre é que haja a conversa entre os dois. Quando a bateria começar uma bossa, as cordas simplesmente não vão parar. A gente vai fazer tudo junto, acompanhar, o que demanda muita atenção e muita ensaio”, concluiu Cláudio.

Para o intérprete Clayton Reis, a proposta de simular uma apresentação de desfile do álbum de 2025 permite ao artista fugir das características tradicionais de uma gravação de estúdio.

“Acho que entra um pouquinho de emoção também. Lembrando que a técnica tem que estar junto também, mas a gente sempre extrapola um pouquinho porque ao vivo é diferente de estúdio. No estúdio você consegue dar aquela arrumada, para, volta, ‘arruma ali’, ‘acerta ali’, aquele negócio mais específico mesmo, mas agora o ao vivo mesmo é a emoção que vai vir na hora. Na hora que arrepiar o braço já era, a gente solta a voz e deixa a emoção falar”, descreveu.

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Intérprete Clayton Reis

Clayton Reis retorna à Vila Maria, mas dessa vez na função de intérprete oficial. O artista relembrou a trajetória desde sua primeira passagem e declarou seu amor pela escola ao falar do sentimento de estar participando da gravação oficial do samba da Mais Famosa.

“É a minha volta. Passei pela Vila em 2017 até 2019, eu saí, fui para a Mooca e estou voltando agora para uma escola que eu sempre gostei. É uma escola que desde quando eu entrei me identifiquei bastante. Depois teve as trocas dos intérpretes, teve a vez que eu segurei nos ensaios porque o intérprete não podia vir e aí começou a ficar mais forte esse amor pela escola. Eu saí, teve essa volta. Eu acho que vai ser uma emoção maravilhosa porque é uma escola que eu gosto pra caramba. Acho que vai ser bem legal, vai ser algo bem diferente”, declarou.

O intérprete revelou também qual é o trecho do samba da Vila Maria que mais tocou seu coração. “Esse samba da Vila tem algumas partes, não é só uma, mas a segunda do samba é bem bonita. A segunda do samba acho que só de falar o braço já arrepia, já dá aquele negócio, aquele sentimento bem bacana mesmo, mas eu acho que o começo dela já é o que pega mais ali”, contou.

Bateria inspirada em diferentes ritmos

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Mestre Rodrigo Moleza

Comandante da bateria “Cadência da Vila”, o mestre Rodrigo Moleza falou sobre o andamento e as bossas elaboradas para a gravação oficial do samba da Vila Maria.

“Mais um ciclo que se inicia e lá na frente a gente vai comemorar, se Deus quiser. O andamento é 142 BPM e colocamos três bossas. Fizemos uma referência de salsa, a gente tem uma referência também de pop rock e a outra é um groove mesmo tradicional, é de samba, é bem legal. Usando o ‘terecoteco’ tradicional dos tamborins, só que dividindo de uma forma diferente”, explicou.

Salgueiro começa 2025 com canto forte e evolução segura no ensaio de rua

O Salgueiro iniciou 2025 debaixo de chuva, mas com muita garra em seu primeiro ensaio de rua do ano na Maxwell. Com Igor Sorriso animando os componentes e defendendo bravamente a obra, a Academia do Samba contagiou a comunidade, que se fez presente para o ensaio já no segundo dia do ano, em vista do próximo carnaval, onde será a terceira escola a desfilar no segundo dia de desfiles do Grupo Especial, com o enredo “Salgueiro de corpo fechado”, do carnavalesco Jorge Silveira, presente também no primeiro ensaio do ano.

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Harmonia

O canto salgueirense foi forte e constante mesmo com a chuva vindo durante o percurso. Igor Sorriso conduziu muito bem o hino da escola para o próximo carnaval, com o valoroso apoio do carro de som da escola, auxiliando para o canto do componente não cair.

Evolução

Mesmo debaixo de chuva, que foi apertando ao longo do tempo do ensaio, e dando um gás a mais, os componentes do Salgueiro desfilaram bem empolgados e leves, sem buracos ou pressa, evoluindo bem durante a apresentação na Maxwell. O diretor de carnaval da escola, Wilsinho Alves, comentou sobre a evolução e as alas coreografadas que serão apresentadas pela escola.

“Achei ótimo o ensaio, gente para caramba no primeiro do ano. Algumas alas coreografadas a gente está fazendo um trabalho específico nesse momento, na Cidade do Samba, e tudo é planejado para depois juntarmos todo mundo mais para o fim de janeiro. O pessoal segue em plena evolução de canto, também na forma como evoluem com o samba, e muito satisfeito com o que o Salgueiro vem mostrando, a escola é leve e solta”.

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Samba-enredo

Igor Sorriso abriu os trabalhos de 2025 levando bem o samba da agremiação e mantendo o ritmo da obra consistente e animado para o canto dos componentes. A obra foi bem cantada neste retorno da agremiação para a rua, com o destaque já para os refrões que animam a comunidade. Igor destacou que a chuva veio para lavar a alma do Salgueirense neste início de 2025.

“É aquela chuvinha pra lavar a alma, aquela energia, aquele astral, à moda Salgueiro, para começar o ano bem, daquele jeito”.

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Outros destaques

A “Furiosa” sob o comando dos mestres irmãos Gustavo e Guilherme esteve muito bem durante este primeiro ensaio. A comissão de frente não participou, tendo apenas o espaço do tripé demarcado pelo coreógrafo Paulo Pinna, auxiliado pelo carnavalesco Jorge Silveira. O primeiro casal, Sidclei e Marcella, também não compareceu.

Mestre Dudu sobre resgatar a bateria da Mocidade: ‘Eu bati no peito e segurei o legado que o André deixou’

Na Mocidade desde os tempos da Estrelinha e à frente da bateria desde 2013, mestre Dudu venceu a desconfiança e a rejeição de alguns jurados para colocar a “Não Existe Mais Quente” entre as melhores do carnaval. Comandante de um ritmo inconfundível, o mestre apostou no legado de seus antecessores e na tradição da Estrela-Guia, para se tornar porto seguro de notas.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Apesar de Mestre André sempre ter dito que ninguém segurava a bateria da Mocidade, houve um tempo que os jurados resolveram segurar sim. O ritmo histórico e irreverente, havia se perdido no ritmo das paradinhas, vítima de mudanças que fugiram da tradição da escola. A partir de 2012, coube ao herdeiro dos tambores de mestre Coé, a missão de resgatar o legado de tantos carnavais inesquecíveis.

Em 2025, mestre Dudu irá completar 13 anos à frente da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, agora na figura de garantia de notas máximas e certeza de levantar a Sapucaí. Até o primeiro 10, Carlos Eduardo Arcanjo de Oliveira precisou resgatar um ritmo que já não estava mais no samba do povo.

“Em algum momento a bateria se perdeu no andamento. Alguns mestres, infelizmente, pensam que tem que colocar do seu jeito. Eu já acho que precisa colocar o que é a Mocidade de verdade. Eu sou filho de mestre (Coé) e aprendi aqui dentro. Cheguei na escola com 6, 7 anos de idade. E repito: enquanto eu estiver vivo, vai ser isso e a bateria será desse jeito”. Na fala, Dudu completou explicando que apesar do carnaval ter se modernizado, é possível manter um legado de ritmo.

Mocidade 2025: ouça a versão oficial do samba-enredo

Dudu foi a aposta da Mocidade em sua própria história e dado a ele tempo para trabalhar a longo prazo, o que fez a escola colher frutos. De quando assumiu a bateria sozinho em 2016, até então de 2012 até 2015, dividiu o comando com mestres Andrezinho e Baréco, a primeira nota máxima veio em 2018. Mas, o 40 mesmo, para encher Padre Miguel de orgulho só veio em 2023. A nota máxima em 2024 (com 9,9 descartado), não foi apenas a consolidação de um trabalho, mas a mudança de patamar para a segurança das notas, uma vez que a Mocidade vem enfrentando dificuldades em outros quesitos, salva pelo brilhante primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos.

Mestre Dudu falou sobre o trabalho apresentado até o carnaval de 2024 e projetou um futuro melhor para a Verde e Branca da Zona Oeste.

“É um trabalho de formiguinha. Quem é mestre de bateria sabe muito bem do que estou falando. É um trabalho árduo e de longo prazo. Eu estou fazendo o meu 13º carnaval com a Mocidade, no comando da bateria, e fico triste ao ver outros segmentos, infelizmente, não gabaritando as notas. A escola não é só a bateria. Mas, eu tenho certeza que o trabalho de 2025 vai ser muito diferente do que a mocidade vinha apresentando”.

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A bateria resistiu às mudanças na diretoria da Mocidade nos últimos anos. Dudu se manteve no cargo, mesmo com as trocas na presidência e disputas pelo trono Independente. Ele resistiu a um 9,6 dado por um jurado em 2016 e insistiu no seu trabalho quando, segundo ele, recebeu uma mensagem dizendo que não ganharia 10, enquanto tocasse como a Mocidade sempre tocou.

Para o mestre, chegar ao ponto de ter a confiança da comunidade é resultado de não negociar o legado de mestre André e seu pai mestre Cóe. A “Não Existe Mais Quente”, foi despontuada por ter a batida diferente de outras escolas, canetada na cabine dupla por não ter apresentado bossas, enquanto o jurado ao lado comentou sobre a bossa, na justificativa. Na insistência, a nota veio.

“Já ouvi comentários que eu deveria mudar o andamento, mudar a afinação, colocar a caixa em cima… Não, eu bati no peito e segurei esse legado que o André deixou e aí está o resultado. É um motivo de muito orgulho. Meu pai falava muito para mim que a voz do povo é a voz de Deus, e o povo fala que a nossa bateria é diferenciada. Há uns 8 ou 10 anos, eu recebi uma mensagem, conversando com um jurado de bateria, onde falou para mim que eu não ganharia 10 enquanto a bateria da Mocidade fosse assim. E eu provei para ele e para todo mundo que a nossa bateria é isso que vocês veem hoje”.

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A bateria da Mocidade Independente recuperou o seu prestígio, enquanto a escola tenta se alinhar com outros quesitos que ainda não conseguem boas notas. Mestre Dudu atrela isso ao fato de todos terem entendido que só existem duas baterias diferenciadas, a da Mocidade e a da Mangueira. De acordo com ele, apenas essas duas podem ser reconhecidas de olhos fechados. E, então, são julgadas de acordo com suas características e não cobradas por tocarem diferentes.

Para 2025, Dudu promete o mesmo sucesso dos últimos anos, mas com um samba mais a cara de sua bateria, diferente do samba do Caju que, segundo o mestre, era mais para frente que o costume de seus ritmistas e ocorreu uma flutuação no último módulo, onde perdeu 1 décimo, que foi descartado. Ele completou suas falas comemorando que o patrono, Rogério Andrade, entendeu que é preciso fazer mais pela escola e afirmou:

“Por ser uma bateria muito esperada, eu vou trabalhar o samba. E pode aguardar que com as minhas maluquices – uma maluquice para o bem – vamos lutar para gabaritar. Além de entregar um trabalho legal para o independente, que merece esse retorno”

Com o samba já escolhido, a “Não Existe Mais Quente” já pode trabalhar as suas lendárias paradinhas para chegar no desfile da terça-feira de carnaval e a única coisa que irá flutuar será a emoção de quem ouve o toque verde e branco de Padre Miguel.

Unidos de Padre Miguel realiza primeiro ensaio do ano nesta sexta-feira

As atividades na Unidos de Padre Miguel recomeçam nesta sexta-feira. A vermelha e branca vai realizar seu primeiro ensaio de 2025, na Estação Guilherme da Silveira, a partir das 21h, e convoca toda comunidade para participar do primeiro treino do ano com todo gás.

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Foto: S1 Fotografia e Comunicação

“Vamos voltar nossas atividades com força total. Temos que acertar pequenos detalhes e para isso contamos com a presença em massa da comunidade e todos os segmentos”, afirmou o diretor de carnaval, Cícero Costa.

Com o enredo “EGBÉ IYÁ NASSÔ”, a Unidos de Padre Miguel será a primeira escola a desfilar no Grupo Especial em 2025, levando para a Avenida a História afro-brasileira e o legado de Iyá Nassô, precursora do candomblé no Brasil.

Unidos de Padre Miguel 2025: ouça a versão oficial do samba-enredo

De volta ao Sambódromo, Tradição cumpre promessa dada para ex-presidente

A década de 1980 foi marcante para a história do carnaval do Rio de Janeiro. Um dos momentos mais especiais de tal decênio veio em 1984 – e isso nada tem a ver com a inauguração do Sambódromo, na então rua Marquês de Sapucaí. Em tal temporada, dissidentes da Águia de Madureira fundaram uma nova escala, batizada de Portela Tradição em homenagem à azul e branco – pouco depois renomeada para Amor e Tradição, para evitar questões judiciais; e, enfim, tendo apenas a última nomenclatura como a oficial. Logo em 1988, ela já estava no Grupo Especial – em uma ascensão meteórica, subindo de divisão em todos os desfiles desde então. Desde 2015, entretanto, a escola não conseguia retornar à Série Ouro – último pelotão com desfiles no principal palco do carnaval da Cidade Maravilhosa. Em 2025, tal tabu foi quebrado. No dia dos minidesfiles das escolas de samba da Série Ouro, realizado na Cidade do Samba, o CARNAVALESCO conversou com personagens importantes da agremiação de Campinho.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

Reconhecimento e legado

O nome do enredo da escola para o próximo carnaval já diz muito: com “Reza”, a agremiação abrirá o sábado de carnaval – 01 de março. E uma das histórias mais emocionantes que envolvem a Tradição se deu em 2022: fundador da escola e presidente da instituição até 2015, Nésio Nascimento faleceu. Quem assumiu a presidência da escola, já em 2015, foi Raphaela, filha do baluarte – e, por consequência, neta Natalino José do Nascimento, popularmente conhecido como Natal da Portela.

Antes do ocorrido, a atual presidente fez uma promessa ao pai: a Tradição voltaria a desfilar na Marquês de Sapucaí. E, ao ser perguntada sobre a emoção de ver a agremiação retornando ao Sambódromo, ela fez questão de relembrar Nésio: “É muito emocionante ver a Tradição voltando à Sapucaí sob a minha presidência. Eu costumo dizer que eu estou vivendo um sonho! Eu sou presidente há dez anos e há dez anos eu sonho com isso. E, agora, estamos concretizando isso com o minidefsfile, também iremos concretizar com o ensaio técnico; e, a cereja do bolo, vai ser o desfile oficial. Tudo isso é um legado do meu pai. Eu estou seguindo isso, dando continuidade para isso, sempre com a comunidade confiando e acreditando em mim. Para mim, é uma emoção muito grande”, comentou.

Ao ser perguntada sobre o que diria para Nésio, Raphaela foi além: “Eu falaria para o meu pai que eu já consegui um degrau do que eu prometi para ele. Agora, falta outro”, ousou.

Para 2025

Outros personagens importantes para o retorno da Tradição ao Sambódromo também falaram sobre o sentimento de estar na escola em tal momento. mestre Thiago Praxedes, comandante da “Explosão de Elite”, bateria da escola, utilizou um conceito muito conhecido do universo literário: “Primeiro que retornar para a Tradição em um momento como esse não é um sonho: é uma utopia estar aqui nesse momento. A gente está ensaiando e nos dedicando bastante. A escola tem uma potência muito grande, uma comunidade muito grande. A Tradição vai vir mostrando a verdadeira força da escola, você vai ver”, destacou.

Tradição: galeria de fotos do minidesfile na Cidade do Samba

Estreando na agremiação, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição também falou a respeito, começando com Verônica Lima: “É uma sensação muito emocionante! Hoje, estar aqui nesse minidesfile, com aquele gostinho todo especial de desfile já, é demais. E está sendo assim durante todo o ciclo carnavalesco. A escola está maravilhosa hoje, está linda, está com garra. Dá para todos verem como é que a Tradição está feliz e realizada por estar voltando à Série Ouro novamente”, afirmou a antiga comandante do pavilhão da Unidos de Bangu.

Já Jorge Vinícius, que estava na mesma instituição que a parceira, aproveitou para falar sobre desde quando ambos estão ensaiando: “A escola está fazendo um excelente trabalho. A gente já está ensaiando focado, como casal de mestre-sala e porta-bandeira, desde abril. É um trabalho muito concentrado. A escola vai passar firme, passar forte. Vamos embora e vamos com tudo!”, empolgou-se.

Questões pontuais

Desde 2023, Thiago Praxedes era mestre de bateria da Só Quem É, da Imperador do Ipiranga – tradicional escola de samba de São Paulo, atualmente no Grupo de Acesso II, terceiro grupo do carnaval paulistano. Ele não deixou de comentar a diferença entre uma cidade e outra: “Ser mestre de uma escola de samba carioca é diferente, dá um orgulho especial. É diferente para a gente por não ser desse território. Eu convivo aqui no carnaval do Rio há vinte e quatro anos. Desfilei na própria Tradição ano passado a convite do mestre Átila, tive muitos anos no Império Serrano, na Portela, com Marçalzinho e com Nilo, Mangueira, Vila Isabel… estar na frente de um trabalho aqui é diferente. É uma grande responsabilidade entender toda essa cultura e vivenciar isso que agora eu estou vivenciando de fato. A gente está tateando isso. E, para mim, eu acho que eu estou mais aprendendo com eles do que eles comigo, mas está sendo uma experiência maravilhosa”, afirmou.

Uma das principais questões envolvendo a Tradição atualmente é o local de ensaio. A antiga quadra da escola abriga, por aluguel, a Igreja Pentecostal Tempo de Milagres (IPTM) – mas o terreno do local pertence à Prefeitura do Rio de Janeiro. Sem dar muitos detalhes sobre o imbróglio, Raphaela aproveitou para destacar o atual local de ensaio da instituição: “A gente já está ensaiando toda quinta-feira na estrada Intendente Magalhães, que é a nossa casa, é o nosso lugar. Em breve vai ter muita novidade sobre a quadra”, comentou.

Atualmente, a Tradição está ensaiando na frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro de Campinho, tradicional reduto da instituição. Vale destacar, também, a proximidade dos dois pontos em questão: a UPA fica entre a rua Capitão Couto Menezes e a Praça dos Lavradores, enquanto a IPTM está no número 160 da Intendente Magalhães – com cerca de cento e dez metros de distância entre um e outro local.

Trabalho a mil por hora

Verônica destacou que ela e Jorge Vinícius entraram de vez na temática da agremiação: “A gente tem uma representatividade crucial dentro do enredo, algo que foi um presente muito grande para a gente. A gente procurou se conectar com as forças místicas, com as forças da natureza. A gente começou a fazer trilha, ir ao ar livre para podermos absorver a energia da natureza para a gente poder, na avenida, conseguir fazer e desenvolver, com muita alegria e maestria, o nosso bailado”, revelou.

O mestre-sala, por sinal, focou no trabalho mais técnico em relação à passarela: “Além de reza, sempre com muita reza, a gente vai trazer um pouco da nossa força e do nosso bailado. Eu e Verônica estamos com um namoro, uma força, uma união e tudo que pode existir dentro da reza”, afirmou.

Por fim, Raphaela sintetizou o que é possível esperar da Tradição para 2025: “Vocês podem esperar uma escola grande, compacta, feliz, cantando, organizada e forte candidata para o título”, prometeu.

Energia e toalha girando: Jorginho Soares conta desafios de uma ala musical

Toda ala musical tem suas referências com nomes importantes que sustentam o samba-enredo durante ensaios e o desfile oficial. Um dos nomes marcantes do carnaval de São Paulo chama-se Jorginho Soares, atualmente na ala musical da Dragões da Real, Mocidade Unida da Mooca, e o intérprete oficial da Unidos de São Miguel, além de também conduzir Joia da Coroa e Vovó Bolão. Mas é na Dragões da Real na qual Jorginho Soares tem sido mais marcante, pelo tempo de casa, pelo espaço que tem tido dentro da entidade. Mas sem esquecer início na Tom Maior, passagem por Império de Casa Verde, o período na Unidos de Santa Bárbara, e até passagem no Rio de Janeiro por Caprichosos de Pilares e Inocentes de Belford Roxo.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Relação com a Dragões da Real

Quem frequenta a Dragões da Real, uma escola jovem do carnaval paulistano em franca ascensão, percebe um personagem presente em todos os eventos. Ele é Jorginho Soares, membro da ala musical há muitos anos, e presente em todo tipo de evento da escola, além do papel na ala musical, mas também fazendo shows.

“São dez anos já de Dragões, tem uma identidade muito grande. Cantava na Unidos de Santa Bárbara, quando estava no Acesso e o pessoal da Dragões já frequentava lá e recebi o convite quando a Unidos de Santa Bárbara caiu. De lá para cá, o amor só aumenta por essa escola que eu tenho um carinho, um respeito muito grande por todos os componentes e eu sempre que eu entro nessa quadra me sinto abraçado por todos eles e aqui o meu trabalho não é só o cantor de carnaval. Eu faço todos os shows da escola, quando tem as feijoadas eu faço abertura, nos ensaios também faço a abertura e o meu pagode aqui. A diretoria da escola e toda a comunidade me abraça de uma forma gigantesca. Só posso dizer que eu tenho muito amor por esse pavilhão”.

Jorginho Soares, a voz das eliminatórias

Presente constantemente em disputas de sambas, é voz de quase todas as obras que disputam na Dragões da Real, contou como foi o desafio para o samba de 2025: “Não tenho noção de quantos sambas eu gravei e nem quantos anos eu estou defendendo. Aqui na Dragões, por exemplo, foram 18 sambas gravadas, eu gravei 17. Foram 10 sambas para o palco, eu cantei cinco na apresentação e cantei três na semifinal de cinco, eu cantei três e hoje na final dois sambas, cantei os dois sambas”.

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Mas é uma voz presente em eliminatórias em outras escolas como contou: “Estou em todas as eliminatórias, de todas as escolas, tanto nas gravações quanto nos palcos. Para mim, gosto do calor humano, gosto de sentir como a escola vai reagir”.

Na safra de 2024, Jorginho esteve em mais de 40 sambas gravados. Pela sua lista enviada, foram seis na Dragões, três na Tucuruvi, dois nos Gaviões, e depois um em cada escola: Mancha Verde, Nenê, Mocidade, Vila Maria, Camisa Verde e Vai Vai, ainda teve um na Rosas de Ouro que não pode cantar por chocar com a Vila Maria. Também esteve no Águia, que acabou optando por junção e ele esteve em um dos sambas. Já teve temporada com 200 sambas gravados em estúdio. Nesta temporada dos sambas de 2025 também esteve em inúmeras quadras e revelou um pouco sobre o trabalho.

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“Na verdade, os compositores confiam muito no meu trabalho. E eu acho que a minha identidade com a escola, mas em outras escolas eu também defendo vários sambas em uma final da Mocidade de cinco sambas, eu cantei três. Gaviões da Fiel no ano passado tinham quatro sambas, eu cantei dois, um deles foi campeão. Mancha Verde esse ano mesmo para 2025, de quatro sambas, eu cantei dois. A magia está na tua linha, não é nem no cantor. Eu sou suspeito de dizer primeiro que eu amo o que eu faço. E é um trabalho a mais, mas eu não penso só como trabalho. É muito importante as eliminatórias para sentir, às vezes um samba é muito bem gravado e na hora que vai para o palco às vezes não acontece. A eliminatória é necessária para o carnaval respirar”.

Toalhinha: Marca registrada

Falar de Jorginho Soares é falar de sua toalhinha girando, seja na quadra da Dragões ou defendendo um samba-enredo nas eliminatórias. É sua marca registrada com muita energia.

“A toalhinha virou uma marca realmente, eu cheguei no carnaval pelos estúdios, eu tenho uma carreira 51 anos, eu canto há 40 anos e eu cheguei no carnaval já velho. Em 2005 eu já gravei o CD do carnaval. E aí quando eu fui para a avenida eu era um desconhecido e eu cheguei na Tom Maior. Era o Maradona, um multicampeão, o Renê Sobral renomado, um ótimo intérprete. E quem é o baixinho? Ninguém sabia quem eu era. Pensei: ‘Ah, cara, eu vou fazer alguma coisa para chamar atenção e para extravasar’ foi desde aquele primeiro desfile que a toalhinha veio e aí no ano seguinte já foram eliminatórias, já fui defendendo samba, ganhei samba e sempre com a toalhinha. E hoje eu vejo várias alas, vários intérpretes girando a toalhinha, eu olho e vejo o resultado quando vários componentes da escola estão girando a toalhinha. Realmente, acabou virando uma patente nossa e o legado fica, isso que é o mais importante, é sinal que a sua marca vai perdurar. Enquanto você tiver saúde e a hora que eu partir alguém vai carregar esse legado para mim é o mais importante. Hoje eu vivo do carnaval e sustento a minha família cantando no carnaval”.

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Como funciona uma ala musical e as amizades

Como é fazer parte da ala musical de uma escola, segundo Jorginho Soares: “É muita sintonia e respeito. O intérprete oficial é a cereja do bolo. Quem carrega o piano é a ala musical, não que o intérprete não seja importante, ele é a voz da escola, a voz mais importante da escola, mas quem carrega o piano é o carro de som. O intérprete pode parar e respirar, a ala musical, é lógico que a gente se hidrata, sempre combina, um olha para o outro, segura aí para tomar uma água, mas é quem carrega o piano. Por isso que todo o intérprete tem a sua ala de confiança”.

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Entrosamento com intérpretes e alas musicais

Em relação ao entrosamento com intérpretes diferentes por estar em mais de uma escola, Jorginho Soares contou como funciona: “A gente chega respeitando quem está lá a partir do momento que nos convidaram, é que confiam no nosso trabalho. Chegamos para fazer um bom trabalho. Se o cara for nos abraçar melhor, mas se ele também for na dele, respeitamos e fazemos a nossa, eu sou assim e tenho muita amizade em todos os lugares por respeitar todo mundo. E sou muito bem aceito em todos os lugares. Sou feliz por isso. A energia que fez com que o meu coração esse ano quase parasse, mas não foi dessa vez”.

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Onde encontramos Jorginho, além da Dragões?

Jorginho Soares deixou um recado para os intérpretes e alas musicais mirando o carnaval de 2025: “Queria desejar muita sorte a todas as coirmãs, e, principalmente, as escolas que eu trabalho. Desejo boa sorte a todas as alas musicais e a todos os intérpretes. Que Deus dê muita saúde para eles, que façam grandes carnavais e estamos aqui levando alegria, cantando, girando toalha, se faltar a voz a gente compensa no carisma e a toalha não para de girar”.

Salgueiro realiza primeiro ensaio de rua na Maxwell nesta quinta-feira

Depois de uma pausa para curtir as festas de fim de ano, o Salgueiro realiza nesta quinta-feira, a partir das 20h, o primeiro ensaio de rua de 2025 na Rua Maxwell. Na altura do condomínio Tijolinho, a comunidade da Academia do Samba promete transformar a via em um verdadeiro reduto salgueirense, com muita alegria, emoção e animação.

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Foto: Anderson Borde/Divulgação Salgueiro

Convocando seus “macumbeiros mandingueiros”, o Salgueiro levará todos os seus segmentos para afinar o canto e aperfeiçoar a evolução, mostrando a força e a malandragem que prometem brilhar na Sapucaí.

O ponto de encontro da comunidade é no número 584 da Rua Maxwell, na altura do Tijolinho. Para quem deseja acompanhar o ensaio, a dica é chegar cedo e garantir um bom lugar para viver de perto mais uma apresentação da Academia do Samba.

Salgueiro 2025: ouça a versão oficial do samba-enredo

Carnaval 2025

O Acadêmicos do Salgueiro apresentará no próximo Carnaval o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira e o enredista Igor Ricardo. A proposta mergulha em tradições místicas e espiritualistas que protegem o corpo contra males físicos e espirituais, conectando raízes africanas, europeias e indígenas da cultura brasileira.

A escola será a terceira a desfilar na Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 3 de março de 2025.

Chegou 2025! Promessa de um dos maiores carnavais da história

O novo começou ano e seguimos nos processos de ensaios e trabalhos nos barracões para os desfiles do Carnaval de 2025. Pelo que podemos analisar da safra de enredos, sambas e dos primeiros ensaios de rua, a perspectiva para este carnaval é muito empolgante. Teremos cinco dias seguidos de apresentações na Marquês de Sapucaí, além de uma espécie de minicarnaval, entre os dias 20 e 23 de fevereiro (quinta a domingo), para a realização, de forma inédita, do teste de som e luz das 12 agremiações do Grupo Especial. A entrada será gratuita, e a proposta da Liesa e dos Órgãos é testar realmente todos os sistemas.

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Foto: Léo Queiroz/Divulgação Rio Carnaval

Falando da competição, que é sempre tão aguardada, o fechamento dos envelopes após cada dia de desfile traz um novo formato. Agora, uma disputa acontece entre as quatro escolas do mesmo dia. O visual final sobre o novo modelo só poderá ser dado após a quarta-feira de cinzas; afinal, teremos que ver o comportamento dos jurados. O que é esperado? Se a escola passar muito bem, ela ganha o 10, e não será tolerável que ninguém julgue “segurando nota” para o dia seguinte. Caso contrário, o efeito proposto pela Liesa será devastador. Por isso, o curso de jurados e as informações passadas pela Liga devem ser muito transparentes e objetivas.

A disputa promete ser muito forte. A competitividade cresceu demais. Infelizmente, ela ainda não é igual. Muitas não conseguem recursos antes e acabam com o planejamento afetado. Por exemplo, até este momento, a Prefeitura do Rio não assinou contrato e nem pagou nenhuma parcela da subvenção. Um dano enorme para cultura da cidade. Por outro lado, escolas estão melhorando seus processos de gestão e conduzindo melhor os trabalhos nos barracões.

Temos um ótima safra de enredos, destaco o Paraíso do Tuiuti, com a Xica Manicongo, e a Viradouro, com o Malunguinho. Acredito que o quesito Samba-Enredo, capitaneado pela Grande Rio, pode ter um grande número de notas máximas. Espero a excelência dos casais de mestre-sala e porta-bandeira e acredito que vamos ver trabalhos artísticos espetaculares na Avenida.

A minha curiosidade está na volta da quarta cabine de jurados. Os espaços no setor 9, a novidade do ano, e o último no setor 10, podem arrasar desfiles. O quesito Evolução deve mexer muito com as colocações em 2025. Uma “puxada da cabeça da escola”, feita de forma errada, pode ser fatal. Um buraco na entrada e saída da bateria no segundo recuo também. Ainda bem que teremos dois ensaios técnicos de cada escola na Sapucaí. Porém, a hora do desfile é sagrada, e tudo pode acontecer. Missão ingrata para todas as direções de carnaval.

numeros 2024

Sinceramente, não vejo nenhuma favoritaça pelo título. Acho a Viradouro muito preparada, com todos os quesitos em excelência, mas vejo muita força na Grande Rio, principalmente por estar na terça-feira, além do sambaço que possui e do trabalho artístico da dupla Bora-Haddad. Também percebo a Imperatriz, que faz os ensaios de rua mais vibrantes do Rio, os melhores na minha opinião, e que teve o reforço certo na comissão de frente, com a chegada do coreógrafo Patrick Carvalho. É uma escola que brigará pelo topo. Acredito muito que o Salgueiro possa furar essa bolha das três primeiras de 2024. Impossível não apostar na Beija-Flor, falando de Laíla, e na Vila Isabel, que deu carta branca para o Paulo Barros.

Das duas maiores campeãs do carnaval, Portela e Mangueira, tenho expectativas semelhantes. A Verde e Rosa possui quesitos fortes, como bateria, casal e comissão de frente. A Majestade do Samba confia no talento de Gilsinho, na “Tabajara do Samba”, e na competência dos carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues, que tiveram em 2024 a melhor condução de enredo, ganhando diversas premiações. Para a Mangueira, o desafio é apresentar um melhor conjunto de alegorias. A missão é de Sidnei França, multicampeão em São Paulo, e a direção da escola garante que não faltarão recursos. Se isso acontecer, o resultado será excelente para os mangueirenses. Do lado da Portela, o desafio é quase sempre financeiro. A organização da escola é muito bem comandada pelo diretor Junior Schall. Com muito chão e a comunidade cantando demais, como fez no minidesfile, é torcer para que os recursos cheguem a tempo, para que a procissão portelense possa encontrar a Apoteose para celebrar Milton NAscimento.

Vejo que o Paraíso do Tuiuti, principalmente após o excelente minidesfile, está com muita chance de sonhar com uma volta no sábado das campeãs e, quem sabe, até repetir o sucesso de 2018, quando foi vice e poderia ter saído com o título. Não é fácil, a disputa é forte, mas a escola está se preparando muito bem. Possui um enredo, um dos melhores do ano, o samba é ótimo e Pixulé está muito bem. Sem contar na bateria, sob a regência de mestre Marcão, e no casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael e Dandara. A comissão de frente foi muito bem em 2024 e pode repetir a dose este ano. Impacável em seus enredos, o carnavalesco Jack Vasconcelos pode desenvolver algo muito impactante nas alegorias e fantasias.

Mocidade e Unidos da Tijuca caminham para um 2025 muito melhor do que 2024. A escola do Borel confia demais na bateria “Pura Cadência”, no ótimo enredo e samba. O trabalho do carnavalesco Edson Pereira conquistou a direção, e o contrato já foi renovado para 2026. Mudanças foram feitas, como na comissão de frente, e o sonho é recuperar os momentos de glórias tijucanas. Ainda pode parecer distante, mas a preparação nos ensaios de rua e no minidesfile mostrado que é possível. Já a Mocidade, que foi no passado para ter sucesso no presente, trouxe Renato e Márcia Lage. O enredo, que parecia complicado, ficou claro com o ótimo samba-enredo. A escola vive um momento espetacular com o intérprete Zé Paulo e a bateria do mestre Dudu. Além disso, possui um dos melhores casais do carnaval, Diogo e Bruna. Como foi dito sobre a Portela, a maior dificuldade deve ser financeira. Para isso, a escola terá que ter organização de trabalho. O competente diretor Mauro Amorim voltou para casa, e o independente sonha com dias melhores na Avenida. O céu está clareando por lá.

A Unidos de Padre Miguel, sem dúvida, será uma das mais aguardadas de 2025. O sambista aprendeu a amar o Boi Vermelho. A expectativa é de um desfile forte, como sempre é feito pela vermelho e branco. É preciso que seja impecável. Assim, evitará qualquer julgamento injusto de bandeira. Abrir o domingo não é fácil, mas este ano é diferente. O envelope será fechado após a Mangueira, último do dia, passar, ou seja, serão três adversárias para cada agremiação. Fazendo um desfile impactante, sem erros, a UPM jogará a “batata quente” para quem vier na segunda e terça.

Pela Série Ouro, infelizmente, as escolas sofrem muitos danos com o descaso do poder público. Nem sinal de subvenção da Prefeitura do Rio, e o Estado também não se pronunciou se dará apoio ou não. É difícil demais projetar algo para os desfiles. É notório que a União de Maricá, por ter apoio do município, um dos mais ricos do Estado, surge como favorita. Agora, quem vai tirar da briga a União da Ilha, Estácio e Império Serrano, por exemplo? Torço para que os governos acordem, incentivem e ofereçam melhores condições para todas as agremiações. São muitas comunidades que sonham e que merecem o reconhecimento.

Para fechar o primeiro texto do ano, vou focar na parte das transmissões pelas TVs. A Série Ouro, na Band, melhorou demais em 2024 e pode trazer mais competição nas informações técnicas. No Especial, a TV Globo capricha muito nas matérias exibidas nos telejornais locais, mas derrapa na hora dos desfiles. Confesso que tenho muita preocupação sobre o que pode ser feito em 2025. Estamos vindo de um 2024 tenebroso. Como o contrato termina este ano, pode ser que a partir de 2026 teremos outros players, quem sabe a CazéTV no YouTube, a própria transmissão da Rio Carnaval e a Globo seguindo, mas sem exclusividade. Aqui, tem zero informação. É apenas um achismo e torcida!

Apaixonados por carnaval, em nome do CARNAVALESCO, agradeço o carinho de todos. Vamos para 18 anos. É muito tempo. Enfrentamos momentos bons e ruins. Não desistimos! Vamos seguir caminhando juntos sempre em prol dos sambistas e das escolas de samba. Feliz 2025!

Unidos da Tijuca anuncia renovação do carnavalesco Edson Pereira

A Unidos da Tijuca abriu o primeiro dia do ano de 2025 anunciando a renovação do contrato do carnavalesco Edson Pereira já para o desfile de 2026. O fato inédito na agremiação foi anunciado pelo presidente Fernando Horta durante almoço de comemoração aos 93 anos de fundação da amarelo-ouro e azul-pavão do Morro do Borel no último dia de 2024. A escola já iniciou inclusive os trabalhos de pesquisa do enredo do carnaval que se sucederá, em 2026.

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“Só quero agradecer a confiança e dizer que estou muito feliz em fazer parte dessa família que é a Unidos da Tijuca. Me sinto realmente à vontade e disposto em lutar e brigar ainda mais para fazer a escola sempre ter uma ordem crescente. Cheguei com muita honra e alegria nesta agremiação quase centenária. Quero poder somar e realizar um carnaval dos sonhos. Sou mais um membro da família tijucana e estou aqui para construir uma nova e linda história junto com a Unidos da Tijuca”, avisa o artista.

Unidos da Tijuca 2025: ouça a versão oficial do samba-enredo

Em 2025, a Unidos da Tijuca desfilará com o enredo “Logun-Edé – Santo Menino que Velho Respeita” de autoria e desenvolvimento de Edson Pereira. Um tema solicitado pela comunidade e atendido pela agremiação. O desfile acontece dia 03 de março, segunda-feira de carnaval, na Marquês de Sapucaí.

Vídeos: apresentação da Tijuca na Cidade do Samba para o Carnaval 2025

Balanço de 2024 no mundo do carnaval: boas memórias

O ano termina nesta terça-feira e chega o momento do balanço. O site CARNAVALESCO pode comemorar mais de 38 milhões de visitantes únicos em 2024. Além disso, temos números impressionantes nas redes sociais. Ampliamos a cobertura em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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numeros 2024

O Carnaval 2024 no Rio de Janeiro foi espetacular. A consagração da Viradouro no Especial e da UPM na Série Ouro celebrou dois desfilaços. A escola de Niterói mostrou todo o seu padrão de excelência de quesitos, inclusive, abrindo 0,7 décimos para segunda colocada. A agremiação da Vintém não deu chance para nenhuma outra. O padim abençoou o Boi Vermelho. Em São Paulo, a Morada do Samba conquistou o bi consecutivo.

A cigana deu para Imperatriz uma performance que não era vista há muito tempo na Avenida no rendimento de um samba-enredo com componentes e público geral. O intérprete Pitty de Menezes doutrinou. Um banho de harmonia Leopoldinense. O Salgueiro levou para Avenida o samba-enredo que conquistou corações e o caju, da Mocidade, furou a bolha.

A gestão de Gabriel David, na Liesa, começou com a maior inovação dos últimos 30 anos, que foi a decisão de três dias desfiles em 2025. Teve polêmica. Uns gostaram e outros não. A venda de arquibancadas foi sucesso. A medida de fechar os envelopes das notas, após cada dia, foi muito correta. O sorteio gerou muita expectativa e revelou um domingo muito forte, principalmente, pelas presenças das atuais campeã e vice.

O ano teve a volta da festa dos enredos. Um dia que entrou para história do carnaval e reuniu mais de 8 mil pessoas na Cidade do Samba.

Na reta final de 2024 soubemos que Neguinho da Beija-Flor cantará pela última vez na Marquês de Sapucaí. Todos nós sentimos, mas respeitamos a decisão dele. Sem dúvida, o intérprete será muito homenageado.

A Série Ouro teve a mudança da presidência. Entrou Hugo Junior. Mais uma vez, o álbum dos sambas foi elogiado pela qualidade do material. Agora, a melhor notícia foi o início das obras da Cidade do Samba 2, que será na antiga Estação da Leopoldina.

O ano marcou de vez o talento do carnavalesco Tarcísio Zanon. O artista entrou no hall dos três melhores do momento. Seu trabalho artístico foi um primor. Importante também citar o desfile produzido por Nicolas Gonçalves, maior revelação do ano, no Arranco.

Após um 2023 fraco nas comissões de frente tivemos em 2024 duas exibições históricas: Viradouro e Grande Rio. Vimos também um belo trabalho do coreógrafo Patrick Carvalho na Maricá.

O ritmo segue no mais alto patamar. Destaques para baterias da Mangueira, Viradouro, Imperatriz, Tuiuti e Vila Isabel. Aliás, todas estão bem demais.

Os casais também atingiram um rendimento muito alto. Chover no molhado falar da dupla do Salgueiro, que é sempre impecável. Tivemos atuações magistrais do casal da Imperatriz, Mangueira e Grande Rio.

O pós-desfiles de 2024 nos revelou enredos maravilhosos para 2025. Destaques para homenagem para Laíla na Beija-Flor, o Malunguinho da Viradouro e o fundamental enredo do Tuiuti. Em Caxias, a Grande Rio fez história com a parceria de sucesso em Belém e que gerou um samba-enredo magistral. Aliás, a safra do Especial é magnífica. A da Série Ouro tem altos e baixos.

Chegada a hora de projetarmos 2025. Isso será feito no próximo texto. Feliz ano novo, apaixonados por carnaval.