Xande de Pilares fará sua estreia no carnaval paulista completando o quadro musical do Águia de Ouro ao lado dos intérpretes oficiais Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto.
Xande que já é amigo da Azul e Branco de longa data, teve uma força a mais para participar do carro de som. Amigo e parceiro de Benito de Paula, não esconde a felicidade de mais uma vez homenagear Benito. A dupla gravou junto o projeto 360° Ao vivo em 2012, quando Xande Ainda fazia parte do Grupo Revelação.
O cantor carioca já colocou sua voz no samba 2025 da escola e promete em
Breve vir participar dos ensaios da agremiação.
A Beija-Flor de Nilópolis dará continuidade à temporada 2025 do “Encontro de Quilombos” neste sábado. O evento, que celebra a irmandade entre grandes escolas de samba com desfiles ao ar livre, terá como convidada a Paraíso do Tuiuti. O encontro acontece na Estrada da Mirandela, em Nilópolis, com entrada gratuita e início às 18h. A programação começa com o desfile da Tuiuti, seguido pela apresentação da anfitriã, a Beija-Flor. A noite promete ser um espetáculo de samba e cultura, com destaques como a Rainha de Bateria Lorena Raíssa, o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Claudinho e Selminha Sorriso, e a bateria Soberana, comandada pelos mestres Rodney e Plínio.
A temporada do “Encontro de Quilombos” segue até fevereiro, trazendo a Imperatriz Leopoldinense no dia 25 de janeiro e a Unidos de Padre Miguel no dia 8 de fevereiro, que encerra o calendário de desfiles.
Serviço:
Encontro de Quilombos – Beija-Flor recebe Tuiuti
Data: 11/01
Local: Estrada da Mirandela na altura da rua R. João Evangelista de Carvalho
Hora: 18h
Preço: grátis
Mesmo com o pré-Carnaval da Imperatriz Leopoldinense a todo vapor, e com o ritmo intenso de ensaios, a presidente Catia Drumond segue com os projetos para a comunidade do Complexo do Alemão e da Zona da Leopoldina.
Visando maior conforto e bem-estar ao público e seus componentes, a atual vice-campeã do Carnaval carioca, ainda no fim de 2024, teve um imóvel, nos fundos de sua quadra, comprado pela presidente Catia Drumond, o que irá proporcionar um aumento significativo na capacidade física da quadra da Rainha de Ramos.
A obra para ampliar o espaço do terreno, onde fica localizada a tradicional quadra de ensaios, na Rua Professor Lacé, em Ramos, já começou, e será feita em duas partes: uma já iniciada ainda no ano passado. A segunda etapa será realizada logo após o Carnaval deste ano.
Segundo a presidente, além da ampliação da quadra, um espaço deste novo local será especialmente destinado ao recém-lançado Instituto Imperatriz Leopoldinense, entidade sem fins lucrativos que promove oportunidade e qualidade de vida a crianças e jovens da região.
“A quadra ficou pequena para o tamanho que a escola conquistou nos últimos anos. É uma ampliação para o Carnaval e para o contexto social. Significa mais público e ainda mais qualidade para os projetos que trabalhamos o ano inteiro, além do Carnaval. É uma nova Imperatriz, na qual eu me orgulho muito de fazer parte e, ao lado do meu filho, seguir o legado de uma vida inteira do meu pai [ao se referir a Luiz Pacheco Drumond] que, em 12 de dezembro de 1975, ou seja, há 50 anos, teve a mesma iniciativa”, afirma Catia.
No Carnaval 2025, a Imperatriz Leopoldinense tentará o seu 10º campeonato com o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON- Água fresca para o Senhor de Ifón”, do carnavalesco Leandro Vieira, sendo a segunda a escola a desfilar, no domingo, 02 de março.
A Tijuca retomou seus ensaios na Via D1, a rua Geógrafo Milton Santos, na noite da última quinta-feira, com forte presença dos componentes e da comunidade. Com a apresentação dos seus segmentos na rua, a escola do Borel mostrou muita força no canto e na evolução das alas. O Pavão vai levar a Sapucaí o enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”, do carnavalesco Edson Pereira, presente neste primeiro ensaio do ano, sendo a escola que vai abrir o segundo dia de desfiles do Grupo Especial na segunda-feira de carnaval. A escola retorna na próxima quinta-feira para mais um ensaio de rua.
O diretor de carnaval, Fernando Costa, conversou com o CARNAVALESCO ao fim do ensaio para falar sobre este retorno a rua em 2025.
“No início eu estava preocupado com o tempo, porque choveu o dia inteiro, o componente fica sempre com receio de sair de casa, mas, o pessoal veio, cantou muito, a bateria e o carro de som, hoje, maravilhosos. Eu gostei muito, e para um primeiro ensaio, depois de umas feriazinhas que a gente tinha dado, voltaram arrebentando. Acho que o caminho é esse, agora são os poucos ensaios que faltam para a gente cair pra dentro e melhorar isso”.
Comissão de frente
Sob os comandos de Adriane Lax e Bruna Lopes, a comissão de frente da Tijuca veio com seus 15 integrantes em uma coreografia com movimentos remetendo a danças africanas e a letra do samba da escola, além de trazer um bailarino principal como Logun-Edé trajando a cauda do pavão na última parte da coreografia.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Matheus André e Lucinha Nobre fizeram uma apresentação bem entrosada, demonstrando cada vez mais confiança entre eles e a dança realizada por eles, que contou com diversos elementos remetendo à letra do samba sendo executados ao longo do bailado do casal.
Fotos: Alex Maia/Divulgação Tijuca
Harmonia
A nação tijucana cantou bem forte o hino da escola para o próximo carnaval. As alas passaram com um canto bem constante durante o percurso, tendo Ito Melodia e seu carro de som ajudando a sempre a escola a executar bem o samba durante o ensaio.
Evolução
A Tijuca apresentou uma evolução bem correta, sem atropelos, com bom tempo para as alas passarem, incluindo as coreografadas, em especial a última que veio com passos de funk dentro da dança apresentada. A escola veio bem animada no percurso, com as primeiras alas podendo se soltar um pouco mais nos próximos ensaios.
Samba-enredo
Ito Melodia conduziu bem o samba da Amarelo-Ouro e Azul-Pavão, tendo a obra mais um bom rendimento no ensaio da agremiação, este em especial com a presença de um dos autores da obra, Diego Nicolau, onde o destaque para o canto da comunidade fica com os refrões, e subida na parte final do samba “Orixá menino que velho respeita / Recebi sentença de Pai Oxalá / Eu não descanso depois da missão cumprida / A minha sina é recomeçar”.
Outros destaques
A “Pura Cadência” voltou com tudo sempre pelas mãos de Mestre Casagrande, tendo a presença da rainha Lexa, que interagiu bastante com o público presente, em especial as crianças que foram ao ensaio. O treino contou com a presença do carnavalesco da escola, Edson Pereira, que acompanhou toda a apresentação da escola do Borel.
Os leitores do CARNAVALESCO elegeram o samba-enredo da Beija-Flor como o melhor do Grupo Especial do Rio de Janeiro para o Carnaval 2025. A escola de Nilópolis recebeu 16,5% dos votos. A obra é assinada pelos compositores Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar, Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena. A escola terá o enredo “Laíla de todos os santos. Laíla de todos os sambas”, que será desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo.
A Grande Rio ficou em segundo com 16,4%, a Viradouro em terceiro com 15,8%, a Imperatriz em quarto com 15,6%, o Salgueiro em quinto com 11,2% e a Mocidade em sexto com 4,3%. O Paraíso do Tuiuti recebeu 4,2%, a Mangueira teve 4,1%, a Unidos de Padre Miguel e Unidos da Tijuca ficaram com 3,2% (cada), a Portela com 2,9% e a Vila Isabel com 2,6%.
“De todos os sambas que eu fiz, sem dúvida nenhuma, esse é disparado o mais especial da minha vida, porque o Laíla foi um cara que a gente conviveu, que a gente acompanhou muita coisa boa. A gente sofreu junto, ele me abraçou e agora essa homenagem para ele me deixa sem palavras. Estou feliz demais”, contou o compositor Junior Trindade, em entrevista ao CARNAVALESCO, após a vitória na final de samba.
“A Beija-Flor, é imbatível com um samba-enredo bom. A parte que mais mexe comigo na obra é: “Oh jakutá, o Cristo Preto me fez quem eu sou! Receba toda a gratidão, obá, dessa nação nagô”, disse o compositor Serginho Aguiar.
Durante as gravações do audiovisual da Liga-SP, o CARNAVALESCO pôde acompanhar tudo e aproveitou para entrevistar diversas personalidades do samba. A primeira delas foi o intérprete da Mancha Verde, Fredy Vianna. O cantor atendeu o site e falou sobre algumas questões que está inserida na carreira do profissional. Vale sempre destacar que neste ano, Fredy completa 13 anos na ‘mais querida’.
Qual é a sua opinião sobre o quesito samba-enredo nos últimos anos?
“É difícil a gente opinar sobre isso, porque cada escola tem a sua identidade com o seu samba. Cada um tem uma opinião e é difícil a gente chegar e falar que a minha é melhor do que a sua. Eu acho meio complicado falar sobre isso e esse lance do quesito vem recebendo muitas notas 10. Eu prefiro ficar nulo”.
Você avalia os sambas das outras escolas ou prefere focar apenas na Mancha Verde?
“Na verdade, eu ouço meio por cima agora. Depois que a gente para com as eliminatórias, começamos a ouvir. Mas o carnaval de São Paulo está bem servido na safra de sambas-enredo. Vai ser um ano bem legal para as escolas, as baterias estão cada vez melhores e crescendo mais”.
Os mestres Cabral e Vinny assumiram a bateria já mostrando grande talento. Como está sendo a relação com eles?
“Eu gosto muito dos caras. Eles são ousados, são amigos, parceiros, a gente se entende muito bem. Isso é sempre uma coisa positiva. Eu estou feliz com os caras. Eu quero que eles fiquem por muito tempo na Mancha. Tomara que a gente faça uma parceria duradoura”
Você é um intérprete consolidado em São Paulo, mas sonha em cantar no carnaval do Rio?
“Eu já cheguei a cantar no Rio, mas eu cantei no Acesso com o Império Serrano. Foi uma experiência magnífica, mas eu amo São Paulo, amo o nosso carnaval. Se tiver que acontecer, vai acontecer. Se não tiver, a gente fica feliz da mesma forma, porque já temos um nome. A gente é muito bem visto e querido aqui, sou muito reconhecido pela Mancha, passei pela Tucuruvi por 11 anos e é só gratidão a São Paulo mesmo. Se acontecer no Rio, a gente vai ficar feliz e agradecer ao papai do céu por isso”.
Qual é o samba-enredo da sua vida?
“É o samba-enredo de 2012 da Mancha, que é uma obra que eu compus. Foi o meu primeiro ano de Mancha Verde e foi um ano mágico para mim. Ao mesmo tempo nervoso que eu estava saindo da Tucuruvi e chegando em uma nova agremiação. Foi especial também, porque foi o meu primeiro samba que eu compus e que eu cantei na avenida”.
Foi debaixo da chuva caindo na terra de Noel que a Vila Isabel realizou a maior parte do primeiro ensaio de rua 2025. A Azul e Branca se reuniu em frente a basílica de Nossa Senhora de Lourdes para dar início ao treino, na noite da na última quarta-feira, que além da chuva, foi marcado pela alegria dos componentes e seu canto, uma boa evolução e a presença da rainha de bateria da escola, Sabrina Sato. A Vila vai levar para a avenida no próximo carnaval o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, do carnavalesco Paulo Barros.
Tinga, intérprete da escola, falou em entrevista ao CARNAVALESCO sobre como a escola está agora rumo ao próximo carnaval.
“A Vila Isabel está feliz, preparada para o carnaval, e cada vez mais a gente vai lutar para sempre fazer o nosso melhor, e chegar na avenida com força total, mostrando a força da nossa escola, da nossa comunidade, em busca de tão nosso tão sonhado título”.
Fotos: S1 Fotografia e Comunicação/Divulgação Vila Isabel
Comissão de frente
Comandada por Alex Neoral e Márcio Jahu, os integrantes abriram o ensaio utilizando a mesma coreografia apresentada nas últimas vezes, com os movimentos felinos e muito bem demarcados.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Marcinho e Cris Caldas fizeram uma apresentação bem segura em meio ao chão molhado e aos momentos de chuva. Dança bem coreografada e com diversos momentos de giros e sincronia entre o casal durante a apresentação.
Harmonia
A escola cantou muito bem embaixo da chuva, com uma boa constância dos componentes presentes no ensaio, sempre com o auxílio de Tinga na condução do samba. Moisés Carvalho, diretor de carnaval da agremiação, falou sobre o desempenho da comunidade neste retorno à rua em 2025.
“Primeiro ensaio de 2025, embaixo de chuva, agradecer a comunidade de Vila Isabel que mesmo embaixo de chuva, com esse mau tempo, compareceu. Isso é a prova que a Vila está forte, unida e quer buscar o título pra Terra de Noel”.
Evolução
A agremiação evoluiu tranquilamente no Boulevard, com as alas desfilando animadas e bem alegres, e sem correria ou embolação, mesmo com a chuva, demonstrando muita firmeza na evolução ao longo do ensaio.
“Agora é trabalhar duro, toda quarta-feira, e com os ensaios de segunda-feira internos aqui na quadra com as alas setorizadas, para a cada ensaio de quarta-feira fortalecer canto e evolução, para chegarmos no primeiro e segundo ensaios técnicos cem por cento, e que no dia do desfile a gente faça a Vila brilhar”, comentou também o diretor de carnaval da escola.
Samba-enredo
Tinga conduziu muito bem o samba da Vila para 2025 neste primeiro ensaio de 2025, com muita energia e o precioso auxílio do carro de som, mantendo a obra em um rendimento muito bom, possibilitando bem o canto dos componentes. O intérprete falou com o CARNAVALESCO ao fim do ensaio sobre este retorno ao Boulevard.
“Foi maravilhoso. A comunidade está aí feliz da vida, mesmo com todos os problemas que a gente está passando, e vindo de peito aberto, com chuva, pedindo paz para o nosso bairro, para a gente ter sempre um ensaio feliz e alegre, como a gente pôde fazer hoje”.
Outros destaques
A rainha de bateria da Vila, Sabrina Sato, esteve presente com uma roupa branca de franjas, sambando e interagindo com a comunidade durante sua passagem pelo Boulevard. A “Swingueira de Noel” também foi muito bem sob a regência de mestre Macaco Branco nesta volta a rua.
Após o sucesso em parceria com a fornecedora de material esportivo, Kappa, a Mocidade volta a lançar mais uma série de produtos. Desta vez, a boutique oficial da Verde e Branco de Padre Miguel faz uma linha voltada 100% para o público feminino. Batizada de “Coleção Musas Independentes”, a campanha tem como símbolo Gabriella Mendes. Ex Rainha do Carnaval Carioca, integrante da ala de passistas da Escola e atualmente Musa, a cria da Vintém é a personagem que simboliza as mulheres Independentes.
O diretor de marketing da Escola, Bryan Clem, explica a estratégia por trás de mais um lançamento de vendas.
“Nosso foco está em trabalhar o licenciamento de marca cada vez mais e atrair todos os públicos. As Independentes agora possuem uma linha completa de produtos para usarem no dia a dia, treinos e momentos de lazer. E nada melhor que trazermos a Gabi, uma menina cria da Escola para representar a campanha. A ideia é termos cada vez mais produtos femininos disponíveis.”
A linha já está disponível na Boutique online da Escola em www.boutiquemocidade.com.br
O ator, comediante e roteirista Marcelo Souza, já iniciou sua preparação para o Carnaval 2025. Marcelo, que interpreta a Drag Queen Suzy Brasil, conhecida por programas do Multishow como “A vila”, com Paulo Gustavo, e “Ferdinando Show”, com Marcus Majela, esteve na Cidade do Samba na última terça para conhecer o figurino que irá desfilar pela Imperatriz Leopoldinense, atual vice-campeã do Carnaval carioca.
O croqui da fantasia foi entregue pelas mãos do carnavalesco Leandro Vieira, que vai para o seu terceiro desfile consecutivo na Rainha de Ramos, mesmo tempo que Marcelo está na agremiação.
O ator, que tem apresentação de seu Stand Up Comedy “Made in Brasil”, marcada para a próxima quinta (09.01) no Teatro Claro Mais, em Copacabana, destacou sua animação para o desfile que se aproxima:
“É uma alegria desfilar pela Imperatriz, uma escola que acolhe a diversidade e valoriza a arte drag, além de trazer para a avenida um enredo tão lindo, que exalta as nossas raizes e tem uma grande importância na luta contra a intolerância religiosa. Aguardem minha performance esse ano na Sapucaí. Venho bem quente”.
Em 2025, a Imperatriz vai apresentar na Marquês de Sapucaí o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON- Água fresca para o Senhor de Ifón”, que contará a história da saga de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô.
A Mocidade não vem de bons desfiles. Apesar do sucesso pré-carnavalesco do samba do Caju, a escola não aconteceu na avenida, o que refirmou uma crise de identidade. Para tentar resolver essa questão a diretoria trouxe de volta o último carnavalesco de destaque da verde-e-branco: Renato Lage – e sua parceira Marcia, que o acompanhou durante parte da sua primeira passagem na agremiação. Os dois apesentaram o enredo “Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar” em que propõem uma reflexão à humanidade sobre o momento em que vivemos e busca inspiração em desfiles anteriores da própria Mocidade.
A sinopse não é das mais fáceis de se interpretar, mas o samba-enredo ajuda muito a organizar as ideias, ou pelo menos assim espero (é preciso ver o casamento dele com a parte plástica). Ele constrói uma linha lógica que nos permite compreender os questionamentos do enredo, que pareciam vagos inicialmente. Méritos para Paulo César Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos Da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito De Souza, Dr. Castilho e Leo Peres.
É uma letra de vocabulário rebuscado, que traz uma interpretação bastante poética da sinopse desde os primeiros versos em que anuncia o passado da agremiação como a inspiração deste olhar para o futuro em meio à escuridão do momento. “A luz que nos chega da estrela primeira / Nascida do pó no Cruzeiro do Sul / Do plasma divino das mãos carpinteiras / Ressurge Candeia no breu nesse azul”.
O trecho seguinte já traz o primeiro questionamento sobre os rumos que a humanidade tem escolhido para si e questiona os rumos do uso da ciência. “Será que o limbo da imaginação perverte a inteligência? / O homem com sua ambição desconhece a razão, desatina a Ciência”.
E lança um olhar para como seria o carnaval perto do apocalipse, caso os rumos da evolução continuem como estão hoje. “Será que há de ter carnaval, sem minha cadência? / Com alas em tom digital no fim da existência / Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?”. Estes dois grupos de versos passam ao largo de uma série de obras de ficção citadas na sinopse para construir tal cenário.
Aqui os autores começam a usar um recurso que marca esta obra, as citações a trechos de antigos sambas da Mocidade. Neste primeiro refrão eles relembram o famoso Ziriguidum 2001, do carnaval de 1985, no verso “escrever versos à luz do luar”. E reafirmam a ideia de reconstrução da escola presente desde os primeiros versos.
“Se a Mocidade sonhar / No infinito escrever versos a luz do luar, deixa! / Quando o futuro voltar / A juventude vai crer / Que toda estrela pode renascer”.
A segunda parte da sinopse aponta para os problemas ambientais trazidos pelo uso desenfreado da ciência como meio de acumular capital e ainda resvala na hipocrisia de quem diz defender a natureza, mas lucra com sua devastação. “O verde adoecido da esperança / Ofega sobre o leito da cobiça / Quem vive pelo preço da cobrança / Derrama sua lágrima postiça”
Nos versos que se seguem o samba faz alusão aos incêndios florestais que assolam não só o Brasil, mas todo o mundo e suas consequências. “Fogo matando a floresta / Bicho morrendo no cio / Febre no pouco que resta / Secam as águas do rio / E a vida vai vivendo por um fio”
Até que chega o ponto de virada da história. Com uma sequência de boas lembranças de antigos desfiles da Mocidade o samba injeta esperança no futuro. Os compositores foram muito felizes ao encaixarem referências de diferentes sambas dando a eles uma perfeita conexão de sentido, algo difícil de alcançar. Começa com o “Chuê, chuá”, de 91 – “Naveguei / No afã de me encontrar eu me emocionei”; passa pelo Grande Circo Místico, de 2002 – “Lembrei da corda bamba que atravessei”, pelo famoso “Vira, virou”, de 90 – “ São tantas as viradas desta vida”, brinca com “Criador e Criatura”, de 96 – “A mão que faz a bomba se arrepende, faz o samba e aprende” e termina com o desfile de 1997, cujo título do enredo está no último verso – “A se entregar de corpo e alma na avenida”.
O refrão final reafirma a ideia de um futuro melhor, com o céu clareando e o mago recriando a Mocidade. Mais uma vez a escola bate na tecla de uma necessidade de uma transformação interna e aposta em Renato para isso, ao olhar para o passado. “O céu vai clarear / Iluminar a zona oeste da cidade / E Deus vai desfilar / Pra ver o mago recriar a Mocidade”.
É um meta-enredo em que a Mocidade fala sobre ela mesma no presente, no passado e sobre sua esperança no futuro. Ao misturar sua própria história com o caos da humanidade que fez parte desta história, mas parece sem solução, acaba gerando dúvidas na interpretação de onde pretende chegar. Mas é carnaval e tudo é permitido.
O samba é muito bem construído em letra e melodia, que se encaixam perfeitamente para a transmissão dos diferentes momentos que apresenta. Há momentos mais sombrios, outros de esperança e aqueles em que há explosão de fé no futuro. E a música acompanha tudo isso perfeitamente. A questão é a comunicação com o público, um pouco dificultada por um texto que em alguns pontos soa pesado, com palavras pouco usadas no dia-a-dia dos componentes. Quase uma obra erudita dentro do que é o universo do samba-enredo. Como tudo acontece na hora do desfile, vamos esperar para ver como o samba que leva Deus para o desfile funciona na avenida.