Canto da comunidade e Gilsinho se destacam em desfile de conjunto visual bem aquém da Portela
Por Antonio Junior. Fotos: Allan Duffes e Magaiver Fernandes
No enredo que todo o portelense queria, a comunidade mostrou-se presente e entoou com força o samba-enredo em homenagem a Clara Nunes. Com as emoções à flor da pele, o componente da Azul e Branca teve o canto impulsionado pela bela atuação do intérprete Gilsinho, comprovando o previsto no pré-carnaval e fazendo o samba da Portela render muito bem na Avenida.
O conjunto visual, porém, deixou muito a desejar seja pelos padrões de desfiles recentes da Portela, pelo histórico de trabalhos da carnavalesca Rosa Magalhães, seja pela importância da personalidade homenageada. A escola apresentou consideráveis problemas no acabamento de alegorias e fantasias, que podem custar décimos importantes no julgamento.
Comissão de Frente
Coreografada por Carlinhos de Jesus, a comissão portelense trouxe o ritual das guerreiras de Iansã, abrindo os caminhos para o desfile da Majestade do Samba. Contando com um elemento alegórico que apresentava alguns problemas de acabamento em sua decoração,a coreografia saudou Clara Nunes, representada pela cantora Mariene de Castro, que cantou o refrão do samba-enredo da agremiação ao fim da apresentação. O efeito porém teve problemas nos módulos 2 e 3 e demorou a se abrir para apresentar a cantora. No último módulo, voltou a funcionar normalmente. A participação de Mariene arrancou muitos aplausos do público presente.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Apresentados por Mariene de Castro, que interagia no começo da apresentação do casal, Marlon e Lucinha Nobre fizeram duas apresentações de alto nível nos primeiros módulos de julgamento. No terceiro e no quarto módulos, Lucinha foi tecnicamente perfeita, mas Marlon bailou mais devagar que o de costume, aparentando cansaço e comprometendo o sincronismo nos movimentos do casal.
Harmonia
Um dos pontos altos do desfile da Portela. O canto da escola foi forte e contínuo durante todo o tempo de desfile, mostrando muito empenho na homenagem à Clara Nunes. Louvável o trabalho da harmonia da agremiação e tal força tem muita contribuição de Gilsinho e seu time de carro de som, que estiveram em noite inspirada.
Enredo
Apesar dos problemas nos acabamentos de alegorias e em fantasias, o enredo mostrou-se bem desenvolvido e de fácil leitura. Bem desenvolvido, ficou fácil para o público e os jurados entenderem todos os momentos do desfile portelense.
Evolução
O quesito passou por problemas no desfile da escola de Madureira e Osvaldo Cruz. No primeiro módulo, o abre-alas apresentou problemas de locomoção – que se estenderam pela Avenida – e casou um espaçamento considerável entre os guardiões do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. A ala de força teve bastante dificuldade para levar a alegoria até o fim do desfile. No terceiro módulo, o último setor do desfile portelense deu uma acelerada no passo e apresentou oscilação do andamento em comparação ao apresentado pela agremiação até então.
Samba-enredo
Outro ponto alto do desfile portelense. Aclamado como um dos melhores do carnaval carioca em 2019, o samba da Águia de Madureira teve rendimento bastante satisfatório na Avenida. Voz com a identidade portelense, Gilsinho teve desempenho nota 10, interpretando muito bem a obra em homenagem a Clara Nunes. Destaque para a largada da escola, que ecoou forte pelas arquibancadas da Sapucaí.
Fantasias
Mesmo com leitura facilitada, o quesito teve problemas em execução e acabou mostrando que a Portela teve dificuldades no desenvolvimento de seu desfile. Os quarto e quinto setores utilizaram-se de muita malha para complementar as fantasias, destoando dos setores iniciais, assim como os guardiões do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira (que também apresentaram desgaste na pintura da cabeça da fantasia) e as composições do abre-alas da agremiação. Além disso, as alas 7 (Folia de Reis), 17 (Ekedis), 20 (Ogum) e 21 (Yansã) também mostrou problemas em acabamentos de fantasias.
Alegorias
Principal problema do desfile portelense. Quatro dos cinco carros que a Portela levou para a Avenida apresentaram-se com problemas de acabamento que podem prejudicar a avaliação da agremiação. O abre-alas mostrou falhas no acabamento. O segundo carro apresentou desgaste de pinturas em esculturas que compunham o carro. O tripé “Tecelagem” mostrou falhas no acabamento e trechos de material descolando. A terceira alegoria apresentou falha de acabamento na parte traseira da Igreja representada. E, por fim, o quinto carro da agremiação apresentou problemas na parte traseira, com a lona do banner em homenagem a Clara Nunes danificada.
Bateria
Comandada por Mestre Nilo Sérgio, a bateria portelense foi uma das responsáveis pelo canto forte da comunidade. Por diversas vezes, as bossas apresentadas contribuíram para o canto forte dos componentes. Bianca Monteiro, rainha de bateria da agremiação, esbanjou simpatia e beleza à frente da Tabajara do Samba.
Vila Isabel volta a fazer alegorias luxuosas e imponentes
Por Lucas Gomes
Repetindo o feito da Unidos da Tijuca, que no primeiro dia de desfiles se destacou pelo tamanho das alegorias, a Vila Isabel trouxe para 2019, um conjunto alegórico impressionante. Diferente de 2018, com Paulo Barros como carnavalesco, em que a escola de Noel apostou em alegorias mais criativas e tecnológicas. Já no abre-alas, três estruturas acopladas formavam a primeira alegoria que tinha de largura cerca de 60 metros e representava as carruagens reais e a religiosidade sediada na Catedral de São Pedro na cidade Serrana homenageada no enredo.
Depois de nos últimos anos, receber algumas críticas por conta das alegorias, a Vila aproveitou o tema sobre a cidade de Petrópolis que abrigou a realeza do imperador, para caprichar no luxo e no uso de dourado. Para o integrante da velha guarda da escola, Sator Alencar, as alegorias estão completamente inseridas no enredo e o tamanho não é menos do que a tradição do “povo do samba” pede.
“A Vila Isabel é tradicionalíssima nisso, e viemos para brigar pelo título. Vila Isabel é isso, é imponente, grandiosa. E além dos tamanhos, eu achei os carros mais claros, objetivos, mais dentro do enredo. Eles realmente apontam o que foi a realeza em Petrópolis”.
O estreante Fabrício Marfon veio na terceira alegoria “Nos trilhos da Modernidade”, que representa o pioneirismo da cidade na construção de ferrovias. Para Fabrício, o tamanho do conjunto alegórico tem muita relação com as características do artista que projetou o desfile.

“Até pelo carnavalesco, a Vila está mais luxuosa. O Jack Vasconcelos é um carnavalesco que cuida muito dos detalhes, da elegância, do chique. E as fantasias estão super leves. E é isso que o público quer, sair daqui impressionado”.
Não só impressionante em largura, mas com algumas alegorias se destacando também em altura, o segundo carro que representou o “Paraíso coroado” citando os índios que predestinam a terra a ser guardiões da coroa, impressionou Clara Paixão, uma das componentes .
“Eu achei o carro bem grande. Nós fizemos um teste antes, e eu achei bem alto. Ele vem com água em cima e “tá” muito bonito. Graças a Deus que não choveu. As fantasias das alegorias também estão muito bonitas. Muita gente pediu pra tirar foto.”
Seres imaginários: Viradouro abre desfile com ala de bruxas e vampiros
Por Lucas Lunus

A Viradouro iniciou seu desfile apresentando os seres imaginários que permeiam o universo infantil e até mesmo de muitos adultos. A primeira ala definida por Paulo Barros como “Magia e encanto no ar”, que veio logo à frente do carro abre alas, trouxe fantasias distintas entre si para representar fadas, gnomos, magos, bruxas, rainhas, príncipes, vampiros e até mesmo o Aladdin. Apesar de os componentes não desfilarem com a mesma fantasia, a roupa dos foliões obedecia alguns padrões como tecido, estampa e paleta de cores. No geral, havia sempre alguma referência ao vermelho da escola.
Os personagens traduziam um pouco do que o enredo da Viradouro se propôs a tratar, tantos os que tem características boas como os voltados para fazer o mal, bruxas e vampiros por exemplo. Como definido na Sinopse do enredo, eram seres encantados por feiticeiras que guardam os segredos do “Viraviradouro”, o livro mágico criado como fio condutor do desfile que termina por narrar a vitória da escola renascendo das cinzas e voltando ao Grupo Especial.
Como em 60% da escola, a ala dos encantados também veio bastante maquiada para que a caracterização dos personagens ficassem ainda mais realista e o reconhecimento fosse fácil pelo público. Vestida de bruxa, Giselle, que desfia pela segunda vez na Viradouro, brinca que é uma feiticeira boa mas a maquiagem diz o contrário.
“A bruxa representa o mal, na escola como diversas fantasias. A bruxa é uma história que toda criança gosta de ver, e que ela sente medo. Existem bruxas boas e bruxas ruins. Eu me considero a uma bruxa boa, mas a maquiagem me denuncia, né verdade? Ela tá mais pra bruxa má”.

Outra criatura do mundo imaginário voltada para o mal inicialmente são os vampiros. Representado os bebedores de sangue humano, Tales Porto, em seu terceiro ano de Viradouro, confessou sentir um pouco de calor com a fantasia mas ressaltou a importância da ala representando toda a história que a escola iria contar.
“A fantasia é meio quente mas eu gostei, perfeita, bem acabada, e é isso aí. O enredo fala de todos os personagens que encantam o universo infantil e até mesmo os adultos. E o vampiro ele está sempre nesse meio. Está no meio do mal, mas acaba conquistando todo mundo, por isso foi importante incluí-lo nesse meio. Essa ala é um síntese de todo o enredo”
Mas, a primeira ala da escola também trouxe heróis do imaginário infantil. Inicialmente ladrão, o pequeno Aladdin tem sua história repassada em algum lugar no Oriente Médio, se apaixona por uma princesa, a Jasmine, e tem seus desejos atendidos por um gênio que sai da lâmpada mágica. Para representar o pequeno garoto árabe foi escolhido o folião Marcio Rodrigo que enfatizou a reviravolta na história do personagem.
“Essa fantasia representa o Aladdin, e o Aladdin é um garoto que voa no tapete mágico e toda a criança gosta e com uma história de um ladrão que vira príncipe. E por isso que estou gostando de me vestir do personagem, principalmente para dar de tudo pela escola, pela ala que eu amo”
Abre-alas da Vila Isabel de 60 metros impressiona foliões da escola
Por Lucas Gomes
A Vila Isabel trouxe na abertura de seu desfile nada menos que três carros acoplados para formar o seu abre-alas. São 60 metros de alegoria, tão extenso que dificultou até o enquadramento total do carro em fotos.
Luxo é a palavra que resume a primeira alegoria da Vila que quando conseguiu fazer a curva para entrar completamente na Sapucaí, levantou e deixou de boca aberta o Setor 1. Com quatro cavalos brancos gigantes puxando a carruagem que formava o segundo elemento alegórico do carro, o abre-alas encerrava na imagem da tradicional catedral de São Pedro situada no centro de Petrópolis, onde até hoje o imperador D. Pedro II descansa em sua morada eterna.
Para os componentes do carro, a alegoria chocou e trouxe esperança no título que não vem desde 2013.
“É a primeira vez que eu desfilo no carro abre-alas e são três carros compondo o abre-alas que é o que deve impressionar a Avenida e espero que isso ajude muito a nossa vitória”, conta Juliana Simão, desfilando pela primeira vez na escola.
Para Giselle Lane, esta deve ser a maior alegoria que já desfilou.
“Eu acho que é um carro de muita qualidade , com muita gente e que chama a atenção com certeza. É o maior carro que eu já desfilei.”
O abre-alas impressionou outros setores da escola. Pra dona Janete Britos, da ala das baianas, que vinha logo depois da alegoria, e foi entrevistada pela reportagem do CARNAVALESCO ainda na concentração, o carro se destaca também pelos detalhes.
“Eu não tenho dúvida de que será excelente. Aqui da concentração eu já consigo ver o bom gosto desse carro. Olha, certamente está no páreo mesmo, coisa séria. O carro está belíssimo, olha que perfeição, com acabamento perfeito, certamente vai levantar a Sapucaí. A fisionomia dos Santos, uma beleza” conta a foliã que já tem 30 anos de Vila Isabel.
Carro da Viradouro impressiona com motoqueiro fantasma
Por Lucas Lunus

Um assustador cemitério em riqueza de detalhes apareceu na Avenida quando a quinta alegoria da Viradouro entrou na Sapucaí, na noite deste domingo. Representando as criaturas das trevas que dominam os piores pesadelos, o carro trazia como elemento surpresa: o motoqueiro fantasma.
Na história criada pela editora Americana Marvel, o personagem fez um pacto com “Satã” em troca de sua alma para salvar seu pai biológico. O anti-herói tem sua própria carne ser consumida em fogo infernal, deixando-o com a aparência de um esqueleto em chamas .
Na alegoria, além do cemitério, havia uma pista para que o personagem, vivido por Diego Cigano, que faz exibições de Globo da Morte, deslizasse em direção ao chão e depois retornasse para a alegoria. As alas que vinham a frente da alegoria, do Lobisomem, do Van Helsing e dos mortos vivos, abriam o caminho em movimento sincronizado para que a moto pudesse passar pela pista do Sambódromo.

O segredo da alegoria foi guardado a sete chaves e revelado apenas alguns instantes antes da entrada da Vermelha e Branca de Niterói na Sapucaí. Para garantir que tudo desce certo no carro, o próprio Paulo Barros subiu no carro minutos antes de sua entrada na pista, dando orientações a Diego Cigano e aos componentes da harmonia que viam próximos ao carro. Alguns integrantes da ala dos mortos vivos, imediatamente anterior à alegoria, que fazia alusão ao clipe da música Thriller do Michael Jackson, apesar de saberem que teriam que interagir com o quinto carro da escola, não tinha noção do seria realizado na Marquês de Sapucaí.
“Na verdade a gente não sabe muito sobre o que vai acontecer neste carro, mas nós representamos os mortos vivos que saem desse cemitério. Mas o que vai acontecer exatamente a gente não sabe. Uma surpresa vai descer essa rampa. Muita expectativa e muita emoção pelo tempo de ensaio”, confessou Rosane Tibério que desfilou na ala acompanhada do marido Anderson Moraes.
A mesma surpresa aconteceu com a foliã Glauciene Oliveira, que já desfila há 15 anos pela Viradouro, e também veio na ala dos mortos vivos.

“A gente não sabe o que vai acontecer no carro. A gente sabe que vai acontecer alguma coisa no meio da ala mas não sabemos o que é. É surpresa até pra gente” revelou a componente minutos antes de passar pela Avenida.
Outra surpresa do carro, foram os mortos que saíam das tumbas presentes no cemitério cenográfico da alegoria. Com coreografia também fazendo alguma alusão ao clipe de Michael Jackson, os componentes levantavam a Sapucaí todas as vezes que saíam de seu esconderijo produzindo um efeito macabro. Um dos componentes da alegoria, Leandro Duarte, acredita que a teatralização foi um dos principais trunfos do carro alegórico.
“O processo da maquiagem foi bem detalhado. Eu acredito que nós temos tudo para desempenhar um bom papel na Avenida e eu acho que a caracterização ficou bem interessante neste carro. Foram 40 minutos para colocar a maquiagem em cada integrante. Eu acredito que esse carro vai ser bastante impactante, são cerca de 100 componente e a maquiagem vai ajudar na teatralização”, apontou o componente antes do desfile.
