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Primeira da Cidade Líder realiza desfile criativo, mas evolução pode complicar resultado final

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Só de estar na pista, a Primeira da Cidade Líder pode se considerar vitoriosa. O incêndio no barracão, no mês de dezembro, fez a escola perder todo o carnaval e ter que recomeçar do zero. E conseguiram. Fizeram um belo desfile e foram avaliados. Sequer cogitaram pedir para ficar de fora do concurso.

A ‘Primeira’ fez um grande desfile, mas pecou na evolução, o que pode ocasionar décimos perdidos. A escola ficou um tempo parada no recuo, demorou para andar e tomou muito tempo, ocasionando outros fatos. A largada do samba também foi feita já com o cronômetro em andamento, o que tomou alguns minutos. Porém a homenagem foi bem feita, a presença de Pai Tinho e Oxóssi foram contadas do início ao fim de maneiras diferentes.

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A Primeira da Cidade Líder levou para a avenida o enredo “Ajodun Odé, Em Seus 40 Anos de Axé, Pai Tinho Celebra Oxóssi”, cruzando a passarela com 49 minutos.

Comissão de frente

Tendo como nome, “Encontro de ancestralidades – Sou filho de uma flecha só”, a comissão de frente comandada por Jonathan Paulino, fez uma coreografia onde haviam personagens como ancestrais indígenas e africanos. A parte central da dança ficava com os bailarinos simbolizando Oxóssi, Ogum, Exu e Ekedi. Dentro disso, havia um Iaô, que simbolizava o homenageado Pai Tinho. Ali, se iniciava um ritual de incorporação com o orixá Oxóssi para o Pai Tinho. Um teatro muito claro e de fácil entendimento, bem como a identificação dos personagens.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Fabiano e Sandra executou um desempenho correto na avenida. Eles optaram por realizar movimentos sincronizados ao invés das coreografias. Sendo assim, a porta-bandeira segurou bem o pavilhão e o mestre-sala cumpriu todos os requisitos. Desfile seguro e sem correr riscos. Com a estratégia de ajudar na evolução.
A fantasia da dupla tem o significado de “Oxóssi vence o grande pássaro, salve o herdeiro de Orunmilá”

Enredo

Assinado pelos carnavalescos Ewerton Vissoto e Cristiano Oliveira, o enredo “Ajodun Odé, Em Seus 40 Anos de Axé, Pai Tinho Celebra Oxóssi”, foi desenvolvido na avenida de forma satisfatória. A leitura foi bastante simples, a comissão de frente retrata muito bem a história de Pai Tinho com Oxóssi, tendo ele no desfile todo – Comissão de frente, tripé da serpente e segunda alegoria.

Alegorias

O abre-alas, denominado “Odé, Comorodé, Rei de Ketu ele é!”, faz uma alusão ao verso do samba-enredo que cita essa frase. Nele, havia traços bem afros, cores de palha, marrom e a atração principal do desfile: Escultura da fênix, que virou o novo pavilhão da escola em 2025. Após a tragédia no barracão, virou sinônimo de força.

O segundo carro, que tem como nome “Àjòdún Odé nas matas do Brasil e no meu terreiro: 40 anos de axé”, é um carro com verde predominante em homenagem às matas de Oxóssi. Por isso também havia esculturas de animais para mostrar essa ligação do orixá que rege Pai Tinho com a mata.

Fantasias

Vestimentas marcadas pelo acabamento em bom estado marcou o quesito. As fantasias da Líder foram estratégicas – A escola optou por costeiros e adereços menores. Provavelmente para deixar o componente mais solto ou visualmente melhor na ótica interna, mas o fato é que a agremiação cumpriu o quesito de maneira correta.

Harmonia

Apesar do pouco contingente, se viu uma escola cantando forte o samba sem parar. Esses poucos componentes da comunidade da Zona Leste estão bem ensaios e mostraram no Anhembi. A parte mais cantada pelos componentes foi o refrão principal, que talvez seja a única parte da letra que a melodia atravessa significativamente.

Samba-enredo

Apesar de ser uma homenagem a um sacerdote brasileiro, o samba, obviamente tem uma pegada afro. Tanto em letra como em melodia. O intérprete Thiago Melodia soube conduzir a sua ala musical de forma correta. Vale destacar a longa introdução cantada para Oxóssi, mas que empolgou os componentes.

Evolução

Foi a situação complicada do desfile. No momento da entrada da bateria no recuo, a escola parou para realizar a manobra. Esse fato tomou um grande tempo no cronômetro da Líder, que estava executando o quesito corretamente até então. Para não correr riscos, o cálculo foi para acelerar os passos, causando variação de velocidade. Essa aceleração também prejudicou a bateria, que não conseguiu realizar bossa para a terceira cabine. Isso deve ser feito no objetivo de cumprir os compassos necessários, mas não deu.

Outros destaques

A bateria, vestida de “Exu, o irmão que abre os caminhos!”. Comandados por mestre Ale, a “Batucada de Primeira” mostrou um ótimo desempenho na avenida, dando destaque para a marcação dentro do samba. Porém, devido à aceleração da escola em dado momento, mestre Ale não conseguiu colocar as bossas para os jurados em prática. Isso foi nítido no terceiro módulo.

Mágica na comissão de frente atrai olhares para conjunto seguro do desfile da Imperador do Ipiranga

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Imperador do Ipiranga desfilou no último sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. Com um conjunto de quesitos eficiente, o chamariz foi a comissão de frente que contou com intrigante truque de mágica para atrair os olhares do público para a passagem da escola, encerrada após 48 minutos. A agremiação da Vila Carioca foi a sétima a passar e se apresentou com o enredo “Abrakadabra”, assinado pelo carnavalesco Anselmo Brito.

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Comissão de Frente

Coreografada por Diego Costa, a comissão de frente da Imperador foi intitulada “Poder e sedução” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba e faz uso de um elemento cenográfico. A proposta do quesito é intrigante ao propor um conflito ocorrendo na cidade de Heliópolis, no Egito, de mesmo nome da comunidade onde a escola se localiza em São Paulo. A coreografia começa com um faraó e uma princesa, que é uma criança, com o restante do elenco formado por guardas egípcios e dançarinas do ventre, que na verdade são as vilãs dessa história por usarem da sedução para descobrirem os mistérios. No segundo ato, as mulheres saem e dão lugar a múmias que surgem seguidas de um mágico. Soldados do faraó surgem para resgatar a princesa, que sobe com o mágico para o tripé e realizam um truque de mágica. A menina entra em uma estrutura de caixas que se fecham e se dividem em três. As caixas voltam a ser empilhadas e a menina sai delas inteira.

É uma coreografia que faz uma boa narrativa da abertura do desfile, mas o truque de mágica é a grande atração. É ousado fazer uma atuação que envolve detalhamento, mas a própria estratégia envolveu dar tempo para que ela ocorresse sem sustos. O quesito atraiu a atenção do público e contribuiu para a boa apresentação geral da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da Imperador, formado por Alex Malbec e Naiomy Pires, se apresentou representando “Ísis e Osíris – Segredos na areia do deserto”. A dupla teve um bom desempenho nos módulos em que foram observados, cumprindo as obrigatoriedades com capricho e elegância. A atuação segura do casal permite à escola sonhar com as desejadas notas dez do quesito.

Enredo

O enredo da Imperador faz uso de uma narrativa lúdica para contar a história do ilusionismo desde seus primeiros registros no antigo Egito. A maneira como a mágica foi tratada pela Europa Medieval e como ela sobreviveu à Santa Inquisição se faz presente, mostrando também como o conceito chegou aos artistas que se tornaram os mágicos, que proporcionam grandes espetáculos dos tempos modernos inspirados pelo pioneiro Harry Houdini, até a atualidade dos grandes espetáculos. A trajetória da magia da Heliópolis egípcia até a Heliópolis brasileira conta com passagens curiosas, como o uso de “truques” pelo cinema principalmente em tempos mais rudimentares.

É um enredo cuja leitura na Avenida foi fácil. A boa distribuição das alas e das alegorias permitiu que a história da magia fosse bem contada mesmo com as limitações que o Grupo de Acesso 2 impõe. A escola pode se orgulhar do trabalho feito de apresentar sua proposta para o público.

Alegorias

A Imperador se apresentou com um conjunto de duas alegorias. O carro Abre-alas tinha o nome de “O mago e os limites do saber”, enquanto a segunda alegoria da escola foi batizada de “Grande espetáculo”. Além de bem-acabados, os dois carros alegóricos se encaixaram no desfile de modo a contribuir com a narrativa no momento exato. O Abre-alas ilustra o período medieval de forma lúdica e joga para as alas seguintes o conteúdo bem desenvolvido. O segundo carro conclui com o espetáculo dos mágicos, que são os artistas que perpetuaram este estilo único de entretenimento. Conjunto eficiente do jeito que tem que ser.

Fantasias

As fantasias das alas da Imperador procuraram retratar a narrativa do enredo de modo a valorizar especialmente o período pós-medieval do enredo. Apenas o primeiro agrupamento, a ala das baianas, esteve encaixado no segundo ato que representou a Idade Média. A maioria das fantasias focou em mostrar como o ilusionismo evoluiu desde as revelações da bola de cristal dos ciganos até o surgimento do artista que conhecemos como mágicos, destacando ícones com Harry Houdini e o polêmico Mister M. Também procuraram mostrar como a magia se faz presente na vida das pessoas através do cinema e do teatro.

As vestimentas estavam bem-acabadas e permitiram uma fácil leitura, se encaixando adequadamente no enredo. Outro quesito seguro para a Imperador do Ipiranga no desfile.

Harmonia

A comunidade da Vila Carioca clamou o samba com vigor e desenvoltura ao longo de todo o desfile. O canto da comunidade estava nítido na expressão dos componentes e contribuiu positivamente, valendo destacar a animação da ala que representou os ciganos. Não foram notadas oscilações entre os segmentos durante o desfile, fazendo do quesito mais um destaque positivo.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile da Imperador é assinada pelos compositores Cosme Araújo, Marquinhos Beija-Flor, João Vidal, Thiago Daniel, Thiago Tarlher, Claúdio Vagareza, Giuliano Paim, Sid Miranda e Chu Santos, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Rodrigo Atração. É uma música que consegue narrar a história do enredo com clareza e ao mesmo tempo ser de fácil captação da parte da comunidade. A atuação da ala musical foi destaque e contribuiu para que o samba tivesse sucesso no desfile da escola.

Evolução

O andamento do desfile da Imperador do Ipiranga foi tranquilo por toda a Avenida. Não foram notados espaçamentos excessivos entre segmentos, e o recuo da bateria foi bem-executado. Os componentes estavam soltos nas alas, mas sem comprometer a compactação entre cada uma delas. Um bom desempenho da escola a nível técnico.

Outros destaques

A bateria “Só Quem É” teve bom desempenho, executando as bossas previstas pelo regulamento de forma adequada, mas a corte da bateria foi um show à parte. A Rainha Jéssica Bueno caracterizada como uma mágica e Roberto Theodoro, caracterizado de coelho, do clássico truque da cartola, levantaram o público por toda a passagem pelo Anhembi.

Harmonia se destaca no desfile do Morro da Casa Verde, mas falta de acabamento em fantasia pode preocupar

Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins

O Morro da Casa Verde fez um desfile contagiante. O samba-enredo desempenhou um excelente papel, ajudando o quesito harmonia e fazendo com que o público presente cantasse também. Apesar da desenvoltura precisa, a escola teve problemas com acabamentos de fantasia e do tripé. Alguns elementos das fantasias afrouxaram ou se soltaram ao decorrer do desfile.

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Com o enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”, assinado pelo carnavalesco Ulisses Bara, o Morro foi a sexta escola a desfilar pelo Grupo Acesso 2, terminando seu desfile com 48 minutos.

Comissão de Frente

A comissão, que é coreografada por Ana Carolina Vilela, teve como personagem principal o Caboclo. Os outros integrantes carregavam a narrativa de entidades como Exu, Pombagira, Zé Pelintra, Baiano, Cigano, Cigana, Boiadeiro, Marinheiro, Pai de Santo, Ogã e médiuns. A proposta do quesito foi trazer uma gira a céu aberto. A coreografia dos componentes mostrou a manifestação das entidades e, principalmente, a força da incorporação do Caboclo.

Em determinado momento da coreografia, os personagens formavam uma roda em volta do Ogã e do Caboclo, fazendo uma espécie de saudação ao elemento principal. O Ogã não só encenava, mas também tocava o atabaque em harmonia com a parte musical da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla João e Juliana, representando “O Dia e a Noite”, apresentou um bailado tradicional, alternando com coreografias em cima do samba-enredo. Enfrentando um vento mediano, o casal mostrou sincronismo na dança.

Enredo

O Morro apresentou no Anhembi um enredo sobre a religiosidade afro-brasileira, com o título “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor”. Foram bastante citados ao decorrer do desfile personagens e momentos importantes no fundamento da Umbanda, como, por exemplo, as alas denominadas “Ritual de Batismo” e “Falangeiros de Orixás e Entidades”.

Alegorias

No início do abre-alas, nomeado “Pajelança Cabocla”, teve uma escultura que girava continuamente. O carro trouxe muito verde, em alusão à mata dos Caboclos. Na parte de dentro do carro, havia pessoas coreografando passos que remetem ao enredo.

Já na segunda alegoria, chamada “Saravá Umbanda: Templo de Luz, Caridade e Amor”, na frente, destacou-se a velha guarda vestida de preto velho e preta velha. Já na parte interna, as crianças vieram vestidas de Erês.

No meio da escola, também foi apresentado um tripé representando um tributo a São Jorge, que apresentou falhas no acabamento da barra/saia.

Fantasias

As fantasias apresentaram um conjunto condizente com o enredo. O que deixou a desejar foi a execução de algumas delas. O acabamento apresentou algumas falhas ao decorrer do desfile. A ala das baianas veio vestida nas cores da escola, com peruca e rosto pintado.

Harmonia

O grande ponto alto do desfile foi a harmonia. Os componentes cantaram o samba de maneira intensa, principalmente no momento em que a bateria realizava bossas.

Samba-enredo

A obra composta por Sidney Arruda, André Ricardo, Rubens Gordinho, Thiago SP, Douglas Chocolate, Ulisses Sousa, Jacopetti, Marcia Macedo, Celsinho Mody, Sandro Bernardes, Juninho FPA, João Batista e Tenor mostrou, no desfile, um desempenho eficiente para a comunidade.

O intérprete Wantuir potencializou ainda mais o samba-enredo, que apresenta uma letra de fácil entendimento e uma melodia que facilita para o componente lembrar e cantar.

Evolução

A agremiação desfilou compacta e solta. Em algumas partes do samba, a escola fez coreografia geral, resultando em um “tapete” harmônico e dançante na pista.

Outros destaques

A bateria, de mestre Fábio Américo, também se destacou por suas bossas, que auxiliavam não só o carro de som, mas também a desenvoltura dos componentes durante o desfile.

O Morro da Casa Verde, apesar da pequena falta de acabamento nas fantasias e no tripé, realizou um desfile de alta performance no que se refere a canto, evolução e bateria.

Pérola Negra mostra alegorias impactantes e entra de vez na briga pelo título do Acesso 2

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Pérola Negra teve o objetivo de impactar mesmo estando no Acesso 2. Geralmente as escolas apostam em carros reduzidos pelo tempo menor que o grupo tem, mas a Vila Madalena fez o seu abre-alas com uma grandiosidade que pegou todos de surpresa. A promessa da agremiação era de surpreender, mas não a ponto de fugir completamente do ‘roteiro’ do Acesso 2 e levar um abre-alas padrão Grupo Especial. Além disso, muitas informações e esculturas realistas foram usadas nas duas alegorias. O quesito, além da comissão de frente de fácil leitura e o carro de som foram os destaques do desfile.
A ‘Joia Rara’ foi a quinta escola a desfilar com o enredo “Exu Mulher” – assinado pelo carnavalesco Rodrigo Meiners.

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Comissão de frente

A ala, que é coreografada por Alê Batista, tem como dois personagens principais: Exu e Exu Mulher. Os outros bailarinos carregam a narrativa das entidades dos orixás: Olodumarê, Ewá, Ogum, Xangô, Iemanja, Iansã, Oxum, Nanã, Omulú, Oxalá, Oxóssi e Oxumaré.

A ideia da dança era simples, mas bem criativa. O Exu feminino e o masculino ficavam interagindo a maioria do tempo entre eles próprios durante toda a coreografia. Os outros bailarinos, que representavam os orixás, realizavam uma espécie de xirê e faziam uma comissão de frente bem colorida. A ideia era retratar a figura de Exu, principalmente a figura da mulher, como diz o enredo e, assim, fazê-la como uma entidade do bem, sem demonização.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Kadu e Camila, foi para a pista representando “A Chama da Intolerância”. Foi uma grande surpresa neste desfile oficial, pois a porta-bandeira chegou em janeiro neste ciclo carnavalesco. Eles já tinham entrosamento de carnavais anteriores, mas mesmo assim, com tudo em cima, tudo muda. Sobretudo, Camila foi destaque. Dentro do desempenho, a dupla optou por fazer os movimentos obrigatórios. Um desfile seguro. Houve a coreografia dentro do samba, mas foi algo bem discreto. Se destacou pelos giros e sincronia dos movimentos.

Enredo

“Exu Mulher”, desenvolvido pelo carnavalesco Rodrigo Meiners, teve uma ótima apresentação na pista. É um enredo afro, mas que em duas alegorias e uma comissão de frente deu para entender a mensagem perfeitamente, principalmente o quesito que abre a escola – A ideia de colocar os dois Exus no xirê junto com os demais orixás, já passou a sensação de que a escola queria eliminar essa narrativa de demonização que existe sobre a entidade.

Vale destacar as homenagens feita para mulheres na segunda alegoria. Um enredo feminino em uma escola que é governada por mulheres foi uma ideia bem justa colocada em prática.

Alegorias

O abre-alas, que representava a “Demonização de Exu e da cultura africana”, levou para a avenida esculturas grandes, realistas e de cores quentes. Realmente era um belo carro, com uma grandeza de comprimento e largura. Para formar este tamanho, a escola apostou em um acoplamento. Haviam figuras de demônios na frente da alegoria e uma escultura no topo.

O segundo carro, simbolizando o “Terreiro Pérola Negra – Saudação Exu Mulher”, também levou duas esculturas negras realistas – Essas ainda mais detalhadas (maquiagem branca). Outra observação importante é a homenagem às mulheres: Sambista Glorinha, presidente Sheila Mônaco, a escritora Cláudia Alexandre, que é autora do livro Exu Mulher, inspiração do enredo da agremiação. Ponto impSrtantíssimo para o conjunto visual.

Fantasias

A escola optou por utilizar fantasias volumosas em todas as suas alas, com adereços de cabeça ‘pesados’, mas isso não impediu a evolução satisfatória dos componentes, preenchendo os espaços corretamente na pista. As vestimentas usadas foram bastante coloridas.

Harmonia

Um samba-enredo que a comunidade e o povo do samba abraçaram. A resposta do Anhembi foi uma prova. É uma obra musical afro, mas não há muitas palavras oriundas do continente. Por isso, a comunidade pegou fácil e é uma das obras mais queridas do carnaval paulistano, se confirmando na avenida. Os últimos versos para embalar o refrão de cabeça foram as partes mais cantadas pelos desfilantes da Vila Madalena.

Samba-enredo

Irretocável foi o desempenho da dupla Bruno Ribas e Lucas Donato. O experiente intérprete apadrinhou o jovem, que está estreando como intérprete oficial em uma escola de samba em São Paulo. Ambos mostraram que ensaiaram muito neste ciclo de carnaval e foram destaque da Pérola Negra no desfile. A aposta da presidente Sheila em Donato surtiu muito efeito – Ele fazia os cacos, Bruno respondia e vice-versa. O desempenho do ensaio técnico se repetiu e os dois conduziram a ala musical com maestria. Ambos foram os grandes destaques da Pérola Negra no desfile oficial.

Evolução

É bem verdade que não foi uma dança solta, mas esteve de acordo para os preenchimentos de espaço. Não há coreografia dentro do samba, apenas movimentos nos refrões principal e do meio.

Outros destaques

A bateria “Swing da Mada”, regida pelo estreante no carnaval como mestre oficial, Sombrinha, desfilou representando os “Iniciados no candomblé”. O desempenho foi de sucesso, se destacando principalmente pelo andamento dado para o samba. Uma nova característica de bateria chegou na Pérola Negra.

Casal em sintonia e bateria criativa dão o tom do desfile da Torcida Jovem

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

A Torcida Jovem desfilou neste sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. O primeiro casal teve uma atuação deslumbrante, representando o pavilhão da comunidade santista com vigor e elegância. A bateria “Firmeza Total” também levantou o público com bossas criativas ao longo do cortejo, encerrado após 47 minutos. A Alvinegra foi a quarta agremiação a passar e se apresentou com o enredo “Na Capital do Reggae, onde a natureza canta e o mundo se encanta. São Luís do Maranhão”, assinado pela comissão de carnaval formada por China, Deko, Evandro e Jefferson Silvan.

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Comissão de Frente

Coreografada por Fernando Lee, a comissão de frente da Jovem foi intitulada “A Disputa das 3 Coroas” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba. A proposta foi mostrar o período colonial da região de São Luís. A região chegou a ser ocupada por França e Holanda em diferentes momentos da história, obrigando Portugal a travar batalhas para reconquistar seu território. O quesito apresenta esse momento através de atores representando as colônias formadas por esses países, com o uso de três plataformas móveis construídas de forma modular que permitindo a conversão ao longo da apresentação entre embarcações, o Forte de São Luís e as mesas de negociação utilizadas para definir o status da atual capital maranhense. Na outra face dos tablados havia bandeiras de cada um dos países estampada.

A ideia de usar de plataformas móveis para fazer diferentes montagens de cenário é válida, mas a execução foi insuficiente. Os três atores encarregados de subir nos tablados na maior parte da coreografia não conseguiam fazer o movimento de forma coreografada, sendo um deles, que representou a Holanda, demonstrou especial dificuldade. O acabamento da própria cenografia onde pisavam, em que só se via estampas de coroas, foi riscando ao longo da apresentação, possibilitando ao jurado apontar falha de acabamento. A coreografia não ficou clara na Avenida, sendo no máximo possível apontar facilmente os diferentes momentos em que França, Holanda e Portugal colonizaram a região.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da Jovem, formado por Gabriel Vullen e Joice Cristina, se apresentou representando a “Influência Africana”. Principal destaque do desfile da escola, a dupla demonstrou muito entrosamento em todos os módulos pelos quais se apresentaram. Os movimentos obrigatórios foram bem executados, a expressão de ambos foi constantemente alegre e confiante, e a coreografia obteve êxito e demonstrou elegância. As expectativas para boas notas no quesito podem ser vistas como elevadas.

Enredo

O enredo da Torcida Jovem é uma homenagem a São Luís do Maranhão. A história da cidade, que é a única capital do país totalmente localizada em uma ilha, é contada na Avenida desde o período colonial, onde o território inicialmente colonizado por Portugal, também teve domínio por França e Holanda por alguns anos distintos. Carregada por uma cultura única marcada por lendas originárias e recebendo influências de seus antigos colonos, a chamada “Ilha do Amor” também é conhecida como a capital brasileira do reggae. São Luís é reconhecida como patrimônio cultural mundial pela Unesco.

Um enredo que pecou por tentar contar histórias demais com pouco espaço para tal. As referências do samba não se aprofundaram pelas fantasias e segunda alegoria não contribuiu para enriquecer a leitura por, ao invés de condensar mais informações, limitar-se a poucas referências do “patrimônio mundial”.

Alegorias

A Jovem se apresentou com um conjunto de duas alegorias e um quadripé. O carro Abre-alas tinha o nome de “França Tropical”. O quadripé, que veio na parte central do desfile, era chamado “Lendas e mistérios”. O segundo carro, que encerrou o desfile da escola, foi batizado de “Patrimônio Mundial”.

As alegorias da Jovem apresentaram bom acabamento. O primeiro carro era de clara leitura e contribuiu para realizar uma boa abertura da história do enredo. O quadripé central tentou ao máximo reunir as lendas e mistérios de São Luís, mas abriu o leque de interpretação das origens do folclore mais que o necessário. O segundo carro pecou por apresentar poucas referências ao fato de São Luís ser considerada um patrimônio cultural mundial.

Fantasias

As fantasias das alas da Torcida Jovem procuraram contribuir para a narrativa do enredo apresentando diferentes destaques da história, geografia e cultura de São Luís do Maranhão. Referências culturais como a Casa Nagô, conhecido local de culto do Tambor de Mina, uma religião afro-brasileira, se fizeram presentes entre as vestimentas dos componentes da escola.

Individualmente falando, as fantasias eram de fácil leitura dentro da proposta apresentada, mas algumas, como a da ala “Palmeira que brota desse chão” e a da ala das baianas dificultavam a evolução dos componentes. A reportagem registrou também a queda do costeiro de uma das baianas da escola, que mesmo após intervenção de um diretor não retornou ao lugar.

Harmonia

O destaque positivo no canto da Torcida Jovem vai para a ala de fantasias mais leves da escola, a “Capital do Reggae”. O coral apresentado pelos desfilantes, porém, foi irregular. Em várias alas componentes foram observados sem sequer cantar o samba da escola, em especial naquelas cujas fantasias eram mais volumosas. O cantar discreto do samba dos desfilantes pode render problemas na hora da apuração.

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile da Torcida Jovem é assinada pelos compositores Turko, Rafa do Cavaco, Maradona, Imperial e Fábio Souza, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Vaguinho. Um samba com letra rica em poesia e que consegue contar o enredo dentro de sua proposta. O carro de som teve um bom desempenho, demonstrando bom entrosamento com a bateria “Firmeza Total”. É um dos quesitos que podem contribuir positivamente para as pretensões da escola na apuração.

Evolução

A Torcida Jovem fechou os portões após 47 minutos de desfile, a fluidez foi notável durante a procissão e o recuo da bateria foi bem executado. O principal problema da evolução da escola foi a separação entre comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. O primeiro quesito avançou pela Avenida em uma velocidade desproporcional nos três primeiros módulos em que foram observados, chegando a abrir um espaço para o casal que superou o limite de 12 grades estabelecido pelo regulamento nos módulos um e dois. Um ponto de preocupação para o julgamento da escola.

Outros destaques

A bateria “Firmeza Total” comandada por mestre Caverna deu um belo espetáculo com suas bossas, principalmente no trecho do samba que faz referência à “Capital do Reggae”. A corte comandada pela Rainha Dóris Grace foi um show à parte com sua fantasia de faixas coloridas, interagindo frequentemente com o público.

Desfilando com o regulamento ‘embaixo do braço’, Peruche cumpre todo os quesitos para brigar pelo acesso

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Unidos do Peruche executou o seu desfile oficial. Mais do que isso, realizou um propósito na sua história, que foi homenagear o seu grande cardeal do samba Seo Carlão. A escola conseguiu fazer isso de uma forma bem digna, especialmente no segundo carro alegórico, onde o trono em que o baluarte iria desfilar, foi colocado o seu tradicional chapéu.
Entretanto, na pista, claramente a agremiação quis desfilar com o regulamento para si. Foi uma apresentação correta em todos os sentidos. Nada tão grandioso como foi o Peruche de anos atrás, mesmo estando no Acesso . A Filial do Samba optou por fazer o básico e estão na briga. Apesar de algumas ressalvas, todos os quesitos foram cumpridos de forma satisfatória.

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Com o tema “Axé Griô! Carlão do Peruche, o cardeal preto do samba”, a Unidos do Peruche foi a terceira escola a desfilar pelo Grupo de Acesso ll.

Comissão de frente

Comandada por Carllos Alvez, a comissão de frente é denominada “Laroyê! O tambor e a alma na imensidão de Olorum”, tendo quatro personagens: Exu, Alma, Tamboreira e Guardiões do universo de Olorum, além de um elemento alegórico chamado “Altar sagrado”.

A coreografia consistia em mostrar um lado de Carlão africanizado. Realmente falar conversar com o público que a Unidos do Peruche tem o seu berço negro. Os bailarinos desfilaram com fantasias bem acabadas e com maquiagens que deram um belo tom na ala. A encenação teve bastante interação do personagem Exu com a personagem Alma, sendo os dois os principais destaques. Os guardiões dançavam no ritmo do samba e cruzavam a pista saudando o público. A bailarina que representava a Tamboreira era uma criança que, literalmente, simulava tocar um tambor no tripé do “Altar Sagrado” – Este elemento alegórico exaltava a africanidade, sendo uma escultura ‘mascarada’ toda azul com tons marrons com elementos de palhas. A comissão de frente cumpriu bem o seu papel dentro do que era proposto.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Representando o “Ritual da travessia – o vento e o mar”, o casal Patrick Vicente e Sofia Nascimento teve um desempenho satisfatório no desfile oficial. A dupla realizou a coreografia dentro do samba nas cabines, além dos giros. Ventanias fortes bateram em determinados momentos na passarela, mas Sofia conseguiu superar bem essas adversidades e terminaram o desfile com o máximo êxito. Vale destacar a indumentária do casal: Uma elegância nos costeiros e saias, com cores em roxo, marrom e preto.

Enredo

O enredo “Axé Griô! Carlão do Peruche, o cardeal preto do samba”, desenvolvido pelo carnavalesco Chico, foi desenvolvido de forma satisfatória na pista. Era muito clara a mensagem que a escola queria passar. Não era só uma homenagem, mas sim uma exaltação à africanidade de Seo Carlão, o último baluarte que, até então esteve em vida quando o tema foi anunciado. Vale destacar a segunda alegoria, que tinha um arlequim segurando a bandeira do Peruche, representando o carnaval. Neste mesmo carro, um tributo ao homenageado: No trono que ele iria desfilar, a tradicional boina foi usada no local, e também esculturas de dois negros com lágrimas nos olhos, mostrando realmente o luto.

Alegorias

O abre-alas simbolizou o “Tributo à África mística”, e levou elementos do próprio continente, como uma escultura central de um homem com pinturas em todo o rosto na forma africana. A intenção desta abertura de setor, juntamente à comissão de frente citada acima, foi de colocar o lado ‘africanizado’ da Unidos do Peruche e Seo Carlão em jogo.

A segunda alegoria, já claramente com uma homenagem mais clara ao Carlão, tem como nome “Salve a majestade! O cardeal preto do carnaval!”. Como dito, o carro sempre teve a intenção de homenagear o carnaval perucheano, com um arlequim carregando a bandeira da agremiação e sambistas acima. Essas esculturas citadas por último, vinham com uma lágrima escorrendo, uma forma de expressar o luto pela morte do baluarte.
O trono que Carlão. No trono em que o Carlão iria desfilar, foi-se colocada uma boina, que era um dos símbolos do cardeal.

Fantasias

As vestimentas da escola foram bastante coesas com o enredo. Se o tema foi de fácil leitura, as fantasias contribuíram muito para isso, principalmente quando se tratava da história do sambista com a sua agremiação – Destaque para a roupa que homenageava a escola de samba Lavapés e a “Compositor do destino”. Vale destacar a leveza das fantasias. Isso possibilitou uma comodidade maior para o componente evoluir.

Harmonia

O canto do Peruche teve um nível regular. Nitidamente os componentes sabiam cantar a obra, mas faltou imprimir volume e força na hora de defender a harmonia. É um samba que tem fácil assimilação, alegre e que até levantou a arquibancada nos primeiros minutos em que as caixas de som foram abertas para o Anhembi. Vale destacar os refrões principal e do meio, que foram as partes em que a comunidade deu um gás maior.

Samba-enredo

Líder do carro de som desde o ano passado, Renan Bier conduziu a sua ala musical de forma satisfatória. É um intérprete muito enérgico do começo ao fim. Quando soltou o som para o Anhembi, ele começou a gritar “tira o pé do chão”, isso empolgou o público, que reagiu, especialmente na arquibancada Monumental (Setor B).

Evolução

A escola se destacou por evoluir corretamente, sem deixar brechas. O principal adendo vai para as alas, que evoluíram de forma leve e descontraída. As fileiras colocadas foram de forma correta.

Outros destaques

A bateria “Rolo Compressor”, comandada por mestre Marcel Bonfim, deu ritmo à escola com a fantasia “Aprendiz da batucada” realizou duas ou três bossas estratégicas para as cabines.

Imperatriz da Pauliceia faz desfile empolgante, mas peca na evolução no final

Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins

A Imperatriz da Pauliceia fez um desfile empolgante, tendo como destaques a bateria, a comissão de frente e a ala musical. As alas desfilaram de maneira alegre, porém, ao final  tiveram que apertar o passo para o encerramento. Com o enredo “Eu queria que essa fantasia fosse eterna”, assinado por uma comissão composta por Deuseni, Robson, Isabel e Fran, a Imperatriz da Pauliceia foi a segunda escola a desfilar pelo Grupo de Acesso 2, encerrando seu desfile com 49 minutos.

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Comissão de Frente

O grupo, coreografado por Diego Ferraz, teve como personagem principal o folião. Os demais bailarinos representaram baianas, passista masculino, passista feminina, velha-guarda masculina, velha-guarda feminina, porta-bandeira, mestre-sala, diretores de harmonia e a própria Comissão de Frente. O intuito da comissão foi mostrar como é o início do componente dentro de uma escola de samba: o encantamento do folião ao entrar em uma quadra de escola de samba para ver os segmentos e, por fim, a alegria dele ao poder fazer parte daquilo também.

A quadra foi representada por uma espécie de portal. Além de toda celebração, a comissão realizou passos característicos do quesito, mesclando com encenações tradicionais dentro de uma escola de samba, como, por exemplo, passistas sambando e a velha-guarda ensinando o folião a cumprimentar o pavilhão.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal Ronaldo e Leila, representando a Flor e o Beija-Flor, realizou, em sua apresentação ao módulo, uma coreografia tradicional do quesito, optando por não inserir coreografias em cima do samba-enredo. Foi apresentado sincronismo.

Enredo

A Pauliceia levou ao Anhembi um enredo lúdico que contou sobre o acolhimento que a cultura do carnaval proporciona aos foliões e componentes. Com o título de enredo “Eu queria que essa fantasia fosse eterna”, alas foram denominadas como “Dom de Carnavalesco” e “O Templo da Diversidade”, pois, dentro da proposta do enredo, o carnaval revela o dom das pessoas, além de ser um ambiente de inclusão.

Alegorias

O carro abre-alas representou “É festa na casa do povo”, com uma coroa representando o símbolo da escola ao centro do carro alegórico. Os destaques fizeram coreografias na parte inferior da alegoria, vestidos de malandros e cabrochas.

Chamada de “Virei cria de terreiro”, a segunda alegoria trouxe a escultura de um casal de mestre-sala e porta-bandeira segurando o pavilhão da Pauliceia.

Fantasias

A ala das baianas desfilou com um saiote em tons de azul, com uma coruja roxa ao centro da parte superior, representando o mascote da Imperatriz. A ala quatro, “O Templo da Diversidade”, foi destaque por suas cores vibrantes e seu acabamento.

Harmonia

A parte musical da agremiação desfilou em perfeito entrosamento, fazendo com que os componentes pudessem aproveitar mais o samba-enredo. A ala musical, dirigida por Tiganá, cantou em harmonia, dando mais possibilidades para o intérprete oficial realizar cacos. O canto da escola foi regular.

Samba-Enredo

A obra, composta por Márcio Alexandre, teve um desenvolvimento proveitoso durante o desfile. O samba é de fácil canto. A melodia trouxe mais animação ao público, tendo em vista que a letra é simples. A execução da parte musical da escola sobre o samba foi precisa e coesa.

Evolução

A agremiação desfilou compacta, de maneira leve e dançante. O ponto de atenção foi no final do desfile, quando os componentes mudaram o andamento e aceleraram o passo para o encerramento.

Outros Destaques

A bateria de mestra Rafa também foi destaque, juntamente com a rainha da bateria e do carnaval, Arie. Os componentes realizaram coreografias que animaram o público presente e bossas que exaltaram o samba-enredo.

A ala de passistas aproveitou o bom andamento e, vestida de dourado, desfilou sambando, mostrando boa evolução.

A Imperatriz da Pauliceia superou as expectativas de quem assistiu ao seu único ensaio técnico. Trouxeram canto e movimentação corporal.

Raízes do Samba estreia no Anhembi com enredo de fácil leitura e carro de som vibrante

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins

O Raízes do Samba desfilou neste sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. A estreia da jovem escola no Sambódromo do Anhembi chamou atenção pela facilidade de leitura do enredo quando acompanhado do samba, que teve boa condução do carro de som e contribuiu para enriquecer o desfile encerrado após 50 minutos. A Cruzmaltina foi a primeira agremiação a passar e se apresentou com o enredo “De quem é a culpa?”, assinado pelo carnavalesco Babu Energia.

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Comissão de Frente

Coreografada por Maurício Oliveira, a comissão de frente do Raízes foi intitulada “Sedução do Pecado” e se apresentou ao longo de uma passagem do samba. O objetivo foi representar o mito bíblico do pecado original, onde Eva teria sido seduzida por uma serpente a comer o fruto proibido junto de Adão.

A coreografia priorizou ilustrar este momento inicial e cumpriu seu papel quanto a narrativa. Os três atores de destaque são os que interpretaram Adão, Eva e a serpente, tendo como coadjuvantes componentes interpretando anjos e árvores do paraíso. O quesito, porém, apresentou problemas claros. A atriz que interpretou Eva teve problemas com sua roupa e tentou ajustar ela em dados momentos durante a dança. A reportagem registrou também que a saia de uma das árvores sofreu um rasgo, descolando do aro que compõe a vestimenta.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal do Raízes, formado por Alex Augusto e Danielle Santiago, se apresentou representando “A morte”. O casal teve poucas variações de coreografia na dança, sendo uma apresentação mais limitada às obrigatoriedades do quesito. Houve uma falta de sincronia observada durante a passagem pelo primeiro módulo e o casal teve dificuldades de tomar a iniciativa dos movimentos, demorando mais que o esperado para alternar entre eles.

Enredo

O enredo “De quem é a culpa?” propôs em dois setores uma discussão sobre a ‘culpa’ e suas consequências. Na primeira parte do desfile, a ideia foi questionar a responsabilidade por trás de diferentes males do mundo, como a pobreza, preconceitos e a perseguição aos povos originários. A segunda parte da apresentação convidou o público a imaginar como seria um mundo ideal, onde não haveria motivos para culpar ninguém por atos ruins. A leitura do enredo foi o principal destaque do desfile. Estava claro que os primeiros segmentos do desfile, da comissão de frente à ala das baianas, faziam referência a temática do mito de Adão e Eva, que no samba do Raízes compõe toda a primeira parte da letra. Os problemas sociais e as referências aos oprimidos cumpriram bem o seu papel, e o setor do mundo ideal também se destacou pela clareza. Um bom conjunto geral de desfile por parte da escola.

Alegorias

O Raízes do Samba se apresentou com um conjunto de duas alegorias e um quadripé. O carro Abre-alas tinha o nome de “Jardim do Éden e a invasão da serpente”. O quadripé, vindo na parte da frente do segundo setor, era chamado “Sagrado e ecumênico coração de Jesus”. O segundo carro, que encerrou o desfile da escola, foi batizado de “O mundo ideal”.

As alegorias foram de fácil leitura e cumpriram bem o seu papel na narrativa do enredo do Raízes. Da pista, porém, foi observado que a parte da frente do carro Abre-alas apresentou problemas com sua iluminação, que passou toda apagada na Avenida.

Fantasias

As fantasias das alas do Raízes do Samba se encaixam dentro da linha narrativa proposta pelo enredo. Os dois agrupamentos que vêm à frente do carro Abre-alas compõem o que é contado desde a comissão de frente. Ainda no primeiro setor da escola, as alas seguintes narram o caos social e as minorias que sofrem perseguições, sendo referências mais associáveis à realidade brasileira. Após o segundo casal da escola, os foliões passam a ser caracterizados dentro do previsto pelo segundo setor, com fantasias em referência ao mundo ideal imaginado pelo tema, onde há fartura, cultura e uma vida mais saudável para a humanidade.

As fantasias do Raízes apostaram em soluções simples de acabamento, como na camiseta de algodão da ala “Nordestinos” que deixava visível o suor de alguns componentes. Mas o conjunto era de fácil leitura e não apresentou problemas visíveis a ponto de preocupar a escola.

Harmonia

A estreia do Raízes no Anhembi foi marcada por um coral positivo por parte da comunidade. Os componentes nas alas cantavam o samba com clareza na maioria das alas, com destaque para a ala “Luxo e lixo”. Ao longo da Avenida, o nível do canto teve leve oscilação, mas era claro o clamor da obra da escola no geral

Samba-enredo

A obra que conduziu o desfile do Raízes é assinada pelos compositores Rodrigo Atração, Xandinho Nocera, Nando do Cavaco, Tuca Maia e André, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Juninho Branco. A letra da música é de fácil captação por parte dos componentes, e o carro de som conseguiu ter uma noite favorável na qual contribuiu para espalhar pela Avenida o clima proposto para o desfile. A leitura do samba pela Avenida se destacou pela facilidade quando acompanhada junto da interpretação das fantasias e alegorias.

Evolução

O desfile do Raízes fluiu corretamente pela Avenida. As alas demonstraram boa compactação e não foram notadas oscilações no andamento da escola. Os componentes nas alas estavam soltos para brincar o carnaval, mesmo nas alas que tinham algum critério de divisão de fantasias. O único problema apontado foi na hora da manobra do recuo da bateria. A parte frontal da escola continuou andando por um período considerável enquanto os ritmistas entravam no recuo. Foi observada uma cobrança da parte da direção de harmonia para que a corte da bateria tentasse compensar o espaço do buraco aberto, visto que todas entraram no recuo ao invés de ficarem na pista. O espaço observado chegou a ser superior a sete grades, o que naquele módulo pode causar problemas para a escola.

Outros destaques

A “Bateria do Raízes”, comandada por mestre Will, conduziu bem o samba da escola, com um bom repertório de bossas que contribuíram positivamente para o conjunto musical da escola.

Cláudio Castro anuncia novo modelo de financiamento para o Carnaval de 2026

O governador Cláudio Castro anunciou que, a partir de 2026, o financiamento do Carnaval será realizado diretamente pelo Estado, com previsão no orçamento oficial, e a verba destinada às escolas será paga em duas parcelas. A mudança visa garantir maior estabilidade e segurança financeira para o evento. Até então, os recursos eram disponibilizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

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Foto: Carlos Magno/Divulgação Governo do Estado

“A partir do ano que vem, todo o dinheiro do Carnaval estará na Lei Orçamentária Anual do Rio de Janeiro. Isso demonstra com clareza que nosso apoio ao Carnaval não é só uma política do governo A, B ou C, mas é uma política do Estado do Rio de Janeiro, pela valorização do Carnaval”, afirmou o governador Cláudio Castro.

Em reunião com líderes das agremiações da Série Ouro do Carnaval, no Palácio das Laranjeiras, o governador detalhou porque a verba será dividida em duas parcelas: a primeira será paga no ano anterior ao evento, para facilitar a aquisição de materiais, e outra no próprio ano, destinada ao pagamento de pessoal.

“É um grande momento, a Série Ouro consegue ter esse olhar tão especial do Governo do Estado. Quando você inclui dentro do orçamento do governo, você está valorizando a cultura do Carnaval. É um momento de muita alegria porque a gente sabe que ano a ano, nós vamos estar ali contando com a Cultura. Tenho muito a agradecer ao Governador Cláudio Castro por olhar que o Carnaval não é uma despesa, e sim um investimento, uma cadeia produtiva, onde a gente emprega centenas de milhares de pessoas”, afirmou o presidente da Liga RJ, Hugo Junior.

Investimento recorde em 2025

Este ano a verba destinada ao Carnaval foi de R$ 40 milhões, incluindo um aporte emergencial de R$ 16 milhões para as escolas da Série Ouro, após o incêndio ocorrido na fábrica de fantasias, em Ramos.

Para a secretária de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, as medidas para valorização do Carnaval fortalecem a expressão e a vontade popular do Rio de Janeiro. Além disso, segundo a secretária, essas ações permitem ao estado desenvolver ainda mais as comunidades que estão conectadas as agremiações.

“A instituição do Carnaval, que cada vez mais tem se profissionalizado, cumprindo todos os requisitos para ter, de fato, direito ao recurso público. A gente olha para o Carnaval, enxergando não só a Avenida, mas também olhando para os empregos que ele gera. Esse dinheiro também simboliza reconhecimento à tradição e ao serviço prestado”, afirma.

O presidente da Acadêmicos de Santa Cruz, Leonardo Siqueira de Souza, também falou sobre a importância do investimento estadual para o Carnaval fluminense.

“A gente consegue gerar emprego ali dentro da quadra, com as pessoas que trabalham como aderecistas, envolvendo todo um processo ali dentro do nosso bairro. Então, esse recurso que é concedido para as escolas é muito importante para a gente. Além de movimentar o bairro, a gente consegue agregar e movimentar o carnaval. É um sentimento de gratidão. A gente tinha muita dificuldade. Com o governador Cláudio Castro liberando esse recurso, para a gente, foi a luz no fim do túnel. Isso deu gás e força para podermos manter essa cultura maravilhosa que é o Carnaval”, afirmou Leonardo.

Eugênio Leal fala do primeiro dia dos desfiles de Vitória no Carnaval 2025

Passava das 7 da manhã e o sol já estava alto quando o povo que estava no arrastão que fechava o desfile do Grupo de Acesso A de Vitória puxou o grito de “É campeã!”. A eleita era a “Pega no Samba”, que encerrava naquele momento sua apresentação. Não é de bom tom desafiar a voz do povo e neste caso nem faria sentido.

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A escola do bairro da Consolação acordou o Sambão do Povo com um desfile bonito e empolgado em que contou o enredo “Pembelê, sereias de Zambi”, do carnavalesco Jorge Mayko. Mas ela não é a única candidata ao título que leva ao Grupo Especial em 2026. Agremiações como Andaraí, Independente de Eucalipto (que perderão um décimo cada por terem estourado o tempo de desfile) e até o Império de Fátima podem sonhar com o acesso.

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Recém promovida Rosas de Ouro

A noite começou com a recém promovida Rosas de Ouro, do município de Serra, com o enredo “No horizonte eu te vejo” sobre o Sítio histórico de Carapina, atração turística da cidade. O destaque foi a intérprete Letícia Jesus que defendeu o samba com garra e talento. A Rosas precisa evoluir em bateria e harmonia para buscar o sonho do Grupo Especial, mas teve uma abertura que deixou boa impressão com Comissão e Casal bem ensaiados.

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Império de Fátima com Carlinhos de Jesus

Segunda a pisar no Sambão do Povo, a Império de Fátima fez um desfile colorido com o enredo “Arte popular na corte imperial”, do carnavalesco Puluker. À exceção da ausência de adereços de mão em uma das alas, a escola fez uma apresentação correta, vibrante e com boa defesa de quesitos e pode pensar nas primeiras colocações. Carlinhos de Jesus encerrou o desfile no último carro, esbanjando simpatia.

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Mocidade da Praia

Homenageando o artista capixaba Alexandre Lima, que faleceu ano passado depois de dez anos em coma, a Mocidade da Praia emocionou o público. Muito popular na cidade, o criador do ritmo Rockcongo teve sua história contada com fantasias simples, mas representativas, assinadas pelo carnavalesco Robson Goulart. A bateria de Mestre Luyghi (o mesmo da Acadêmicos de Vigário Geral) elevou o nível do quesito com uma grande apresentação. O refrão do samba-enredo teve excelente efeito ao longo do desfile que, para a direção de harmonia, foi tenso. A opção por separar o casal da Comissão de Frente acabou gerando problemas de evolução.

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Independente de Eucalipto

Acrobatas na Comissão de Frente da Independente de Eucalipto, quarta a se apresentar, arrancaram gritos dos camarotes. Mas estranhamente o quesito não fez a apresentação formal para o segundo módulo de julgamento. O enredo em homenagem à cidade capixaba de Linhares contou com um abre-alas imponente, belo trabalho do carnavalesco Douglas Paluzzo. A cantora Gretchen veio como rainha de bateria, gerando frenesi nos bastidores do Sambão do Povo. Mas problemas de evolução acabaram fazendo com que o tempo de desfile fosse excedido.

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Tradicional verde-e-rosa Andaraí

A tradicional verde-e-rosa Andaraí pisou forte na avenida para contar a história do Mercado Capixaba. Embalada pela voz vibrante de Emerson Dias e pela excelente bateria Puro Veneno, mostrou que buscava o primeiro lugar. Mas, ao contrário das demais, caprichou mais no segundo carro do que no primeiro, que tinha um acabamento inferior ao que a briga pelo título pede. A lentidão no andamento do desfile somada ao grande número de componentes acabou acarretando o segundo estouro de tempo consecutivo no Grupo de Acesso.

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Independente de São Torquato

A Independente de São Torquato foi a decepção da noite. O enredo sobre cassinos, jogos e apostas ficou prejudicado pela ausência do carro abre-alas e de diversas alas. O primeiro casal também não se apresentou. Como destaque, uma boa Comissão de Frente e a garra dos componentes diante da situação difícil. Dificilmente escapará do rebaixamento.

Voltamos ao início do texto, quando falamos da Pega no Samba. Antes mesmo do desfile começar, a empolgação do público dos camarotes que ficam no início da pista já anunciava que viria algo especial.

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Pega no Samba

Aproveitando a luz do sol, o carnavalesco produziu fantasias com brilho e reflexo, além de um belo impacto visual. O enredo afro mexeu com os componentes, que cantaram com muita garra.