Por Gustavo Lima, Naomi Prado, Lucas Sampaio, Fábio Martins, Nabor Salvagnini e Will Ferreira
Com o enredo “Exu Mulher” – assinado pelo carnavalesco Rodrigo Meiners. a Pérola Negra, que foi a quinta escola a desfilar, venceu o Grupo de Acesso 2, no Carnaval 2025 de São Paulo e conquistou o direito de estar no Grupo de Acesso 1 em 2026. A Camisa 12 ficou com o vice-campeonato e também sobe. Brinco da Marquesa e Raizes do Samba vão para Especial de Bairros.
“Tem momentos que temos que dar um passo para trás, como vivemos no ano passado (escola foi rebaixada) para dar outro para frente. Foi um ano muito difícil, a gente não pode negar, mas nós trabalhamos muito, a gente tinha certeza que o título ia acontecer. Eu disse para comunidade acreditar”, comemorou a presidente Sheila Monaco.
Como foi o desfile da Pérola Negra
A Pérola Negra teve o objetivo de impactar mesmo estando no Acesso 2. Geralmente as escolas apostam em carros reduzidos pelo tempo menor que o grupo tem, mas a Vila Madalena fez o seu abre-alas com uma grandiosidade que pegou todos de surpresa. A promessa da agremiação era de surpreender, mas não a ponto de fugir completamente do ‘roteiro’ do Acesso 2 e levar um abre-alas padrão Grupo Especial. Além disso, muitas informações e esculturas realistas foram usadas nas duas alegorias. O quesito, além da comissão de frente de fácil leitura e o carro de som foram os destaques do desfile.
A Camisa 12 apresentou um desfile coerente, tendo como destaque a bateria de mestre Lipi. Alguns componentes não sabiam a letra do samba, mas, apesar disso, o canto foi regular. Com o enredo “Edun Ará Asé Idajó – Força que faz a Justiça”, assinado pelo carnavalesco Delmo de Morais, o Camisa 12 foi a décima escola a desfilar pelo Grupo de Acesso 2, terminando seu desfile com 48 minutos.
Fechando com chave de ouro os desfiles das escolas de samba de Santos de 2025, a segunda noite de desfiles, realizada no último sábado teve muita tradição na Passarela do Samba Dráusio da Cruz, entre os bairros Castelo e Areia Branca. No Grupo Especial, as atuais campeã e vice chegaram com bastante força no Sambódromo e saíram da apresentação repartindo o favoritismo com a X-9, que deixou ótima impressão na primeira leva de agremiações.
Acompanhando pela primeira in loco vez o carnaval da Baixada Santista, o CARNAVALESCO conta como foram as oito agremiações que desfilaram no sábado no Dráusio da Cruz – as quatro primeiras do Grupo de Acesso e as derradeiras pertencentes ao Especial:
Brasil
Conhecida como “Campeoníssima” (não por acaso, a agremiação é 17 vezes campeã da folia e é a única octacampeã de fato), a agremiação do bairro Aparecida voltou ao Grupo de Acesso depois de dois anos na elite do carnaval santista. Em 2025, o enredo escolhido pela verde, amarelo azul e branca foi “Lendas, mistérios e crenças de um povo Brasil”, iniciado pelo falecido carnavalesco Rafael Villares e encerrado por Rafael Villares. Dentre os destaques, estão o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição: Cley Ferreira e Geovanna Duarte estavam muito bem vestidos e dançando e sambando em tons de verde e azul – tudo dentro do enredo “Lendas, Mistérios e Crenças de Um Povo Brasil”, falando sobre as histórias populares do país. Destaque, também, para as belas esculturas dos carros alegóricos.
Dragões do Castelo
Com um enredo bastante forte intitulado “Aláfia-Onan, N’um Clamor de Paz, Respeito e Liberdade”, que falou sobre a 16ª pedra do jogo de Ifá (e que, também, rege a escola), a agremiação teve excelentes ideias para a apresentação. Na comissão de frente, por exemplo, um babalaô tinha destaque – e é claro que ele interagia com um tabuleiro de ifá. A Sinfônica do Dragão, comandada por Mestre Mimiu, tinha um naipe de atabaques e conduziu muito bem o belo samba – que, por sinal, também foi muito bem interpretado por Robinho e Daniel Collete.
Mocidade Independente Padre Paulo
Comemorando o Jubileu de Ouro, é claro que a heptacampeã de direito do Grupo Especial iria falar da própria história (com toda a justiça do mundo, diga-se) em 2025. No enredo “Glória do Cinquentenário, Sou Mocidade, Para Sempre Tradição”, a instituição do Estuário relembrou o pároco Paulo Horneaux de Moura e teve ótima exibição de Pedro Trindade e Mirelly Nunes, primeiro casal da agremiação, majoritariamente em azul. Importante também destacar que a águia, símbolo da agremiação, do último carro soltava tiras de papel, animando os torcedores na arquibancada.
Império da Vila
Reeditando o enredo “É melado e é gostoso, o néctar da vida!”, apresentado originalmente em 2011 (ano em que a agremiação, por sinal, passou a ter o atual nome em lugar de ‘Vila Nova’, nome do bairro em que está situada), a instituição teve uma comissão de frente impactante, com componentes com bambolê que, quando acionados, viaravm a saia ao contrário – e, por consequência, mudavam as cores. Por conta da temática, o carro abre-alas tinha uma imensa colmeia – e lá dentro, várias crianças vestidas de abelha se destacavam. Por fim, boas atuações, também, da Pegada do Tigre (comandada por Mestre Charuto) e do intérprete Makumbinha.
Mocidade Independência
Iniciando os trabalhos do Grupo Especial da Baixada Santista, a primeira escola mostrou, por sinal, a pluralidade da folia local: a agremiação em questão representa o Jardim Casqueiro, bairro do município de Cubatão. As cores da agremiação, provavelmente, foram uma das inspiração para o enredo: o vermelho, que está junto do branco no pavilhão, é a cor da pimenta – que, como é possível imaginar, foi a ponte óbvia para a temática “Malagueta”. Mostrando estar inteiramente dentro da temática, a comissão de frente veio completamente fantasiada de pimenta, com os chapéus característicos e leques – ganhando aplausos do público.
O grande destaque da apresentação, porém, veio na Explosão, bateria comandadada pelos mestres Dão e Matheus Oliveira. Com dois apagões no último verso do refrão de cabeça, os ritmistas sustentaram muito bem ao longo de todo o desfile o samba-enredo que, embora simples de ser cantado, conta com muita sobriedade o enredo. Vale jogar holofotes, também, na rainha Juliana Leones, inteiramente de vermelho.
Unidos dos Morros
Atual tricampeã de fato do carnaval santista, a agremiação pisou no Dráusio da Cruz buscando um feito que não é alcançado desde 1988: o tetracampeonato consecutivo. E, para alcançar tal marca, a agremiação da Nova Cintra apostou em um enredo bastante lúdico e que fisga a grande maioria das pessoas pela nostalgia. Intitulado “Quem Te Viu Quer ‘TV’ Cultura – Educação e Samba no Pé”, a agremiação contou com grandes nomes no desfile. Invariavelmente, boa parte deles se destacou.
A ala musical, que veio homenageando o programa “Viola, Minha Viola”, comandado por décadas pela inesquecivel Inezita Barroso, teve Ito Melodia no microfone principal e passou com destaque ao longo de toda a avenida – sobretudo na introdução, idêntica ao início da trilha de ‘Castelo Rá-Tim-Bum’. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renatinho e Fabíola Trindade, também encantaram o Dráusio da Cruz com a eficiência e a simpatia em cada movimento. A ‘Chapa Quente, de mestre Daniel Correia”, executou três apagões no refrão de cabeça e empolgou a arquibancada – ao ponto das frisas cantarem ‘É Campeã!’ no final da apresentação.
União Imperial
Mais uma agremiação com um tema audiovisual, a verde e rosa no Marapé contou alguns dos grandes sucessos do cinema no enredo “A Verde e Rosa Conta a Magia dos Campeões de Bilheteria”, pela primeira vez desenvolvido de maneira solo por Wallacy Vinicyos após seis anos com Renan Ribeiro como carnavalesco – sendo que nas duas últimas temporadas Wallacy atuava conjuntamente em tal cargo. O resultado não poderia ser melhor: com alegorias bastante altas e com esculturas muito bem acabadas, a agremiaação chamou atenção pela beleza dos carros alegóricos.
Nao foi o único ponto alto da escola, entretanto. Edgar Carobina e Graci Araújo, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição, teve ótimo desempenho em toda a passarela, com giros eficientes, muitos sorrisos e excelente comunicação com o público. Quem também se destacou foi a comissão de frente, inteira prateada e com estrelas que eram giradas em determinados momentos, para exaltar os grandes nomes do cinema. Logo atrás de tal segmento, uma imensa tela com cenas do barracão da instituição.
Sangue Jovem
Homenageando a vizinha cidade de Santos, a instituição da Vila Belmiro pisou na Dráusio da Cruz para encerrar o carnaval santista e para tentar buscar a taça que não desembarca na agremiação desde 2006. Com a temática “Gohayó à Célula Mater – A Raiz de Uma Nação”, a comissão de frente da escola veio com os originários que estavam presentes no momento em que Martim Afonso de Sousa chegou à região. Também na cabeça da agremiação, o abre-alas com uma caravela portuguesa chamou atenção pela altura – e, ao longo do desfile, percebeu-se que a verticalização das alegorias foi desejada e alançada pela agremiação.
O que também foi sentido foi a fantástica (ou melhor, Santástica) atuação da Ritmo Santástico, bateria comandada por mestre Ronaldo Balio. Sustentando muito bem o samba, a corte também estava cheia. À frente dos ritmistas, estavam a rainha Stéfany Romualdo, a princesa Lary Miranda e a madrinha Sue Neves.
Por Lucas Santos (Colaboraram Allan Duffes, Luan Costa, Freddy Ferreira, Guibsom Romão, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)
A Portela voltou a pisar na Sapucaí em dessa vez trouxe para si todos os holofotes ao levar para o templo sagrado da cultura brasileira, uma figura icônica da musica nacional. Merecidamente aclamado quando anunciado, Milton Nascimento, que será reverenciado no desfile, deu um show de respeito ao carnaval carioca participando de um de seus eventos mais populares: o ensaio técnico. E, com lugar de destaque, fazendo parte da comissão de frente comandada por Leo Senna e Kelly Siqueira. Um momento de grande emoção. Em retribuição ao carinho, a comunidade portelense cantou com muito afinco, assim como já tem feito em seus ensaios de rua em Madureira, mas ainda mais emocionada, em uma noite que também contou com mais uma grande desempenho de Gilsinho e do carro de som, ajudando a moldar o samba da Portela para ser competitivo no dia oficial. A escola também apresentou uma evolução fluída e muito brincante. Noite muito positiva para o portelense.
Em 2025, a Portela encerra os desfiles do Grupo Especial, já na madrugada da quarta-feira de cinzas com o enredo “Cantar será Buscar o Caminho Que Dar No Sol – Uma Homenagem a Milton Nascimento”, desencontro pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga.
Comissão de frente
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
A grande surpresa da noite, o homenageado esteve presente e fez parte da comissão coreografada por Léo Senna e Kelly Siqueira. Milton Nascimento, veio vestido com um bonito terno Azul, sentadinho em uma espécie de trono ladeado pelo sol na parte de trás do acento e com alguns girassols. Na apresentação, dançarinos com chapéus de palha e uma bonita vestimenta, com maquiagem dourada inclusive, ladeavam o artista como prestando uma referência. Na parte final, mais surpresas, algumas faixas saíam do pequeno tripé com canções dele Milton, depois essas faixas viravam e formavam um enorme sol em conjunto com o tripé redondo e a bandeira da Portela era erguida acima do artista.
Mestre-sala e Porta-Bandeira
Marlon e Squel mostraram chamaram atenção pela elegância. Ele, com um terno claro, mais puxado para o prateado com sapato azul. Já, ela, um vestindo que fazia referência ao pavilhão da Portela em azul e branco. Na dança, mais uma vez, a preferência por um bailado mais tradicional, mas com algumas pitadas interessantes que deram um tempero.
Marlon em alguns momentos apresentou uns passos que lembravam mais a dança da gafieira, riscando o chão com intensidade,mas com muita classe. Squel apostou nos rodopios e já para o final apresentou uma tradicional bandeirada. O casal também soube usar muito bem a roupa, o mestre-sala fazia movimentos segurando o paletó com muita classe, enquanto os giros porta-bandeira produziam um bonito efeito no vestido bicolor. Outro ponto muito positivo foi a dupla se buscar o tempo todo como um casal apaixonado, com momentos de muita ternura durante a apresentação. A intensidade do casal esteve boa e o sincronismo também.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Eu acho que a coreografia sempre pode melhorar. O importante é chegar a 100% no dia do desfile. Se atingirmos 100% hoje, talvez, no desfile, já tenhamos ultrapassado aquela linha tênue entre algo muito bom e uma coreografia marcada demais, que perde a sensibilidade. Mas hoje foi maravilhoso, foi incrível, foi emocionante. Acho que a Portela é isso. A Portela fala muito mais com o lado emotivo do que com a técnica. A gente canta com o coração, a gente evolui com o coração. Eu risco com o coração nos pés. Então, acho que foi um ensaio maravilhoso, contagiante. Eu e a Squel, a Squel e eu… Nossa proposta é essa: uma dança tradicional, uma dança de olhar, uma dança de sentimentos, em que o coração pulsa no mesmo ritmo. E cumprimos essa proposta desde o primeiro ensaio, e agora reforçamos ainda mais”, disse o mestre-sala.
“Sempre podemos melhorar. Estamos ensaiando para isso, em busca de apresentar o nosso melhor. Graças a Deus, tivemos um ensaio sem intercorrências. Apresentamos uma coreografia muito pensada, muito elaborada, muito discutida e estudada com base nas justificativas. Estamos trabalhando duro para que nosso trabalho seja reconhecido e respeitado por todos. Acho que o nosso recado é esse: trabalho, trabalho, trabalho. Trabalho incansável”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
O canto dos componentes apesar da hora já avançada e o tempo de concentração mais uma vez foi muito potente. O portelense, mais uma vez, cantou forte, com intensidade e correção, de forma homogênea na escola, inclusive alas coreografadas e alguns outros segmentos como velha guarda e a própria comissão de frente. No carro de som, Gilsinho mostrou porque tem tantos anos de Portela, além da qualidade como intérprete, mostrou que conhece muito bem a comunidade, é sua voz potente se sobressaiu indo bem afinada e firme até o final, com os apoios fazendo um trabalho muito bom também para sustentar o canto. Harmonia, novamente, foi grande destaque de um treino da Portela e promete ser importantíssima no grande dia, até para puxar outros quesitos como o smaba-enredo.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
Samba-enredo
A Portela apostou em uma obra que se encaixou a um estilo mais cadenciado da Tabajara do Samba. Não é uma obra para correria realmente. Com a comunidade está em consonância, já que os componentes mantiveram o bom nível de canto. A dúvida fica apenas para o momento de ter que fechar o carnaval e por não ser uma obra tão explosiva, e sim mais melodiosa. A melodia, aliás, é de fácil assimilação e tem alguns pontos que faz referência a músicas do Milton, como no refrão do meio sobre o Trem Azul. Destaque para “quem acredita na vida” o bis dentro da segunda parte e o refrão principal que é um momento de maior animação. No geral, a obra rendei acima das expectativas.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Até onde eu vi, eu achei excelente. A escola está cantando muito, depois do segundo recuo a gente vê o resto da escola passar. A escola estava cantando muito, sorrindo muito. Eu gostei demais. Com o som na Sapucaí inteira a gente não tem medo de errar, a gente sabe que a gente vai ouvir, que a escola inteira vai ouvir, então a gente não precisa poupar nada. Hoje o Nilo fez várias boças aí que não tinha feito no primeiro ensaio por falta de som. Mas hoje foi tranquilo, hoje foi fácil”, citou o intérprete Gilsinho.
Evolução
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
A Portela apostou em poucas alas coreografadas, dando maior ênfase à espontaneidade dos componentes. Apostou em uma evolução também mais cadenciada, ponto positivo de não ter apresentado nem correria e nem alas emboladas. Além disso, também não houve grandes espaçamentos que pudessem se configurar no risco de abrir buraco. Evolução bastante livre, com várias alas com algum tipo de adereço de mão já treinando para o grande dia.
Bateria e Outros destaques
O homenageado, Milton Nascimento, foi aclamado quando anunciado pelo presidente Fábio Pavão. Como elemento alegórico abrindo a escola, no tripé, não podia ser diferente, a Águia que faziam barulho e tudo. Em uma bonita homenagem a outras escolas, em um dos setores, as bandeiras das coirmãs Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos da Bangu foram tremuladas mostrando solidariedade da Portelas pelas agremiações que perderam fantasias em um incêndio na semana passada. De dourado, as baianas chamaram a atenção pela elegância. E quem também chamou muita atenção, toda brilhosa, foi a rainha Bianco Monteiro mostrando o já costumeiro samba no pé.
Uma bateria “Tabajara do Samba” da Portela com sua afinação tradicional, com peso característico, deixando evidente o bom balanço das terceiras. Repiques coesos se uniram a um bom naipe de caixas de guerra, com a genuína batida rufada. Na cabeça da bateria portelense, uma ala de chocalhos ressonante se destacou. Cuícas consistentes, agogôs corretos e um naipe de tamborins eficiente auxiliaram no preenchimento da sonoridade das peças leves. Bossas pautadas pelas variações melódicas do samba-enredo da Águia e baseadas na pressão sonora dos surdos foram bem executadas pela pista. Grande trabalho das caixas e dos surdos de terceira nos arranjos propostos. Uma bateria “Tabajara” da Portela que não vê a hora de fechar a inédita terceira noite de desfiles, em busca de uma grande passagem.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Nosso ensaio foi bom. Todo mundo tava meio apreensivo com esse som, para ver como ia se comportar, mas foi bom. Com os ajustezinhos que tem para semana que vem, acredito que a bateria vai ficar bem. Não são grandes ajustes. A bateria se comportou bem pelo andamento as boças, tudo direitinho. É só pedir mais atenção, toda vez que vai chegando o carnaval e a bateria passa bem, o componente relaxa. E não pode relaxar, é até o final. Eu vou chamar a galera, vou falar que estou cobrando porque foram bons, mas têm que ser melhor, e nunca fica de sapato alto. Sempre tem que melhorar mais um pouco”, comentou mestre Nilo Sérgio.
Por Guibsom Romão (Colaboraram Allan Duffes, Freddy Ferreira, Luan Costa, Lucas Santos, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)
De ponta a ponta, a Vila Isabel fez bonito no ensaio técnico de teste de som e luz Sapucaí. O destaque fica para a evolução da escola, a comunidade deixou a Sapucaí assombrada com tamanha animação e canto forte. Além de fazer um bom uso da iluminação cênica, o som por toda a Sapucaí coroou o brilhante carro de som e o Tinga. Marcinho e Cris brilharam e esbanjaram elegância.
Sendo a última escola a desfilar na segunda-feira, dia 3 de março, a Vila Isabel vem com o enredo “Quanto Mais Eu Rezo, Mais Assombração Aparece”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. Diante do que foi apresentado neste último ensaio, a Vila mostrou que todas as rezas já foram feitas. A escola assombrou, no melhor sentido possível.
“Eu sou suspeito em falar, porque a gente conversou muito durante a semana e falou que isso era o último ensaio e seria como se fosse um desfile oficial. E eu só quero agradecer a escola, desde a Comissão de Frente até a última ala do barracão, que cantou muito, evoluiu muito, brincou muito. A Vila está de parabéns, e é isso que a gente vai fazer no dia do desfile. No primeiro ensaio o som atrapalhou um pouco e acho que com o som de hoje a gente conseguiu evoluir muito mais, tinha muito mais retorno para a bateria. E era isso que a gente estava esperando. Para a gente ir firme para o dia do desfile”, explicou Moisés Carvalho, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Sob o comando da dupla Alex Neoral e Márcio Jahú, a comissão surpreendeu e veio com uma coreografia diferente da apresentada no mini desfile e no primeiro ensaio técnico. Os gatos pretos se tornaram maquinistas, com direito a um trem como elemento cenográfico. Além do figurino novo, a comissão contou uma pintura facial em cores neon, que assim como outros elementos do figurino e do trem, causaram um efeito interessante com a iluminação azul da Sapucaí.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
A coreografia estava muito bem ensaiada, não houve mínimos deslizes. A luz foi um elemento primordial para a apresentação, tanto a da Sapucaí, quanto das lanternas que os bailarinos usaram durante a performance. Em todas as cabines a coreografia foi muito bem executada e transmitiu perfeitamente a ideia de que um trem de assombrações e alegria estava entrando na avenida.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Marcinho Siqueira e Cris Caldas apresentaram uma coreografia muito dinâmica, apesar de toda a sintonia e sincronia que eles desempenharam, a apresentação dos dois se contrapôs, mas foi de encontro com o enredo. A Cris apresentou um bailado clássico, com rigor e maestria, ainda mais com o vento que no 3º módulo tentou assombrá-la, já o Marcinho carregou no seu bailado toda a veia cômica que o enredo e o samba trazem e com uma dança que mesclou o tradicional, com passos inovadores e até engraçados. O casal apresentou de maneira exemplar e interessante o pavilhão azul e branco do povo de Noel. É um quesito seguro para o desempenho da escola. A sensação que ficou foi de que com a fantasia o espetáculo será muito maior.
Ao final do ensaio técnico o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila, Marcinho e Cris Caldas, apresentou uma avaliação sobre o desempenho da coreografia, que segundo a dupla já é a oficial para o desfile.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
“Foi lindo de enxergar aqui hoje, ver a casa cheia. A gente tendo o gostinho de como vai ser no dia, no desfile oficial. Agradecer a Liesa, ao carnaval por proporcionar todas as escolas de passarem por isso (teste de som e luz). Acho que de fato não devia ser um privilégio como vinha sendo nos anos anteriores só para as primeiras colocadas. A avaliação especificamente do casal é que a gente está muito feliz, temos trabalhado bastante e acho que a gente conseguiu mostrar com leveza, com a técnica, tudo que a gente tem trabalhado e pensando em detalhes, em cabeças e mãos para poder abrilhantar bastante o bailado tradicional”, acredita o mestre-sala.
“A gente está pronto. Nos preparamos, trabalhamos junto com o preparador físico, que a Vila colocou do nosso lado, um parceiro que tem nos ajudado muito para a nossa parte física. E o que foi feito hoje é a coreografia oficial. A gente vinha nos ensaios de rua fazendo uma coreografia que era para a rua, mas a gente estava trabalhando e aperfeiçoando a coreogradia para o jurado e já do último ensaio para cá começamos a apresentar na rua nossa coreografia oficial e é essa que a gente vai vir no dia do desfile. Uma coreografia gostosa, leve como o nosso samba, e como algo nossa escola, leve, alegre, gostosa”, completou a porta-bandeira.
Harmonia e Samba
O que dizer de Tinga e seu carro de som? Sem falhas técnicas e com som por toda avenida, o show foi garantido. O Tinga nem precisou fazer muito esforço para puxar a escola, o chão estava cantando de maneira coesa, uniforme e divertida. Não tiveram trechos de destaque para o canto da escola, o samba foi bradado de ponta a ponta.
“É só vir com essa alegria! A comunidade está de parabéns, estamos muito felizes com o nosso samba, com o nosso enredo. Vamos, sim, fazer um grande desfile, se Deus quiser, e seguir atrás do nosso sonho: conquistar mais títulos para a nossa comunidade”, disse Tinga.
Evolução
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
Neste quesito o destaque fica para a interação que os desfilantes tiveram com o público presente no ensaio. Todas as alas interagiram com o público, os chamando para cantar o samba e mostrando a alegria que estava sendo ensaiar pela Vila Isabel. Outro destaque foi para as alas que estavam atrás da bateria e do carro de som, que apresentaram um canto muito forte.
Foi notório que o povo de Noel estava virado no samba, pois na bruxaria será no desfile. Até os componentes, já cansados nos últimos setores da avenida, continuaram coreografando o samba e evoluindo com a escola, parecia que era algo inconsciente.
Bateria e Outros destaques
Os profissionais de harmonia e direção da escola usavam chapéus de capitão, simbolizando a condução precisa e eficiente da Vila Isabel.
Uma bateria “Swingueira de Noel” da Unidos de Vila Isabel com uma parte de trás do ritmo equilibrada e bem equalizada. A afinação tradicionalmente mais pesada de surdos garantiu pressão sonora, principalmente em bossas. Surdos de terceira deram um balanço envolvente à cozinha da bateria da Vila. Assim como repiques coesos, caixas retas consistentes e taróis ressonantes com sua genuína batida rufada complementaram de forma caprichada os médios. Na cabeça da bateria, uma boa ala de cuícas mostrou valor sonoro. Tamborins e chocalhos tocaram interligados, num trabalho que demonstrou nítido entrosamento musical. Bossas intimamente ligadas à melodia do samba-enredo da azul e branca do bairro de Noel foram apresentadas de modo cirúrgico. Sempre se aproveitando da pressão sonora provocada pela afinação de surdos. Uma bateria da Vila Isabel pronta para impulsionar os desfilantes e buscar o sonhado gabarito no quesito. O conhecido e sempre cativante carisma da rainha Sabrina Sato sempre chama atenção e precisa ser pontuado.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Está tudo pronto. Fizemos um grande desfile, com a comunidade cantando muito. Bateria afiadíssima. Se o desfile fosse hoje, Vila Isabel estaria brigando por esse título. Coloquei todas as bossas hoje. Vai ter uma surpresa para o desfile, mas vocês vão ver na hora”, comentou mestre Macaco Branco.
Por Lucas Santos (Colaboraram Allan Duffes, Luan Costa, Freddy Ferreira, Guibsom Romão, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)
Em um enredo que tem muito do DNA da Mangueira, falando dos povos bantus, de um povo preto, dos crias, do favelado, a Verde e Rosa no mínimo deveria buscar dar brilho a sua comunidade. E foi o que se viu no segundo ensaio da escola, com uma significativa melhora em relação ao primeiro ensaio que já tinha sido muito bom. Mas não foi só no chão da comunidade, no canto que a Mangueira se destacou. Também houve um trabalho excepcional da comissão de frente e do “casal Furacão” que marcaram positivamente este ensaio, além da parte musical, com o samba passando muito bem e a bateria mostrando muita musicalidade. Com este teste, a Verde e Rosa mostra que almeja brigar mais a frente na tabela e deixar de lado o incômodo de não ter conseguido nem campeãs em 2024. Em 2025, a Mangueira vai fechar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial com o enredo “À Flor da Terra- No Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França.
O diretor de carnaval, Dudu Azevedo, falou ao CARNAVALESCO no final do ensaio e projetou um grande desfile.
“A gente sempre faz uma reunião no final do ensaio para ver como foi e fiquei muito feliz que todos os meus diretores me relataram que nao tiveram nenhum problema na pista, que os seus setores passaram bem. A gente sabia que tinha condições de passar como a gente passou na pista, fizemos a parte da emoção, um paradão. De novo a gente faz o o encantamento para quem está assistindo, encanta desfilando, isso é muito bom para a gente, a gente sai daqui com a certeza de ter o componente feliz, com certeza do nosso tempo na avenida, de chegarmos a esse ponto da preparação como desejávamos, da apresentação nas cabines, da bateria que parou perfeitamente pra fazer a paradinha, colocamos a bateria no box sem correria, da Harmonia, canto, organização da escola muito boa. Estamos preparados pra fazer um grande desfile”, explicou o diretor.
Comissão de Frente
A Mangueira apostou em trazer muito do que já haviam trazido para Sapucaí no primeiro ensaio. A parte da ancestralidade com uma coreografia mais tribal, com pintura corporal muito bem produzida e coreografia forte e intensa. A luz cênica mais uma vez sendo utilizada e.o famoso “cria” surgindo da fantasia e mandando passinhos. Mas, desta vez, não estava sozinho, uma surpresa, na ousadia de Lucas e Karina, para não ficar igual, ao primeiro ensaio, outro “cria” surgia do público para dançar com o mesmo dos últimos ensaios. Uma carta tirada da manga. Boa apresentação.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
Mestre-sala e Porta-Bandeira
O casal “Furacão”, mais uma vez, apostou em uma coreografia que enfatizava o bailado clássico do casal de mestre-sala e porta-bandeira, como mote de ancestralidade e herança dos povos bantos presentes no enredo. Algumas pontuações no samba estiveram presente e deram um molho na apresentação, como o “passinho” de Matheus Olivério no trecho que falava sobre o cabelo descolorido. E Cintya, essa, estava mais uma vez iluminada, mesclando doçura, suavidade, mas sem perder a sua intensidade, com giros potentes, em incrível controle do pavilhão. Matheus foi muito generoso sabendo os momentos que sua parceria devia brilhar. Um dos momentos mais lindos é o mestre-sala dando um beijo na mão da companheira e ajeitando o pavilhão para que Cintya encerrasse com uma icônica bandeirada. Atuação sublime da dupla.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
“A Mangueira vem em um momento de reafirmação da magnitude, da matriarca que ela é. Eu sempre falo: se não tiver emoção, não é a Mangueira. Com todo o respeito a todas as outras escolas, mas a Mangueira sempre tem esse quesito. Tem esse “a mais”, que é a emoção. Ver a arquibancada lotada, funcionando com um samba tão criticado – e que fala da crítica dentro dele – é maravilhoso. A dança do casal Furacão está cada vez mais forte e dentro das características que queremos passar para o mangueirense: aguerrido, vigoroso, determinado e com a nossa identidade. Eu sempre digo: quando dancei a primeira vez com a Cyntia, foi amor à primeira dança. E todo ano, quando recomeçamos, é uma reconquista, um novo amor. Eu acho que estamos em um momento de paixão. É fogo, é dendê”, disse o mestre-sala.
“Estou saindo hoje com o dever cumprido. A coreografia está linda, com tudo que foi pedido. A gente vem trabalhando, e eu venho controlando o vigor, porque a cada samba que entra a gente quer dar mais, e aí eu tento equilibrar. Mas pode ter certeza: vai ser um lindo desfile. Aí sim, posso dizer de coração: estou muito feliz. Ver que o meu trabalho está sendo bem visto, bem quisto e respeitado por vocês e por todo mundo do samba me deixa muito, muito feliz”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Mais uma vez, a Mangueira mostrou que está completamente fechada com o samba e cantou não só com vontade, correção e energia, mas feliz com a obra, era visível no olhar do mangueirense, principalmente no “É de arerê…” e no “Sou Mangueira” e “Orgulho de ser favela”, sem deixar de ter um excelente rendimento para o restante da obra. Quando o carro de som jogou para a comunidade, ela não os deixou na mão e muitas vezes só na batida do surdo, os componentes seguravam a obra. Sem os problemas de som do primeiro ensaio, Dowglas e Marquinhso puderam “brincar” e conduzir a Mangueira a mostrar o que esquema bateria mais comunidade mais carro de som tem feito na Visconde de Niterói. Apresentação muito firme e consciente do que a obra e a escola precisava.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Graças a Deus, estamos conseguindo fortalecer ainda mais o nosso trabalho. No segundo ensaio, uma das coisas que estávamos treinando era o andamento da escola como um todo. E hoje acho que esse andamento foi muito melhor do que no primeiro ensaio, o que mostra uma evolução. Agora, é manter essa pegada para domingo. Só depende da gente para levantar esse caneco”, afirmou mestre Taranta Neto.
Evolução
Antes de mais nada, a análise desse quesito deve elogiar ao trabalho realizado pelas alas coreografadas da Mangueira. O início do desfile, no segundo setor, algumas alas com saias faziam um trabalho muito bonito, sincronizado, mas natural, trazendo toda a ancestralidade da dança que está presente no enredo. Mesclando energia e suavidade, e principalmente, religiosidade, inclusive abusavam de utilizar a musicalidade das bossas da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” no passo marcado. Alguns elementos como cajado também contribuíam para o efeito. No restante da escola o passo livre fez uma escola passar aproveitando o samba ao máximo. Algumas pontuações do samba, como a referência ao cabelo descolorido com as mãos no trecho do samba que tem esse verso, além de algumas outras pontuações menores, não devem ser vistas no dia por conta da fantasia, mas foram positivas para incrementar o ensaio da Verde e Rosa.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
Entre os integrantes da harmonias havia alguma orientação para ser mais veemente na cobrança por organização das filas, o que surtiu efeito, sem fazer com que os componentes ficassem engessados. Algumas alas mais para o final da escola, no setor que falava sobre “os crias”, ainda mandavam passinho. Escola evoluiu bem, com fluidez, sem correria.
Samba-enredo
O samba caiu mesmo no gosto da comunidade, muito pelo excelente trabalho musical realizado pela escola. A bateria da Mangueira dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto deram o molho que talvez a obra precisasse, usaram todos o seu arsenal de ritmo, com musicalidade, e trouxe bossas muito pertinentes a obra que ajudaram ela acrescer. A segunda parte que possui uma harmonia mais acentuada, com letra tocando em temas toca tesouro a escola ganhou destaque e a primeira parte ganhou ritmo, força, dando andamento a obra até chegar no refrão do meio para a quebra, através de maior balanço Todo esse trabalho passou por cima de algumas questões que eram colocadas sobre a obra como o refrão principal na métrica e acentuação tônica da palavra “dona” e a melodia mais comum da primeira parte. Dessa forma, o samba cresceu muito e cada verso tem sido muito bem trabalhado pela escola a fim de buscar a nota 10. Ótimo rendimento no ensaio e interação com o público.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
“Esse último teste no campo de jogo foi maravilhoso, com certeza foi para lavar a alma de todo o mangueirense. Tenho certeza agora que a Mangueira está pronta, a comunidade merece toda a estrutura, todo o trabalho, todo o suporte que a presidência está botando. Então temos que só retribuir, a comunidade está feliz, a escola está feliz, então só depende da gente entrar aqui, fazer o trabalho, tudo o que a gente vem ensaiando durante esse tempo todo. Eu acho que a Mangueira vai colher grandes frutos. No primeiro ensaio tivemos aquelas questões que culparam o carro com o som, mas nesse ensaio de hoje foi muito diferente, com o som oficial do dia do desfile ficou muito fácil de a comunidade entender, ouvir de ponta a ponta o samba, então isso ficou marcante para a gente, é muito maravilhoso ensaiar com o que a gente vai usar no dia. Foi maravilhoso, um excelente ensaio”, disse Dowglas Diniz.
“Ali do carro de som estava legal. Embora a gente esteja muito cansado essa semana, agora nós vamos dar uma descansada para chegar no domingo 100%. Mas de um todo foi maravilhoso”, revelou Marquinho Art Samba.
Bateria e Outros destaques
Uma bateria “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” da Estação Primeira de Mangueira que contou sua tradicional afinação mais pesada de surdos. Isso ajudou a realçar o belo trabalho dos surdos mor mangueirenses. Repiques técnicos tocaram junto de um naipe de caixas ressonante e volumoso. Na primeira fila da cozinha da bateria da Verde e Rosa também havia o molho exemplar dos timbaques. Na parte da frente do ritmo, um trabalho entrosado entre os eficientes ganzás e um bom naipe de xequerês mostrou grande integração dos solos de ambos. Uma ala de tamborins de grande qualidade deu valor sonoro à cabeça da bateria da Manga. Cuícas sólidas e um destacado naipe de agogôs de duas campanas mostrou seu valor musical, também em bossas. Um conjunto de bossas bastante integrado ao samba-enredo foi apresentado. Uma criação musical refinada e de muito bom gosto. Uma bateria da Mangueira aguardando com ansiedade e otimismo mais um grande desfile.
No esquenta, além do tradicional exaltação da Mangueira, Marquinho Art Samba e Dowglas cantaram os funks “Eu só quero é ser feliz” e “Som de preto”. A rainha Evelyn Bastos impressionou no modelito homenageando “os crias” com uma figurino todo trabalhado no jeans, brilhos e algumas peças de CD na parte de cima da fantasia. Comandados por mestre Rodrigo Explosão e Taranta Neto, a “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” abusou da musicalidade com algumas bossas mesclando a ancestralidade e o novo, com o ritmo do funk. Além disso, repetiu o show pirotécnico do primeiro ensaio com a iluminação do sambodromo apagada.
Por Luan Costa (Colaboraram Allan Duffes, Lucas Santos, Freddy Ferreira, Guibsom Romão, Matheus Morais, Marcos Marinho, Marielli Patrocínio, Rhyan de Meira, Carolina Freitas e Raphael Lacerda)
A Beija-Flor de Nilópolis realizou seu último ensaio técnico antes do desfile oficial e transformou a Marquês de Sapucaí no verdadeiro “terreiro de Laíla”, como diz a letra do samba. O famoso rolo compressor nilopolitano, tão marcante em outros tempos e recentemente adormecido, mostrou que está de volta, e com ainda mais potência.
A comunidade azul e branca foi o grande destaque da noite, com um desempenho avassalador do início ao fim, unindo técnica e emoção em perfeita sintonia. A harmonia musical da escola também se mostrou impecável, mesmo sem a presença de Neguinho da Beija-Flor à frente do carro de som. Já a bateria soberana de mestres Plínio e Rodney, mais uma vez, deu um show à parte, empolgando o público presente.
Além disso, todos os quesitos se mostraram sólidos e tiveram seus momentos de destaque. O ensaio deixou claro: a Beija-Flor está mais viva do que nunca na briga pelo campeonato.
A agremiação da Baixada será a segunda escola a se apresentar no dia 03 de março e levará para a avenida o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os Sambas”, do carnavalesco João Vitor Araújo, que pretende eternizar o legado do mestre Laíla.
O diretor de carnaval, Marquinho Marino, falou ao CARNAVALESCO e fez suas considerações sobre o ensaio.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
“A equipe toda – a equipe de harmonia, a equipe de carnaval, os diretores – enfim, toda a parte de organização, o pessoal do barracão, a administração, todo mundo tem feito um trabalho de muito apoio, um ajudando o outro, um abraçando o outro, um dando a mão pro outro. A gente chegou à conclusão de que, com a comunidade que temos, com os segmentos que temos, só falta estarmos unidos o tempo inteiro para fazer um bom trabalho. A equipe do barracão está fazendo um trabalho espetacular na montagem dos carros, na decoração, com amor, com esmero. A equipe de administração da escola não está medindo esforços para nos ajudar e dar todo o suporte que precisamos. Hoje chegamos ao ponto que queríamos. Ainda não no ápice, porque o ápice tem que ser no desfile, mas no ponto ideal para desfilar. E, principalmente, chegar aqui hoje e dizer que nossa escola está pronta é um orgulho para nós. Barracão pronto, fantasias prontas. Amanhã entregamos as fantasias, segunda-feira continuamos e terminamos na terça. Os carros já estão embalados. Quero dar os parabéns ao presidente por todo o apoio que ele nos dá, à administração, ao patrono… E dizer que estou muito feliz. Acho que a palavra certa não sou eu estar feliz, mas sim: a escola está feliz”, pontuou Marino.
Comissão de Frente
Pelo terceiro ano consecutivo, os coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon estão à frente da comissão de frente. Neste ensaio a apresentação manteve a mesma concepção e coreografia já exibidas no mini-desfile, nos ensaios de rua na Mirandela e no primeiro teste na Sapucaí. A grande diferença desta vez foi o uso da iluminação cênica da avenida, que trouxe ainda mais dramaticidade aos atos.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
Formado exclusivamente por homens, o grupo se apresentou com figurinos que remetem a sacos de lixo e os corpos pintados de branco, criando uma estética impactante. No centro da performance, o destaque foi o bailarino que representou Exu, atravessando a avenida sobre pernas de pau com impressionante desenvoltura e agilidade.
O grande diferencial da apresentação ficou por conta do figurino inusitado e da presença imponente de Exu, que garantiu um impacto visual marcante e reforçou a proposta cênica da comissão de frente, já consolidada como um dos pontos altos do desfile da Beija-Flor.
Mestre-sala e Porta-Bandeira
Claudinho e Selminha Sorriso atravessaram a avenida com a habitual elegância e o carisma que os consagram ano após ano, atraindo todos os olhares do público. Vestidos predominantemente de branco, o casal apostou em uma coreografia clássica, sua marca registrada, com poucos passos fortemente marcados e giros executados com extrema precisão.
A experiência de Selminha foi fundamental para contornar os fortes ventos na altura da primeira cabine de jurados, demonstrando total controle e segurança. No geral, foi mais uma apresentação boa da dupla, reforçando o entrosamento e a excelência que fazem deles uma referência no segmento.
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval
Após o ensaio, ainda bem inteiros, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor, Claudinho e Selminha Sorriso, analisaram o ensaio e explicaram a emoção de mais uma vez pisar na Sapucaí em um enredo tão emocionante.
“É o sentimento de mais um ensaio técnico entregue. No primeiro a gente corrigiu algumas coisas pra colocar em prática hoje. Tudo funcionou. A gente sabe que tem duas emoções diferentes neste desfile. Uma é a emoção irreparável que é a homenagem ao nosso mestre que tanto nos ensinou não só para o casal, mas para toda a Beija-Flor, para o mundo do samba, para o maior espetáculo da terra a céu aberto do mundo, que é o nosso que querido Laíla. A gente sabia que a cada momento de ensaio técnico ou se o desfile fosse hoje, é certeza, mais uma vez, eu falaria que o nosso trabalho está pronto”, avalia o mestre-sala.
“A gente ama o que faz, a gente se cobra muito, é preciso melhorar, mas o saldo foi muito positivo para nós dois, a reação do público também foi maravilhosa e agora é esperar chegar o grande dia. Hoje foi uma prévia do que nós vamos apresentar no dia, tenho certeza que a escola passou hoje lindamente, está faltando só detalhes, alegorias e fantasias, para que nós possamos brigar por esse título em homenagem ao nosso grande mestre Laíla, e a Beija-Flor, nosso embaixador, nosso ídolo, nosso grande amor. Então é como lá atrás ele dizia, treino é jogo. A Beija-Flor foi bem aqui nos ensaios técnicos, que bom que tem dois. Agente está aqui para aperfeiçoar cadavez mais, e o público tem a oportunidade de estar aqui, talvez alguns não tenham condições, é um respeito a todos os presentes que também estão em casa nos assistindo, fizemos o nosso melhor por nós e por todos vocês”, finaliza a porta-bandeira.
Harmonia e Samba
O famoso rolo compressor nilopolitano esteve presente na Sapucaí. Adormecido em anos anteriores, ele parece ter voltado com ainda mais potência nesta temporada, resultado de um trabalho consistente do carro de som, que, neste ensaio, teve Nino do Milênio e Leozinho Nunes como figuras centrais na ausência de Neguinho da Beija-Flor. O entrosamento entre os intérpretes e a bateria soberana de mestres Plínio e Rodney foi evidente, criando uma sintonia que potencializou ainda mais o canto da escola.
Os ritmistas realizaram diversas paradinhas ao longo da avenida, incluindo um grande paradão que destacou a força do canto. Todas as alas atravessaram a Sapucaí com o samba na ponta da língua, mas mais do que isso: cantaram com garra e extrema empolgação. O ápice ficou por conta dos versos que antecedem o refrão principal e, claro, do refrão marcante: “Da casa de Ogum, Xangô me guia, Da casa de Ogum, Xangô me guia, Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor, Terreiro de Laíla, meu griô”.
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
“Hoje foi maravilhoso, graças a Deus. O trabalho que a gente vem fazendo no carro do som foi impecável, mesmo com a ausência do nosso maior nosso mestre, o Neguinho. Mas a felicidade está a mil hoje, eu também me realizei passando com a Beija-Flor, que é a escola do meu coração, que eu tenho uma história ali, através do Laíla, então é felicidade dupla. Representando o Neguinho e o podendo homenagear de alguma forma o mestre Laíla. E passar com o som pela Sapucaí inteira foi maravilhoso, porque a gente consegue ter uma noção melhor de como vai ser o samba no dia e hoje, graças a Deus, deu tudo certo. Agora é só chegar o nosso mestre maior que o nosso chão está prontinho para ele”, disse o intérprete Nino do Milênio.
Evolução
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval
A evolução da Beija-Flor foi digna de manual: limpa, coesa, fluida e sem atropelos. Apesar do grande volume de componentes, a escola se manteve compacta do início ao fim, demonstrando um equilíbrio perfeito entre organização e empolgação. Cada integrante cumpriu seu papel com precisão, garantindo não apenas a técnica esperada para um desfile desse nível, mas também a emoção indispensável que torna a apresentação ainda mais marcante. O entrosamento entre os segmentos foi evidente principalmente nas alas coreografadas, que mais uma vez tiveram destaque.
Bateria e Outros Destaques
Uma bateria “Soberana” da Beija-Flor de Nilópolis com uma parte de trás do ritmo muito bem afinada, equalizada e com bom trabalho dos surdos de terceira. Caixas consistentes e repiques coesos auxiliaram nos médios. As icônicas frigideiras da Deusa da Passarela deram valor sonoro com seu tilintar metálico ressoando. Na cabeça da bateria, cuícas sólidas ajudaram na musicalidade da parte da frente do ritmo. Um trabalho de imenso destaque do naipe de chocalhos, interligado a uma ala de tamborins que mostrou eficiência e boa coletividade, dando brilho às peças leves. Uma criação musical intuitiva nas bossas levou em conta as nuances melódicas do samba nilopolitano para consolidar seu ritmo. Louvável a integração musical dos arranjos com a obra da Beija. Atabaques e um agogô de duas campanas também mostraram categoria na bossa do estribilho, num toque inserido no tema da agremiação. Uma bateria “Soberana” da Beija devidamente preparada para brigar pela pontuação máxima no Carnaval.
O ensaio também foi marcado por momentos especiais, como a presença de Serginho Aguiar representando Laíla. Ele desfilou à frente da escola e foi calorosamente saudado pelo público nas frisas. No encerramento, a Beija-Flor apresentou um tripé com uma imagem que reunia personagens históricos da agremiação, reforçando a conexão com sua trajetória e suas grandes personalidades.
“A gente, cada dia se supera e vai culminar no dia do desfile melhor ainda, se possível. Eles estão de parabéns, o samba é emocionante. Não tenho nem palavras… Emoção, agradecimento, total gratidão a minha bateria, a minha escola por tudo. Agora é só desfilar. Tem um efeito, emoção muito mais forte com fantasia. A gente vai fazer um grande desfile para brigar pelo título do carnaval”, garantiu mestre Rodney.
Por Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Naomi Prado e Nabor Salvagnini. Fotos de Fábio Martins
Neste último sábado ocorreu os Desfiles do Grupo de Acesso 2. É a disputa que dá vaga à divisão superior: O Acesso 1. Vale destacar o desempenho de todos os casais, muito bem ensaiados, além das baterias, que realizaram bossas com êxitos e deram andamento do
samba de forma satisfatória. As escolas que mais performaram na pista foram Pérola Negra, Peruche e Imperador do Ipiranga – Essas três destoaram e certamente vão brigar na parte de cima da tabela. Já as agremiações que podem passar sufoco são Brinco da Marquesa e Raízes do Samba. Ainda neste domingo, às 19h, a apuração será realizada na Fábrica do Samba.
Com o enredo “De quem é a culpa”, a jovem escola paulistana, estreante no Sambódromo do Anhembi, se destacou pela fácil leitura do enredo – Um grande ponto positivo para o experiente carnavalesco Babu Energia. O carro de som, liderado pelo intérprete Juninho
Branco foi um dos destaques. Porém vale destacar que a escola abriu um buraco em frente ao recuo fora da delimitação técnica do regulamento. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Imperatriz da Paulicéia
A agremiação da Vila Esperança teve como destaque a comissão de frente, que apresentou foliões, passistas e vários segmentos exaltando uma escola de samba. O carro de som teve bastante entrosamento e deu suporte ao intérprete Tinganá para realizar o melhor
do seu canto. Outro destaque vai para as bossas da bateria “Swing da Paulicéia”, comandada por mestra Rafa, que também abusou das coreografias e levantou a arquibancada monumental. Pode-se dizer que a entidade da coroa espera por um bom resultado na apuração, diferente de 2024. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Unidos do Peruche
Uma justa homenagem ao Seo Carlão foi vista nesta noite. O sambista nas arquibancadas pôde presenciar o trono vazio, mas com uma bela imagem da sua tradicional boina. A escola optou por fazer um desfile jogando com o regulamento. Em anos anteriores a sensação era que o Peruche, mesmo estando no Acesso 2, queria fazer desfile para impactar. Porém, desta vez a agremiação entendeu que a realidade do grupo é outra e conseguiu cumprir todos os quesitos de forma satisfatória. Devido a isso, se credencia como uma das melhores da noite. *LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Torcida Jovem
A escola santista levou para a Avenida o enredo “Na Capital do Reggae, onde a natureza canta e o mundo se encanta. São Luis do Maranhão”. O primeiro casal da escola, formado por Gabriel Vullen e Joice Cristina fizeram uma grande apresentação no ritmo da bateria
“Firmeza Total”, que foi criativa com bossas dentro da proposta do enredo. Uma falha considerável da evolução, que teve dificuldades de controlar a delimitação entre a comissão de frente e o casal, pode ser um problema para a escola. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Pérola Negra
Com “Exu Mulher”, a ‘Joia Rara’ briga forte pelas primeiras posições do grupo. A escola não descia para a terceira divisão há muito tempo. Porém, mesmo assim, decidiu investir forte e levou alegorias grandiosas para o Anhembi. Para ter uma noção do tamanho, o primeiro carro foi acoplado. Além disso, esculturas realistas foram inseridas. Apesar de toda grandeza, a Pérola Negra conseguiu desfilar bem e, sobretudo, ter uma boa evolução. O carro de som comandado por Bruno Ribas e Lucas Donato, além da comissão de
frente foram destaques do ensaio. *LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Morro da Casa Verde
Levando a umbanda para a avenida, o destaque principal ficou para o samba-enredo, que ficou ainda mais potencializado pelo intérprete Wantuir. O cantor carioca, pela segunda vez na verde e rosa da Zona Norte, nitidamente está muito à vontade. A também deu suas
credenciais, dando para notar nas bossas realizadas pelo mestre Fábio Américo. Porém, notou-se falhas de acabamento nas fantasias e tripés. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Imperador do Ipiranga
A Imperador do Ipiranga desfilou no último sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. Com um conjunto de quesitos eficiente, o chamariz foi a comissão de frente que contou com intrigante truque de mágica para atrair os olhares do público para a passagem da escola, encerrada após 48 minutos. A agremiação da Vila Carioca foi a sétima a passar e se apresentou com o enredo “Abrakadabra”, assinado pelo carnavalesco Anselmo Brito. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Primeira da Cidade Líder
Só de estar na pista, a Primeira da Cidade Líder pode se considerar vitoriosa. O incêndio no barracão, no mês de dezembro, fez a escola perder todo o carnaval e ter que recomeçar do zero. E conseguiram. Fizeram um belo desfile e foram avaliados. Sequer cogitaram pedir para ficar de fora do concurso. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Brinco da Marquesa
A escola da Vila Brasilina apresentou o enredo “A Marquesa na Cidade do Amor. São Paulo Carnaval 2025″ com destaque especial para a criatividade da bateria “Fantástica”, que conduziu bem o ritmo do desfile da escola por toda a Avenida. A leitura confusa do
enredo pode ser um complicador para a escola na apuração. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
Camisa 12
A escola alvinegra teve como grande destaque a bateria “Ritmo 12”, comandada por mestre. A batucada realizou bossas durante todo o desfile com criatividade com um adendo especial para o instrumento chocalho. Entretanto, a agremiação não cantou de acordo com
o esperado. Notou-se muitos componentes que não sabiam o samba e não acompanham o ritmo do carro de som e da “Ritmo 12”. * LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA
A Camisa 12 apresentou um desfile coerente, tendo como destaque a bateria de mestre Lipi. Alguns componentes não sabiam a letra do samba, mas, apesar disso, o canto foi regular. Com o enredo “Edun Ará Asé Idajó – Força que faz a Justiça”, assinado pelo carnavalesco Delmo de Morais, o Camisa 12 foi a décima escola a desfilar pelo Grupo de Acesso 2, terminando seu desfile com 48 minutos.
A comissão, que é coreografada por Walmir Rogério, tem como personagens principais três integrantes: Exu, Xangô e Aiole. Os outros representam os Alafins. A proposta da ala foi apresentar uma batalha de justiça: seis personagens condenam e outros seis defendem.
Em um determinado momento, os Alafins dançam e saúdam Xangô, enquanto Aiole está à frente do grupo e Exu atrás. A ala foi expressiva ao realizar alguns movimentos, emitindo sons.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A dupla Luã e Estefany, representando “Ajapa e Agutan”, se apresentou aos módulos realizando uma coreografia com passos tradicionais do quesito, alternando com passos que remetem ao enredo. O casal veio com guardiões vestidos de azul, branco e dourado com elementos nas mãos.
Enredo
A Camisa 12 levou ao Anhembi um enredo que conta sobre uma força ancestral, com o título “Edun Ará Asé Idajó – Força que faz a Justiça”. Durante o desfile, foram mostrados diferentes tipos de forças ancestrais, como, por exemplo, a ala denominada “Orobó, Árvore Sagrada de Oyó”, que representou um fruto sagrado utilizado na medicina africana.
Alegorias
O abre-alas, representando o “Palácio dos Alafins de Oyó”, trouxe esculturas de Alafins e também uma ala de mulheres ao redor do carro, porém desfilando no chão.
Já a segunda alegoria, denominada “Palácio do Omo Obá Jakutá”, veio com o símbolo da escola na frente e a velha guarda ao centro.
Fantasias
A ala das baianas veio cercando o primeiro casal, com uma fantasia composta por tecido afro e também pela cor dourada. As fantasias estavam dentro do contexto do desfile.
Harmonia
Apesar de alguns componentes das alas não saberem a letra, o canto da escola foi regular. Tim Cardoso e Cloves Pê se esforçaram para manter o samba animado para os componentes evoluírem e para reter a atenção do público.
Samba-Enredo
A obra, composta por Turko, Rafa do Cavaco, Maradona, Thiago de Xangô e Imperial, contém palavras em iorubá que foram difíceis para os componentes aprenderem, tanto que alguns deixaram de cantar algumas partes do samba. Contudo, a melodia é proveitosa para o modelo de enredo.
Evolução
A agremiação mostrou evolução corporal durante o desfile e desfilou compacta, porém, ao final do percurso, reduziu o passo para cumprir o tempo mínimo.
Outros destaques
A bateria de mestre Lipi, junto com sua corte, realizou um trabalho satisfatório, assim como as destaques de chão, que aproveitaram bem o momento.
O Camisa 12 fez um desfile regular, mas com quesitos que têm chances de garantir a nota máxima.
O Brinco da Marquesa desfilou neste sábado pelo Grupo de Acesso 2 do carnaval de São Paulo de 2025. No retorno da escola ao Anhembi, a criatividade da bateria, que levantou o público com bossas em momentos-chave do samba, foi o principal destaque do desfile encerrado após 47 minutos. A agremiação da Vila Brasilina foi a nona a passar e se apresentou com o enredo “A Marquesa na Cidade do Amor. São Paulo Carnaval 2025”, assinado por uma comissão de carnaval.
Coreografada por Hugo Alves, a comissão de frente do Brinco foi intitulada “Filhos do Nordeste” e se apresentou ao longo de duas passagens do samba. Com uma caracterização marcada por fantasias em tons de terra, o quesito procurou representar a chegada dos migrantes nordestinos a São Paulo, intensificada na década de 1930, que foi fundamental para a formação cultural e o desenvolvimento da cidade como a maior capital do país.
A coreografia aparentou no primeiro ato mostrar a chegada dos nordestinos à São Paulo, com o segundo ato sendo mais fácil de se identificar as referências do samba, mas apresentação do quesito foi confusa. A semelhança muito grande das vestimentas atrapalhou a identificação de elementos de destaque, e a narrativa deu a entender que apenas fez uso da referência aos migrantes para exibir uma coreografia pouco inspirada. Uma abertura discreta para o desfile da escola.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da Marquesa, formado por Samuel Lemos e Mariana do Carmo, se apresentou representando os “Italianos”. A dança do casal foi protocolar, buscando cumprir as exigências do quesito à risca. A sintonia do casal, porém, não foi boa. Os movimentos nos dois primeiros módulos estavam fora de sintonia, com o mestre-sala encerrando seus passos antes da porta-bandeira em diferentes momentos e demonstrando pouca desenvoltura nos giros. Uma atuação abaixo das expectativas e que pode comprometer o resultado da escola.
Enredo
O enredo do Brinco da Marquesa é uma homenagem a cidade de São Paulo. A narrativa se foca na história mais recente da cidade, a partir do século XX. Há um enfoque maior nas referências a migrantes nordestinos e imigrantes vindos da Europa e do Oriente, exaltando o multiculturalismo da capital paulista. É um tema que faz o que pode para falar da maior capital do país com as limitações que o Grupo de Acesso 2 impõe.
A leitura do enredo na Avenida, porém, foi confusa. As referências do samba não batiam com algumas fantasias de forma clara e a escola procurou usar dos casais para narrar a temática com o mesmo peso de interpretação de alas. As alegorias eram de leitura complexa e não ajudaram claramente na leitura do quesito.
Alegorias
A Marquesa se apresentou com um conjunto de duas alegorias e um quadripé. O carro Abre-alas tinha o nome de “Cidade Cosmopolita: Onde o mundo se encontra”. A segunda alegoria, que encerrou o desfile da escola, foi batizada de “Mosaico Cultural”. Um conjunto alegórico que pecou pelo acabamento excessivamente simples somado a uma leitura pouco clara. O Abre-alas careceu de mais referências para deixar claro que se tratava de um enredo sobre a cidade de São Paulo, enquanto a segunda alegoria teve uma volumetria desproporcional de seus elementos.
Fantasias
As alas do Brinco procuraram retratar as origens e símbolos do patrimônio cultural que a cidade de São Paulo possui. As fantasias procuraram explorar de tudo: o povo guarani que vivia na região, os imigrantes que foram para a cidade e contribuíram para o seu desenvolvimento e os principais atrativos turísticos da cidade, como a gastronomia, parques, teatros e manifestações culturais como a Parada do Orgulho LGBT+.
As fantasias pecaram pelo acabamento irregular e leitura confusa até de alas que deveriam ser fáceis para um cidadão da capital paulistana compreender. A ala do Bairro da Liberdade em especial não dava nenhuma referência clara sobre a região além do estereótipo de ser um “bairro de japoneses”. Outro quesito abaixo das expectativas por parte da escola.
Harmonia
O canto da comunidade do Brinco da Marquesa foi discreto. Com exceção do refrão de cabeça, muitas alas tinham desfilantes pouco entusiasmados. A ala “Os Espanhóis” estava mais animada que a média geral, mas o desempenho do coral da escola pela Avenida oscilou excessivamente.
Samba-enredo
A obra que conduziu o desfile do Brinco da Marquesa é assinada por Buiu MT, Vagner Almeida, Bruno Pasqual, Tuca Maia e Cacá Camargo, e na Avenida o samba foi defendido pelo intérprete Buiu MT. A letra tem algumas sacadas inteligentes como o final da segunda parte, que faz referência à música “Sampa”, e o refrão de cabeça tem em seus dois primeiros versos um jogo de palavras criativo. A obra faz a sua parte para narrar o enredo, mas peca alguns momentos como citar a palavra “amor” duas vezes de forma distinta em um espaço curto de versos. A interpretação na Avenida foi oscilante, com a ala musical demonstrando dificuldades para alcançar o tom adequado no começo do refrão do meio em alguns momentos.
Evolução
A evolução do Brinco da Marquesa fluiu adequadamente por toda a Avenida e a escola conseguiu realizar um recuo de bateria dentro do esperado. A desenvoltura dos componentes nas alas, porém, foi fraca. Muitos desfilantes apenas andavam de forma protocolar, demonstrando pouca empolgação com o cortejo da escola.
Outros destaques
A bateria “Fantástica” foi o principal destaque da escola. Os ritmistas cumpriram o seu papel com irreverência, se aproveitando das oportunidades que o samba proporcionou para aplicar bossas criativas. A principal delas foi a dos versos finais da obra “Mas alguma coisa acontece no meu coração”, onde faziam um pulsar ritmado criativo. A corte com a rainha Thamires Seixas e a madrinha Michelly também deram espetáculo e interagiram com o público de forma animada.