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Deu match! Tijucanos aprovam participação de Anitta e apostam na fé em Logun Edé rumo à prosperidade

Estreante como autora de samba-enredo, Anitta assina a obra oficial que representará a Unidos da Tijuca na Marquês de Sapucaí no próximo Carnaval. Ao lado de renomados compositores do mundo carnavalesco, a artista mergulhou no universo das tradições afro-brasileiras para falar sobre Logun Edé. O orixá é filho de Oxum e Oxóssi e está associado à prosperidade, beleza, fartura e ao encanto. A parceria foi composta com a participação de Estevão Ciavatta, Feyjão, Miguel PG, Fred Camacho e Diego Nicolau, resultou em um dos sambas mais elogiados da safra e ganhou o coração da comunidade tijucana.

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Foto: Adriano Fontes/Divulgação Rio Carnaval

Para a passista e estudante de fisioterapia, Letícia Loureiro, de 23 anos, a excelência do hino e a visibilidade da artista vão ajudar e muito no desfile da Amarelo Ouro e Azul Pavão.

“Acho que deu muito certo. É o melhor samba desde 2003. Há uns 20 anos que a Tijuca não tinha um sambão desse. Acredito que foi muito bom para a escola em questão de visibilidade, lógico, e ela também é uma ótima compositora. Sou apaixonada nela. Ela se juntou com ótimos compositores que já fazem um ótimo trabalho na escola há muitos anos. Eu adorei”, opinou a passista.

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Passista e estudante de fisioterapia, Letícia Loureiro

E a cantora do pop brasileiro não é a única estreante na Tijuca. Encantados pelo samba e enredo, filhos do Orixá também decidiram participar do desfile. É o caso do profissional de marketing, Bruno Fernandes, de 36 anos. Ele destaca que a entidade é pouco conhecida, mas pode ajudar a Tijuca no caminho da prosperidade, rumo ao título.

“Logun Edé é um orixá muito incompreendido. Ele é o último dos orixás e as pessoas ainda não entendem. A Tijuca vai poder contar sobre esse orixá, que é um orixá da prosperidade e alegria. Daí, vamos conseguir colocar a Tijuca num caminho de prosperidade. Vai ser um marco, porque é a cara da Tijuca. É o Odu, é cumprir seu destino e propósito”, confiante, afirmou o componente.

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Profissional de marketing Bruno Fernandes

Já Rodrigo Santana, de 39 anos, participou de todas as disputas de samba e decidiu se inscrever em uma das alas após ficar encantado pelo hino. Para ele, a força tijucana somada à visibilidade de Anitta ajuda a mostrar a força do candomblé e na compreensão de Logun Edé.

“Esse samba me envolveu bastante. É a fé do povo. Logun Edé é um orixá que muita gente não conhece. Trazer quem é o orixá certamente fortalece a fé da população. É uma revolução para a religião, porque a religião precisa de pessoas que venham trazer e mostrar que o candomblé não é só uma coisa de esquina ou do passado. É algo que se renovou e cresce”, afirmou Rodrigo.

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Rodrigo Santana, de 39 anos, participou de todas as disputas de samba

Com a força do orixá, a Unidos da Tijuca vai abrir a noite de desfiles na segunda-feira de Carnaval.

Vencedora do Destaques do Ano, Rafa BQueer reflete sobre representatividade preta no carnaval

Vencedora do Destaques do Ano na categoria Representatividade Preta, Rafa BQueer tem uma longa história no carnaval carioca mesmo nascendo muito longe do Rio de Janeiro. Natural de Belém, ela é muito próxima de uma dupla reconhecidíssima de carnavalescos e já ocupou uma série de funções em escolas de samba.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

Em entrevista dada com exclusividade ao CARNAVALESCO na entrega do Destaques do Ano, realizada na Biblioteca Parque Estadual no dia 09 de janeiro, ela falou sobre uma série de questões pertinentes à minorias no universo das escolas de samba e na sociedade como um todo.

Forma de pensar

Ao falar sobre o que representa para ela ser eleita como grande símbolo da Representatividade Preta no carnaval carioca, Rafa BQueer aproveitou para falar um pouco sobre a própria história com a folia e as referências que possui: “Eu tenho mais de dez anos de desfiles no carnaval do Rio de Janeiro. São mais de dez anos acompanhando o Leonardo Bora e o Gabriel Haddad nos carnavais que eles fazem. Já fui comissão de frente, sou destaque desde quando eles entraram na Acadêmicos do Cubango (na então Série A), também fui destaque da Grande Rio – e, agora, sou pesquisadora. Tenho uma paixão de criança desde quando morava em Belém do Pará com o carnaval do Rio. É muito bonito poder ganhar esse prêmio e saber que o que me deu esse prêmio foi a minha vivência dentro do campo da arte, dentro do campo da cultura, como uma travesti preta amazônida, atuante dentro de uma escola de samba, dentro do carnaval. A importância da existência das escolas de samba para a perpetuação de uma intelectualidade negra, de uma ancestralidade preta, da qual me orgulho muito. Para mim, é uma honra poder representar e ganhar esse prêmio”, pontuou.

Batalha diária

Grupos minoritários, infelizmente, costumam ser, na prática, marginalizados na sociedade de uma série de maneiras diferentes. Ao falar sobre avanços dos afrodescendentes no país e do quanto eles encontram guarida no carnaval, Rafa fez uma reflexão: “É uma luta constante. Eu estava pensando muito nos meus ancestrais que apanharam, que foram presos para que as rodas de samba existissem, para que as escolas de samba existissem. A luta do povo preto do Brasil é uma luta secular por direitos, por existência, por dignidade. A gente continua com essa consciência e com essa luta nos dias de hoje, na contemporaneidade, para que o samba seja esse lugar de perpetuação da cultura – mas, também, de educação. Escolas de samba são um lugar de encontro e de educação. Que tenham mais enredos afro-centrados, mais escritores, escritoras pretas presentes na criação dos enredos, nas pesquisas. É uma luta que vem de muito tempo e que ela ainda é muito importante para os dias atuais”, ilustrou.

E na decisão?

É bem verdade que as escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro possuem representantes de grupos minoritários na presidência. Almir Reis (Beija-Flor de Nilópolis) e Renato Thor (Paraíso do Tuiuti) são afrodescendentes, enquanto Guanayra Firmino (Estação Primeira de Mangueira) e Cátia Drumond (Imperatriz Leopoldinense) são mulheres. Ainda faltam, entretanto, muito mais quadros de gestão não apenas no universo carnavalesco, mas na sociedade como um todo, na visãod e Rafa BQueer.

Na visão dela, é preciso que mais oportunidades sejam dadas para grupos minoritários não apenas em cargos e funções – mas, também, quando se fala em capacitação: “Com certeza faltam minorias em cargos de gestão nas escolas de samba! Em uma escola de samba, a gente percebe que existem várias hierarquias. Ainda falta, sim, descentralizar os poderes, sobretudo econômicos – mas também, ao meu ver, o que existe é a falta de capacitação de profissionais. Éé um projeto que vem a partir da educação, a partir da inserção de pessoas pretas no universo das universidades, da academia. A escola de samba tem a consciência de que jovens pretos e pretas da periferia precisam de oportunidade de estudar e de se profissionalizar para chegar a cargos maiores de construção intelectual, de construção criativa. Hoje, isso é uma demanda importante para as escolas de samba”, comentou.

Safra de enredos benéfica

Das doze escolas que compõem o Grupo Especial carioca em 2025, sete terão temáticas afrodescendentes e duas homenagearão pessoas pretas. Para Rafa BQueer, o expressivo número nada mais é do que o reflexo da quantidade de pessoas de tal minoria no universo carnavalesco: “Na realidade, o povo preto sempre esteve dentro dos desfiles das escolas de samba. Só que esse é o grande momento da gente exaltar essa intelectualidade não só nos enredos, mas nos protagonismos, no lugar de fala. Se é uma festa que o povo preto criou desde os tempos do samba nos terreiros, que seja o povo preto não só cantando e dançando, mas também narrando a escrita dos enredos, narrando a criação das fantasias, podendo ter um protagonismo na mídia – inclusive lutando contra essa invisibilização. Não apenas o corpo negro presente, mas um corpo negro falante e atuante intelectualmente. Que bom, que maravilha que tenham mais anos com mais enredos afros e pretos – afinal, é uma festa preta e é uma festa onde majoritariamente as pessoas são pretas. Não sei porque existe um estranhamento ou um desejo de tentar barrar esse crescimento, porque é a ordem natural dos fatores: em uma festa com tanta gente preta e periférica, as pessoas querem falar de si e querem falar da sua própria história”, finalizou.

Esquenta do Camarote Rio Praia para o Carnaval 2025 celebra essência do samba

O Carnaval de 2025 está chegando, e o Camarote Rio Praia já iniciou a contagem regressiva para a folia com o evento “Esquenta Rio Praia”, realizado no último domingo, no Grand Caballero Lounge & Bar, localizado na Barra da Tijuca. Com menos de 50 dias para os desfiles na Marquês de Sapucaí, o evento foi uma prévia da energia que tomará conta dos dias de carnaval no camarote, com atrações como a poderosa bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel e a roda de samba Samba à Bangu, que trouxe o melhor do samba e do pagode para os foliões. O evento também contou com a presença de celebridades e personalidades do mundo do samba, incluindo, o ator Samuel de Assis, embaixador do Camarote Rio Praia, e o mestre Dudu, da Mocidade.

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“É maravilhoso estar aqui e sentir essa energia. O samba é a nossa essência, e o Rio Praia é um dos poucos lugares que realmente celebra isso. O evento é um aquecimento perfeito para o Carnaval de 2025. Estou muito animada para o desfile e para o que vem por aí”, disse a musa da Unidos de Bangu, Cíntia Barboza.

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Durante o Esquenta Rio Praia, o público pôde aproveitar a energia das atrações e a excelente estrutura do Grand Caballero Lounge & Bar, que se destacou pela arquitetura aconchegante. Segundo os organizadores, a ideia do “Esquenta” foi exatamente essa: aproximar o público da experiência que viverá no Camarote Rio Praia durante os dias de desfile.

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Renato Andrade, gerente do Grand Caballero Lounge & Bar, falou sobre a estrutura e a experiência oferecida ao público do Rio Praia: “A nossa casa tem se tornado um local de destaque no Rio, especialmente durante o Carnaval, onde buscamos criar experiências diferenciadas para o público”.

“O evento é uma novidade para mim, porque eu não conhecia o espaço. Os amigos entraram em contato e estamos aqui com muita alegria. Trouxemos a galera de Bangu, o grupo todo, e estamos muito felizes em estar aqui”, disse o mestre Dudu.

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O Camarote Rio Praia se destaca por seu conceito de ser 100% dedicado ao samba. Enquanto muitos outros camarotes se transformaram em boates de luxo durante o Carnaval, o Rio Praia se propõe a manter a tradição, celebrando o samba de raiz. Igor Figueiredo, responsável pela concepção do Camarote Rio Praia, falou sobre o line-up para 2025.

“Este ano, o nosso camarote vai continuar com a proposta de ser 100% samba. Vai ter muito pagode, e também queremos trazer um pouco das escolas de samba. A ideia é fazer um mix, com a presença das escolas do grupo especial e do grupo de acesso. Em alguns dias, vamos até misturar o samba e o pagode, mas em dias separados”.

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Em 2025, o camarote apresenta uma proposta de temática inovadora, com um toque de nostalgia. O tema deste ano será inspirado nos carnavais antigos e na Lapa.

“Queremos trazer um pouco da história do samba, porque a Lapa é um dos berços do samba e do pagode”, explicou Igor. “O camarote será todo voltado para os casarões antigos da Lapa, mas com uma pegada mais glamourosa. Vamos resgatar essa história, mas sempre mantendo a essência do samba”.

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Quando questionado sobre as atrações confirmadas para o Carnaval, Igor destacou grandes nomes: “Já temos um line-up maravilhoso para 2025. Vamos ter Belo, Pixote, Arlindinho, Thiago Soares, Marvvila, Thiago Martins e Xande de Pilares. Será um time de peso, representando o melhor do samba e do pagode”.

Para os organizadores e o público presente, uma coisa está clara: o Camarote Rio Praia conseguiu levar o samba a lugares ainda não atingidos, permitindo que a magia do Carnaval alcance novas pessoas e novas regiões da cidade, como a Barra da Tijuca.

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Para Cláudia Rocha, que também esteve no evento, a proposta de levar o samba para outras regiões da cidade é essencial para aproximar as pessoas do Carnaval: “Eu sou professora e moro em Jacarepaguá. Foi muito legal ver o samba chegando aqui na Barra. A energia está maravilhosa e já estou ansiosa para o Carnaval. Esse tipo de evento é fundamental para levar a cultura do samba a todos os cantos do Rio”.

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O mestre Dudu se mostrou bastante entusiasmado com a oportunidade de participar do evento. Para ele, levar o samba para diferentes regiões do Rio de Janeiro é algo essencial para manter a tradição e ampliar o alcance da cultura carioca.

“A gente fica muito feliz, é uma novidade para mim, porque eu não conhecia o espaço. Os amigos entraram em contato e estamos aqui com muita alegria. Trouxemos a galera de Bangu, o grupo todo, e estamos muito felizes em estar aqui”.

O ator Samuel Assis, embaixador do Camarote Rio Praia, não escondeu a satisfação em fazer parte do projeto. “Ser o embaixador do Camarote Rio Praia é muito especial. Estou muito feliz e honrado com esse movimento. Para mim, o mais importante é devolver o Carnaval ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído: o lugar das pessoas pretas”, afirmou Samuel.

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Além da qualidade das atrações e da energia contagiante do samba, o Rio Praia também se destaca pela localização estratégica no coração da Sapucaí. Situado em frente ao segundo recuo da bateria, o espaço oferece aos foliões uma visão única dos desfiles.

Thayane Pontes, frequentadora assídua do Camarote Rio Praia, compartilhou sua experiência. Biomédica de profissão, Thayane destacou: “Esse camarote é o melhor para quem ama samba. A localização é imbatível e o ambiente é muito acolhedor. Ano passado já vim, e agora estou muito animada para o Carnaval de 2025. Com certeza, será uma experiência única”.

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Julia Rodrigues, responsável pelo marketing do camarote, explicou o diferencial da localização do espaço e as novidades nas novas cabines: “Estar em frente ao segundo recuo da bateria é uma localização privilegiada. O samba acontece ali, e o nosso camarote vai proporcionar ao público uma visão espetacular. Além disso, temos novidades, como as cabines próximas, entre os setores 9 e 10, o que vai melhorar ainda mais a visibilidade”.

Samuel também abordou a proposta de representar a cultura de forma mais inclusiva, sem abrir mão da essência que tornou o samba mundialmente reconhecido. “Quero tirar o foco da sexualização dos corpos e dar mais visibilidade aos homens do Carnaval. A ideia é colocar os homens na frente das câmeras e resgatar o espaço que sempre foi deles”, disse Samuel, refletindo sobre a importância de quebrar barreiras sociais e culturais.

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Em uma conversa descontraída, a musa Cíntia Barboza compartilhou sua experiência no camarote e o que representa estar com sua comunidade e com os amigos de sempre: “Ficar em frente ao segundo recuo da bateria é algo único, a visão é perfeita para quem ama o samba. Estar no Camarote Rio Praia é maravilhoso, principalmente porque me permite estar com a minha comunidade, com o pessoal de Padre Miguel, Bangu e Realengo”.

Com o compromisso de manter viva a cultura do samba e levar essa energia para diferentes cantos da cidade, o Camarote Rio Praia segue firme na missão de ser o palco da verdadeira festa carioca. “É um privilégio poder levar o samba a lugares onde ele normalmente não chega”, comentou o mestre Dudu, da Mocidade, refletindo sobre a importância da proposta.

Rodrigo Delduque fala do crescimento do Tucuruvi, força da comunidade e promete busca pelo título

Durante as gravações para o projeto audiovisual da Liga-SP, o CARNAVALESCO conversou com o vice-presidente e diretor de carnaval da Acadêmicos do Tucuruvi, Rodrigo Delduque. O gestor maior contou sobre a fase que vive a escola e o segredo para isso. Também falou sobre o samba de 2024, que, segundo ele, tirou a comunidade da ‘zona de conforto’ e entre os sambas do carnaval paulistano do ano passado foi um dos que mais fizeram sucesso no pré-carnaval e no desfile, mudando olhares para a escola. Delduque elogiou a obra de 2025, que segundo os leitores do CARNAVALESCO, foi apontada como o melhor samba-enredo do ano e, além disso, o vice-presidente prometeu entrar na briga pela taça do carnaval.

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Com a crescente da Tucuruvi no Carnaval 2024, qual é o verdadeiro objetivo para 2025?

“O objetivo é ser campeão, na verdade. A gente busca o nosso sonho, como diz o samba. A parceria foi muito feliz em fazer esse samba. A gente está todo dia, toda hora batendo na tecla que é ser campeão. Respeito as outras 13 coirmãs, sei que tem muita gente grande em busca do título, mas a gente também tem o nosso valor e o nosso objetivo”.

O samba-enredo do ‘Ifá’ fez sucesso no carnaval 2024 e os olhares para a Tucuruvi mudaram positivamente. Qual sua análise?

“Era um samba muito difícil, onde eu achei uma linha para tirar a escola da zona de conforto. Por ser muito difícil foi quando eu contra-ataquei toda a escola dizendo que nós tínhamos que cantar. E a dificuldade do samba, por incrível que pareça, fez a escola sair daquela zona de conforto. Foi um enredo maravilhoso que nos estabilizou para o carnaval daqui para frente por se tratar da minha religião e da primeira religião de matriz africana do universo. Também a parceria acertou e tirou daquela comodidade, onde a comunidade entendeu que tem que ensaiar e tem que entender o enredo. Não é só decorar o samba e, quando eles entenderam isso, tudo ficou mais fácil. Para 2025 a comunidade também entendeu isso e nós estamos dando continuidade nesse trabalho”.

O que espera do trabalho dos carnavalescos Dione Leite e Nicolas Gonçalves?

“Quando eu conversei com eles e com o nosso enredista Vinícius Natal, em relação ao enredo e ao visual da escola, deixei claro que eu queria algo diferente, queria algo que a Tucuruvi nunca tivesse feito, algo inédito. Eles atenderam, acho que foram até um pouco acima do esperado e eu acabei embarcando nessa loucura deles e eu fiquei muito feliz com o projeto. Realmente vai ser um visual diferente e eu convido a todos para ver”.

A Tucuruvi foi muito feliz encerrando o carnaval em 2024, mas vocês optaram por ser a quinta escola do sábado no próximo desfile. Por que dessa mudança?

“Encerrar o carnaval para nós era um desafio diferente. Nós já tínhamos aberto dois desfiles, que anteriormente quem subia era a primeira do ano seguinte. Existem alguns mitos no carnaval entre abrir e fechar e graças a Deus a escola conseguiu passar por esses dois obstáculos. O quinto lugar foi escolhido por estar ali naquela zona de horário com a avenida bem acesa, desfilando à noite. E aí, por nós já termos desfilado tanto como a primeira, quanto a última, agora esse ano a gente também buscou ali mais ou menos um meio da noite para estar se adequando a qualquer tipo de horário”.

Mestre Léo Cupim diz que principal característica da bateria do Tatuapé é dar suporte à comunidade

Recém-estreante como mestre de bateria na “Qualidade Especial”, onde fez seu primeiro desfile em 2024, o mestre Léo Cupim conversou com o CARNAVALESCO e falou sobre as suas vivências no Acadêmicos do Tatuapé. O diretor da batucada da agremiação da Zona Leste é cria da escola, está desde criança e, logo no seu primeiro desfile, conseguiu concluir a missão de levar a nota máxima no quesito. Cupim falou sobre tudo isso e enfatizou que o seu trabalho é sempre pensado no conjunto da comunidade.

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Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Qual foi a sensação no Anhembi como mestre de bateria pela primeira vez?

“A sensação foi incrível. O Tatuapé é uma escola que eu fui criado, desde a ala das crianças, passando a desfilar como ritmista, diretor de bateria e agora assumindo o cargo de mestre de bateria. Foi uma emoção e uma gratificação muito grande. Só tenho a agradecer a diretoria da escola que confiou no nosso trabalho e dar continuidade no que a gente já vinha fazendo”.

Você substituiu o mestre Igor, que ficou muitos anos na agremiação. Sentiu alguma pressão?

“Foi normal, até porque a gente já trabalhava em conjunto na filosofia da escola que é bem estabelecida. Nessas substituições a gente sempre busca dar oportunidade para quem é da casa e acho que isso foi natural”.

A estreia foi marcante por já gabaritar as notas no seu quesito. Como vê isso?

“Eu acho que cada carnaval é uma nova oportunidade de mostrar um trabalho. O carnaval passado já foi e as notas 40 a gente sempre busca ela para dar o suporte para a escola. A gente está em busca dela novamente, trabalhando muito. Nós comemoramos, mas lá no Tatuapé a gente tem um trabalho coletivo. Os objetivos individuais a gente deixa um pouco de lado e sempre prevalece o bem coletivo da comunidade prezando o desfile como um todo. Na bateria a gente pensa assim. Os arranjos, o andamento a gente pensa para favorecer a nossa escola e o nosso desfile. É isso que a gente vai continuar fazendo”

Como é trabalhar com um dos maiores intérpretes paulistanos, o Celsinho Mody?

“É maravilhoso, um amigo que eu tenho o privilégio de estar 10 anos trabalhando com ele. Desde que ele voltou à nossa agremiação, eu também estava retornando. Eu sou fã dele e é um privilégio eu estar mais um ano trabalhando com ele”.

Nós vemos muitos jovens na bateria Qualidade Especial. É uma característica que pretende sempre manter?

“Eu acho que a comunidade do samba tem que prestar atenção sobre isso de trazer os jovens para o carnaval. Eu acho que isso deve ser um trabalho não só das baterias, mas como das presidências, diretores… Trazer essa rapaziada mais jovem para fazer parte do mundo do samba. A gente lá no Tatuapé dá oportunidade para as crianças, para os jovens. Isso faz parte do nosso trabalho”.

Como virá a Qualidade Especial no próximo desfile?

“A bateria Qualidade Especial é como a gente trabalha nessa linha de vir ajudando a escola, trabalhando para a evolução, para a harmonia, ajudando a nossa ala musical, que modéstia à parte é incrível, uma das melhores que a gente tem aí. Nós vamos sempre trabalhar em conjunto e ver o que é melhor para a nossa comunidade. Tenho certeza que em 2025 a gente vem forte para o tricampeonato beleza”.

Vila pede paz! Componentes da escola do bairro de Noel desejam fim da violência na região

Em meio a situação de violência a qual o bairro de Vila Isabel está passando, a Unidos de Vila Isabel conseguiu realizar seu primeiro ensaio de rua de 2025. A Azul e Branco pediu paz tanto neste primeiro ensaio de rua quanto no último de 2024. Componentes da escola almejam dias mais tranquilos para que as atividades da Vila possam ocorrer normalmente, principalmente, no período de pré-carnaval, além da busca de segurança no bairro.

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Foto: Divulgação/Ro Carnaval

O CARNAVALESCO conversou com alguns destes componentes durante o primeiro ensaio da escola na última quarta-feira, além de duas figuras fortes da escola, o intérprete Tinga e o mestre Macaco Branco.

Para o mestre de bateria da escola, o trabalho vem sendo continuado apesar da situação das últimas semanas em Vila Isabel, muito por conta da preparação feita em meses anteriores pela bateria.

“Graças a Deus, a gente faz um trabalho que começa ali em junho, focado no ritmo da Vila e depois, quando escolhe o samba, um arranjo todo em cima da melodia, da métrica. Então, conseguimos trabalhar mesmo com todas essas conturbações, conseguimos fazer com que a galera ensaie e tenha um bom aproveitamento. Por exemplo, a gente fez um ensaio maravilhoso e não foram esses ensaios que não tiveram, que atrapalharam o nosso trabalho. A bateria da Vila hoje está muito bem consolidada, os ritmistas, se desfilarem amanhã, estariam prontos para poder defender o título para a Vila Isabel”.

Macaco Branco falou sobre a questão da violência de forma ampla, desejando paz para o bairro não somente agora, mas ao longo do ano que está iniciando.

“O lance da violência está no Brasil todo. Não é só aqui no Rio de Janeiro. Eu viajo muito, trabalho a tocar e vejo praticamente meio que a violência no nosso país inteiro. Então o meu apelo é para as forças e aí os governadores dos estados do Brasil todo e principalmente o nosso aqui do Rio de Janeiro que tem um olhar com mais carinho para a nossa população para que consigamos ter uma segurança para a gente poder ir para a rua sem ter que ter medo de ser furtado se perder um celular sem uma bala perdida e sem essas coisas. Se Deus quiser o ano de 2025 vai ser muito próspero e que nos livre de todos os males que tem e que passam no nosso caminhar”.

Já o compositor Breno Medeiros comentou sobre como a falta de segurança pode afetar a escola, mas confia nas decisões que a escola vem tendo para auxiliar e proteger seus componentes.

“A Vila está tentando driblar a falta de segurança do jeito que pode, porque, ano passado, a gente já teve um ensaio de rua cancelado por motivo de violência e com diversas semanas de tiroteios, de noites mal dormidas, moradores daqui sofrem e querendo ou não, isso leva eles a terem medo de sair com a sua escola. Não estão errados e a Vila também não está errada de buscar avisar o melhor para o componente. Só que, infelizmente, isso pode acabar impactando no desfile da escola. Porque quanto menos ensaio, menos a escola querendo ou não se prepara para a avenida”.

Washington Salgadinho, um dos diretores de bateria da Swingueira de Noel, também conversou com o CARNAVALESCO sobre a força da escola em meio a toda a situação do bairro.

“Infelizmente, está acontecendo esses episódios dessa guerra, que está prejudicando os moradores a descer, a fazer o nosso ensaio, mas, com fé em Deus tudo vai voltar ao normal e todo mundo vai poder vir ensaiar e voltar à tranquilidade do bairro de Noel. Mas, a Vila está se preparando, e vai fazer um belo carnaval e um belo desfile. E como fala, a Vila vai te pegar, e vocês vão ver só na Marquês o que vai acontecer”.

Por fim, Tinga ressaltou como a comunidade vem pedindo paz e buscando o melhor para o bairro e para seus moradores e componentes, não deixando de lutar para fazer um grande carnaval na Sapucaí.

“Morro dos Macacos, Pau da Bandeira e adjacências, a gente pede paz sempre para a nossa comunidade. Muitos dos nossos componentes moram na comunidade, moram no Morro dos Macacos. Então, se tiver um problema, a gente não pode descer para poder vir para o ensaio, e é muito complicado, a maioria das pessoas da Vila Isabel são da comunidade. Então, a gente sempre pede paz, para que fique tudo bem, e para a nossa escola fazer mais um grande desfile, chegar lá e mostrar a força da nossa escola”.

Emerson Dias: ‘Grande barato do samba é quando o público, o povão, compra o barulho do cantor’

Estreando na Mocidade Unida da Mooca, Emerson Dias é um intérprete nacionalmente conhecido. Ao chegar na agremiação que, atualmente, está no Grupo de Acesso I, o profissional revelou uma série de cuidados que tem com a voz, técnicas que utiliza para se comunicar com o público, e, de quebra, relembrou algumas de suas referências.

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Tudo isso foi revelado em uma entrevista exclusiva para o CARNAVALESCO realizada na noite em que a agremiação gravou a faixa para o CD das escolas de samba do carnaval 2025.

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Foto: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Muitos cantores têm vários e vários cuidados. Alguns não tomam nada gelado, descansam bastante e etc. Quais que são os seus cuidados para fazer uma gravação?

“Essa geração dos anos 2000, digamos assim, é uma geração que se prepara muito. A gente tem acompanhamento de fonoaudióloga, a gente tem professor de canto, a gente estuda arranjo, a gente estuda várias coisas. Comigo não é diferente: eu venho de uma linhagem que a gente busca sempre a perfeição para que a entrega seja sempre perfeita – ainda mais hoje, em que o quesito Harmonia é muito integrado ao carro de som. A gente procura sempre estar dosando as coisas e fazer um um equilíbrio de todas essas questões”

Na hora de fazer a gravação, você busca mais a técnica, alcançar todas as notas e etc ou você vai com o coração e preza pela emoção?

“Alcançar as notas, me desculpa, mas é obrigação de todo cantor. Não adianta um desenhista que não saiba desenhar, então não adianta: cantor tem que saber cantar. Ele tem que alcanãr a nota, estar afinado, estar dentro da escala musical. Isso é, para mim, uma premissa que o cantor tem que ter. Quanto à questão de emoção, eu jogo muito, eu não consigo ser menos. Eu acho que o grande lance, o grande barato do carnaval, do samba-enredo, é justamente quando o público, o povão, compra o barulho do cantor. E cabe ao cantor saber entender o que o povão quer cantar. Eu acho essa troca muito importante. É o meu estilo de cantar. O meu estilo é o povo, o meu estilo é ir para a galera, é subir no caminhão, é subir em cadeira, é cantar nas alturas”

Quais são as suas grandes referências pensando em intérpretes?

“Eu aprendi tudo isso que te falei com o Dominguinhos do Estácio. Se você conseguir cantar numa região em que o povo te alcance, o povo vai te retribuir. Dali, vai parecer que, se você tem dez pessoas cantando com você, vai parecer que tem 100. Essa é uma técnica que eu aprendi muito com esse meu grande professor, alguns dos meus grandes pilares, obviamente: Quinho de Salgueiro, Dominguinhos do Estácio e meu tio Celino Dias”

Mari Mola exalta a força feminina do Arranco na estreia como madrinha para o Carnaval 2025

Após ser coroada a nova madrinha do Arranco do Engenho de Dentro, Mari Mola fez sua estreia oficial no cargo com um emocionante minidesfile na Cidade do Samba. Ex-Rainha do Carnaval em 2023, ela aceitou o novo desafio em uma escola onde as mulheres são protagonistas, e não escondeu a emoção e a alegria de estar ali, especialmente representando a ala LGBTQIAPN+.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

Para Mari Mola, chegar ao Arranco é uma experiência única. Ela considera um “presente” fazer parte de uma escola que, como ela mesma afirma, tem suas bases solidamente construídas por mulheres. Em um momento de recomeço em sua carreira, a sambista ressalta a importância de estar no Arranco, uma escola com uma forte presença feminina.

“O Arranco é um terreiro muito forte e chego em um momento de uma carnavalesca mulher, é um terreiro construído por mulheres. Eu chego num momento muito especial, uma escola de chão forte de mulheres e nesse enredo que fala de mãe, do sagrado de ser mãe e alimentar seus filhos e todos os outros que estão no caminho, acho que foi um presente ser madrinha do Arranco nesse meu momento de recomeço, mas principalmente ser madrinha da ala LGBT, porque eu acredito que foi uma bandeira que mais levantei durante o maior marco da minha história carnavalesca, sempre falando que sou uma mulher bi sexual, e eu consegui reinar. E estar aqui é maravilhoso”.

Mari Mola sempre lutou pelas causas LGBTQIAPN+. Por ser uma mulher bissexual, ela ressalta que ainda tem muito caminho a percorrer e que sua luta, embora significativa, ainda é um pouco diante do que pode ser feito por causa. Ela falou sobre como se sente ao ser apontada como uma referência dentro do carnaval carioca por seu protagonismo.

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Foto: Cristiano Martins/CARNAVALESCO

“Eu me sinto uma formiguinha dentro de todo esse trabalho porque a comunidade é enorme, tem muito a ser feito, temos que trabalhar muito ainda e tem muita coisa a ser feita para que a causa realmente seja olhada com dignidade da forma que tem que ser. Não é como me sinto e sim o que estou aqui pra fazer, e estou disposta a servir como uma manivela, para que esse movimento seja cada vez mais respeitado”.

Mari, que vem da comunidade do Tuiuti, falou sobre a importância da visibilidade que finalmente estão dando aos sambistas que, assim como ela, vieram de comunidades. Ela destaca que este é um momento especial e único, pois sempre foram essas mulheres que carregavam a escola na Avenida, mas estavam perdendo espaço.

“Essas meninas estarem retomando o protagonismo, porque lá no começo quando o samba era marginalizado, ninguém queria ter esse protagonismo que a gente assumiu. Agora, a gente está retomando e em um momento especial, momento que o carnaval está sendo entendido como essa festa enorme. Essa visibilidades para quem faz este trabalho há muito tempo é muito especial e é um marco”.

Mari Mola é uma mulher que nunca levou desaforo para casa. Ela não foge de nada que a incomode, e as redes sociais muitas vezes se tornam um campo de batalha para ela. Embora hoje tente ser mais paciente, ela reforça que não deixará de se posicionar.

“Eu sou da briga. Sinto vontade de brigar discutir, sou dessas. Agora estou tentando me segurar um pouco mais. Depois que fui rainha do carnaval, me seguro um pouco mais, para ser mais fina, blasé. Escutar e tentar mostrar com trabalho. Acho que as pessoas gostam de falar mal do carnaval, mas eles tem que admitir que é o que movimenta nosso país e nossa cidade. A gente vai crescer cada vez mais, só vem ocorrendo mais mudanças, patrocínios incríveis vindo. Estamos vendo os rostos das meninas das comunidades por aí em campanhas publicitárias, virando influencer com esse movimento da internet. Vão ter que aturar a gente”.

 

Emoção em dose dupla! Dandara Oliveira e Macaco Branco celebram conquistas de Enzo e Gael no Destaques do Ano

A cerimônia de entrega do Prêmio Destaques do Ano do CARNAVALESCO, ocorrida na última quinta-feira no Teatro Alcione Araújo, foi duplamente emocionante para a musa Dandara Oliveira e o mestre de bateria Macaco Branco. O casal de sambistas da Vila Isabel compareceu para a entrega dos prêmios de Sambista da Nova Geração a Enzo de Oliveira, de 14 anos, e Personalidade do Ano de 2024 a Gael de Oliveira, de 4 anos, seus filhos.

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O reconhecimento desde tão jovens é um marco para a uma família de gerações de sambistas. Dandara e Anderson Andrade conversaram com o CARNAVALESCO e falaram sobre o que representa, como pais de Enzo e Gaelzinho da Vila, verem os filhos serem premiados.

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Foto: Magaiver Fernandes/CARNAVALESCO

“É a continuação. Eu comecei criança, ele também começou criança, e a gente vê os nossos filhos gostando do que a gente gosta, amando o carnaval como a gente ama. Eu falo que eu já tenho 50% garantido de uma escola mirim pronta”, declarou Dandara.

“Para mim é um prazer imenso. Foi como a Danda falou, nós viemos muito novos. Danda sempre foi, desde pequenininha, na ala de passistas, eu na bateria. A gente se conhece desde crianças. Nós viemos ficar juntos depois de adultos, com vinte e poucos anos de idade. Isso é um legado, a nossa ancestralidade, a nossa família que sempre plantou isso, esse amor por nossa escola. Aprendi a ser Vila Isabel, cresci ouvindo a minha família. Meu pai, que era da bateria, minha mãe, que era da ala da comunidade. A minha sogra, como é da harmonia, o avô da minha esposa, o tio Jaiminho, que foi diretor geral da harmonia, meu sogro que é compositor, é tudo ali. A gente costuma brincar que quem nasce na Vila aprende mais cedo”, declarou Macaco Branco.

Amor pelo samba vindo de um mundo musical

O despertar de Enzo e Gael para o samba não é por acaso. A formação dos meninos como sambistas ocorreu com naturalidade, dando aos garotos a justa liberdade para fazerem suas escolhas. E de acordo com Dandara e Macaco Branco, o gosto dos meninos pela música já supera o dos próprios pais.

“É muito natural porque em casa a gente escuta samba. Na verdade, hoje em dia o Gael escuta mais samba que a gente. Ele já pega o controle da televisão, já bota no YouTube e escolhe o samba que ele quer ouvir, tanto que ele vem com sambas de São Paulo, de Guaratinguetá, sambas que eu nem escuto direito e ele sabe todos desde o grito de guerra do intérprete ao samba completo. É amor, é gostar, e a gente deixa à vontade. Ele quer escutar, ele sabe, ele escuta. Se ele quer botar outro tipo de música, ele escuta. Tanto que o Enzo, meu filho mais velho, é baterista, toca bateria, toca teclado, outros estilos musicais também. A gente deixa à vontade para curtir o que eles querem”, afirmou a musa.

“É um prazer imenso poder ver nossos filhos seguindo o legado. Não que nós, eu e Dandara, criamos, mas que vem lá de trás das nossas famílias”, completou o mestre.

É esperado que a convivência com o trabalho dos pais influencie o gosto dos filhos. A linhagem de sambistas de Enzo e Gael não explica por si só a afinidade com a música, que para os meninos se tornou uma saudável diversão.

“Em casa o mundo é muito musical. O pai é percussionista, mas eles gostam muito de música desde pequenos. Os primeiros brinquedinhos que eles ganharam eram ou um tambor, ou uma flauta. O Enzo gosta muito, tanto que ele faz aula de teclado, faz aula de bateria. O Gael também é muito musical não só cantando, mas ele gosta de batucar. Quando ele está lá na Vila, ele pega os instrumentos, pega o chocalho. Eu acho que é ouvido mesmo, vai ouvindo, vai aprimorando, e eles gostam e a gente os deixe à vontade para brincar. Na verdade, lá em casa a brincadeira é a música”, disse Dandara.

“É o que eu costumo dizer, a música é o alimento da alma. Se a gente puder ter oportunidade de criar e ajudar na criação dos nossos filhos, tudo através de música, trazendo essa energia, ainda mais do gênero samba de enredo que é o que fomenta e é o combustível da nossa família, isso é muito gratificante”, afirmou Macaco Branco.

Gaelzinho da Vila, Personalidade do Ano

Ganhar o prêmio de Personalidade do Ano não é por acaso. Com apenas quatro anos, Gael de Oliveira viralizou na internet por conta da sua personalidade, espontâneo e carismático. O menino não só conquistou o coração dos eleitores do Destaques do Ano, é muito querido pelos sambistas como um todo, sendo reverenciado ao receber o prêmio por grandes nomes como a eterna passista da Beija-Flor Pinah. A premiação é motivo de orgulho para os pais.

“É muito gratificante. Ele tem quatro anos de idade e já ganhou um prêmio com essa importância. Ele muito pequeno e acho não tem a noção da grandiosidade que é isso, mas para a gente é um reconhecimento. Estou muito feliz, sou muito grata ao CARNAVALESCO por essa oportunidade para ele e acho que é isso, sambista é berço. Ele ama isso, a gente vê no olhar. Eu costumo dizer que eu sou Vila Isabel, mas depois que o Gael nasceu, eu acho que ele é muito mais Vila Isabel que eu. Eu vejo a empolgação dele quando chega o dia de ensaio. Quando por algum motivo não tem ensaio, ele fica naquela expectativa de ir para a quadra de alguma forma, de estar inserido, assim como eu também era quando era criança. Eu esperava chegar a quarta-feira ou sábado para ir para a quadra, e ele é assim. Ele passa na porta da quadra e se vê a porta fechada ele fica angustiado porque quer que tenha carnaval. Se dependesse dele é de segunda a segunda”, afirmou Dandara.

“E é tão lindo ver que o ídolo maior do Gael é o Tinga, que é uma das grandes referências da nossa escola, uma das maiores vozes da nossa escola. É tão bonito ver ele ter como referência um grande profissional com o qual nascemos, nos criamos e fomos crescemos juntos ali na Vila Isabel. Saber que o Gael tem um bom gosto musical, de saber escolher quem são os ídolos dele”, disse Macaco Branco.

Enzo de Oliveira, Sambista da Nova geração

A conquista de Enzo de Oliveira, reconhecido pelos eleitores do CARNAVALESCO como Sambista da Nova Geração, é uma justa homenagem a um jovem de múltiplos talentos. Para Dandara, o prêmio é uma oportunidade para que as pessoas de fora do carnaval possam conhecer as valorosas qualidades do primogênito da família.

“O Enzo já é um pouco mais velho. Ele tem 14 anos, então já tem um pouco da noção do prêmio que ele está ganhando. Mas para a gente é uma honra, nossos filhos que frequentam juntos com a gente o carnaval. A maioria que a gente chama de bolha, ‘a bolha do carnaval’, já o conhece, mas quando ele é premiado outras pessoas começam a ver de uma outra forma. Ele é outro apaixonado pelo samba, que leva o legado da nossa família. Ele se aprimora, gosta de escutar, de conhecer bossas de outras agremiações, busca conhecimento. É agradecimento e orgulho de ter nossos filhos nesse patamar”, disse.

Macaco Branco tem grande orgulho e faz questão de exaltar os vários talentos do filho mais velho, que sonha em ser ator. O mestre acredita que a grande fama atual de Gael é uma questão geracional, afirmando que naquela idade Enzo se portava da mesma forma e relembrando um momento marcante do passado.

“É muito gratificante para mim. Eu fico feliz e até emocionado em falar, a avó e o avô da minha esposa, que sempre foram muito Vila Isabel, moravam bem em frente à quadra. O Enzinho, quando tinha dois anos de idade e fazíamos o ensaio de rua, quando vinha o Julinho e a Rute, que eram o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel na época, eles vinham dançando e paravam bem em frente à quadra. O Julinho botava o chapéu-panamá no Enzo, com dois aninhos de idade, e dava o bastão para ele, e o Enzo começava a dançar com a Rute, isso com dois anos de idade, de fralda. Isso é uma coisa que as crianças lá de casa começam a aprender, mas é muito instintivo. Eles começam como uma brincadeira que acaba depois se tornando uma coisa mais séria. Foi o caso meu e da Danda, mas é tão gratificante ver o Enzo com 14 anos, e tudo que o Gael faz hoje o Enzo também fazia quando pequeno, mas hoje com a visibilidade da internet acaba que o Gael está tendo um alcance maior dos vídeos dele, viralizando. O Enzo olha assim e eu falo: ‘você era assim também, Enzo. Você fazia as mesmas coisas. Cantava, tocava, dançava’. O Enzo é muito completo. Ele é muito afinado, canta bem, toca bem, atua bem. Faz curso de teatro, aula de bateria, toca piano, é muito afinado. Ele tem um sonho de ser ator e voltado pro lado do musical. É um artista completo. Guardem esse nome, Enzo de Oliveira. No futuro vocês vão ouvir falar muito dele”, afirmou.

Felicidade: o desejo dos pais para o futuro da família

A família de Dandara e Macaco Branco agora está maior. A filha caçula está próxima de completar seu primeiro ano de vida e já demonstra se sentir à vontade ao som de um bom samba. Questionados quanto ao que esperam para o futuro dos filhos, o casal pensa da mesma forma ao afirmar que, independente das escolhas feitas, a prioridade é a felicidade de Enzo, Gael e Inaê.

“Eu espero que eles sejam felizes e façam o que eles gostam não por instrução de pai e de mãe, mas porque eles querem, porque eles gostam. Não no carnaval, mas na vida. Acho que qualquer pai quer isso, a felicidade dos filhos e que eles sigam o caminho da felicidade. O que eles quiserem está bom para eles e está bom para mim”, disse a musa.

“O que eu quero para eles é que sejam felizes. Eu quero que eles sejam felizes, assim como a minha esposa falou, fazendo aquilo que mais amam. Eu sou muito feliz e realizado por ter uma família musical maravilhosa e viver de música. Vocês sabem que no Brasil viver de cultura, viver da música é muito difícil. Que eles sejam felizes fazendo aquilo que almejam para a vida deles e amam muito fazer”, afirmou o mestre.

Estreantes, Cris Santos e Dodô contam como surgiu convite da Barroca e exaltam samba de 2025

Em meio a medalhões do samba, uma dupla de intérpretes oficiais da Barroca Zona Sul fará estreia como a voz principal de um carro de som no carnaval de São Paulo. No dia da gravação oficial da agremiação verde e rosa da Zona Sul de São Paulo, o CARNAVALESCO conversou como surgiu o convite e como está a parceria entre Cris Santos e Dodô Ananias.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

O intérprete Cris Santos fazia parte da ala musical da Barroca, mas não como o intérprete principal da agremiação, enquanto Dodô trabalhou no carnaval carioca e do Sul, estreará em São Paulo nesta temporada.

Como você chegou na Barroca Zona Sul?

Cris Santos: “Cheguei em 2018. Maio de 2018 e vim aí galgando aí com a ala musical. Trabalhando fazendo a base do Pixulé junto com essa rapaziada, reformulando. E chegamos aí hoje oficial junto com o meu parceiro do Dodô”.

Como foi o convite para ser intérprete oficial da Barroca?

Cris Santos: “O convite foi surpresa. Foi praticamente a surpresa porque já tinha outras situações da escola, de outros intérpretes e eu estava esperando que fosse a realidade de hoje. Mas quando eu sentei a primeira vez para conversar renovamos como ala musical, no meio do caminho teve uma reviravolta e recebi a ligação no meio da semana e foi aquela assim ‘Ó, vem você e você vai dividir com o menino Dodô’, aí depois de um tempo a gente se conheceu e nosso trabalho tá aí graças a Deus, Tá fluindo muito bem e que continue fluindo aqui por muitos e muitos carnavais a gente possa trabalhar junto que a parceria é forte”.

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Dodô Ananias: “Primeiramente quem fez contato comigo foi o Thiago Meiners que é um dos compositores do samba, já vem fazendo sambas da escola há muito tempo e depois o presidente Cebola fez contato comigo. Me perguntou, ele acompanhou alguns trabalhos meus lá no Rio de Janeiro, eu era cantora da Acadêmicos da Rocinha, fui durante quatro carnavais, também tem alguns trabalhos no Sul, em Porto Alegre, e aí presidente Cebola fez contato comigo e já passou a proposta e a ideia que já seria para dividir com o Christian. Que já fazia parte da ala musical da escola e cara tá dando muito certo”.

Como está a parceria entre vocês neste começo de trabalho?

Cris Santos: “A sinergia aí casou logo de primeira, logo quando nos conhecemos, as ideias já foram as mesmas e aquilo que a gente vai fazer na avenida que preparamos hoje, vamos aprimorar mais”.

Dodô Ananias: “Desde o início as nossas ideias se bateram muito. Porque se nosso trabalho em dupla não der certo ano que vem o presidente manda a gente embora e contrata outro para fazer o que estamos fazendo, então temos que fazer dar certo. Graças a Deus tá dando certo e vamos seguir trabalhando assim pra entregar o que a escola precisa merece”.

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Qual a avaliação sobre o samba de 2025 da Barroca?

Dodô Ananias: “Modéstia a parte acho que temos sem hipocrisia que temos um dos melhores sambas do ano. O Barroca pega top três fácil, mas isso só aumenta nossa responsabilidade e o nosso trabalho”.

Cris Santos: “Como ele disse o top três aí pra gente, desculpe as outras coirmãs, mas é com todo respeito, um dos melhores sambas na nossa opinião que é o do Barroca e vamos trabalhar fortemente para chegarmos entre as cinco, ou o terceiro e quem dirá o título. O sonho é o maior título, né? Então vamos buscar, vamos atrás do título”.