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Série Barracões SP: Estrela do Terceiro Milênio é o grito por respeito e diversidade no carnaval

A Estrela do Terceiro Milênio promoveu uma apresentação detalhada de seu enredo “Muito Além do Arco-Íris” na Fábrica do Samba. O evento revelou as fantasias, alegorias e os principais elementos que comporão o desfile da agremiação, que será a sexta escola a se apresentar no sábado de carnaval, no Grupo Especial de São Paulo.

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O carnavalesco Murilo Lobo, responsável pelo projeto, detalhou o conceito do enredo, que aborda as violências históricas e cotidianas sofridas pela comunidade LGBTQIAPN+. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ele explicou a motivação por trás da temática.

“Foram os números alarmantes da violência no Brasil. Refleti sobre a letra de ‘Aquarela do Brasil’, de Ari Barroso, que diz ser este ‘o país de nosso Senhor’. Mas como pode, se somos o que mais mata pessoas LGBTQIAPN+? O carnaval é um espaço para recontar essa história e buscar um caminho de respeito e convivência pacífica”.

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Lobo destacou ainda o processo de pesquisa, que o surpreendeu pela profundidade das histórias desconhecidas até mesmo por ele. “Após a aprovação da temática, mergulhei em 13 livros, mais de 7 mil páginas, 15 documentários e entrevistas. Obras como ‘Devassos no Paraíso’ (João Silvério Trevisan) e ‘Além do Carnaval’ (James Green) foram essenciais para entender e selecionar o recorte que apresentaremos”.

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Sobre os destaques do desfile, o carnavalesco adiantou: “Nosso maior trunfo é a emoção. Teremos alas exclusivas com integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, mães de pessoas LGBT junto às baianas… São vozes que ecoam verdades. Acredito que essa carga emocional transbordará nos olhos dos desfilantes e tocará o público”.

Com cores vibrantes, personalidades emblemáticas da luta por direitos e alegorias que simbolizam resistência, a Estrela do Terceiro Milênio promete um desfile que vai além da festa: um manifesto por igualdade, gritado no maior palco do mundo.

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Ficha Tecnica
Enredo: “Muito Além do Arco-íris!”
Alegorias: 4 +3 quadripes
Componentes: 1900
Alas: 16

Série Barracões SP: Com a alma do povo da Bahia, Mancha Verde quer impactar o público na sexta

Para 2025 a Mancha Verde irá desfilar no ritmo da Bahia. Mas não será a terra de São Salvador como sempre é feita no carnaval. O enredo, inspirado no documentário “Bahia da fé ao profano”, retrata a alma do povo baiano, todos os seus comportamentos, festanças e personalidade. É uma ideia do presidente Paulo Serdan, que após assistir o longa-metragem, montou a comissão de carnaval com o objetivo de executar o tema da ‘Mais Querida’. A escola, para este ano, não tem nenhum carnavalesco assinando o enredo, e sim uma comissão de carnaval com nove pessoas em suas respectivas funções. Sendo a quarta agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, a Mancha Verde irá levar para a avenida o enredo “Bahia da fé ao profano”. O diretor de carnaval Paolo Bianchi recebeu o CARNAVALESCO no barracão e explicou todo o projeto.

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Surgimento do enredo

O profissional contou como o tema nasceu. “A Mancha definiu de fazer o enredo por uma ideia do presidente. Alguns anos atrás, a gente tomou a decisão de sempre que possível, temas 100% cultural. A gente só acaba fazendo o enredo com patrocínio, se é uma situação interessante, mas a preferência do presidente é sempre dessa forma. Ele fica consumindo bastante produtos, programas na TV Futura e outras televisões. Sempre que vê um negócio legal, nos manda. Dessa forma, um pouquinho antes do carnaval do ano passado, ele viu essa minissérie em uma madrugada, que a gente tem de insônias pré-carnaval e nos disse. No primeiro momento algumas pessoas falaram: ‘Bahia de novo?’ Mas quando a gente assistiu, viu que era diferente. Não é sobre o local, e sim sobre o povo baiano, como eles trabalham, fazem para viver a vida dele de festa de fé, seja católica, umbanda ou candomblé. E ao mesmo tempo eles profanam, que é o título do nosso enredo. Profanar, nada mais é do que curtir a festa”, explicou.

Comissão de carnaval e Paulo Serdan na ajuda

Paolo explicou que toda a comissão, que tem nove pessoas no comando, deu suas opiniões para a confecção do enredo, e até o presidente Paulo Serdan ajudou para tudo sair do papel. “A comissão trabalhou se ajudando bastante. Eu e o Lucas Abelha nós desenvolvemos o enredo e ele fez boa parte dos desenhos do nosso carnaval. O próprio Paulinho Filho, que é da comissão, é diretor, e o próprio presidente também dá bastante opinião para a gente. Nós somos tranquilos e esse foi o segredo. Todo mundo aceita a visão do outro”, contou.

Esteticamente forte

A Mancha Verde tem investido em grandiosas alegorias nos últimos anos, e o diretor de carnaval comentou que para o próximo desfile não será diferente. O profissional quer ver a reação do público com o tamanho do elemento alegórico da comissão de frente. “A gente vem na mesma pegada dos últimos anos, com estruturas muito grandes e bem acabadas. Uma novidade é uma alegoria de comissão de frente que a gente não tem faz tempo, com uma situação bem diferente do que já fizeram aqui em São Paulo. O carro tem uma surpresa que é bem interessante do ponto de vista de funcionalidade dela e de tamanho. Espero que dê um impacto bem legal. As fantasias esse ano, todas estão muito legais. Um destaque para as baianas, que é o nosso grande xodó. O presidente deu liberdade, investiu para que a gente viesse com alegorias, propostas diferentes e acabamento numeroso. A gente adora o trabalho da Bibinha (decoração). Nós vamos bem confiantes”, declarou.

Abertura impactante

O líder aposta em uma abertura de impacto no desfile da Mancha, enaltecendo a comissão de frente, abre-alas e a ala das baianas. “Nós vamos com uma abertura da escola bem forte, uma comissão de frente inovadora, diferente. A gente tentou fazer um negócio bem pesquisado, cuidadoso. A comissão de frente fala do Senhor do Bonfim em uma situação bem legal, mas ela remete quando a fitinha deixou de ser a que usava no pescoço e virou um amuleto da sorte. Foi para o pulso do turista, do morador lá de Salvador. A gente ambientou a comissão nessa época para sair do lugar comum e ter uma alternativa diferente. A primeira ala faz uma coreografia muito legal, o casal dispensa comentários e a roupa está muito legal também. As baianas não são segredo, todo mundo já viu, ela está muito bonita, vai ter LED, vai estar iluminando o chão se a luz do Anhembi não estragar, foi feito. O abre-alas é grandioso e conversa com tudo. Vai ser uma abertura avassaladora”, afirmou.

Objetivo de vencer

Desde o ano de 2018 a Mancha Verde não sabe o que é sair do Desfile das Campeãs. São seis carnavais consecutivos figurando entre as cinco, com dois títulos e dois vices. A promessa é tentar brigar pela taça novamente. “A gente trabalha seriamente, pensando no título sempre. Nós trabalhamos de uma forma muito profissional. A gente é cobrado pelo presidente como profissionais. Nós agimos sempre de maneira estratégica, com planejamento e a gente sabe que o carnaval é uma mistura de investimento, planejamento, seriedade e engajamento do povo. Você pode fazer um carnaval maravilhoso, estar tudo pronto em dezembro, mas se o povo não vir junto, não tem título. A gente trabalha nessas três frentes, o presidente da Mancha é um cara extremamente consciente, todo carnaval nós acabamos com as contas em dia e isso é uma honra que a gente tem. Não abrimos mão disso. Ao mesmo tempo, ele ousa e investe para fazer o melhor. A nossa comunidade também dispensa comentários. Por isso a nossa briga é sempre para ganhar o carnaval”, finalizou.

Conheça o desfile

Setor 1: “No primeiro setor, o ‘se embelezar’ tem tudo a ver com Iemanjá, Oxum, Logun-Odé e com as joias de crioula, que é como que as escravas se enfeitavam por ordem dos seus senhores na época colonial. O nosso casal, Marcelo vem de Logun-Odé e a Adriana como ‘joias de crioula’ Depois a gente vem com as baianas propriamente vestidas de Oxum. Elas têm um peixe, que é o Dourado das águas doces. A primeira alegoria que vem atrás das baianas é uma continuidade disso. É um carro bem legal e tem uma situação bem criativa de fundo do mar, como telões bem grandes. São 12 telões gigantescos que a gente tem nesse carro, é diferente no contexto de uma caverna do fundo do mar, uma solução bem interessante”

Setor 2: “O setor 2 é comer e beber a festa. A gente fala de Exu com as bebidas vinho, cachaça e a cerveja. A gente fala de São Bartolomeu, que é um dos santos da minissérie. Ele é o padroeiro dos padeiros. A gente fala de Santa Bárbara. mais especificamente que as baianas fazem caruru em oferenda a Santa Bárbara. Trazemos para a festa de Bom Jesus dos Navegantes, que é uma das celebrações da minissérie também, onde os pescadores pedem a Bom Jesus para a pesca ser boa naquele ano, no dia primeiro de janeiro, e a gente fecha esse setor com um carro alegórico que é dos mercados e feiras. Todo os locais onde o povo baiano vai comprar tudo para fazer a festa da fé”

Setor 3: “A gente vem para o próximo setor, que é usar o corpo para fazer a festa de fé. Nós abrimos os iaôs O corpo é a casa dos orixás e brinca com a capoeira, que era considerada uma luta ou dança, porque foi trazida pelos escravos. Era uma forma de se defender. Depois a gente fala das danças que tem ligação com a fé, com o maculelê e dança de caboclo. Falamos de Malê Debalê, que é o maior baleado do mundo, em Salvador e fechamos esse setor com o corpo nas posições católicas”

Setor 4: “O último setor, que é o setor da musicalidade do carnaval, tem o terceiro casal, que são as igrejas com o canto gregoriano de Salvador na região do Pelourinho e da Cidade Alta. A gente vem com ogãs, que é usar a música e o atabaque para conectar os dois mundos: O da fé e que a gente vive, que é o espiritual. Depois vamos mostrar três blocos de carnaval ou de música. A gente fala do Olodum, Timbalada e de Dodô e Osmar e, como que a música influenciou para o carnaval. No último carro a gente mistura alguns ritmos que fizeram da música de Salvador. O reggae, axé, pagodão e o trap também. O carro é a Fubica, dirigido pelo Manchão, que é o nosso símbolo”

Ficha técnica
Quatro alegorias
2300 componentes
Um elemento alegórico (comissão de frente)
Diretor de carnaval: Igor Carneiro (comissão de carnaval)
Diretor de ateliê: Gall e Bibinha (comissão de carnaval)

X-9 encerra jejum e conquista 20º título do carnaval de Santos

Encerrando um jejum de oito anos sem títulos, a X-9 conquistou a taça do Grupo Especial do Carnaval de Santos. Com o enredo “Peregrinos de Fé, Oh Mãe Negra, Meu Samba é a Minha Oração”, homenageando os devotos de Nossa Senhora Aparecida, a escola da Bacia do Macuco conquistou o vigésimo título de sua história.

A apuração, emocionante do início ao fim, teve um triplo empate em 269,7 pontos. A Pioneira sagrou-se campeã no primeiro critério de desempate: a soma das notas descartadas – a menor de cada quesito, originalmente, não entrava no cômputo final. A vice-campeã foi a União Imperial, enquanto a Unidos dos Morros (que buscava o tetracampeonato seguido) ficou na terceira colocação.

Presente na apuração do carnaval santista, realizada no Teatro Municipal Braz Cubas, localizado no Centro Cultural Patrícia Galvão, na Vila Matias, o CARNAVALESCO acompanhou todas as etapas da apuração.

No Grupo de Acesso, o título ficou com a Mocidade Independente Padre Paulo. Junto com a agremiação, subiu também a Vila Mathias.

Emoção até a última nota

O velho clichê das apurações novamente se fez presente no carnaval santista. Desde os primeiros instantes, a leitura das notas colocou na dianteira as três favoritas, que se alternavam no pódio a cada décimo descontado – mesmo com o descarte já em andamento.

Ao final do quinto dos nove quesitos, a Pioneira liderava com 149,9 pontos, enquanto as agremiações supracitadas estavam apenas um décimo atrás. No sexto quesito, a Unidos dos Morros empatou com a Pioneira. No sétimo, o triplo empate se formou – e se manteve até o final da leitura.

Vale destacar um fato que tornou a conquista da X-9 ainda mais especial: entre as quinze escolas que compunham os Grupos Especial e de Acesso, a escola do Macuco foi a única a desfilar sob chuva. Na realidade, a agremiação se apresentou debaixo de uma tempestade – que começou segundos depois da última sirene e terminou minutos após o último componente da Pioneira ultrapassar a faixa amarela.

Visivelmente emocionado, Amauri, um dos coordenadores de carnaval da agremiação, comemorou:

“É muito especial! A X-9 é a segunda escola com mais títulos no Brasil, só atrás da Portela. Pode pesquisar! Foram oito anos sem a taça, estávamos com um nó na garganta. No ano passado tivemos um problema, os carros quebraram, trabalhamos em cima dos erros e consertamos tudo. Está aí o resultado!”, celebrou.

Professor Júnior, outro dos coordenadores de carnaval da Pioneira e também diretor de Harmonia da agremiação, concordou:

“A satisfação é imensa, pois estamos trabalhando há bastante tempo. Nosso presidente, Caio Cézar Romão, tem feito ótimos carnavais. Tivemos azar com os carros no ano passado, mas neste ano conseguimos superar tudo – mesmo com tanta chuva”, relatou.

Falando em chuva…

Os dois profissionais entrevistados pela reportagem do CARNAVALESCO, como não poderia ser diferente, mencionaram a chuva em suas falas.

Amauri manteve a positividade:

“A chuva só abençoou! Foi aí que a X-9 entrou com tudo. Em Santos não estava chovendo, foi Deus quem mandou, só choveu na gente o carnaval inteiro. Olha que maravilha!”, comemorou.

Júnior, por sua vez, minimizou o impacto:

“A gente nem pensou na hora. Não havia tempo para colocar capa, só seguimos em frente. O importante era não errar – e conseguimos. A chuva abençoou nosso desfile, graças a Nossa Senhora Aparecida e ao nosso padroeiro, São Jorge. Fizemos um excelente carnaval e todos os segmentos estão de parabéns!”, destacou.

Para as escolas do Marapé (que homenageou os campeões de bilheteria do cinema) e da Nova Cintra (com uma exaltação à TV Cultura), vice e terceira colocadas, respectivamente, restaram os dois honrosos lugares laterais no pódio.

Descensos

Na parte de baixo da tabela do Grupo Especial, a situação foi bem mais definida. A oitava colocada foi a Sangue Jovem, que homenageou a cidade de São Vicente, com 236,7 pontos. Em sétimo lugar, a Bandeirantes do Saboó, com um enredo sobre o tipicamente santista pão de cará, obteve 237,6 pontos. A primeira escola fora da zona de rebaixamento foi a Mocidade Independência, que contou a história da pimenta malagueta, alcançando 238,2 pontos.

Grupo de Acesso

A tarde no Braz Cubas começou com a apuração do Grupo de Acesso. Diferente do que ocorreu no Grupo Especial, a leitura das notas mostrou desde o início que duas agremiações lideravam rumo ao acesso.

Comemorando seu Jubileu de Ouro, a Mocidade Independente Padre Paulo conquistou a taça e retornou ao Grupo Especial depois de oito anos, com 268,8 pontos.

Lucas Trindade Jesus, vice-presidente da Padre Paulo, foi sincero ao falar sobre o retorno:

“A gente estava precisando disso! Foram anos na luta, batendo na trave. Chegamos em 2025 com força total, nossa comunidade ajudou muito e conseguimos nosso objetivo de sermos campeões no ano do nosso cinquentenário. Viemos contando nossa história e conseguimos mais um título, voltando para a elite – de onde jamais deveríamos ter saído”, afirmou.

Na segunda colocação e também voltando ao Grupo Especial após cinco anos de ausência no pelotão de elite da Baixada Santista, a Vila Mathias apresentou um apocalíptico enredo sobre a criação do mundo e a destruição da Terra pelo homem, somando 268 pontos. Em terceiro lugar, o Império da Vila reeditou seu desfile de 2011 sobre o mel, obtendo 267,4 pontos.

Super Especial

Com a nova configuração do Grupo Especial do carnaval de Santos, a elite da folia santista somará quarenta e quatro títulos em 2026. Mais do que isso: todas as campeãs da primeira divisão desde 2007 estarão nesse grupo – em 2006, a Padre Paulo dividiu a taça com Sangue Jovem e Brasil, que agora estarão no Acesso.

Amauri celebrou o crescimento da competição:

“Está se formando um Super Especial em 2026! A Padre Paulo também tem muitos títulos. Nos anos 1980, ou era a gente, ou era eles. Isso é muito bom para o carnaval de Santos”, avaliou.

Júnior concordou com a nova fase da elite santista:

“Com certeza, está se formando um Super Especial. Também quero parabenizar todas as coirmãs, todas fizeram um excelente carnaval. A Padre Paulo é uma escola forte da Bacia do Macuco. O importante é que as tradicionais estejam no Grupo Especial para fortalecer o carnaval”, pontuou.

Já Lucas, apesar de comemorar o retorno, fez um alerta:

“Para o ano que vem, temos que ter pé no chão para nos mantermos e, em 2027, buscar o título”, finalizou.

Confira a classificação geral do carnaval de Santos:

Grupo Especial

1) X-9 – 269,7 pontos
2) União Imperial – 269,7 pontos
3) Unidos dos Morros – 269,7 pontos
4) Mocidade Amazonense – 268,6 pontos
5) Mocidade Independência – 268,1 pontos
6) Real Mocidade Santista – 268 pontos
7) Bandeirantes do Saboó – 267,2
8) Sangue Jovem – 265,8 pontos

Grupo de Acesso

1) Mocidade Independente Padre Paulo – 268,8 pontos
2) Vila Mathias – 268 pontos
3) Império da Vila – 267,4 pontos
4) Imperatriz Alvinegra – 266 pontos
5) Dragões do Castelo – 265,9 pontos
6) Unidos da Zona Noroeste – 265,5
7) Brasil – 264,1 pontos

Série Barracões: Porto da Pedra aposta na grandiosidade para vencer a Série Ouro do Carnaval 2025

Na busca pelo retorno ao Grupo Especial, a Porto da Pedra prepara um desfile grandioso para o Carnaval 2025. Para isso, apostará em grandes alegorias para reconstruir “Fordlândia” na Sapucaí. Trata-se da cidade industrial que Henry Ford, fundador da famosa indústria automobilística que leva seu sobrenome, construiu na Amazônia nos anos 1920. Mauro Quintaes, carnavalesco da escola, revelou detalhes do enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou” durante visita ao barracão. Ele explicou como surgiu a inspiração.

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Fotos: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“Já tinha a ideia de trabalhar com Fordlândia, pois sou um pesquisador assíduo. Acessando um site literário, encontrei ‘A Jangada’, livro de Júlio Verne que inspirou ‘A Invenção da Amazônia’ (de Neide Gondim). Lá estava a Fordlândia. Mergulhei na história e me fascinei”.

Quintaes enfrentou resistência inicial da diretoria: “Eles acharam o tema melancólico. Argumentei que é pitoresco, divertido e único, pois revela um Brasil desconhecido. Convenci o presidente ao destacar seu potencial visual e cultural”.

Conhecendo melhor a Fordlândia

Em 1927, Henry Ford iniciou um projeto ousado: uma cidade norte-americana no Pará para produzir borracha para sua empresa. O látex local era considerado o melhor do mundo. Ele comprou terras em Aveiro (PA) e ergueu uma comunidade com infraestrutura moderna: casas, hospitais, água encanada e eletricidade.

O problema foi a imposição cultural: hambúrgueres, hot dogs e festas com quadrilhas norte-americanas não agradaram os brasileiros. Somado ao solo infértil e ao fracasso das seringueiras, o projeto ruiu. Ford vendeu a área ao governo brasileiro anos depois, deixando-a abandonada.

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Para Quintaes, Fordlândia é uma “doideira visionária”: “Só um bilionário excêntrico uniria a loucura brasileira à sua para criar uma cidade industrial no meio da Amazônia. A escola tem história com enredos ousados. Em 1997, ficamos em 5º lugar no Especial com ‘No Reino da Folia’. Agora, trago essa energia nas alegorias e representações”.

O enredo critica o colonialismo: “Mostraremos a arrogância do colonizador que diz ‘Eu sei o que é melhor’, ignorando a realidade local. O erro de Ford foi impor uma visão capitalista sem adaptação. É uma fábula sobre resistência”.

Mauro Quintaes valoriza a inteligência do público: “Não será um desfile expositivo. Usaremos metáforas e mensagens subliminares. O espectador do samba hoje entende narrativas complexas”.

Sarrafo alto

A escola mantém sua tradição de alegorias imponentes. Quintaes adianta um spoiler: “Um carro será feito de sucata, simbolizando o abandono de Fordlândia. Usei peças de ferro-velho para criar texturas de ferrugem e decadência”.

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O artista celebra 40 anos de carreira: “Minha vida é o Carnaval. Comemorar essa trajetória na Porto, que me projetou em 1997, é emocionante. Estamos criando algo inovador e culturalmente rico. Arte não tem hierarquia. Entregaremos o melhor, seja no Acesso ou no Especial. Este é o melhor enredo da Série Ouro – e rivaliza com escolas do Especial”.

Sobre o rebaixamento em 2024, é enfático: “Provamos que escolas do Acesso têm qualidade. Gastamos R$ 13 milhões ano passado – ‘coitadinhas’ não investem assim”.

Mesmo com orçamento menor, ele garante impacto: “Reaproveitamos materiais de 2024 e usamos madeira de qualidade. Recriamos alegorias sobre estruturas existentes para economizar. A gestão logística é tão crucial quanto a criatividade. O resultado de 2024 gerou uma fome positiva. Vamos mostrar nossa força, independente de julgamentos. É hora de abrir a porteira e soltar a boiada”.

Conheça o desfile da Porto da Pedra

A Porto da Pedra vem em 2025 com cerca de 2 mil componentes, 3 carros alegóricos e 1 tripé na comissão de frente. Mauro Quintaes, ao CARNAVALESCO, fez a setorização do desfile da escola.

Comissão de Frente: Fala dos Mudurukus, que é um povo indígena da região. A cabeça da escola vem contextualizada na leitura indígena.

Setor 1: Trago a fábrica da Ford nos Estados Unidos, mostrando a maneira rigorosa do Henry Ford trabalhar, com o objetivo de gerar economia em qualquer situação. Aqui existe uma teatralização enorme, com um carro que só tem um destaque e o resto são todos personagens. Não tenho composições femininas, nem masculinas, só tenho personagens que representam muito o jeito que o Henry tratava o seu negócio.

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Setor 2: No nosso segundo carro já é o momento que a floresta começa a sentir que precisa reagir àquela colonização muito estranha, àqueles hábitos que não são os hábitos locais. Trazemos a figura do Curupira para defender essa floresta, que está viva, grande, bonita, com movimento, mostrando esse indício de revolta contra o colonizador.

Setor 3: Eu fecho com a Fordlândia de hoje, retratada como uma cidade fantasma, onde a frase que representa o nosso enredo, que é “A floresta vence” vai estar lá em meios aos escombros. Apresentar as ruínas da Fordlândia é apresentar o momento de resistência da cultura, das tradições e da mata brasileira.

Desfile dos ‘Doentes da Sapucaí’ homenageia o intérprete Quinho

Os Doentes da Sapucaí foram atração da Vila Mariana (São Paulo) no último sábado. O bloco desfilou pela 6ª vez no mesmo local, na Rua Marselhesa, e levou muita alegria e nostalgia ao público. Simulando um desfile real no Sambódromo, os Doentes escolhem um enredo para abordar a cada ano. Neste ano o enredo foi “Quinho do Salgueiro, alegria do povo”, uma justíssima homenagem ao intérprete que empresou a sua voz e comandou o que muitos consideram o maior samba da história do carnaval carioca no Maior Espetáculo Audiovisual do Planeta, o “Explode Coração” do Salgueiro 1993, entre outras obras que tiveram o Quinho no comando, em SP, no RJ e em diversos outros locais pelo Brasil.

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Fotos: Divulgação/Doentes da Sapucaí

O samba que os Doentes da Sapucaí levaram para a rua foi escolhido através de um “concurso de samba”, como nas escolas tradicionais fazem. Ao final da disputa, dos 8 sambas finalistas o vencedor foi o samba composto pela parceria Daniel Sartori e Renato Bertola.

O samba está disponível para download no site dos Doentes da Sapucaí: www.doentesdasapucai.com/desfile-2025

Curiosamente, o trajeto do desfile dos Doentes tem exatamente a mesma metragem da Marquês da Sapucaí. São 700 metros de muita vibração e alegria.

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“Nossa proposta é reunir amigos e famílias para fazer um desfile com muita alegria e tranquilidade”, revelou Odilon Cardoso, presidente do bloco.

“A estrutura montada foiainda maior que nos anos anteriores, além do espaço com brinquedos para crianças na concentração e na dispersão, banheiros, limpeza e segurança, contou com uma feira gastronômica com diversas barracas de comidas e bebidas. Tudo isso ao som dos mais clássicos sambas de enredo”, complementou.

O desfile contou com o apoio de empresas de diversos segmentos. Marcas como Ampla Prevenção e Saúde, Assembléia Bar, Cerâmica Urbana, Cobretec, Fechando o Gol, Gatetim, Bar Pirajá e Grupo Sol foram fundamentais para que toda esta estrutura fosse oferecida.
Este ano a bateria foi reforçada com cerca de 40 alunos da Oficina de Bateria do bloco, que ensaiaram desde Abril de 2024 para apresentar em grande estilo uma batucada ritmada, repleta de bossas e viradas.

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A oficina acontece todas segundas no espaço Kacto, na Vila Madalena (SP), maiores informações pelo instagram dos Doentes (@doentes_da_sapucai). A surpresa do dia ficou por conta da fantasia da bateria, com chapéu, óculos, gravata e suspensório, numa linda homenagem ao amigo e ídolo Quinho do Salgueiro.

Para acabar o dia com chave de ouro, a dispersão aconteceu no Bar Pirajá da Vila Mariana, com muito samba, chopp e descontração para comemorar o lindo desfile dos Doentes da Sapucaí 2025.

Preparada para história! Maricá finaliza ensaios de rua e conta os minutos para o desfile no Carnaval 2025

A União de Maricá encerrou seu último ensaio de rua na última sexta-feira, na Passarela do Samba Adélia Breve, em Maricá, com uma exibição animada e consistente. A escola, que será a sexta a desfilar na sexta-feira de carnaval, levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete!”, desenvolvido pelo multicampeão Leandro Vieira. O grande destaque da noite foi o canto potente da comunidade, além da escola mostrando organização e energia, com um desfile de 53 minutos, mostrando que a agremiação está pronta para uma grande apresentação.

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Fotos: Divulgação/Maricá

Matheus Santos, gestor da União de Maricá, anunciou que a escola finalizou 100% dos preparativos para o carnaval, com todas as fantasias e alegorias prontas. Ele comentou sobre os pontos fortes da escola para o desfile: a perfeição estética do carnavalesco Leandro Vieira, a força da comunidade e o samba animado que promete impulsionar a Sapucaí.

“Todas as fantasias e alegorias estão prontas. Agora, o que esperamos é a perfeição estética do Leandro, a força da nossa comunidade e um samba que impulsiona todo o desfile. Vamos para a avenida com o objetivo claro: disputar o campeonato e conquistar o acesso ao Grupo Especial”, completou.

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Matheus Santos, gestor da União de Maricá

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal Fabrício Pires e Giovanna Justo brilhou no ensaio, demonstrando entrosamento e técnica refinada. Os movimentos do casal foram expressivos, remetendo a uma incorporação de entidade, o que gerou forte impacto visual. Mesmo sem a fantasia oficial, ambos entregaram uma performance de alto nível e foram aplaudidos pelo público presente nas arquibancadas da passarela.

Harmonia

A União de Maricá evidenciou uma de suas maiores forças: o canto da comunidade. O trio de intérpretes não estava completo. Apenas Nino do Milênio e Matheus Gaúcho (sem Bico Doce) conduziram o samba com muita energia, garantindo que os componentes cantassem forte e do início ao fim. O engajamento das alas foi uniforme, sem oscilações, o que reforça a expectativa de um desfile marcante na Avenida.

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Evolução

A escola se apresentou de forma compacta e organizada, sem buracos ou alas emboladas. O cortejo vermelho, amarelo e branco se movimentou de maneira fluida, garantindo um bom andamento do desfile. As alas demonstraram animação e espontaneidade, características fundamentais para um desempenho positivo no dia do desfile.

Wilsinho Alves, diretor de carnaval da União de Maricá, expressou confiança e emoção ao falar sobre a preparação da escola para o desfile. Ele afirmou que a agremiação está totalmente pronta e que, se o desfile fosse hoje, Maricá entraria na avenida com tudo.

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“Quero dizer que a União de Maricá está pronta! Se o desfile fosse hoje, Maricá entraria na avenida preparada para brilhar. Sobre o último ensaio, a avaliação foi excelente. Estão dizendo que fomos a melhor escola do ensaio técnico, mas isso não significa nada. Treino é treino, jogo é jogo”, completou.

Samba

O samba-enredo de Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, João Vidal, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Hélio Porto e André Do Posto 7 foi um dos grandes protagonistas da noite. A comunidade de Maricá mostrou que abraçou completamente a obra, cantando de ponta a ponta com empolgação e firmeza. O ritmo contagiante contribuiu para manter o alto astral do ensaio e impulsionou a escola do início ao fim.

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O mestre de bateria da União de Maricá, Paulinho Steves, não escondeu sua satisfação com o andamento dos preparativos. Ele destacou que agora é só aguardar o grande dia para fazer a Sapucaí “tremer” com a “força e a energia” da bateria da escola, não escondeu sua satisfação com o andamento dos preparativos e afirmou que, se o desfile fosse hoje, estaria extremamente feliz, pois a bateria está “afinada e as “bossas bem encaixadas”.

“Se fosse o desfile oficial, eu estaria feliz pra caramba! A bateria está ajustada, as bossas encaixadas, a coreografia no esquema. Agora é só esperar o grande dia e fazer a Sapucaí tremer. Foi mais uma oportunidade de mostrar um pouco do que vamos apresentar no dia 28. Me sinto 100% preparado para o desfile”, completou.

Série Barracões: Viradouro em busca do bicampeonato com a história de Malunguinho

A Unidos da Viradouro mira em 2025 seu primeiro bicampeonato consecutivo no Grupo Especial do carnaval carioca. Após vencer em 2024 com um desfile considerado “quase perfeito” pelos jurados, a escola de Niterói mantém a confiança no carnavalesco Tarcísio Zanon, à frente do carnaval da agremiação desde 2020 – ano em que a escola conquistou seu segundo título (o primeiro foi em 1997). Com um histórico recente de pódios (terceiro lugar em 2022 e vice em 2023), a Vermelho e Branca aposta no enredo “Malunguinho: Mensageiro de Três Mundos” para ficar com a taça e entrar para a história. A narrativa mergulha na trajetória de João Batista, líder do Quilombo do Catucá (Pernambuco, século XIX), cuja luta pela liberdade o transformou em Malunguinho, entidade reverenciada na Jurema Sagrada, religião ancestral afro-indígena. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Zanon detalhou os desafios de repetir o título, a ousadia plástica do desfile e o cuidado em equilibrar sagrado e carnavalização.

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Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

O desafio do bicampeonato: “O desafio só aumenta, e é o que a gente mais gosta. A Viradouro vem quebrando paradigmas: em 2020, fomos a segunda escola a vencer no domingo após décadas. Hoje, somos referência na Liga das Escolas de Samba. Nosso diferencial é olhar para dentro: melhoramos processos de produção, ergonomia das fantasias, testes de iluminação e até a maquiagem. A comunidade se sente valorizada, os profissionais respeitados. Somos um modelo de gestão que merece ser premiado – não por estar aqui, mas por inspirar dignidade e profissionalismo”, afirmou Zanon, lembrando que o último bicampeonato no carnaval foi da Beija-Flor, em 2008.

Jornada alucinógena na Sapucaí

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O enredo, segundo o carnavalesco, é um “convite ao surto criativo”. A Jurema Sagrada – ritual que usa um chá de acácia com efeitos alucinógenos – será o fio condutor para uma viagem sensorial. “Malunguinho acessou cidades encantadas através desse chá, e nós traduzimos isso em cores vibrantes, materiais inusitados e efeitos de luz que já são nossa marca. Será um desfile piramidal: todas as alas seguirão a lógica das aberturas que fizemos em enredos anteriores, como Pink Magic e Dangbé. Queremos imagens que grudem na memória, como um ‘mestre Renato Lage’ faria”, brincou Zanon, referindo-se ao lendário carnavalesco.

Respeito ao sagrado e liberdade carnavalesca

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O desafio foi equilibrar a precisão histórica com a fantasia. “A Jurema tem símbolos intocáveis: estrelas de sete pontas, cachimbos, cocares. Trabalhamos com antropólogos e líderes religiosos para não distorcer sua essência. Ao mesmo tempo, o transe do chá nos permite abstrair formas e cores. É a carnavalização do invisível”, explicou. A pesquisa incluiu catalogar mais de 100 pontos cantados (hinos religiosos) dedicados a Malunguinho, muitos com séculos de tradição.

Novidades Técnicas

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Iluminação: A escola desfilará totalmente à noite. Um light designer foi contratado para criar efeitos 3D que ressaltem fantasias e alegorias sem descaracterizar a arte tradicional.

Fantasias: Tecidos termorreguladores combatem o calor, enquanto estruturas cinéticas (com movimento) prometem surpreender. “A Viradouro é luxo com leveza: 80% do público é feminino, e pensamos em conforto sem abrir mão do brilho”, disse Zanon.

Alegorias: O tripé ganhará destaque, assim como um carro que representa a “Chave de Malunguinho”, símbolo de libertação das senzalas.

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Aposta no conjunto: “Musicalmente, evoluímos. O enredo é mais claro que o anterior. Plasticamente, estamos mais ousados. Até o casal de mestre-sala e porta-bandeira terá figurinos revolucionários”, adiantou Zanon. Se depender da ambição e do rigor técnico da Viradouro, Niterói pode celebrar não só um bicampeonato, mas o nascimento de uma nova lenda no asfalto.

Entenda o desfile

A Unidos de Viradouro para 2025 vem com 2.500 componentes em média. Seis carros alegóricos, um tripé e o elemento alegórico da comissão de frente serão usados ao longo do desfile da agremiação. Tarcísio Zanon, ao CARNAVALESCO explicou a setorização.

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Setor 1: “Um primeiro momento a gente traz o João Batista, que é o último dos malungos, que é o nosso enredo, e que se torna essa entidade afroindígena que é o Malunguinho. Então o João Batista revolucionário, líder quilombola, líder político, tacando fogo nos canaviais, libertando o povo dele, o pavor da elite da época. Entramos com esse espírito do herói, não do anti-herói, mas do salvador daquela comunidade. Depois a gente faz a passagem dele, isso é o histórico, a gente faz a passagem dele para o espiritual que se entrelaça com o histórico, porque o que a gente aprende sobre o Malunguinho é que ele é uma entidade que habita em três falanges, que é a mata, a jurema, que é a árvore, e a encruzilhada, onde ele na mata é caboclo, mestre na jurema, e exu na encruzilhada. Os setores eles seguem exatamente essa ordem e é como ele se apresenta dentro de uma sessão de jurema”.

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Setor 2: “Ele é caboclo da mata, porque historicamente ele adentrou a mata do Catucá, aprendeu o segredo dos pajés, ele aprendeu o segredo das ervas, aprendeu a usar as armas dos pajés, os arco-e-flechas, a forma de se defender, a fazer, construir, desconstruir uma oca, construir o quilombo do Catucá dessa forma, de uma forma itinerária, o que fazia também com que ele fugisse dos algozes dele, então esse é o segundo setor, é o caboclo”.

Setor 3: “O nosso terceiro setor é o mestre, é o momento em que Malunguinho é ferido em uma emboscada, e ele entra em contato com o chá da jurema que cura ele e que ele passa a ter o conhecimento dessas cidades encantadas. É um setor altamente cristal, altamente encantado, de cura, é o chá da jurema”.

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Setor 4: “O último setor é o setor da encruzilhada. Ele tinha uma chave sagrada que abria todas as portas de senzala. Na verdade, a gente fala exu-trunqueiro, mas isso é uma forma popular, porque se a gente considerar dentro da jurema ele não é exu, ele é trunqueiro. O exu se popularizou por conta da influência iorubá e a gente tem dentro desse enredo uma religião que amalgama todas as outras, porque quando os europeus chegaram aqui as bruxas ibéricas se adentraram às matas para poder ter refúgio dentro da jurema, o catolicismo popular também teve influência da jurema e se adentrou, a própria umbanda sai também da jurema. A gente fala sobre essas encruzilhadas, sobre isso tudo que se entrecruza e chega nos dias atuais, porque até hoje existe uma festa feita para Malunguinho e que se oferece não somente oferendas físicas. A dança de coco, os maracatus, todas essas manifestações populares de Pernambuco, elas têm dentro das suas instituições assentamento de Malunguinho e na festa de Malunguinho elas vão dançar para ele. A gente tem essa encruzilhada que vai se fundir com a nossa encruzilhada que é a Marquês de Sapucaí”.

Série Barracões: Botafogo Samba Clube celebra as glórias da Estrela Solitária e homenageia os botafoguenses

A Botafogo Samba Clube apresentará no carnaval de 2025 um desfile que conta a trajetória do clube de regatas e futebol, dos ídolos e de sua torcida apaixonada. Com o enredo intitulado “Uma gloriosa história em preto e branco”, a escola busca superar as dificuldades financeiras e entregar um espetáculo emocionante na Marquês de Sapucaí.

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Fotos: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Alex de Souza, carnavalesco da agremiação, falou sobre as descobertas que fez a partir do nome Botafogo:

“Eu queria entender o que significava Botafogo e eu fui descobrir que no século XVI havia um navio de guerra português chamado São João Batista, que tinha um apelido de Botafogo, oriundo dos canhões que eram chamados de Boca de Fogo. Esse navio foi o primeiro navio a ter canhões e era tão importante na época que era cedido para outros reinos para ser usado em batalhas”, contou.

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O carnavalesco também contou que o nome do bairro surgiu a partir de João Pereira de Souza, um capitão responsável pela artilharia do navio, que também tinha por apelido Botafogo e que se estabeleceu na região após ajudar na expulsão dos franceses e os tamoios no processo de fundação da cidade do Rio de Janeiro.

O enredo também abordará o surgimento do Clube de Regatas Botafogo em 1894 e do Botafogo Football Club em 1904. A fusão dos dois clubes aconteceu, em 1942, após a morte do jogador Armando Albano durante uma partida de basquete. “Esse trágico evento causou uma comoção enorme, e os presidentes dos dois clubes resolveram fundi-los para se tornar um só”, contou Alex.

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Na avenida, o Botafogo Samba Clube realizará homenagens aos grandes craques que vestiram a camisa do time, como Garrincha, Didi, Gerson, Leônidas Manga, Marinho, Carlos Alberto Torres, Caju, entre outros. Além disso, o enredo destaca o estádio Nilton Santos, os títulos históricos e a conquista da Copa Libertadores da América em 2024, que será representada como escultura uma alegoria.

Outra novidade será a “Estrela Dalva”, símbolo do clube que será representadas pelas baianas da agremiação.

Dificuldades econômicas da escola

Alex de Souza não escondeu os desafios enfrentados pela Botafogo Samba Clube na produção do desfile. Com um orçamento limitado, a escola precisou se reinventar para criar um projeto que honrasse a história do Botafogo. “A gente vai fazer, tentar fazer o melhor dentro das nossas possibilidades”, afirmou o carnavalesco. Ele destacou que o grande trunfo do enredo está na energia e na paixão dos componentes, que cantaram maravilhosamente bem durante os ensaios técnicos. “A alegria dessas pessoas, esse entusiasmo, para mim é o ponto alto”, disse.

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Apesar das restrições financeiras, Alex garantiu que o desfile será marcado pelo carinho e dedicação de todos os envolvidos.

Curiosidades e folclore

Alex de Souza ressaltou que a pesquisa para o enredo revelou histórias curiosas e divertidas, como a do mascote Biriba, um cachorro que era tratado com filé mignon e considerado um talismã pelo ex-presidente Carlito Rocha. “Se alguém morresse, morre o jogador, mas não morre o cachorro”, brincou o carnavalesco, destacando o lado folclórico e humorístico da história do clube.

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Entenda o desfile

A Botafogo Samba Clube levará para a Sapucaí em 2025 cerca de 1800 componentes e 3 carros alegóricos.

Setor 1: O desfile começa com a história que dá nome Botafogo. Do Galeão Português São João Batista ao capitão de artilharia João Pereira de Souza. A narrativa mostra como a origem do nome nasceu de uma história colonial de conquistas, conectando passado e presente.

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Setor 2: A Belle Époque botafoguense e a fusão dos clubes. O segundo setor transporta o público para o charme do final do século XIX, quando o remo era o esporte mais popular e o bairro de Botafogo vivia seu auge de sofisticação. A fundação do Clube de Regatas Botafogo, em 1894, e do Botafogo Football Club, em 1904, é retratada com elegância, destacando a fusão dos dois clubes em 1942. As fantasias e alegorias celebram o remo, o futebol e o espírito de união que fortaleceu o clube.

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Setor 3: Um só Botafogo. O encerramento do desfile é uma celebração das glórias do Botafogo, com homenagens aos grandes ídolos que vestiram a camisa preto e branca, como Garrincha, Didi, Gerson e Carlos Alberto Torres. A conquista da Copa Libertadores da América em 2024 ganha destaque em uma alegoria majestosa, ao lado de outros títulos históricos, como a Taça Brasil de 1968. Com fantasias que exaltam as cores e os símbolos do Botafogo, o desfile se encerra em um clima de emoção e orgulho, celebrando uma história que continua a inspirar gerações.

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Expectativas para o desfile

Com um samba-enredo envolvente e uma bateria afinada, a Botafogo Samba Clube espera emocionar o público e os jurados na Marquês de Sapucaí. “O efeito especial vai ser o canto do povo no dia e as coisas funcionarem em termos de harmonia”, afirmou Alex. A escola aposta na paixão de seus componentes e na riqueza histórica do enredo para conquistar uma colocação de destaque no Carnaval 2025.

Em meio às dificuldades financeiras, a Botafogo Samba Clube prova que, com amor e dedicação, é possível contar uma história gloriosa em preto e branco.

Neguinho da Beija-Flor fala do próprio futuro e do carnaval santista

Uma marca pode ser tão forte que, literalmente, pode se transformar em um nome. No caso de um famoso intérprete do carnaval carioca, o epíteto é tão forte que ele, legalmente, adicionou a forma pela qual é conhecido entre seus sobrenomes: Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes. Dentre tantas grandezas que ele já obteve na carreira, ele ganhou a oportunidade de se tornar o embaixador do carnaval de Santos.

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Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Em entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, Neguinho da Beija-Flor falou um pouco sobre qual a função dele no carnaval de Santos e, também, deu uma prévia de como ele irá atuar depois de se aposentar dos microfones da agremiação de Nilópolis.

Histórico em Santos

O próprio intérprete saciou a curiosidade sobre o começo da relação dele com a Baixada Santista: “Eu sou embaixador do carnaval de Santos desde 2018! De lá para cá, desde então eu tenho essa felicidade de estar aqui na cidade, assistindo e colaborando de alguma forma com as escolas de samba da Baixada Santista. Santos é uma cidade que eu gosto muito e estou aqui todo ano, nas duas noites de apresentações”, destacou.

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A quem associa Neguinho da Beija-Flor única e exclusivamente à folia carioca, é importante relembrar um momento marcante dele no carnaval da cidade de São Paulo. Em 1998, ao lado de Nilson Valentim, ele foi o cantor oficial da Mocidade Alegre. Foi, por sinal, a primeira vez que ele defendeu outro pavilhão que não o da Beija-Flor.

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Folião de primeira ordem, o intérprete também pontuou, na prática, o que significa ter o posto que ele possui: “Enquanto embaixador. meu papel é falar do carnaval de Santos, destacar o quanto as escolas de samba daqui são maravilhosas. Também gosto de estar aqui presente, vivenciando esse espetáculo maravilhoso. É uma alegria imensa colaborar, de alguma forma, com o crescimento da folia santista”, comentou.

Futuro

O mundo do carnaval segue impactado com o anúncio da aposentadoria do intérprete da escola que ele defende desde 1975. Apesar da retirada do carro de som azul e branco, de acordo com ele próprio, apenas isso muda: “Vou continuar Beija-Flor, sou um eterno torcedor da escola. Também vou continuar no samba, só não cantarei. E vou dar continuidade a minha carreira de gravações de sambas de meio de ano. Além, é claro, dos shows e das viagens. Em relação a isso, não tenho problema algum. Só vou parar com a minha atuação como cantor do carnaval”, finalizou Neguinho da Beija-Flor, tranquilizando os fãs.

Depois do sucesso da camisa I, Mocidade e Kappa lançam a camisa II da escola em homenagem ao clássico sambista

A camisa lançada pela Kappa em parceria com a Mocidade no dia do futebol virou febre em todos os cantos do país. Em todo lugar da cidade, tem alguém vestido com o manto verde e branco de Padre Miguel. E depois do grande sucesso, a parceria entre a Escola e a fornecedora de material esportivo italiana, inova mais uma vez e lança a camisa II da temporada deste carnaval 2025.

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A coleção traz com orgulho todos os elementos de um bom sambista. O tecido e os detalhes em dourado reforçam a mensagem de que o sambista perfeito está sempre bem trajado. As estrelas da campanha foram Bruna Santos e Diogo Jesus, Porta-Bandeira e Mestre-Sala da Escola, batizados de Casal Iluminado no mundo do samba.

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O diretor de marketing da Mocidade, Bryan Clem, reforça a importância da parceria e de mais uma ação pioneira no carnaval.

“A parceria com a Kappa foi um marco não só para a gente, mas para todo o carnaval. Associar a nossa cultura com uma marca global como essa só reforça o nosso peso. A repercussão da camisa I foi algo que mexe até hoje conosco. E agora, a gente vem com essa necessidade para coroar a temporada e ir para avenida com a classe que merecemos. Muito orgulhoso dessa parceria, explica Bryan.

Já o diretor da Kappa Brasil, Caio Campos, aproveitou para falar da emoção de vestir a Estrela Guia de Padre Miguel.

“É muito gratificante para Kappa poder estar presente com a Mocidade em nosso primeiro carnaval. A sensação é a mesma de estar estreiando em um grande campeonato de futebol. E nada melhor que lançar uma camisa tão linda para esse momento tão especial. Buscarmos criar para a comunidade, uma peça que uma elegância e tradição”.

A camisa já está disponível na boutique online da escola no endereço: https://www.boutiquemocidade.com.br/

O desfile

Primeira Escola a desfilar na terça-feira de Carnaval, a Mocidade Independente de Padre Miguel levará para a Sapucaí o enredo “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar”, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage (Em memória). A agremiação fará uma viagem intergaláctica, onde se reconecta com seu brilho mais intenso, o de uma estrela jovem, para questionar os próximos passos em um manifesto pelo futuro da humanidade.