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Série Barracões SP: Buscando voos maiores, Gaviões da Fiel mostrará o primeiro enredo afro de sua história

Em 2025 os Gaviões querem voar mais alto. No Carnaval 2024, a escola alvinegra conseguiu alcançar o Desfile das Campeãs após ficarem 12 anos de fora das cinco primeiras posições da tabela. Para isso, a ‘Torcida que Samba’ decidiu inovar e irá realizar algo inédito no seu próximo desfile: Mostrar ao público o seu primeiro enredo afro da história. Tendo um dos melhores sambas do carnaval paulistano, a agremiação do Bom Retiro começou com o pé direito para realizar tal feito. No YouTube, por exemplo, com o projeto do audiovisual da Liga-SP, tem o clipe mais visto, já ultrapassando as 180 mil visualizações. O barracão promete, e é isso que explicou os carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira. A dupla recebeu a equipe do CARNAVALESCO, falou sobre o enredo e mostrou o projeto do Carnaval 2025.

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Sendo a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, os Gaviões da Fiel tem como enredo: “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”.

Explicação do tema

A escola não irá para a pista com um desfile setorizado, mas Júlio Poloni explicou toda a viagem de Orunmilá pelo continente africano e encontro com as divindades. “Essa viagem, na verdade o nosso enredo, o tema central, são as máscaras africanas. E a gente aproveitou que essas máscaras têm muitos simbolismos, muitos significados, para explorar toda essa riqueza de argumentação que essas máscaras trazem. Qual o espírito mensageiro? A gente criou uma história em que o Orunmilá, que na religião do candomblé africano, é uma divindade que é detentora da sabedoria, das profecias, das mensagens. A gente utilizou Orunmilá como ele vindo para a terra com o objetivo de fazer uma caminhada pelo continente africano. Se a gente conhece Orunmilá falando por meio do jogo de Ifá, aqui ele vai falar por meio das máscaras. Ele vai parando de povoado em povoado e concedendo uma máscara. Ele cria essa máscara e concede a um determinado povo para levar um ensinamento. Em alguns momentos dessa história, Orunmilá se encontra com outras divindades: Nanã, no pântano em que ela habita, com Xangô, no palácio do governo do reino de Oyó, se encontra com Exu Aluvaiá em Luanda, capital de Angola, e se encontra, por fim, com Ewá. Quando ele se encontra com Ewá, vê nela toda a beleza e riqueza de caráter e diz que nela estão sintetizadas todas as mensagens que ele passou ao longo dessa caminhada”, explicou.

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Rayner contou que o tipo do tema foi um pedido da escola, além de buscar realizar de uma forma jamais vista no carnaval do Brasil. “É um enredo que era um pedido da escola. Por ser um enredo afro e por ser o primeiro da escola, a gente precisava que fosse um algo diferente, que já é uma característica nossa: Tentar fazer algo diferente para que o espetáculo do carnaval seja visto de uma forma mais complementar. A gente buscou nesse enredo falar de um afro onde nunca foi falado. Nem aqui e nem no Rio”, completou.

Pesquisa do enredo e primeiro enredo afro da história dos Gaviões

Júlio contou que no início eles tiveram dificuldades para montar o contexto do enredo sobre as máscaras africanas, mas conseguiram chegar a um denominador comum, levando a figura de Orunmilá caminhando para vários lugares e encontros. “A gente teve que viajar bastante juntos, porque nós queríamos muito falar das máscaras, e não sabíamos muito para onde ir. A gente teve certa dificuldade no início de encontrar algumas referências para pesquisar. Se as máscaras transmitem mensagens, elas comunicam valores morais. Depois nós fomos estudando, conhecemos mais profundamente a figura de Orunmilá, que é essa divindade detentora da sabedoria e das profecias das mensagens. A partir daí a gente vai mostrando as máscaras de cada povo, de cada comunidade, de cada país, de cada nação, de cada vertente linguística que tem na África. A gente foi apresentando, colocando um tempero também da ilusão, do fantasioso, do carnavalizado, que é colocar esses encontros, como se no caminho ele fosse encontrando outras divindades, também conectando os valores das máscaras aos valores dessas outras divindades que são amigos de Orunmilá nessa história”, disse.

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De acordo com o profissional, o uso de vídeos e documentários foram fundamentais para desenvolver o tema. “A gente também usou alguns vídeos de documentários de YouTube que a gente achou e inclusive alguns muito interessantes, onde a gente pegou bastante referência nesse estilo de caminhada que ele faz. Tudo isso foi muito agregador, para um final que a gente mesmo se surpreendeu quando foi finalizado. Na nossa reunião e quando foi apresentado para a diretoria também, eles falaram: ‘É isso, é um enredo afro para os Gaviões’. Acho que vocês acertaram’”, contou.

Barracão organizado e uma plástica diferente na avenida

Rayner Pereira enalteceu o profissionalismo que o barracão está concedendo. O artista também elogiou a equipe que trabalha com ele. “É um ano que foi tudo muito profissional. Desde o começo a gente escolheu as pessoas certas para fazer aquilo que sabia que daria conta de fazer. Nós pensamos na pessoa certa para fazer as fantasias, tirar do papel, fazer os pilotos. Se isso fosse concretizado para o final do desfile, nós temos o Evandro que é um ferreiro que era assistente também até o ano passado e esse ano ele toma chefia dessa parte de ferragem. É o cara que botou para andar as coisas mais rápidas. A gente tem o Arthur, que é um cara que estudou comigo na escolinha, que nunca tinha trabalhado em São Paulo, sempre trabalhou no Rio. Ele tomou conta dessa parte das esculturas. A gente tem o Márcio, que foi o cara que quando eu comecei a trabalhar no carnaval, já era um cara que estava há séculos trabalhando junto com o Sidney na Mocidade, tomando conta dessa parte de finalização de carro. Tudo isso foi muito correto desde o começo. Nessa formação de equipe para fazer o que a gente tem hoje”, exaltou.

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Completando, Pereira fala sobre as cores do afro e diz que as esculturas usadas serão totalmente diferentes do que é visto no carnaval, na busca de inovar e também ‘baratear’, sem perder a beleza. “A gente vai fazer um desfile colorido, utilizando bastante as cores que se reconhecem como mais africanas, que é o marrom e o laranja. O marrom como a gente costuma falar, ele serve muito de base para as cores que vão saltar dali. Essa é uma primeira característica. Outra que eu vou chamar a atenção aqui, as nossas esculturas são diferentes do que a gente está acostumado a ver no carnaval. Não são esculturas lisas, chapadas. São esculturas que simulam como se elas tivessem sido talhadas, assim como são feitas as máscaras. A pintura e o ato de esculpir é feito de uma forma diferente do que a gente está acostumado a ver no carnaval. Ele é mais parecido com o que a gente vê nas máscaras africanas. A gente não usa praticamente nada de pluma nas alas de animal, até porque querendo ou não, é um pouco mais caro e a gente sabe das condições do carnaval, mas a gente também buscou alternativas que poderiam dar certo e realmente conseguimos”, finalizou.

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Setor a setor

“Não é um enredo dividido em setores. Orunmilá desce na comissão de frente, pisa no chão e é recebido por Exu, que vai guiá-lo pela caminhada. Ele vem passando de povoado em povoado, sem uma separação de setores. Começa lá atrás, termina lá na frente, como a gente falou aqui, mas não é dividido em sessões no capítulo”, explicou Júlio Poloni.

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Ficha técnica
Quatro alegorias
Três tripés
2400 componentes
Diretor de barracão – Fábio Lima
Diretor de ateliê – Luiz Henrique

Série Barracões: Desfile da Unidos da Ponte traz sabedoria indígena como salvação do mundo moderno

A Unidos da Ponte passa por um momento delicado. A escola foi uma das que perderam quase toda a sua produção de fantasias para o Carnaval 2025 no incêndio que atingiu a fábrica Maximus Confecções, em Ramos, na Zona Norte do Rio, neste mês. Apesar disso, a agremiação não deixará de contar a história que preparou para o Sambódromo, que, por sinal, se relaciona muito com o ocorrido. O enredo “Antropoceno” propõe uma reflexão sobre as consequências das ações humanas, ou da falta delas, no mundo em que vivemos.
Em uma conversa com o CARNAVALESCO, os carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques explicaram melhor o significado de Antropoceno e falaram sobre o processo de desenvolver um enredo que conectasse esse conceito com o povo brasileiro.

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“O Antropoceno é um período geológico no qual o homem branco se apropria de terras alheias para explorá-las. Aqui me refiro ao colonizador, ao homem capitalista, que está no topo da pirâmide. Ele é o grande causador de problemas para o nosso planeta. A premissa do enredo parte desse conceito”, explica Rodrigo.

A escola de São João de Meriti tem o histórico de trazer enredos com narrativas relevantes, que provocam reflexões no telespectador e em quem assiste na plateia da Marquês de Sapucaí. Em 2025, isso não será diferente. A dupla de artistas revela a preferência por temáticas de importância social, pois considera relevante trazer à tona o que não é de conhecimento geral, mas deveria ser.

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“Temos um tema extremamente atual e necessário. A mensagem que será passada é que o povo precisa ver o mundo de forma diferente e encontrar outras formas de contribuir para que isso tudo não acabe. Pelo caminho que estamos seguindo hoje, a tendência é piorar. Sofremos com catástrofes, queimadas e enchentes por conta do que fazemos com a natureza. Moramos em prédios onde antes havia árvores, andamos em ruas construídas em áreas que foram desmatadas. As pessoas não pensam duas vezes antes de abrir a janela do carro e jogar lixo para fora. Depois, tudo isso retorna quando a água invade as casas, quando o fogo toma conta das matas. Destruindo a natureza, o homem destrói o lugar onde vive. Nossos filhos, netos e bisnetos sofrerão ainda mais se não mudarmos nossa mentalidade hoje. Daqui para a frente, podemos ter um desfecho extremo em relação a tudo. Mas e se nós mudarmos essa chave? Ainda dá tempo. Vamos mostrar como estávamos antigamente, como estamos agora e como podemos estar no futuro, sob os lados positivo e negativo”, diz Guilherme.

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“Muita gente pode interpretar nossa proposta como algo relacionado ao S.O.S. natureza ou como apenas mais um enredo sobre meio ambiente. Mas a questão é muito maior do que isso. Estamos saindo da caixinha que fala apenas sobre sustentabilidade para apresentar uma solução que não foi criada por mim nem por nenhum homem branco. Nossa alternativa é indígena, porque não foi o homem branco que descobriu o Brasil. Já havia povos que viviam aqui em plena harmonia com seus próprios aprendizados. Há mais de 500 anos, estamos indo na contramão desse processo. Não estamos resolvendo o problema com soluções brancas e capitalistas, estamos apenas adiando”, reitera Rodrigo.

Aproximação com o público

Apesar de ter muito embasamento teórico e histórico, Rodrigo não considera seu tema algo difícil de ser compreendido pela grande massa. Para ele, a melhor forma de fazer isso é comparando com situações do nosso cotidiano.

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“É uma responsabilidade muito grande tentar simplificar esse tema para as pessoas. Uma coisa é o ponto de vista acadêmico, outra coisa é o entendimento coletivo. Nossa tentativa é impactar a população por meio da identificação, explicando que o Antropoceno não é a revolta natural da natureza, mas sim o resultado da interferência humana ou, às vezes, da falta de interferência política em questões que deveriam ser resolvidas”.

“Podemos pegar o próprio exemplo de São João de Meriti. Aquela comunidade sofre muito com enchentes quando chove, perdendo casas e, em alguns casos, vidas. Ali se vive em clima de tensão. É extremamente importante falarmos sobre isso no Carnaval, pois, durante o curto período de exibição do desfile, essas questões ganham visibilidade na tela do mundo inteiro”, acrescenta Guilherme.

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Parceria de vida

Não é a primeira vez que Rodrigo e Guilherme trabalham juntos. Quem não conhece os rapazes pode achar que o contato deles é apenas profissional, mas, na verdade, eles já são amigos há mais de 10 anos, e essa amizade se intensificou por conta do Carnaval.

“Nós somos uma dupla na essência, desde quando começamos. Ele sabe como eu penso, eu sei como ele pensa. Às vezes, discutimos para achar um meio-termo em um projeto e sempre encontramos. O objetivo final é sempre o mesmo. Não há vaidade entre nós. Nunca nos gabamos porque um fez isso e o outro fez aquilo. Pelo contrário. Quando nossas obras saem na avenida, sabemos que nossa missão foi cumprida, e as pessoas ao nosso redor também sabem que eu e ele contribuímos juntos para aquilo. É encantador. A gente se diverte o ano todo fazendo Carnaval, e quando passamos na avenida, é o nosso momento de dever cumprido”, brada Guilherme.

Ressignificar para criar

Por conta de limitações financeiras ou logísticas, os artistas apostam na capacidade criativa para construir suas obras com recursos escassos, sem que elas percam a originalidade.

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“Este ano tínhamos o desafio de desenvolver um enredo indígena, por opção da escola, devido aos tipos de materiais que teríamos disponíveis para fazer a parte plástica. A partir disso, tanto eu quanto o Guilherme unimos o útil ao agradável ao definir o enredo. Muitos criticam o uso de reciclagem no Carnaval, mas essa é uma realidade de praticamente todas as escolas do Grupo de Acesso, não apenas as com menor poder aquisitivo. Inclusive, isso se alinha à nossa conscientização ambiental. Além do mais, quando se recicla algo, subentende-se que você está ressignificando aquilo, não é um ‘copia e cola’. Como profissional, acho que, às vezes, é até mais difícil do que criar do zero, pois envolve a missão de utilizar algo que já foi de alguém e colocá-lo na sua perspectiva. Assim como outras escolas, teremos algumas esculturas que serão ressignificadas nesse processo”.

Ressurgir em meio às cinzas

Do ponto de vista do carnaval, a única resposta que a dupla considera plausível para respeitar o trabalho das pessoas que deram duro para realizar o espetáculo, incluindo as vítimas e toda a comunidade Azul e Branca, é fazer o melhor que puderem na Avenida.
“Infelizmente, o dinheiro não compra o tempo. Por isso, nosso objetivo neste momento é minimizar os impactos em relação às fantasias, calcular o que temos em mãos e desfilar com isso. Mesmo assim, vamos conseguir fazer um Carnaval de bom nível. Desfilar hors concours não é desculpa para não darmos o nosso melhor”, afirma Rodrigo.

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“Este é um dos melhores trabalhos que já apresentamos durante todos esses anos. Optamos por fazer alegorias em módulos que irão se unir na avenida. O resultado final vai ficar muito bom e vamos impressionar, apesar das dificuldades. Certamente será um desfile emocionante, por tudo o que vem acontecendo nas últimas semanas. O público vai se identificar com a estética e entender a mensagem que será passada”, finaliza Guilherme.

Conheça o desfile da Unidos da Ponte

A Unidos da Ponte vem em 2025 com cerca de 1.600 componentes, 3 carros
alegóricos e 1 tripé na comissão de frente. Rodrigo Marques e Guilherme Diniz,
ao CARNAVALESCO, fizeram a setorização do desfile da escola.

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Setor 1: Trabalhamos com uma ordem cronológica, que fala de passado, presente e futuro. Nosso recorte é indígena e começa com as grandes navegações, pois estamos falando do Brasil. Quando os colonizadores chegaram, os povos originários perderam suas terras e sua população diminuiu em quantidade, por conta das perseguições e matanças. Apresentamos esse passado na figura do abre-alas, que faz referência a São João de Meriti, o nome ancestral da cidade. E navegando por esse território, mostramos como era essa harmonia pré-colonizador. No carro abre-alas mostramos como seria a proximidade entre Abya Yala e Meritiba, com muito verde, grandes esculturas e pinturas com uma estética diferente do que costumamos ver nas escolas de samba.

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Setor 2: Representa a ruptura pós-colonização das Américas, onde se inicia o período que conhecemos como antropoceno. Temos um país que, de certa forma, viveu tanto tempo sob uma lógica colonial e depois se tornou capitalista, gerando uma falsa sensação de progresso na sua plenitude. Hoje temos áreas populacionalmente adensadas, sem estruturas mínimas de tudo o que se possa imaginar, como a Baixada, onde houve a expansão do local em paralelo ao impacto negativo causado no meio-ambiente e nos moradores. Temos a segunda alegoria, que mostra toda a dramaticidade envolvida nesse processo. Isso seria o presente na nossa cronologia. Vamos demonstrar dessa maneira o
período que estamos vivendo”.

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Setor 3: Aqui apresentamos uma das soluções para esse problema, embasada no conhecimento indígena do Krenak, que diz em uma de suas obras que “o futuro é ancestral”. Trazemos uma reconexão com os saberes ancestrais indígenas em vários conceitos. Embora pareça um pouco clichê, entendemos a terra como algo que nos pertence, mas o homem branco a usa até o limite. “Ah, tem um pedacinho aqui? Vamos explorar”. Precisamos nos reconectar com os saberes dos indígenas, senão não teremos um futuro. No terceiro carro teremos uma figura emblemática que carrega, ironicamente, um
simbolismo em relação ao fogo, esse elemento que ao mesmo tempo que destrói, também reconstrói. E essa figura não foi inserida depois do incêndio, nós já iríamos usá-la por conta desse contexto indígena, mas agora também representa essa nossa história de superação. Esperamos que as pessoas entendam e se emocionem.

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Curiosidades: A palavra Meriti tem origem indígena. Vem do Tupi, e significa pé de Buriti. Assim como grande parte do Rio de Janeiro, o município de São João de Meriti tem uma certa ancestralidade que é pouco difundida no conhecimento popular, e para os carnavalescos, o Carnaval exerce o grande papel de trazer isso à tona.

Série Barracões: Beija-Flor leva para Sapucaí homenagem para Laíla contando história, sagrado e devoção ao carnaval

No segundo ano à frente da Beija-Flor de Nilópolis, o carnavalesco João Vitor Araújo recebeu do presidente Almir Reis uma missão sagrada: narrar na avenida a história de Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, um dos maiores ícones do carnaval brasileiro. Aceitando o desafio, o artista mergulhou na trajetória do homenageado através da oralidade, tecendo um enredo que celebra a negritude, a espiritualidade e o legado musical do sambista. Dez anos após sua estreia no Grupo Especial, João Vitor retorna ao tema com “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, uma ode à vida pessoal, espiritual e profissional do mito.

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João Vitor revela como a proposta inicial o surpreendeu: “Fiquei assustado com a responsabilidade. Como resumir a grandiosidade do Laíla em cinco setores? Ele é uma lenda, e eu não o conheci pessoalmente”. O caminho veio em um sonho: “Ele apareceu na Praça da Apoteose, sorrindo, com a camisa do título de 2018 da Beija-Flor. Foi como um sinal: ‘tem que ser feito por você’”.

Sem biografias escritas, o enredo nasceu de entrevistas com mais de 40 pessoas próximas ao homenageado. “Foi uma construção coletiva. Todo mundo queria contar algo, até histórias simples, como beber água com ele. Isso mostra seu impacto”, explica. A equipe, incluindo Bianca, Vivi e Guilherme, filtrou 150 tópicos para seis setores, em uma reunião emocionante com a família de Laíla.

A definição do nome do enredo foi um momento mágico: “Laíla adorava títulos longos, mas a logo pedia síntese. Ouvindo ‘Bahia de Todos os Deuses’, do Salgueiro, veio a ideia: ‘Laíla de Todos os Santos’ (referência à Bahia de Todos os Santos) e ‘Laíla de Todos os Sambas’. Três setores sobre fé, três sobre música”. A confirmação veio em uma reunião na escola: “Alguém olhou a proposta e disse: ‘Isso está foda’”.

Música clássica e o pé no chão

Uma descoberta surpreendeu o carnavalesco: o amor de Laíla por música erudita.
“Como um homem tão ‘bronco’ ouvia Bach no carro? Isso define o carnaval: o erudito e o popular se misturam”. O setor musical ganhou alegorias que contrastam notas clássicas com elementos da cultura popular, como o “pé sujo” onde Laíla almoçava. “É a essência dele: genialidade sem perder a simplicidade”.

João acredita que o enredo tocará o coração nilopolitano: “Além da homenagem ao Laíla, é a última apresentação do Neguinho como intérprete. O samba já é um hit, até os críticos cantam!”. Sobre o retorno do Cristo Redentor, símbolo do título de 1989, ele adianta: “Mantivemos a essência, mas atualizamos a mensagem para os dias de hoje”.

Após gabaritar o quesito Fantasias em 2024, o desafio é repetir o feito: “Queremos leveza, mas sem perder a grandiosidade. Ano passado, componentes ficaram horas sob o sol. Não dá para usar só biquíni, mas buscamos tecidos respiráveis e detalhes que funcionem de longe e de perto”. Sobre as alegorias, revela: “Desenhei cada uma invocando Laíla. Se algo estivesse errado, pedia para ele derrubar meu café nos rascunhos. Nada caiu!”.

O trunfo da escola, segundo João, está no início do desfile: “A frente terá uma cor incomum para a Beija-Flor. Visualizo a comunidade vibrando, o Neguinho emocionado… Quando o começo é apoteótico, o resto flui”. E finaliza, visionário: “Enquanto todos veem uma fantasia, eu enxergo 80. É assim que construo a magia”.

Conheça o desfile da Beija-Flor

A Beija-Flor de Nilópolis vai trazer para a Marquês de Sapucaí seis alegorias e dois tripés, com cerca de 3 mil e 200 componentes em procissão. Segundo o carnavalesco João Vitor Araújo, os setores são norteados pelo título do enredo, agrupados em duas divisões de três setores cada, focando no início da parte pessoal e espiritual de Laíla e os três últimos na sua relação com o carnaval.

“‘Laila de todos os santos, Laila de todos os sambas’. Três setores ligados à espiritualidade, ancestralidade, religiosidade, África como terra-mãe disso tudo. E os três últimos setores ligados ao Laila do carnaval, o sambista, o profissional, aquele cara que trouxe o status de rolo-compressor pra Beija-Flor de Nilópolis”.

Série Barracões: Acadêmicos de Niterói aposta em alegorias que interagem com o público em desfile sobre as tradições juninas

O ritmo quente do forró, o brilho das fogueiras e o colorido das bandeirolas vão tomar conta da Marquês de Sapucaí no desfile da Acadêmicos de Niterói, que leva para a avenida uma homenagem ao São João, uma das maiores festas populares do Brasil, celebrada com fervor no Nordeste. Com o enredo “Vixe Maria”, a agremiação promete transportar o público para o universo das festas juninas, exaltando a história e os santos padroeiros São João, Santo Antônio e São Pedro. O enredo também destaca as tradições culinárias, como a pamonha e o milho assado, e os elementos culturais que fazem do São João um espetáculo de cores, sons e devoção.

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Durante a pesquisa do enredo, o carnavalesco Tiago Martins comenta o que achou de mais interessante. “Eu venho de quadrilha, através da quadrilha que eu conheço o carnaval. Várias pessoas que eram da quadrilha, quando entrei comentavam muito sobre o carnaval, mas ninguém me trouxe para o Carnaval, eu peguei o trem vim sozinho, comecei a entrar nos barracões e pedir vaga. Quando chegou esse enredo para mim, que eu consigo dominar muito bem, mas também que eu tenho minhas dificuldades no sentido de tentar trazer uma plástica diferente do que já se passou na sapucaí. Nunca foi falado de um enredo sobre quadrilha, mas já teve enredos aonde tinha quadrilha, festa junina e geralmente as pessoas trazem muito aquela questão do tradicional”.

Procurando relacionar o tradicional com o contemporâneo trazendo referência de outros artistas do Nordeste que usa a quadrilha como um pano de fundo, que é um estilo de dança folclórica cultural no Brasil que misturada ao carnaval, reflete a identidade brasileira. O carnavalesco propõe mostrar a influência do São João na cultura brasileira e sua ligação com as raízes afro-indígenas.

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“Quando eu começo fazer a pesquisa, ela se torna mais gostosa ainda quando você começa a entender o caminho disso tudo, que começa através dos bares europeus, que aí através da família real chega ao Brasil e aqui sofre um processo de aglutinação, onde a gente vai entender o porquê que tem a questão dos indígenas, porquê que tem a cultura do povo negro”, destaca Tiago.

Sobre o processo de criação, o carnavalesco da escola declara como transforma tudo isso para não ficar uma mistura de estética. “Eu pensei em fazer algo mais jocoso, aonde eu trago as alas representando com as suas representatividade, mas não perdendo essa característica de festa junina, de quadrilha, onde você vai ver bandeirinha, onde você vai ver comida típica, onde você vai ver a beijoqueira, a fofoqueira, onde você vai ver o artesanato, aonde você vai ver a quadrilha, onde você vai ver o arraiá. É uma mistura onde você vai ver a parte religiosa também”.

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O grande trunfo do desfile da Niterói está no símbolo da fogueira, que tem uma forte representação no enredo. “A gente fala muito da questão da fogueira. É um símbolo religioso de lá de trás, um símbolo também dos povos pagãos de purificação. Eu fiquei pensando como que eu ia trazer essa fogueira, o abre-alas vai ter uma fogueira super diferente, que eu acredito que o público vai gostar muito”, afirma Martins.

A agremiação irá desfilar com três alegorias, contando com o abre-alas, e um elemento cenográfico da comissão de frente. Tiago diz sobre a dificuldade da série Ouro em relação às condições financeiras para o conjunto de alegorias. “Eu procurei fazer algo diferente, que às vezes é muito difícil de fazer por questões de condições. A situação financeira no grupo é muito complicada e a subvenção já caí muito em cima para a gente ter que resolver tudo em pouco tempo. Eu costumo falar que dinheiro compra tudo menos o tempo, que é o nosso maior inimigo nesse momento”.

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Para driblar as dificuldades, a Niterói irá apostar em movimentos e interação nos carros alegóricos. “Em vez de trazer uns carros só quadrados, com esculturas e tal, eu vou trazer pessoas em cima do carro, fazendo coreografia e trazendo esse entretenimento com o público, mexendo com o público, com a galera de casa mexendo com a galera da arquibancada, acho que vai ser muito bacana. É a primeira vez que eu estou fazendo essa questão das pessoas em cima do carro, mas é uma proposta que eu acho que vai dar muito certo”, destaca o carnavalesco.

Usando uma paleta de cores coloridas, porém mantendo o azul da escola, o artesanato, as palhas, as miçangas, a chita (um tecido com estampas de cores fortes), as tendas, etc, são os materiais utilizados para as alegorias e fantasias. Em relação aos componentes, há uma estimativa de 1.200 desfilantes.

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Conheça o desfile da escola

Setor 1: “A gente abre com a comissão de frente, que é um pau de arara, só que é um pau de arara totalmente diferente. A comissão é totalmente diferente, não vou dar muito spoiler, mas para vocês já terem uma ideia, esse pau de arara, ele vai se transformar e as pessoas vão começar a mostrar dentro da Sapucaí a saudade e trazendo as suas tradições, a sua cultura e mostrando um pouco mais ali do que do que o São João oferece. Depois a gente tem o Mestre-Sala e Porta-Bandeira, que é totalmente segredo e as pessoas vão entender depois. Eu tenho uma ala da quadrilha, a ala dos Povos Pagãos, Logo depois em seguida tem um abre ala, acho que é um grande arraial, mas vocês vão ver um arraial totalmente diferente, que é o arraial da Niterói”.

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Setor 2: “No segundo setor a gente começa a trazer, a contar um pouco da formação da quadrilha, do baile europeu, da corte francesa, da tradição da da tradição dos indígenas, da cultura do povo preto, o porquê que a sanfona foi introduzida, o porquê que a Zabumba foi introduzida. A gente traz as minhas baianas, elas trazem a questão do milho porque é uma comida muito usada, é um ingrediente muito usado nas comidas típicas e em seguida, a gente traz o segundo carro que a gente faz uma brincadeira, porque o nome do enredo é Vixe Maria. No segundo carro eu já trago as Marias quituteiras, Marias artesãs, porque para fazer essas roupas as pessoas acham que é da noite para o dia, mas não é, elas já estão bordando, elas estão com as miçangas, com as suas agulhas, com seu bordado.eu trago a questão dos quitutes, porque quem não gosta da pamonha, do bolo de milho, do bolo de fubá? E no carro tem essa brincadeira das meninas quituteiras que vão estar oferecendo bolo, pamonha, milho, maçã do amor, pipoca. Vocês vão ver tudo isso”.

Setor 3: “A gente entra no setor onde traz a questão dos Santos, mas eu procurei fazer o máximo de diferente, por exemplo, tem uma ala que representa as bandeirinhas e tem a história de São João, porque antigamente pendurava as bandeirinhas com as fotos de São João e depois eles jogavam no rio e aquela água era de purificação. Eu fiz meio que essa brincadeira para não se tornar uma romaria, e sim continuar com essa brincadeira. Tem a brincadeira do pau de sebo, tem a Maria quer casar, quem não quer casar? botar o Santo Antônio de cabeça para baixo. Logo depois eu trago o carro que são as Marias de fé, aonde vai ter a festa da igreja, onde vai ter um coreto com uma quadrilha dançando, onde vocês vão conseguir ver os santos, eu já trago os santos nesse carro, São João, São Pedro e Santo Antônio, e no final do carro, eu trago o Padre Cícero para poder abençoar nosso desfile e dê tudo certo”.

Campanha de combate ao assédio no carnaval é protagonizada por Viviane Araújo

Pelo terceiro ano consecutivo, a agência Nova assina a campanha de Carnaval da Secretaria da Mulher do Governo do Estado do Rio de Janeiro, desta vez protagonizada pela atriz, ritmista e rainha de bateria Viviane Araújo. Com conceito que vem evoluindo anualmente, a campanha priorizou, em 2023, informar ao público feminino sobre assédio. Em 2024, conscientizou o público masculino sobre o assunto. Agora, procura dialogar com toda a sociedade. Nesse sentido, para o Carnaval 2025, foi criada a assinatura “Aqui não é não. Respeite a decisão”.

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Foto: Divulgação

“Visualmente, o conceito é transmitido num bloco de rua, diverso e alegre. O bloco é liderado por Viviane Araújo, uma mulher forte e carismática. É ela quem dá o recado de que não podemos nos omitir. É preciso agir e denunciar qualquer forma de assédio”, afirma Virginia Lencastre, diretora da agência Nova no Rio.

Além da mensagem principal, todas as peças da campanha divulgam o aplicativo Rede Mulher e o telefone 190 como ferramentas para combater o assédio durante o Carnaval, sugerindo que a mulher que se sentir incomodada e qualquer pessoa que testemunhe um caso de assédio acesse o app ou ligue 190.

A campanha começa a ser veiculada em todo o estado do Rio de Janeiro no dia 26 de fevereiro e inclui filme para o digital, mídia digital, spot de rádio, ativações e material para OOH/ DOOH.

A assinatura “Aqui não é não. Respeite a decisão.” analisada em partes: ‘Aqui’ representa o espaço público. Aqui no bloco, no baile, na quadra da escola, na Sapucaí, no transporte público. Aqui no estado do Rio de Janeiro. Todos que dividem as ruas durante o Carnaval são responsáveis por combater o assédio.

‘Não é não’ é uma frase popular, um slogan de reconhecimento imediato. Todos sabem o que significa: se uma mulher responde negativamente a uma abordagem, é porque ela realmente não está interessada, por favor não insista. Ou, para usar uma expressão associada aos blocos de Carnaval (e que está presente em várias peças da campanha), pediu pra parar, parou.

‘Respeite a decisão’ é o call to action que conclui a assinatura da campanha. Basta agir com respeito para fazer do Carnaval a maior festa do mundo.

Unidos de Vila Isabel divulga data para entrega de fantasias de cinco alas

A Unidos de Vila Isabel anunciou o cronograma de entrega de fantasias para os componentes de cinco alas que desfilarão no Carnaval 2025. A retirada acontecerá nesta quinta-feira no barracão da escola, localizado na Cidade do Samba.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

Os integrantes das alas 11, 17, 19, 23 e 27 deverão comparecer entre 18h e 21h para a retirada. A apresentação de um documento de identificação com foto é obrigatória para a retirada dos trajes.

Última escola a cruzar a Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, a Vila Isabel levará para a avenida o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. Com um trem-fantasma desembarcando em um grande baile, a azul e branca promete transformar o medo em festa ao carnavalizar as assombrações do imaginário popular.

Serviço – Entrega de Fantasias
Local: Barracão da Vila Isabel – Cidade do Samba
Data e horário:
• 27/02 (sábado) – 18h às 21h → Alas 11, 17, 19, 23 e 27

Carnaval 2025: Riotur, Procon Carioca e Liesa divulgam o que Pode e o que Não Pode na Sapucaí

A Riotur, em parceria com a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor e a Liga Independente das Escolas de Sambado Rio de Janeiro (Liesa), divulgaram uma lista com orientações sobre o que pode e o que não pode ser levado para Sapucaí durante os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, entre os dias 28 de fevereiro e 4 de março. Fique atento a essas dicas para curtir o carnaval da forma mais segura.

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Foto: Léo Queiroz/Rio Carnaval

PODE
– Até duas garrafas de plástico de 500 ml com bebida (água, suco, refrigerante ou cerveja)
– Até dois itens de alimentos industrializados lacrados (500g cada)
– Frutas armazenadas em sacos plásticos com fechamento hermético (até 500g no total)
– Bolsa térmica de uso pessoal
– Capa de chuva

NÃO PODE
– Garrafas de vidro e latas
– Garrafas e copos térmicos
– Alimentos que não sejam industrializados
– Desodorante aerosol e perfume
– Guarda-chuva
– Bastão de selfie
– Isopores, bolsas térmicas e coolers
– Sacos de gelo e/ou gelo em gel
– Objetos cortantes (facas, canivetes e tesouras)
– Armas
– Fogos de artifícios e sinalizadores
– Animais domésticos

Atenção: só é permitido a entrada de menores de 16 anos devidamente acompanhados pelos pais ou responsáveis.

Os casos omissos serão resolvidos exclusivamente pela Coordenação de Controle e Segurança da Liesa.

Camarote Rio Praia na Sapucaí: Exaltação ao samba e experiência inesquecível no carnaval carioca

O Carnaval do Rio de Janeiro é um dos maiores espetáculos do mundo, e para quem busca uma experiênc⁷ia exclusiva, os camarotes da Marquês de Sapucaí são a melhor opção. Entre eles, o Camarote Rio Praia se destaca por sua sofisticação, atrações de alto nível com artistas do samba e uma visão privilegiada dos desfiles das escolas de samba. Com uma nova roupagem, a marca do Camarote retrata fielmente o Rio de Janeiro.

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“idealizamos trazer uma marca atualizada que tivesse a ver com o Rio Praia, porque é um nome muito forte. Quando a gente pensa em carnaval, quando a gente pensa em turista, a primeira coisa que eles vivenciam antes de vir para a Sapucaí, é o Rio de uma forma geral e a praia. quando a gente fala Praia, eu penso que em Copacabana. Meeting point do Rio Praia, há 7 anos é Copacabana. Por que não? Por que que a gente não traz as nuances do mar, da praia de Copacabana, do São Dadão, para dentro dessa logo para gente comunicar esse camarote”, disse Julia Rodrigues, Head de Marketing do camarote Rio Praia.

Com uma pegada mais carioca, a nova marca do Rio Praia reflete amor e paixão, uma identificação encontrada em uma conversa do marketing com os sócios, que têm esse amor e valorização pelo carnaval, sendo o principal atrativo do camarote.

“Nossa maior atração são as escolas de samba. É toda a arte propagada na Marquês de Sapucaí.Quando a gente se deparou para entender quais são esses shows, esses shows também são 100% samba. São os nossos maiores artistas, tanto da atualidade, quanto os mais experientes da música popular brasileira, que é o samba”, afirma Júlia.

Valorização aos artistas do samba

O diferencial dessa nova identidade é continuar levando os artistas do carnaval para essa comunicação, desde já renomados, até os que ainda estão crescendo nas redes sociais, sendo um lugar para aproximar o mercado das escolas de samba

“Trouxemos a Amanda Oliveira, que é uma das musas da comunidade da Portela, na verdade foi a primeira musa da comunidade da Portela para fazer a ativação de marca, a primeira campanha dela junto a Pandora, a primeira campanha dela da vida foi uma marca internacional. A gente entendeu o nosso lugar, nós somos um lugar que pode aproximação, nos colocamos como um subproduto das escolas, porque sem elas a gente não existiria, a gente não ia ter esse lugar de glamour, então esse novo reposicionamento é justamente para entender o lugar também que o camarote está na Marquês de Sapucaí, que ele nunca está acima ou à frente das escolas de samba. Nós somos parceiros aliados para fazer esse espetáculo maior ainda”, declara a Head de Marketing.

Parcerias

A Non Stop, uma das maiores agências de influenciadores da América Latina, foi chamada para agregar a esse trabalho de comunicação para fortalecer a marca, as pessoas entenderem essa nova roupagem, essa nova identidade, que é como se o camarote estivesse criando uma nova marca, praticamente.

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“É um novo reposicionamento do camarote e a marca veio para trazer grandes influenciadores que também nunca vivenciaram a experiência para poder chancelar essa marca para o público e a gente mostrar que o Rio Praia, ele está aqui de braços abertos para receber quem quer que seja, porque a gente entende que o carnaval é para todos, porém a gente também sabe que é uma cultura preta que a gente precisa valorizar, e o que a gente quer mostrar para esse público que quer estar na na Sapucaí, é o que o preto tem de melhor”, destaca Júlia Rodrigues.

Além da Non Stop, o Rio Praia iniciou o trabalho depois da identidade visual com a Pandora. A marca Pandora, que já está no carnaval do Rio de uma forma mais intimista, indo para o seu 4º ano, estava buscando um novo lugar para fazer o camarote da Pandora no carnaval.

“A gente acabou entendendo que tudo que a gente estava retratando como planejamento para trabalhar fazia sentido com o planejamento da marca Pandora, e através disso a gente identificou que a marca comunica para a grande América Latina. Lógico, ela ultrapassa essa barreira. A gente está falando de uma marca internacional, mas o foco da marca é muito a América Latina. E através disso, por que não também fazer com que o Rio Praia ultrapasse essa barreira junto com a marca?”, enfatiza Júlia.

Estrutura e Serviços

Localizado em uma posição estratégica na avenida, o Camarote Rio Praia está no setor 10, em frente ao segundo recuo da bateria e oferece uma vista panorâmica da Passarela do Samba. Com uma estrutura moderna e confortável, o espaço conta com lounges, áreas de descanso, há um serviço de open bar com drinks exclusivos e opções gastronômicas sofisticadas, garantindo que os foliões desfrutem de uma noite memorável.

De olho nos quesitos: Liesa não vai mais considerar ‘densidade cultural’ dos enredos

Algumas mudanças anunciadas pela Liesa nos critérios de julgamento a partir dos desfiles de 2025 prometem mudar consideravelmente a forma como Enredo e Samba-Enredo são apresentados nos desfiles. Visando tornar a diversidade dos temas ilimitada a entidade suprimiu o critério da densidade cultural da temática, algo muito subjetivo e que poderia trazer um engessamento.

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Foto: Dhavid Normando/Divulgação Rio Carnaval

Quanto aos sambas, as mudanças foram até mais significativas. A mais relevante delas é que agora as obras não precisam cobrir todo o enredo em suas letras. Critérios que já fizeram obras aclamadas pela crítica serem penalizadas pelos jurados.

Enredo: Pequenas supressões, mesmo conceito

No quesito Enredo, a estrutura de avaliação foi mantida, dividida entre concepção e realização, com os mesmos critérios de pontuação (de 4,5 a 5,0 pontos para cada subquesito). Contudo, houve uma supressão discreta no primeiro item de concepção: em 2024, mencionava-se explicitamente a “importância e densidade cultural” do tema, aspecto que foi retirado na versão de 2025.

A realização do enredo manteve-se inalterada, assim como as penalizações previstas para alterações na ordem do desfile, falta ou inclusão indevida de elementos previstos no livro Abre-Alas. Também continuam sem impacto na avaliação quesitos como a “brasilidade” do enredo e a presença de merchandising.

Samba-Enredo: maior valoração poética e novo critério

As mudanças mais significativas para 2025 estão no julgamento do Samba-Enredo. A estrutura segue dividida entre letra e melodia, com os mesmos pesos de avaliação, mas alguns critérios foram refinados.

Na letra, houve um acréscimo relevante: enquanto antes se destacava apenas a adequação do texto ao enredo, agora se reforça que o samba não precisa conter todos os elementos do desfile nem seguir sua ordem cronológica. Essa alteração reconhece o caráter artístico da obra e dá mais liberdade criativa aos compositores. Outro ponto novo é a ênfase na utilização de um “vocabulário próprio e adequado” para rimas, desencorajando o uso de expressões clichês apenas para completar versos.

Na melodia, os critérios permaneceram idênticos aos de 2024. No entanto, nas orientações do que não deve ser considerado, houve a inclusão de um novo ponto: o fato de os componentes estarem ou não cantando o samba-enredo em sua totalidade não deverá ser levado em conta pelo julgador. Essa decisão é relevante porque desobriga os jurados de penalizar uma escola caso o canto da comunidade não seja integral, privilegiando apenas a análise técnica do samba.

Impacto das mudanças no Carnaval 2025

As alterações, ainda que pontuais, podem influenciar as escolas de samba na construção de seus desfiles. No quesito Enredo, a retirada da menção à densidade cultural pode indicar um foco maior na coerência e na narrativa sequencial, ao invés de uma obrigatoriedade de conteúdo considerado “relevante”. No quesito Samba-Enredo, a flexibilização da relação com a cronologia do desfile e a maior preocupação com a qualidade poética podem gerar sambas mais criativos e menos engessados ao roteiro da Escola.

Com essas alterações, o Carnaval 2025 promete manter o equilíbrio entre tradição e inovação, proporcionando mais liberdade artística e refinamento técnico na avaliação dos desfiles.

Secretário da Cultura de Santos e folião, Rafael Leal comemora: ‘Nosso carnaval só tem a crescer’

Com o mais tradicional desfile de escolas de samba fora de uma capital no Brasil, o carnaval de Santos, mais uma vez, foi inesquecível em 2025. Com uma maneira bastante particular de abraçar a folia e as agremiações, o maior município da Baixada Santista também traz instituições de outras cidades para tornar as apresentações mais diversas, competitivas e maiores. Rafael Leal, secretario da Cultura da cidade, trouxe uma visão não apenas de quem é um folião inveterado; mas, também, de quem é peça-chave para a organização da festividade.

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Em entrevista ao CARNAVALESCO realizada na primeira noite de desfiles do carnaval da cidade de Santos, o gestor contou um pouco da rica história e de como é feita a organização da folia na cidade.

Visão e história

Ao ser perguntado sobre a resistência cultural que as escolas de samba de Santos representam, Rafael começou destacando as duas maiores campeãs do carnaval de Santos: “A cidade de Santos tem como característica, dentro das escolas de samba da região, uma ligação muito forte com o Rio de Janeiro. A gente tem as escolas de samba Brasil e X-9, por exemplo. A X-9, a Pioneira, está fazendo 81 anos esse ano. A Brasil, que é a Campeoníssima, já foi campeã em São Paulo, também. São escolas já antigas demais. Escolas tradicionais da nossa cidade, o que muito nos honra”, pontuou, aproveitando para citar o epíteto de cada uma delas.

Pouco depois, ele destacou a visão que o município possui em relação à folia: “A gente enxerga aqui na cidade de Santos o carnaval de forma. Quando a gente realiza o carnaval em Santos, a gente está ensinando para o Brasil inteiro a importância de ter essa manifestação cultural tão importante que é do nosso povo. Ela não sofreu influência de nenhum país do mundo: é a nossa cultura, é a nossa identidade. A gente realiza com muito orgulho e também fomentamos o carnaval na cidade de Santos. Quando a gente antecipou o carnaval e saímos do conflito e da confusão entre Rio de Janeiro e São Paulo, a gente proporcionou um intercâmbio cultural maravilhoso. Hoje, nós temos profissionais do Rio e de São Paulo trabalhando em Santos. A gente está vendo o nosso embaixador, o Neguinho da Beija-Flor aqui, dentre outros profissionais. E os nossos profissionais já estão trabalhando no Rio e em São Paulo, também. Esse intercâmbio está fazendo o nosso carnaval crescer”, afirmou, destacando a importância não apenas cultural, mas também em relação ao mercado profissional de cada um dos integrantes da festa.

Objetivo

Rafael também destacou qual é a meta da cidade em relação ao desfile das escolas de samba: “Eu não tenho pretensão de ser o segundo, o terceiro, o quarto carnaval do Brasil. Eu tenho pretensão de sempre fazermos o nosso melhor carnaval. Dessa forma, a gente vai trazer as pessoas para cá. O carnaval é metropolitano, também. Não é só o carnaval de Santos: têm escolas de São Vicente, de Cubatão, do Guarujá. O público que está prestigiando aqui é da Baixada Santista. mas vem de fora, também. Com o investimento, com o Neguinho e com esse intercâmbio cultural, nosso carnaval só tem a crescer”, comemorou.

Entidade fundamental

Cada cidade do país tem um modus operandi para agir com cada assunto relevante. Em Santos não é diferente. Se, assim como São Paulo e Rio de Janeiro (para ficar no exemplo das duas maiores cidades do Brasil e que também possuem os dois desfiles de escolas de samba mais conhecidos do pais), a cidade possui uma liga das escolas de samba, a Secretaria da Cultura da cidade (e não do Turismo, como nos municípios supracitados) é quem faz a ponte entre o poder público, a sociedade civil, investidores e escolas de samba – incluindo, aqui, a Liga Independente e Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess).

Quem explica a dinâmica é o próprio Rafael: “O papel da Secretaria de Cultura na realização do carnaval é de 100%. A gente que definiu a antecipação do desfile, a gente que montou essa estratégia de fazer esse carnaval crescer, a gente que chamou o Neguinho e trouxe ele para cá, para ser o nosso embaixador do carnaval. A gente investiu, a gente mudou a forma de pagamento – antes, as escolas recebiam um cachê, hoje a subvenção de todas é adiantada, com recursos antes do desfile. A gente aumentou o recurso das escolas, aumentou o investimento e a gente trouxe também a sociedade civil para dentro do carnaval, abrindo os camarotes”, comentou.

Uma curiosidade: tal qual Vitória (que também conta com cobertura do CARNAVALESCO), o carnaval de Santos também é realizado uma semana antes das datas oficiais no calendário. Tal prática acontece desde 2016, quando a cidade foi homenageada pela Acadêmicos do Grande Rio no Rio de Janeiro. Para que todos os foliões do município pudessem acompanhar e/ou participar do desfile, o poder público tomou a iniciativa – que trouxe uma série de benefícios não apenas para as escolas de samba, mas, também, para a população.

Rafael elenca alguns desses benefícios: “Além de anteciparmos as datas, também fizemos o lançamento do carnaval com grandes artistas. Já vieram Zeca Pagodinho, Péricles, Diogo Nogueira e uma série de artistas inaugurar a folia aqui. Ajudamos na aquisição de produtos, também… a gente montou a estratégia inteira. Eu diria que existe uma simbiose entre poder público e a Licess e as agremiações, mas com uma liderança e com um protagonismo da Secretaria de Cultura para pensar lá na frente e entender o carnaval de forma estratégica”, disse.

Pluralidade

Embora, é claro, o carnaval seja o mais importante para os leitores do CARNAVALESCO, é importante destacar que a cidade tem muito mais a oferecer: “Santos se caracteriza como uma cidade que gosta de fazer eventos de todas as vertentes. Nós temos o Santos Jazz Festival, que é um dos maiores eventos de jazz que o país tem. Santos tem o Festival de Teatro, evento desse gênero mais antigo do Brasil. Temos também o Santos Film Fest e o Curta Santos, que é um festival de cinema dos mais antigos do país, que acontece há mais de 20 anos. Temos uma orquestra sinfônica, temos quatro teatros municipais – aliás, poucas capitais têm quatro teatros municipais, nós temos aqui na cidade de Santos. A gente tem uma cena cultural muito ativa em Santos há tempos. Tivemos Charlie Brown Jr., vários atores, Plino Marcos, Gilberto Mendes. Tem uma série de artistas e de atores que são players da área cultural, que fazem parte desse circuito”, relembrou Rafael.

Falando especificamente sobre o as escolas de samba, o secretário fez questão de engrandecer a festa: “Eu diria, sim, que o carnaval é o maior evento cultural da cidade. Por ser nosso, por ser nossa essência, nossa raiz. Por não sofrer influência de país nenhum. Por não sofrer influência e não ser sufocado por nada. Por ser só nosso mesmo. Eu diria que carnaval é o que eu mais gosto de fazer. Nós temos o segundo maior réveillon em praias do país, que só perde de Copacabana em termos de pirotecnia, em número de pessoas na praia. Eu diria que a gente é muito valente”, comemorou.

Secretário e folião

Normalmente, quando perguntado sobre determinadas preferências pessoais, figuras relevantes se esquivam. Não é o caso de Rafael: “Eu não tenho medo de falar aqui: a minha escola de samba do coração é a Brasil, a Campeoníssima. Hoje ela está no Grupo de Acesso e passa por um momento muito difícil financeiramente, mas é a minha escola do coração. O meu pai, que me ensinou e mostrou o carnaval, era X-9 de coração. Porém, quis o destino que a primeira escola que eu desfilasse fosse a União Imperial, em 1994, quando ela homenageou os 100 anos do Grupo Tribuna. Eu sei cantar esse samba-enredo até hoje de cor! Eu tinha 14 anos, desfilei e fui campeão do carnaval. Comecei pé-quente!”, brincou.

Pouco depois, ele destacou que não é apenas em Santos que costuma acompanhar as escolas de samba: “Sou apaixonado por carnaval, desfilo no Rio de Janeiro há muitos anos. Faço parte da área cultural da Grande Rio, tenho grandes amigos lá, o Neguinho se tornou meu parceiro – e acho que, nesse ano, o título vai ficar em Nilópolis. Desfilei diversos anos na Mangueira e na Mocidade, meu pai sempre me levou para assistir as escolas de samba. Eu sou apaixonado por carnaval – não só pelos desfiles, mas pelas batalhas de confete, também. Santos tinha um carnaval de rua muito grande, mas seguimos muito vivos e representados por manifestações como Raparigas, Último Gole, Banho da Doroteia e outros”, finalizou.