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Barracões: Bateria da Estácio de Sá homenageia Franklin Roosevelt em desfile de 2019 com toque latino

O chapéu panamá é um acessório quase obrigatório a todo sambista. O que poucos sabem, entretanto, é que o acessório nunca foi fabricado no Panamá, mas na Colômbia. A alcunha ganhou notoriedade mundial quando o presidente americano, Franklin Roosevelt, ao visitar o Canal do Panamá posou com o chapéu e ele foi assim chamado.

Essa é uma das história que a Estácio de Sá abordará em seu desfile ‘A fé que emerge das águas’. A curiosa passagem estará retratada na fantasia da bateria Medalha de Ouro no segundo setor do desfile. Tarcísio Zanon, carnavalesco da agremiação, em entrevista concedida no barracão conta um pouco de como surgiu a ideia de desenvolver um enredo internacional com forte característica latina.

barracao estacio2019 1“Quando se fala em fá abre-se um leque de opções, emergindo das águas outro leque. Falamos do cristo negro que emergiu das águas no Porto Belo, Panamá. Essa imagem foi encontrada por pescadores e todo 21 de outubro tem uma romaria partindo da Cidade do Panamá até o Porto Belo. Existem alguns questionamentos sobre o enredo, mas acredito que esteja próximo de nós por se comunicar bem com o carioca. O meu link com o Brasil é a coincidência de nossa padroeira também ser negra e emergir das águas. Sempre enxergamos Jesus de uma forma renascentista. Os ocorridos que citei conferem representatividade ao nosso enredo. A Jessica Maia, ex-rainha do carnaval, foi quem sugeriu o enredo a mim. Ela morou 10 anos no Panamá. Em um primeiro momento não gostei, mas quando ela me contou essa história me apaixonei”, declara Zanon em entrevista ao CARNAVALESCO.

Além da fantasia da bateria, o projeto da Estácio chama a atenção pela opulência para uma agremiação da Série A. Sem entrar em detalhes, o carnavalesco aposta na comissão de frente para arrebatar a Sapucaí neste sábado de carnaval.

barracao estacio2019 2“Quando surgiu a ideia da comissão de frente fiquei encantado com o projeto. Nossa sinergia, minha da Ariadne, é muito boa. Sempre conseguimos alcançar um ótimo resultado. Com certeza é um trabalho que vai emocionar e arrebatar o público”, explica.

O Leão do São Carlos é apontado pela crítica especializada como uma das fortes candidatas ao título da Série A, ao lado de outras agremiações. Tarcísio não rechaça o favoritismo mas deixa claro que ele precisará ser comprovado na avenida.

barracao estacio2019 3“Eu acredito que o favoritismo é bom em alguns aspectos e ruim em outros. A posição de desfile é excelente e a comunidade está bastante motivada. Também vejo pela questão histórica da Estácio, que vem sim fazendo carnavais grandiosos nos últimos anos. As dificuldades são enormes. Na Série A há quase uma impossibilidade de fazer. Carnaval é na avenida, como sabemos”, destaca.

Embora seja considerada uma das favoritas, a Estácio não escapou da crise que praticamente inviabilizou o desfile da Lierj neste ano, como explica Tarcísio Zanon.

barracao estacio2019 4“A crise atrapalhou de uma forma muito pesado. Claro que a Estácio buscou se cercar de apoios. Esse foi até um dos motivos que nos fez lutar por esse enredo. Os atrasos relacionados à subvenção atrapalharam sensivelmente a construção do projeto. Todo ano ele é mexido, e esse ano a crise de matérias é muito forte. Isso compromete muito o trabalho dos carnavalescos até no Especial”, conclui.

Entenda o desfile

Contamos a história do Cristo Negro pelo olhar de um romeiro. Mostramos dessa forma uma nova cultura, como eu acredito que é um papel interessante do carnaval.

Setor 1: Saímos da Cidade do Panamá para chegar a Porto Belo. Dessa forma passamos pelas belezas naturais, a tradição das tribos. O Panamá é conhecido como abundante terras de borboletas e peixes e isso está retratado no nosso desfile.

barracao estacio2019 7Setor 2: Chegamos ao Canal do Panamá onde tivemos o boom econômico. Construído pelos franceses, foi explorado depois pelos EUA. O chapéu do Panamá na verdade é fabricado na Colômbia. Mas quando o presidente Franklin Roosevelt apareceu com o chapéu no Panamá acabou se difundindo como se fosse feito no país.

Setor 3: Chegamos às festas profanas e culturais do Panamá. A Diablada, o Festival das Flores, rei e rainha de Espanha.

Setor 4: A chegada a Porto Belo e o carnaval. A procissão do cristo negro se assemelha muito ao nosso carnaval. É entoada por tambores. Falamos sobre isso, trazendo o sincretismo colocando Obatalá. Amarro desta forma as duas culturas.

Barracões: Alegria da Zona Sul supera adversidades e prepara desfile para louvar a fé e a Umbanda

barracao alegria2019 1A Alegria da Zona Sul vai desfilar no Carnaval 2019 da Série A tendo superado diversos obstáculos. O primeiro e principal foi a ausência de um espaço para construir suas alegorias. Após o último carnaval algumas escolas perderam seus barracões na Zona Portuária e a agremiação foi uma das afetadas, não tendo para onde ir com suas alegorias. Há um mês do desfile, a Alegria começou a erguer suas alegorias e a estrutura física da sua nova moradia carnavalesca. O presidente da escola, Marcus Vinícius, ressaltou a garra na produção do desfile de 2019.

“Fizemos quatro alegorias e vamos vir melhor do que muitas escolas que não tiveram nem 10% de todos os problemas que passamos. Conseguimos com muito sacrifício fazer um carnaval digno”, disse.

barracao alegria2019 2Perguntado sobre o enredo para este ano “Saravá, Umbanda”, o presidente
da Alegria diz que a fé na religião foi um divisor de águas para encontrar forças
em erguer um desfile que ficará marcado na história da escola.

“O enredo foi primordial para escola, e também culturalmente falando vamos mostrar um pouco da nossa história, logicamente, a nossa fé é o que nos move. Nossos parceiros espirituais estão nos ajudando e interagindo para a gente poder fazer essa homenagem da melhor maneira possível, com muita dignidade, amor, carinho, sacrifício e consideração com a religião”, afirmou.

Na escola há 4 anos, o carnavalesco Marco Antônio Falleiros diz que a ideia inicial para o desfile de 2019 era falar de uma determinada entidade, e após estudar e consultar diversas pessoas sobre a religião o enredo foi trocado por algo que desse mais conteúdo e rendesse mais emoção na Sapucaí.

barracao alegria2019 6“Nós íamos fazer um enredo sobre a história dos Pretos Velhos, mas quando fomos pedir a licença para fazê-lo foi pedido para fazer um trabalho com mais história e informações. Foi sugerido falar sobre a religião, não só sobre a entidade e sim sobre a Umbanda em que o mais interessante da própria religião é ela ser totalmente brasileira, misturando o sincretismos religioso a história de todas as guias” declarou.

Entretanto, as dificuldades fizeram o carnavalesco repensar na hora de produzir o desfile de tamanha qualidade plástica e visual. A maior vontade foi mostrar que com os problemas passados a escola teve um novo olhar para por um desfile de ponta na avenida.

“Costumo brincar que este foi o carnaval do jeitinho. O barracão feito em quatro semanas. Foi um ano muito difícil e complicado, além da crise e de ficarmos sem barracão, nós tivemos pouco tempo para tudo sem contar que, saquearam quase todo nosso material do carnaval passado como madeiras, ferros, motores dos carros e pneus, mas conseguimos fazer o carnaval usando bastante criatividade. Apostei em nos materiais mais fáceis e que remetam a religião como renda, flores, palhas, esteiras e espelhos” disse Marco.

barracao alegria2019 4Marco Antônio comenta que sua aposta será no início da escola.

“Eu sempre aposto na cabeça do desfile como a comissão de frente e abre-alas, que é composto por imagens sacras e o nosso mentor o Preto Velho. É um carro bem interessante e terá a iluminação como fator principal do abre-alas”.

A Alegria da Zona Sul será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, na sexta-feira, levando o enredo sobre a história da religião Umbanda e fé de seus fiéis que nela exercitam o amor e caridade. Com dois mil componentes e quatro alegorias.

1° setor – ABRINDO NOSSOS TRABALHOS. (Abre-Alas: Congar, altar)

2° setor – CABOCLOS CURANDEIROS E PODER DAS ERVAS. (Carro: Caboclos e poder das ervas)

3° setor – A SORTE, A RUA E A MALANDRAGEM. (Carro: povo de rua, salve a Malandragem)

4° setor – 11º ANOS DE AMOR E CARIDADE. (Carro: Iemanjá, rainha do Mar)

Ficha técnica do barracão:
– Ferreiro: Pedro
– Marceneiro: Beto do Cavaco
– Escultores: Rema, Igor e Mineiro
– Pintura de arte: Rema e Igor
– Iluminação: Kibe
– Decoração: André e Cleberson
– Espelho: Anselmo

Apresentador da transmissão da Série A, Pedro Bassan diz que vai aliar competição, cultural e entretenimento

    O site CARNAVALESCO conversou o novo apresentador da TV Globo para os desfiles da Série A. O jornalista Pedro Bassan vai dividir o comando com a craque e experiente Mariana Gross. Confira abaixo o papo.

    Como é sair da reportagem e apresentar um desfile de escola de samba?

    “Na reportagem, desenvolvemos um outro tipo de trabalho, no qual precisamos pinçar e garimpar coisas interessantes que estão acontecendo lá embaixo. Na cabine, temos uma visão geral, mais completa do desfile, e precisamos de uma resistência física maior”.

    Alguma preparação especial para a voz?

    bassan gross“Sim, muita preparação para a voz. Da mesma maneira que os carnavalescos precisam ter cuidados com as alegorias, nós precisamos ter cuidado com a nossa voz, nossa principal alegoria. Nós, repórteres, já temos um acompanhamento permanente da uma fonoaudióloga. Há pelo menos 15 dias estou mergulhado nessa preparação, com exercícios para fazer antes e durante o desfile. Conseguimos, em alguns intervalos, fazer alguns exercícios para recuperar a voz. É preciso muita preparação e muito cuidado”. (Foto: João Cotta/TV Globo)

    Como surgiu seu interesse pelo desfile das escolas de samba?

    “Acho que foi na primeira vez que eu vi. Quando vejo aquele espetáculo maravilhoso, também tenho a centelha mágica que vejo nos olhos dos carnavalescos, das porta-bandeiras, dos ritmistas. Não existe nada igual. Lembro do Zico, quando foi homenageado pela Imperatriz e disse que não há nada no mundo que se compare a um desfile de escola de samba. Não tem nada igual a essa combinação da genialidade brasileira”.

    E como surgiu o convite para ancorar a Série A?

    “Nunca tinha me candidatado a esse posto e me senti muito honrado. Vou me esforçar para conduzir à altura da tarefa que me foi dada”.

    Como funcionou seu estudo das escolas e dos quesitos em julgamento? Sua ideia é trabalhar mais competição do desfile, o lado cultural ou o entretenimento?

    “Mergulhei de cabeça na Série A, não apenas visitando barracões para saber o vão trazer no desfile desse ano, mas nas escolas em si para entender a história de cada uma, a comunidade onde estão inseridas, o espírito de cada uma delas. É como viajar dentro do Rio de Janeiro. Uma viagem incrível, que estou adorando fazer. Tem sido uma realização imensa pra mim. O apresentador precisa trabalhar com três elementos simultaneamente: a competição, o lado cultural e o entretenimento”.

    O que espera da parceria com a Mariana Gross?

    “A parceria com ela já está sendo maravilhosa. Ela é queridíssima por todos, me recebeu com muita generosidade, com muitas dicas, dividindo comigo algumas coisas específicas e técnicas que eu precisava saber para narrar. Ter uma parceira tão talentosa e generosa como a Mariana é um presente para enfrentar esse desafio da primeira vez como narrador”.

    Entrevistão com Fernando Costa, o ‘pulmão’ da Unidos da Tijuca

    A evolução da Unidos da Tijuca como agremiação que deixou o posto de coadjuvante para o de protagonista nos desfiles de escola de samba não pode ser contada sem ouvir as palavras de Fernando Costa. Com 31 anos no Pavão do Borel, o dirigente é o personagem da série ‘Entrevistão’ e bateu um papo com a reportagem do CARNAVALESCO. Costa revela que não gosta de pensar no acidente ocorrido em 2017, questiona o resultado obtido em 2018 e assume o papel de homem de confiança do presidente Fernando Horta.

    Por que a Tijuca ficou fora dos últimos dois desfiles das campeãs? Que lição tiraram desses dois desfiles?

    tijuca ensaio quadra 2019 17“Não acho que houve um desaprender nosso. Em 2017 houve uma falha humana de engenharia e que acarretou aquele acidente. Não houve uma falha da escola. Um funcionário esqueceu de travar. Ano passado ao meu ver fizemos um desfile sem erros, ficamos por um décimo. Esse ano estamos com raiva. Nos aguardem. O horário de desfile não foi o que eu gostaria mas faremos um belo carnaval”.

    O presidente Fernando Horta te consultou sobre a chegada do Laíla?

    “Eu talvez tenha sido o primeiro a saber da ideia de trazer o Laíla. Eu achei ótimo. Se poderíamos ter o Pelé? Porque não? Está sendo um aprendizado para a gente e para ele também, pois a Tijuca é uma escola bem diferente da Beija-Flor. As adaptação dele tem sido muito boa com a gente”.

    Como tem sido a relação com ele?

    tijuca final2019 13“Aqui no barracão nem cruzamos muito. Ele vem sempre na parte da manhã e eu como tenho um outro trabalho chego sempre quando ele já está saindo. Nos cruzamos mais nas reuniões e na quadra e ensaios. Está fluindo, ele tem o jeito dele, ele tem o meu. Os nossos ensaios estão muito bons e temos uma expectativa muito boa”.

    É um orgulho ser chamado de ‘rolo compressor’ como a Beija-Flor?

    “Esses termos de ‘rolo compressor’ e afins eu sou meio contra isso. Existem todas as escolas que fazem um trabalho muito bom de harmonia e evolução. Nossa equipe foi formada a muitos anos, conhecem a escola. Ensaio técnico, ensaio de rua, é para você preparar a escola para o desfile. É lá que tudo acontece. Tudo que é falado antes eu particularmente não dou muita bola não”.

    O que você alteraria no julgamento de harmonia?

    “O julgamento da Lierj é subdividido oficialmente. Ano passado não fizemos os 30 pontos pois puniram o carro de som. O julgador eu não sei se tem algo contra o Tinga ou contra a escola. Esse ano eu vou saber (risos). Eu acho que quando engloba tudo a culpa cai para a harmonia. Às vezes não é o canto da escola em si. Talvez essa subdivisão seja melhor. Eu acho que de cima dá para julgar corretamente”.

    Como foi sua passagem pelo Salgueiro?

    tijuca temporeal final2019 3“Eu sou um profissional do carnaval mas quando fui para o Salgueiro foi com o aval do Horta. Eles já haviam me chamado duas vezes e eu achei que ainda não tinha condições de comandar. Na terceira vez que fui convidado conversei com o Fernando Horta. Trabalhei em 2007 e 2008 no Salgueiro. Eu fiquei até chateado na época, pois ele me liberou e eu pensava que ele fosse me segurar. Falei que só voltaria quando ele me chamasse de volta e isso aconteceu dois anos depois, e estou até hoje”.

    Como você conheceu o presidente Fernando Horta?

    “Entrei na Tijuca em 1988. Não tinha muito contato com ele na época. Éramos apenas conhecidos. Em 2000 eu estava no ensaio de bateria e ele me convidou para ser harmonia de ala no ano 2001. Depois desse carnaval ele me pediu para arrumar uma equipe de harmonia. A maioria está comigo até hoje, estreamos no desfile de 2002”.

    Você é o homem de confiança do Horta…

    “Sou funcionário dele, mas existe uma relação de confiança. Quando ele viaja eu cuido da loja dele. Eu sou uma pessoa confiável, quem me conhece sabe. Eu sou justo. Aqui dentro ele sabe que pode contar comigo. A relação ultrapassou a relação de funcionário”.

    O que você lembra do período mais difícil da Tijuca?

    “A gente quando começou eram 40, 50 pessoas nos ensaios. E sempre as mesmas. O que aprendi muito é prestar atenção nas pessoas. Saber lidar com os indivíduos, ir conhecendo cada cantinho da Tijuca. Não adianta você ser muito bom sozinho. É preciso liderar a equipe. Eu venho lá na frente. Se quiserem me sacanear eles vão fazer. Não adianta não saber lidar corretamente com a equipe”.

    Você ainda pensa no acidente de 2017?

    tijuca enredo2019“Não penso e nem quero. Já pensei muito. A lição é observar e fiscalizar mais de perto. Não confiar tanto. Havia uma relação de anos com essa empresa, e acabamos relaxando. Hoje em dia conversamos muito para não acontecer de novo. Na Tijuca não tem nada hidráulico”.

    Esse samba da Unidos da Tijuca está entre os melhores da história da escola?

    “Esse negócio de samba, você tem que ter um bom enredo e uma boa sinopse. Assim fica fácil. Não sou compositor mas convivo com os caras. Já teve ano aqui que não sei como fizeram samba em cima disso. Pedimos uma oração e eles atenderam. Eu coloco nosso samba de 2019 junto das grandes obras da discografia da Tijuca”.

    Imperatriz aposta em ‘estilo Paulo Barros’ para voltar nas campeãs

    Imperatriz ensaiotecnico 2019 41Fora do desfile das campeãs desde o Carnaval 2016 e sem a conquista de um campeonato há 18 carnavais, a Imperatriz romperá com seu estilo estético clássico este ano para tentar voltar aos seus dias de glória. A agremiação apostou na volta de Mário Monteiro e Kaká Monteiro para desenvolver o enredo ‘Me dá um dinheiro aí’. Em entrevista concedida ao site CARNAVALESCO, Mário admite uma estética diferente e que beberá na fonte do maior campeão do carnaval nos últimos anos, Paulo Barros.

    “Acho que a grande renovação de dez anos para cá foi o Paulo Barros. Aqui na Imperatriz vou aproveitar esse estilo e criatividade. Os componentes precisam ter participação efetiva no desfile. O Paulo é bastante ousado e chegar no seu nível é preciso muita prática”, confessa.

    Para abordar uma estética alinhada com o estilo do atual carnavalesco da Viradouro, a Imperatriz aposta na história do dinheiro e sua relação com a sociedade. Segundo Mário, a ideia surgiu no afã de criar uma temática que converse com a atualidade mas sem necessariamente ser desenvolvida de forma séria e pesada.

    barracao imperatriz 1“Quando o Luizinho me convidou para criar um enredo imaginei que deveria ser algo muito atual, ainda mais depois dos desfiles de Beija-Flor e Tuiuti. Em pesquisas vi o número de desempregados, dívidas crescendo, isso tudo tem algo em comum no seu cerne: o dinheiro. Dessa forma eu decidi desenvolver essa temática que é falar sobre o dinheiro e a relação das pessoas com ele. A gente vai fazer um carnaval, apesar de teoricamente ser algo pesado pelos problemas econômicos, leve e com espírito carioca. Aqui se faz piada até da própria desgraça. Vamos fazer tudo através de metáfora e ironia. Pedi aos compositores e eles atenderam a minha proposta de ser algo divertido. A Imperatriz é uma escola mais clássica e decidimos fazer algo diferente. Está dando resultado”, aponta.

    barracao imperatriz 2Para fazer um enredo que fale do dinheiro sem a necessidade de se tornar algo pesado, a Imperatriz criará uma espécie de caricatura da crise econômica e social que assola o país desde a segunda metade desta década, como explica Mário Monteiro.

    “Crítica bem-humorada vai ter, como são as charges nos jornais. É algo para rir, não teremos nada pesado, ou sério. O Jaguar diz que é melhor rir para não chorar. A abordagem política tem de estar presente, mas sem citar lado de um ou outro, é algo jocoso e engraçado. Achei a Beija-Flor muito realista ano passado, pegou pesado. O carnaval é para divertir”, opina.

    Em suas pesquisas para o desenvolvimento do tema, Mário Monteiro aponta a curiosidade com relação ao surgimento das cédulas de dinheiro, na China.

    Imperatriz ensaiotecnico 2019 12“Achei curioso o nascimento da primeira nota, algo bastante primitivo. As moedas já existiam e começaram a acabar e as pessoas não tinham troca para dar. Na China começaram a dar um vale, era um pedaço de papel. Daí também nasceu a ideia de criar um banco e dessa forma passar a armazenar o dinheiro para ser utilizado quando as pessoas necessitassem”, lembra.

    Mário Monteiro confessa que precisou adaptar o projeto depois de iniciado devido à crise financeira. O artista ressalta que a Imperatriz precisa voltar a frequentar as primeiras colocações para voltar a vencer.

    Imperatriz ensaiotecnico 2019 9“Tivemos de reinventar bastante. Tenho 60 anos de cenografia. Estamos usando bastante o processo cenográfico, sem materiais muito caros, com alegorias mais leves. É um carnaval diferente daqueles que eu mesmo já fiz. O artista tem de estar alinhado com a diretoria da escola desde o início do projeto. A Imperatriz precisa dar um ‘up’. Através desse enredo acho que estamos conseguindo isso. Carnaval acontece mesmo é na avenida. É preciso entusiasmar o público também, para mim é o grande protagonista do desfile. Se o público te aclamar você está perto do título”, admite.

    Conheça o desfile

    A Imperatriz vai passar na Marquês de Sapucaí com seis alegorias, dois tripés, 30 alas e 3.200 componentes. Conheça como se dará o desenvolvimento do enredo da agremiação.

    SETOR 1 – AS LENDAS
    Abrimos o nosso desfile representando 2 lendas importantes que se referem diretamente ao dinheiro: Robin Hood e A Lenda de Midas.

    SETOR 2 – A INVENÇÃO DO DINHEIRO
    As mais antigas moedas que se conhecem foram feitas no séc. VII no Reino da Lidia (Turquia atual). Feitas de liga de ouro e prata, conhecida na época como “eletro”. Cédulas não passam de pedaços de papel, mas são aceitas como dinheiro. O valor está no que elas representam. Os chineses foram os primeiros a lidar com o dinheiro na forma de documentos de papel.

    SETOR 3 – TERRA BRA$ILI$. O DINHEIRO DO BRASIL
    Imperatriz ensaiotecnico 2019 2A história do dinheiro no Brasil começou de forma insólita logo após o descobrimento, com um fato importante para o meio circulante brasileiro: o primeiro escambo. Ao desembarcar em terra, os portugueses, num gesto amistoso, lançaram à praia um barrete vermelho, uma carapuça e um sombreiro. Os índios, imediatamente, responderam lançando um cocar de penas e um cocar de contas. Nos períodos colonial e imperial até 1888, a economia brasileira sobrevivia através da exploração dos escravos trazidos da África e vendidos como mercadoria. Um dos períodos mais hediondos da nossa história.

    SETOR 4 – TEMPOS MODERNOS
    Hoje temos à disposição inúmeros meios de guardar e investir dinheiro: depósitos bancários, aplicações financeiras, cheques, cartões de crédito, caixas automáticos, previdência privada e etc.

    SETOR 5 – A RODA DA FORTUNA
    A roda da fortuna vai falar sobre pessoas de origem humilde que através do talento pessoal ou da sorte conseguiram crescer na vida com sucesso financeiro.

    SETOR 6 – O FOLCLORE E O DINHEIRO
    Neste setor abordaremos o Tio Patinhas, o cofre do porquinho e também o dinheiro na tele ficção.

    SETOR 7 – DINHEIRO E CARNAVAL DO FUTURO
    Em relação ao dinheiro podemos anunciar que o futuro já começou através das moedas virtuais. A mais famosa delas é o Bitcoin.

    Mestre Washington Paz comemora uma década no comando do ritmo da Inocentes de Belford Roxo

    Felipe Araújo 2Com dezesseis anos de agremiação, mestre Washington Paz completa 10 anos no comando do coração da “Cadência da Baixada” em 2019.  O êxito do trabalho vem de muita dedicação:

    “Confio no meu pessoal. Hoje trabalhamos com um efetivo de mais de 70% de ritmistas da casa. Esse é o segredo do sucesso”, avalia Washington.

    No ano em que o Sambódromo completa 35 anos de existência, Washington comemora o tempo de carreira dedicado à escola da Baixada Fluminense. E motivos para comemorar não faltam. No último carnaval, a bateria da agremiação alcançou a pontuação máxima e conquistou vários prêmios importantes no seu segmento.

    Ao longo dos anos a inovação tem sido uma grande aliada da bateria da Inocentes. O mestre tem um gosto eclético pela música e utiliza gêneros musicais inusitados como o hip hop e o charme no seu processo de criação, além de um estudo minucioso sobre o enredo.

    Além disso, Washington trouxe diferentes novidades para a bateria como bossas ousadas e coreografias em momentos específicos para os ritmistas. E é com esse desejo que o mestre pretende manter a nota máxima no quesito no desfile deste ano.

    Para brindar o público na sexta-feira de carnaval, o mestre preparou duas bossas, além de pedir aos seus ritmistas que se divirtam na hora do desfile. Mais uma surpresa para quem estiver na Sapucaí na próxima sexta, Washington Paz vai se caracterizar de um personagem muito popular.

    Mais sobre o artista

    Fruto das escolas mirins, Inocentes da Caprichosos, Corações Unidos do Ciep, Império do Futuro e Miúdos da Cabuçu, o eterno ritmista, como se define, Washington, aos 7 anos de idade, viu na música a oportunidade de escrever capítulos diferentes de muitos amigos da comunidade onde morava.

    credito felipe araujo 2De uma família de músicos, os primeiros passos foram na Caprichosos de Pilares, celeiro de muitos bambas como os mestres de bateria, Paulinho Botelho e Rodnei, além do Carlinhos de Pilares, Jackson e da nova geração de sambistas, os intérpretes, Thiago Brito e Zé Paulo Sierra. E tanta experiência no mundo do samba o levou ao comando da bateria da Caçulinha da Baixada em 2010 com mais dois mestres de bateria, Douglas Botelho e Jean de Pilares, a convite do Presidente Reginaldo Gomes.

    “A ousadia se tornou uma das minhas maiores características. Quando cheguei na Inocentes, até me tornar mestre levou algum tempo. Entendi e respeitei as características da bateria, mas fiz as mudanças que julguei necessárias. Hoje vejo que deu certo. Ali somos uma família”, ressalta o mestre.

    Prova dessa união foi a bossa que contagiou a Sapucaí no carnaval de 2018, que reproduziu sons de atabaques mas sem trazer esses instrumentos. Com uma tacada de mestre, transferiu para o surdo e repique mor o batuque africano.

    Contagem regressiva

    Na reta final para o carnaval, Washington Paz mostra que não veio a esse mundo à passeio.  Depois de alcançar a nota máxima em 2018 e quatro premiações, a bateria que vem ensaiando desde maio quer repetir a pontuação máxima.

    Querido por muitos mestres, o líder dos ritmistas de Belford Roxo vai emprestar o seu dom artístico para algumas escolas do Grupo Especial, Série A e também participará do carnaval da Intendente Magalhães.

    X-9 Paulistana anuncia que Arlindo Cruz não vai participar do desfile

    arlindo familiaEm um post publicado na noite desta quarta-feira a escola de samba X-9 Paulistana anunciou que o sambista Arlindo Cruz, homenageado no enredo de 2019, não participará do desfile na próxima sexta-feira.

    A escola informa que o sambista teve sua liberação dada pela equipe médica, mas que a família do cantor achou melhor suspender sua presença no desfile por medida de segurança.

    Segundo a X-9 Paulistana, um dos maiores motivos foi a questão da infraestrutura que deveria ser montada para a presença de Arlindo Cruz, como equipes médicas, carros especiais, seguranças e toda produção que o acompanharia. A chuva também seria um obstáculo.

    Carnaval Capixaba: Independente de Boa Vista é campeã do Grupo Especial

    boa vista toninho ribeiro 30A escola de samba Independente de Boa Vista, da cidade da Cariacica, conquistou o título de campeã do carnaval capixaba no Grupo Especial da Lieses. Este foi o quinto título da história da agremiação, que contou no Sambão do Povo a história da Polícia Rodoviária Federal, com o enredo ‘Entre rodovias e fronteiras… Honras e glórias. PRF – 90 anos dos Anjos do Asfalto’.

    A apuração foi emocionante e a grande campeã terminou apenas um décimo à frente da vice-campeã, Novo Império e da terceira colocada Mocidade Unida da Glória. As duas terminaram empatadas mas a azul e rosa conseguiu terminar à frente pelo critério de desempate. Punida com a perda de dois décimos, a MUG teria sido campeã se não fosse penalizada.

    A escola de Cariacica se popularizou nos últimos anos por saber unir a força de um samba-enredo juntamente com riqueza e luxo espalhados nos quesitos plásticos. Os destaques da escola ficaram por conta do excelente casal de mestre-sala e porta-bandeira Bruno Simpatia e Vanessa Benittez e da bateria furiosa que conseguiu criar convenções estratégicas que exaltavam trechos do samba.

    Barracões: Mocidade Alegre homenageia rio Amazonas através de lenda romântica

    Vice-campeã do carnaval de 2018, a Mocidade Alegre entra pra avenida em busca do 11° título. A carnavalesca Neide Lopes, que integra a comissão de carnaval, é uma das responsáveis pelo enredo: “Ayakamaé – As Águas Sagradas do Sol e da Lua”, uma homenagem ao Rio Amazonas.

    “É um tema que a gente trabalha a lenda do surgimento do rio Amazonas , toda a contribuição que ele tem pra Amazônia e todas as lendas, mitos, povos das florestas. Então ele é um grande vôo do rio, desde quando ele nasce até o momento dele desaguar quando encontra o mar. Nós rufamos os nossos tambores e tremulamos o pavilhão em homenagem a esse rio. A mocidade se torna não só a morada do samba, mas se torna também a morada das águas pra contemplar esse grande tesouro”.

    Neide Lopes revela que enredo é uma antiga lenda romântica indígena e afirma que escola está entrando no clima que o tema propõe.

    barracao morada2019 2“É uma história que a gente sempre ouviu, na escola sempre ouvíamos desse amor do sol com a lua. Em 1996 dois compositores do boi caprichoso fizeram uma toada que conta a lenda de forma mais romântica ainda. Quando a gente ouviu, aquilo nos deu muita inspiração, porém só se concretizou em 2005. Estávamos no Império de Casa Verde e aí teve uma grande seca no rio Amazonas, a gente viu o sofrimento do nosso povo e isso nos deixou muito tristes, então resolvemos escrever um enredo que falasse sobre a importância do rio. Colocamos no papel, mas em 2006 o Império fez um enredo patrocinado e acabou que o Ayakamé ficou pra depois. A gente chegou a apresentar na Grande Rio e em outras escola, mas sempre tinha aquela questão de ‘ah, vamos ver’, ‘é um enredo grandioso’, ‘tem um custo maior’, ‘é trabalhoso’. Pra esse ano, depois do enredo sobre Alcione, a Mocidade se interessou em fazer um enredo indígena. Na reunião a presidente Solange pediu uma ideia de tema que fala sobre alguma lenda indígena, depois eu resolvi falar sobre o enredo pronto, que há treze anos estava escrito, e a escola ficou encantada. Tá sendo muito bacana falar de uma cultura que é próxima do samba, porque não deixa de ter o batuque, essa importância do negro, e conseguir trazer isso pra comunidade tá sendo muito legal. As pessoas estão sentindo essa energia indígena da Amazônia, e eu fico muito emocionada”.

    A lenda contempla o amor do sol com a lua, sobre isso a carnavalesca Neide Lopes nos contou um ponto alto do desfile

    barracao morada2019 1“A gente foi ajustando o enredo pra ficar com a cara da Mocidade Alegre. Eu acho muito bacana ressaltar o primeiro setor, porque a gente fala do amor, e o último encerra esse grande amor dos astros. Então, no primeiro setor a lua vem separada do sol e no último eles se reencontram, e não da pra se ver de frente, é só na lateral, é para o público mesmo. A gente quer que o público se sinta dentro dessa história de amor”.

    Sobre desfile grandioso e suntuoso, Neide defende outra intenção.

    “Queremos mais que passar bem, a gente quer encantar, quer emocionar o público, vivenciar um momento alegre, feliz, que é o que a Mocidade Alegre é, uma escola de união, força, garra e simplesmente de alegria”.

    Carnavalesca é a única parintinense a assinar enredo no estado

    A importação de profissionais vindos de Parintins cresce a cada ano no carnaval de São Paulo, eles estão presentes em diversos barracões e ateliês. A Neide iniciou sua trajetória no festival dos dois bois, mas se engana quem acha que a carnavalesca começou agora.

    barracao morada2019 3“Sou de Parintins, estou nessa trajetória cultural há 28 anos. Nós começamos exatamente em Parintins, eu falo nós porque eu e o Carlos sempre estivemos juntos, além de meu esposo ele é artista plástico. Trabalhamos em várias festas regionais além do festival folclórico de Parintins, até que surgiu a oportunidade de vir pra São Paulo, isso em 1999. Chegando aqui começamos pela Nenê de Vila Matilde e depois conhecemos o Império de Casa Verde, na época no acesso. No ano de 2001 fizemos um trabalho paralelo entre Império e Tucuruvi. No ano seguinte no especial, o Seo Chico Ronda propôs um projeto ousado de dar uma cara pro Império porque até então a escola era muito nova, e o projeto era de fazer uma grande escola, com alegorias grandiosas. Com todo esse suporte, eu e o Carlos nos mudamos para São Paulo. O primeiro ano foi bem difícil porque quase caímos, no ano seguinte voltamos nas campeãs e em 2005 fomos campeões, 2006 bicampeão e em 2007 foi o nosso último desfile. Nesse ano em questão recebemos o convite de fazer o carnaval da Grande Rio, e ficamos dez anos trabalhando ali, Grande Rio, Salgueiro, Mangueira, Império Serrano, fizemos várias escola mas o Salgueiro era a qual ficávamos com mais exclusividade, onde fomos campeões em 2009. Em 2015 recebemos o convide do Mocidade Alegre para participar da comissão de carnaval na época com o Sidney França e permanecemos até hoje”.

    Neide explica o motivo que voltou para São Paulo e afirma que carnaval carioca precisa ser mais valorizado.

    barracao morada2019 7“Foi uma questão familiar, em 2015 nós já estávamos sentindo umas problemáticas do Rio, em termos de verba, logística, e isso já estava desandando, como se fosse um pré-crise, hoje isso se agravou bem mais. Se a pessoas não sentarem pra discutir acordos em prol do carnaval do Rio, o evento tem a perder muito. Eu que sou produtora cultural vejo falta de conscientização de alguns, inclusive de líderes governamentais. A cultura é um recurso de transformar vidas, e infelizmente isso não é vista pra alguns. A gente trabalha no carnaval o ano inteiro, e se colocar o ângulo do minimo para o máximo, vai perceber que atinge muitos setores, fornecedor de tecido, material, cola, isopor, de tudo, isso está empregando pessoas. Você sai do ambiente interno e vai para o externo, você tem a movimentação em hotéis, uber, alimentação, viagens, tudo que circula em prol do acontecimento. Isso não é só no período fevereiro/março, é o ano todo. O deslocamento que tem de profissionais de Parintins e a renda que tem lá, tem um grande intercâmbio econômico. As pessoas tem que entender a importância da cultura, e no Rio essa crise está mais agravada ainda”.

    Amazonense apaixonada pelas suas raízes, Neide comenta sobre diferença do festival de Parintins com o desfile de escola de samba e ressalta que a disputa dos bois serve de vitrine para os profissionais do norte.

    barracao morada2019 6“Em Parintins a cidade toda é preparada em prol da disputa dos dois bois.Você tem os bois de rua que arrasta mais de cinco mil pessoas, que é uma prévia da disputa. A cidade é construída em prol da festa e exporta vários talentos, mas existe uma dificuldade de fornecimento de material, e aí existe a vantagem do improviso, porque lá se usa os recursos que tem. Se tem uma escultura de cipó, é porque era o único recurso disponível e o mais barato. É importante frisar que lá se tem mais mãos de obra, então o processo de construção de Parintins é muito mais rápido que em São Paulo. Já o carnaval do Rio de Janeiro e o de São Paulo é pensado com bastante antecedência, e aqui nós temos também a farta diversidade de materiais, isso faz com que a gente consiga bater o olho e executar tal coisa, talvez um tecido, uma arte gráfica, até material de construção civil. Outra coisa também é a estrutura, o sambódromo de São Paulo tem uma ótima estrutura, diferente do Rio que se tem uma concentração e uma dispersão bastante problemática. Muita gente de Parintins vem trabalhar em São Paulo porque é um mercado de trabalho, e o festival de Parintins acaba sendo uma grande vitrine”.

    Conheça o desfile

    1° SETOR – Surgimento das águas através da lenda Ayakamaé

    barracao morada2019 4“Abrimos o carnaval com a lenda das águas, que conta desse amor impossível do sol e da lua de forma indígena. É uma lenda muito ancestral da Amazônia e que está registrado em várias etnias linguísticas, e que pra gente é contando de forma oral, nossos antepassados contavam muito. A lenda fala que a lua, enamorada do sol, e eles não puderem ficar juntos porque iria ocasionar um grande cataclisma na terra. Mesmo assim esse sentimento brotou e se entregaram ao amor, e nisso aconteceu um cataclisma na terra, e nisso parte da terra queimou, a água evaporou e Tupã, Deus criador, teve que intervir e separou os dois. Tupã então lançou os dois como astros, um dia para reger o dia e outro para reger a noite, os mistérios do mundo que nunca dorme. A lua então chorou por longas noites e as suas lágrimas caíram sobre as cordilheiras dos Andes, derretendo o gelo e fizeram com que nascessem as águas do rio. Para que ela parasse de chorar, Tupã prometeu em alguns momentos do dia ela poderia ver o seu amado de volta, mas eles não poderiam viver mais juntos na terra e sim alguns momentos fora dela, que são os eclipses, e com isso o rio nasceu. Nosso primeiro setor fala do surgimento do rio pela visão indígena, isso com o sambista em transe para que ele pudesse enxergar tudo isso”.

    2° SETOR – As águas da vida

    “No nosso segundo setor gente começa a falar das águas que nasce, se torna grande e de todas as vidas que foi destruída pelo cataclisma da lua. Então começa a vir os peixes, as lendas, os jacarés, a gente começa falar de momentos históricos e lendários que se remetem as águas, como os Manaós que são heróis encantados no fundo do encontro das águas do rio negro e solimões. A gente encerra esse setor com um grande santuário de vida, se retendo a grande diversidade da Amazônia, principalmente a fauna e a flora”

    3° SETOR – As águas da cura do verde coração

    barracao morada2019 5“Toda a consequência do cataclisma da lua com o sol acaba sendo lavada pelas águas do rio e o sol é curado. Então as plantas sagradas começa a nascer, e a gente começa a ver a mandioca, o guaraná, plantas sagradas que são remédios ou alimentos. A gente encerra o setor com um grande ritual de cura dos povo indigenas que fazem nas margens do rio, então são as águas que curam o verde coração. É o momento do nosso Ariê auê, onde todo mundo participa desse ritual de celebração em prol das águas”.

    4° SETOR – Água da fé dos caboclos da Amazônia

    “Então a gente continua navegando pelos rios através desse transe mágico e deslumbra a vida do cabloco Ribeirinho, que é um povo que se estabeleceu nas margens do rio, que pesca, que colhe, que trança os seus artesanatos que tem no rio a sua fé, eles fazem a romaria nas águas à São Pedro pescador, que é o grande padroeiro desse povo e dos navegantes. A gente encerra esse quarto setor com as águas sagradas do povo do Amazônia”.

    5° SETOR – Águas do eterno amor do Sol e Lua

    “A gente prepara o povo indígena pra deslumbrar o grande pôr do sol, o momento em que a luga encontra o sol e fortalece a certeza do amor que vive pra sempre. É o momento que o índio enxerga no horizonte os pássaros do pôr do sol anunciando que o entardecer vai chegar, e que o sol vi encontrar a lua. O sol vai descendo devagar como se ele fosse um grande mar, e os raios do sol adoram um grande rio, e é o momento em que a lua vai chegando com as penumbras da noite. Em instantes eles descobrem a certeza do amor, o rio segue para encontrar o mar. Nós da Mocidade Alegre rufamos os nossos tambores para homenagear esse rio que é um patrimônio mundial, não é só da Amazônia, ele acaba fertilizando um terço de todo continente sul-americano.

    Ficha técnica

    23 alas
    5 alegorias – abre alas acoplados
    2 elementos cenográficos
    3.000 componentes