O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, revelou no início da tarde desta sexta-feira que após reunião com o presidente da Liesa, Gabriel David, para acertar os últimos detalhes para o Carnaval 2025, o papo seguiu também para novidades na concessão do Sambódromo para Liga e indicou que haverá no Grupo Especial um critério de teto de gastos para todas agremiações.
“Reunião hoje pela manhã com o presidente da Liesa @gabriodavid fechando os últimos detalhes da incrível celebração que teremos no início de março na Sapucaí. Melhor ainda: vamos avançar na renovação da concessão do sambódromo para a Liga mas com um critério que vai permitir um jogo mais justo entre as escolas daqui pra frente. Vamos estabelecer um teto de gastos. A nova gestão da Liesa já conseguiu com boa administração garantir um valor considerável para todas escolas esse ano. Importante que o equilíbrio e as boas condições de preparação do carnaval sejam garantidos”.
Há um mantra repetido por muitos sambistas que é “tudo começa por um grande samba”. Seguindo essa receita, o Salgueiro está abrindo da melhor maneira os seus caminhos. Em mais uma noite de rua Maxwell com ótimo público, a vermelho e branco realizou um ensaio calcado em seu samba-enredo, que teve um rendimento irrepreensível durante todo o treino da escola, puxando o canto dos componentes e levantando o público presente. Igor Sorriso mostrou toda sua qualidade e entrosamento adquirido rapidamente com o carro de som da agremiação, elevando ainda mais o nível da obra escolhida para 2025.
No embalo do seu samba, os demais quesitos de chão passaram com entusiasmo e tranquilidade, num conjunto bem azeitado. O diretor de carnaval da agremiação, Wilsinho Alves, falou sobre o ensaio e a preparação do Salgueiro, que ensaiará na Conde de Bonfim no próximo domingo.
“Está muito perto, não gosto de falar que já está pronto, mas está muito perto do que a gente entende como ideal pro desfile, seja em canto, evolução, técnica de desfile, as marcações, está tudo caminhando perfeitamente pra gente. Tenho certeza de que se a gente repetir o que temos feito aqui na Maxwell na avenida, vamos conquistar os 40 pontos
em harmonia assim como ano passado. Domingo treinaremos na Conde de Bonfim, que ao passo que é uma pista maior, com um trajeto maior, ela também tem seus defeitos porque ela faz a curva, mas acho legal o Salgueiro ensaiar também na Conde de Bonfim, a principal via da Tijuca, o presidente gosta do ensaio, a comunidade gosta do ensaio, então vamos para lá domingo fazer uma grande festa”.
Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO
O Salgueiro será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, com o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”, do carnavalesco Jorge Silveira, estreante na agremiação.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A potência, entrosamento e qualidade notórias do casal estiveram presentes. Sidcley e Marcella possuem uma cumplicidade em cada movimento, uma sincronia que se comunica no olhar, uma sintonia fina que resulta no brilhantismo de suas apresentações, e neste ensaio não foi diferente. Marcella impressiona na precisão dos seus inúmeros giros em
sequência, nos sentidos horário e anti-horário, encaixados com um bailado de sutileza nos movimentos. Sidcley esbanja segurança, categoria e aderência aos passos da sua porta-bandeira, formando este casal que se acostumou à profusão de notas dez na última década e que segue no nível mais alto.
Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO
Harmonia
Uma escola feliz com seu samba, que canta com prazer cada verso. Excelente desempenho do canto da escola, com inúmeros momentos de explosão, não só nos dois refrãos mas também em trechos como “salve seu Zé, que alumia nosso morro”, mantendo a escola em uma só voz. Um ponto de atenção é para o primeiro setor do Salgueiro, que por ter em
sequência ala coreografada e ala das baianas, apresentou um canto menos visceral do que os demais setores da escola, porém nenhuma ala deixou de mostrar o samba na ponta da língua. Várias alas cantaram o samba com uma força absurda do início ao fim do ensaio, como uma ala formada apenas por mulheres no quarto setor.
“Está 98% pronto. Atenção, concentração para gente poder executar os 100% até o desfile, faltam pequenos ajustes. Trabalho está muito bem feito, Guilherme e Gustavo dispensam comentários, Alemão do Cavaco é um cara que eu já tinha uma amizade, trabalhando com ele percebo o quanto o cara é diferenciado. Fica muito mais fácil de fazer a condução do trabalho. Estou muito feliz, satisfeito, tenho certeza de que iremos seguir nesse ritmo e chegar na avenida 200%”, garantiu o intérprete Igor Sorriso.
Evolução
O Salgueiro mostrou uma evolução de muita animação, canto com sorriso no rosto e samba no pé, a escola deu tempo para as alas brincarem carnaval, sem correria e aceleração no andamento da escola. As alas conseguiram reunir organização e leveza, sem maior rigidez. A tradicional ala coreografada por Carlinhos Salgueiro veio atrás do casal de mestre-sala e porta-bandeira e abriu o primeiro setor com força e empolgação, além de uma coreografia bastante solta, dando o tom do que seria a passagem da escola neste ensaio.
Samba
A obra de Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Jassa, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira e W.Correa cresce a cada ensaio, e neste teve absoluto destaque, permeando um ensaio alegre. O samba não cai, não tem trechos truncados e se mantém fluido até o fim da apresentação. Além da
qualidade da composição, o encaixe entre carro de som e bateria contribui para o ótimo desempenho do samba. Igor Sorriso se mostra totalmente à vontade no Salgueiro e na condução da obra, que tem trechos de subida no tom como o refrão central, no qual Sorriso passeia com tranquilidade, bem auxiliado por seus parceiros no carro de som. Um conjunto muito bem azeitado pela vermelho e branco.
Outros Destaques
A bateria “Furiosa” comandada por Guilherme e Gustavo trouxe várias bossas e foi mais um ponto de apoio para o ótimo desempenho do samba-enredo. O ensaio foi recheado de musas como Flávia Alessandra e Thelma, que chamaram a atenção do público presente.
A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu na noite da última quinta-feira a temporada de ensaio de bateria do Grupo Especial no Setor 11 Sapucaí do Carnaval 2025. Além dos ritmistas, comandados pelo mestre Dudu, estiveram presentes as equipes do carro de som, sob liderança do intérprete Zé Paulo, harmonia e evolução, passistas, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, e alas selecionadas. O diretor de carnaval Mauro Amorim também compareceu.
“Nós temos um espaço bom em Padre Miguel para ensaiar, que é Guilherme Silveira, além da Vintém, que é um espaço bom também, em que é possível executar as manobras, saída e entrada de box. Mas aqui é o campo oficial”, disse o mestre Dudu ao CARNAVALESCO, antes de começar o aquecimento, a respeito da importância do ensaio no Sambódromo.
“Claro que a gente não tem aqui o som que a gente vai ter no dia do desfile, mas só de tocar fora de ambiente de quadra, a gente já consegue sentir um pouco mais de andamento, sonorização e afinação”, explicou Zé Paulo.
O resultado agradou o diretor de carnaval Mauro Amorim. “Hoje a gente conseguiu desempenhar bem: canto, volume bom de comunidade dentro das alas que a gente escolheu trazer, carro de som, bateria, passista, casal”, afirmou ele. “Isso aqui é muito importante para a gente fazer um bom trabalho no sábado”, disse, referindo-se ao ensaio técnico do dia 25, no Sambódromo.
Integrantes comentam sobre as expectativas para o desfile de 2025
Em 2025, a Mocidade apresenta o enredo “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar”, assinado por Renato e Márcia Lage (in memoriam). Zé Paulo acredita que pode se esperar um desfile atual, futurista e inovador, enquanto Dudu o caracterizou como uma proposta high-tech. Sob o aspecto musical, há grande expectativa para que o samba de 2025 repita o sucesso do carnaval passado.
“Claro que as pessoas ficam comparando com o caju (samba de 2024), mas acho que é uma comparação injusta. É uma outra proposta de enredo, uma outra proposta de samba. Esse de 2025 passa uma mensagem muito positiva de preservação, de atenção, de alerta. Como a gente vem destruindo as coisas. Fica esse alerta para que a gente comece a prestar atenção, porque senão vai acabar realmente. É a cara da Mocidade”, defendeu o intérprete da escola.
“Era um samba muito mais para cima e esse ano é um samba mais cadenciado, que faz chorar. É um samba emocionante. “Se você parar para analisar, ele fala de outros carnavais então quem é Independente de verdade, e até quem não é, vai se emocionar com o nosso desfile”, concordou o mestre de bateria.
O filho do mestre Coé e líder da “Não Existe Mais Quente” desde 2012 adiantou ainda detalhes do que vem preparando para esse ano. “Eu desenvolvi uma sequência de bossas para os jurados. Conversei com a harmonia, que pensa no samba como um todo. São várias nuances que eu botei para poder sustentar o samba. Tudo que eu faço aqui eu aprendi com os mestres, com os melhores. Mestre André, Mestre Jorjão, meu pai”, reverenciou Dudu.
O desfile da Mocidade em 2025 promete ser ainda mais especial por ser em homenagem para a carnavalesca Márcia Lage, que morreu no domingo passado, vítima de leucemia.
“A gente sente a saudade da presença física, mas ela está com a gente todos os dias. Nosso enredo fala de estrela, fala em voltar, retorno… Várias situações onde a gente vai ver a Márcia Lage na avenida e principalmente a gente vai sentir a presença da pessoa dela, que sempre foi uma mulher vibrante, alegre”, lembrou o diretor de carnaval Mauro Amorim.
“A gente agora tem essa obrigação também de fazer muito mais pela Márcia, para gente poder fazer um grande carnaval. Não só brindar à comunidade, que merece demais, mas também fazer isso por ela”, finalizou Zé Pedro.
A União de Maricá publicou uma nota, em suas redes sociais, na noite desta quinta-feira, repudiando a informação publicada no site do jornalista Léo Dias, que cita a presidente da Imperatriz, Cátia Drumond, como responsável por declarar em reunião plenária na Liesa que a escola União de Maricá seria beneficiada no resultado da Série Ouro em 2025 e que estaria assediando o carnavalesco Leandro Vieira, que faz jornada dupla nas duas agremiações. Veja abaixo o posicionamento da União de Maricá.
“A União de Maricá vem a público repudiar veementemente a informação veiculada pelo Portal LéoDias, que sugere a existência de um possível favorecimento para o nosso acesso no Carnaval 2025.
Desde a sua fundação, a União de Maricá sempre pautou sua trajetória pelo profissionalismo, ética e respeito ao maior espetáculo da Terra. Contamos com a dedicação de grandes profissionais e realizamos diariamente um trabalho sério e transparente, com o objetivo de entregar um desfile que corresponda às expectativas de nossos torcedores e do público em geral.
Reafirmamos o nosso compromisso com a justiça e a lisura no Carnaval, além do respeito a cada agremiação, em especial à Imperatriz Leopoldinense e ao Acadêmicos do Salgueiro, cujos profissionais, como o carnavalesco Leandro Vieira, o coreógrafo Patrick Carvalho e o diretor de carnaval Wilsinho Alves, também integram nossa equipe, contribuindo com seu talento e dedicação em jornada dupla para abrilhantar o nosso projeto.
Ressaltamos ainda que o nosso foco está voltado exclusivamente na preparação para o Carnaval 2025. Nenhuma conversa para renovação ou não de qualquer profissional se dará antes do desfile do dia 28 de fevereiro.
Seguiremos focados em nossa missão de exaltar a cultura popular e honrar nosso pavilhão, certos de que o reconhecimento será fruto do esforço coletivo e do talento de nossa comunidade”.
A direção da Imperatriz Leopoldinense publicou uma nota, em suas redes sociais, na noite desta quinta-feira, repudiando a informação publicada no site do jornalista Léo Dias, que cita a presidente da escola, Cátia Drumond, como responsável por declarar em reunião plenária na Liesa que a escola União de Maricá seria beneficiada no resultado da Série Ouro em 2025 e que estaria assediando o carnavalesco Leandro Vieira, que faz jornada dupla nas duas agremiações. Veja abaixo o posicionamento da Imperatriz.
“A Imperatriz Leopoldinense repudia veementemente as informações divulgadas pelo jornalista Leo Dias onde é atribuída à presidente Catia Drumond a insinuação sobre a existência de qualquer favorecimento de resultado.
A agremiação lamenta profundamente que, a menos de 40 dias do desfile oficial, acusações descabidas venham tumultuar a relação da instituição com as ligas organizadoras do Carnaval carioca e o seu ambiente ético e profissional.
A Imperatriz segue focada em manter o altíssimo nível de seus desfiles e declara ainda sua torcida pelo sucesso do carnavalesco Leandro Vieira, que integra nossa equipe e, em 2025, também a da co-irmã União de Maricá”.
Segundo o colunista Gabriel Vaquer, da Folha de São Paulo, a TV Globo fará plantão, durante a transmissão dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, para anunciar o resultado do Oscar 2025, maior prêmio do cinema mundial, que acontecerá no domingo de carnaval. A emissora não possui os direitos de transmissão da premiação, que será exibida no canal TNT e no streaming da Max.
O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” foi indicado a três categorias do Oscar 2025. A atriz Fernanda Torres foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz. A produção brasileira, por sua vez, foi indicada em duas categorias: Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro. O anúncio foi feito no final da manhã desta quinta-feira, em Los Angeles (EUA).
A Viradouro não tem medo de apostar no novo. Já tinha mostrado isso quando escolheu a “carta” para o carnaval de 2022. E reafirmou ao bancar o samba mais diferente do carnaval 2025. Esse é um dos muitos méritos da diretoria niteroiense – coragem para ousar.
A disputa tinha boas opções de sambas mais tradicionais, mas a obra de Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio André Filho, Vaguinho, Chanel, Igor Federal e Vitor Lajas se destacou antes mesmo de ir para a quadra pela sua pegada vibrante e letra forte. É como se fosse mais um “ponto” para Malunguinho: foge completamente aos padrões melódicos do samba-enredo clássico e traz um sopro de novidade ao gênero.
O enredo “Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos”, do carnavalesco Tarcísio Zanon com sinopse do enredista João Gustavo Melo, revela mais um personagem da história preta brasileira desconhecido do grande público. João Batista era líder do quilombo do Catucá em Pernambuco, onde viviam os “Malungos”. Bravo guerreiro, enfrentava não só os ricos fazendeiros como também as tropas imperiais com a ajuda da força das matas. Ainda em vida “Malunguinho” teria se aproximado dos indígenas e do culto à Jurema onde mais tarde se transformou em entidade muito cultuada. Há dezenas de pontos dedicados a ele. Os “três mundos” do título são a mata, a Jurema e a encruzilhada, uma vez que ele posteriormente se associa com o Exu-trunqueiro.
O samba começa pela maneira como a entidade é evocada nos cultos da Jurema, através da fumaça dos cachimbos, conforme a sinopse do enredo conta logo na segunda linha “De longe ouvi me chamar… A fumaça me trouxe até aqui!”: “Acenda tudo que for de acender / Deixa a fumaça entrar”. Logo depois faz a saudação da entidade nos rituais “Sobô Nirê Mafá, Sobô Nirê!”, que está na primeira linha do texto escrito por João Gustavo Melo. Samba e enredo iniciam literalmente lado a lado.
Então o próprio Malunguinho vai contando sua história com um trecho em que exalta sua coragem e valentia na luta contra os opressores. “Evoco, desperto nação coroada / Não temo o inimigo / Galopo na estrada / A noite é abrigo / Transbordo a revolta dos mais oprimidos”. Esse verso, “transbordo a revolta”, é um primor poético.
Malunguinho transita entre os três mundos do enredo. Na estrofe seguinte ele se assume caboclo e depois faz a correlação entre o cachimbo de hoje e o facão que usava antes. Aqui vale destacar outro verso, “Pavor contra a tirania”, tradução inspirada que reafirma a bravura da personagem. “Eu sou caboclo da mata do Catucá! / Eu sou pavor contra a tirania! / Das matas, o Encantado / Cachimbo já foi facão amolado / Salve a raiz do Juremá!”.
O primeiro refrão exalta a Jurema, fala dos seus poderes de cura, das bebidas feitas a partir de sua seiva e da importância dela para Malunguinho. É mais um trecho do samba em que os autores alternam versos que têm mais espaço entre as palavras com outros em que a melodia acelera, apertando a métrica. É um dos recursos estéticos que marcam a diferença melódica da obra. “Ê, juremeiro! Curandeiro, ó! / Vinho da erva sagrada / Eu viro num gole só Catiço sustenta o zeloso guardião / Trago a força da Jurema / Não mexe comigo, não!”
Depois de passar pela mata e pela Jurema Malunguinho chega à encruzilhada. “Entre a vida e a morte, encantarias/ Nas veredas da encruza, proteção / O estandarte da sorte é quem me guia / Alumia minha procissão”. Atemporal, ele está presente nas lutas de seu povo até hoje. “Do parlamento das tramas / Para os quilombos modernos / A quem do mal se proclama / Levo do céu pro inferno”.
Seu toque nos rituais é o mesmo de Xangô, o Alujá, só que acelerado. Por isso o samba fala em “Kaô”. “Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado / Kaô, consagrado!” A parte final da letra cita “Reis Malunguinho”, como ele é chamado nos seus pontos, e volta a João Batista, guerreiro que enquanto estava encarnado, era um bravo guerreiro. “Reis Malunguinho, encarnado, pernambucano mensageiro bravio / O rei da mata que mata quem mata o Brasil!”. Um trecho de melodia maravilhosa por ser sinuosa, escorregadia e forte, tudo ao mesmo tempo. Uma pancada.
E vem o refrão com todo jeito de ponto, usando muito o recurso das repetições numa velocidade em que elas não ficam repetitivas, mas reafirmativas. É pulsante, pujante e cita Exu Trunqueiro e o Catimbó. É diferente também porque não tem exatamente um encerramento. Como a repetição do último verso vem um grau abaixo da fala anterior ela deixa o ciclo aberto seja para o reinício do próprio refrão ou para a cabeça do samba. Mais um detalhe genial. “A chave do cativeiro / Virado no Exu Trunqueiro / Viradouro é Catimbó! / Viradouro é Catimbó! / Eu tenho corpo fechado / Fechado, tenho meu corpo / Porque nunca ando só / (Porque nunca ando só!).
A Viradouro tem um samba que conta com perfeição seu enredo. Vai além da descrição dos setores, capta a alma do homenageado. Uma alma de valentia, acima de tudo. Tem tudo para atender às necessidades do desfile quanto a harmonia e evolução. E tem tudo para “transbordar” a avenida: dificilmente será esquecido. Daqui a vinte anos algum jovem de hoje em dia lembrará dele com nostalgia. Porque além disso tudo esta obra tem o que de mais especial um samba-enredo pode ter: originalidade. É único.
Atual vice-campeã do Carnaval carioca, a Imperatriz Leopoldinense segue com força total na sua rotina de ensaios, visando o 10º campeonato de sua história. E a agenda do fim de semana da Rainha de Ramos será intensa, com três grandes ensaios consecutivos.
Na sexta, a escola realiza o seu tradicional ensaio de canto, com a presença de sua comunidade e segmentos, na quadra, em Ramos, Zona da Leopoldina do Rio, a partir das 20h.
Já no sábado, também com a presença de sua comunidade e segmentos, a verde, branco e dourado promete sacudir a Estrada Mirandela, em Nilópolis, para o “Encontro de Quilombos”, ao lado da coirmã, Beija-Flor, a partir das 18h.
E para fechar esse fim de semana com chave de ouro, no domingo, a Imperatriz retorna à Rua Euclides Faria, também em Ramos. A concentração é a partir das 16h.
Com o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON – Água fresca para o senhor de Ifón”, do carnavalesco Leandro Vieira, que conta a história da saga de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô, a Imperatriz Leopoldinense será a segunda escola a desfilar na noite de domingo de Carnaval, 02 de março.
SERVIÇOS:
Ensaio de quadra do G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense
Data: 24/01/25
Endereço: Rua Professor Lacé, 235- Ramos
Horário: a partir das 20h
Beija-Flor de Nilópolis convida Imperatriz para o “Encontro de Quilombos”
Data: 25/01/25
Endereço: Estrada Mirandela, Nilópolis
Horário: a partir das 18h
Ensaio de Rua do G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense
Data: 26/01/25
Endereço: Rua Euclides Faria, Ramos
Horário: a partir das 16h
Após cerca de sete anos afastado do carnaval, Luiz Claudio Ribeiro, filho de Laíla, retornará à Sapucaí com a missão de conduzir o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Claudinho e Selminha Sorriso, no desfile de 2025 – que terá seu pai como enredo. Luiz Claudio atuou na harmonia e evolução da Soberana de Nilópolis por quase 20 anos ao lado do mestre Laíla, com quem aprendeu tudo que sabe.
“Estamos trabalhando incansáveis para garantir os 40 pontos. Estar ao lado dessa dupla antológica será um prazer enorme, mas exercer esta função se torna ainda mais especial em um Carnaval onde o homenageado é meu pai – que também ocupa o lugar de ídolo”, afirmou.
“É uma alegria ter perto de nós esse querido amigo e filho do nosso mestre”, comemorou Selminha por meio das redes sociais.
“É uma alegria imensa ver o meu filho de volta na harmonia da escola, assim como meu marido fez por toda a vida. Será emocionante demais!”, conta Marli da Silva, viúva de Laíla.
Luiz Cláudio iniciou o trabalho na Avenida por volta de 2012 na Beija-Flor. Atuou como harmonia, passando por responsável pela comissão da comunidade e pela diretoria geral de harmonia, chegando à braço direito do pai, o diretor de Carnaval Laíla.
Segunda escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis levará para a Avenida o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, desenvolvido pelo carnavalesco João Vitor Araújo.
Um dos grandes clichês do mundo do futebol diz que estreias são sempre nervosas e com uma dose extra de desafio. Caso a situação também seja válida para o universo das escolas de samba, Guilherme Estevão terá uma dose redobrada de atenção. Após dois anos trabalhando em parceria com Annik Salmon, na Estação Primeira de Mangueira, ele passa a assinar como carnavalesco da União do Parque Acari. No primeiro desfile pela agremiação, ele assinará o enredo “Cordas de Prata: o Retrato Musical do Povo”, que será a segunda exibição no sábado de carnaval – 01 de março.
Em entrevista ao CARNAVALESCO no dia em que foram realizados os minidesfiles das agremiações da Série Ouro, na Cidade do Samba, o profissional falou muito sobre o trabalho na escola da Zona Norte – além de relembrar o que fez na tradicionalíssima verde e rosa.
Passado a limpo
A primeira vez que o nome de Guilherme Estevão apareceu como principal responsável pela parte artística e de enredo de um desfile se deu em 2019. Então na Independentes de Olaria, em parceria com Vinícius Nascimento, ele produziu a apresentação de “De canto em canto, te conto um conto”, que levou a agremiação a um surpreendente terceiro lugar na então Série D, suficiente para levar a estreante agremiação a um acesso.
No ano seguinte, ele se transferiu para a tradicionalíssima Império da Tijuca, já na então Série A – e desfilando no Sambódromo. Após uma sexta colocação em 2020, com “Quimeras de um eterno aprendiz”; e uma nona posição, com “Samba de Quilombo – A resistência pela raiz”, ele coroou a trajetória meteórica assinando com ninguém mais, ninguém menos que a Estação Primeira de Mangueira.
Após ficar em 2023 e 2024 na verde e rosa, ele preferiu destacar as qualidades da nova agremiação e exaltar a própria história: “Para mim, a sensação de voltar para a Série Ouro é um misto de sensações – e não deixa de ser uma reinvenção. É o processo de renascimento, de reinvenção. A Série Ouro tem um valor enorme, eu me orgulho de ter vindo da Intendente Magalhães e passado na Série Ouro antes de chegar ao Grupo Especial. Todo o processo, todo o carnaval é um momento de aprendizagem e de crescer como artista. E a União do Parque Acari é uma escola muito jovem – apesar de ser a união de duas escolas mais antigas, é uma escola de seis anos. É essa juventude do Parque Acari que me motiva a construir um trabalho, a criar uma identidade – e isso está sendo muito importante para a construção desse carnaval”, pontuou.
Carinho em primeiro lugar
Assumir uma escola do porte da Mangueira, obviamente, joga imensos holofotes em um profissional. E, como não poderia deixar de ser, Guilherme e Annik conviveram com elogios e críticas pelo trabalho desenvolvido pela dupla de carnavalescos.
Nada disso, porém, muda a excelente impressão que a única campeã do Grupo Especial em todas as décadas deixou em Guilherme: “A minha experiência na Mangueira é inesquecível. Fazer a maior escola de samba do planeta é algo que vai estar marcado na minha história para sempre. E, com certeza, eu cresci ainda mais dentro da Mangueira. É algo que eu vou levar para sempre com muito carinho. O Rosa da agremiação continua comigo aqui na Acari – mas, agora, com um pontinho de amarelo”, rememorou.
Para 2025
A chegada do carnavalesco à União do Parque Acari pegou muitos de surpresa. Ele aproveitou para falar sobre como foi o convite da agremiação e, também, contar como surgiu a ideia para criar a temática que será apresentada: “Logo que passou o carnaval de 2024, algumas escolas me procuraram – e a União do Parque Acari foi uma delas. Com eles, tive um papo muito gostoso justamente por ter essa motivação da escola de estar pelo segundo ano consecutivo na Sapucaí, de estar querendo promover coisas novas, inovar e construir uma identidade. Isso realmente me motivou muito a vir para cá. Esse enredo tem tudo a ver com a escola, porque o Parque Acari tem uma tradição musical de trazer elementos da música popular brasileira. O violão é algo que está muito presente no cotidiano do brasileiro e no cotidiano da comunidade do Acari. Foi um enredo muito bem aceito desde o início. É por isso que a comunidade está tão motivada: é algo que está no imaginário coletivo de todo mundo. Se Deus quiser, vai dar muito certo”, torceu.
Por fim, ele também comentou o que mudará na União a partir de 2025: “Vai ser uma União do Parque Acari maior, tanto no contingente de pessoas quanto visualmente. É uma Acari na qual estamos buscando fazer uma escola com um cuidado estético um pouquinho mais refinado. Mas, acima de tudo, é uma Acari que está cantando algo que gosta e que conhece. É por isso que é uma Acari mais pulsante. A gente vai misturar essa questão popular, essa questão musical – e, principalmente, a questão afetiva nesse misto da Acari para 2025”, finalizou.