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Série Barracões: Com águia ‘high-tech’ Portela quer reviver desfiles históricos ao amanhecer

A história registra. Se por um lado pode ser um tanto quanto penoso e cansativo encerrar um dia de desfiles no Sambódromo, por outro a Portela tem passagens e imagens inesquecíveis desfilando com os primeiros raios de sol. Quem se esquece da águia dourada de 2004 ou da comissão de frente com o céu cor de rosa em 1983? Encerrando os desfiles do domingo de carnaval em 2020 a Portela aposta em um escala de cores que fará despertar o público no Sambódromo.

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Quem conta é a carnavalesca Márcia Lage, responsável pelo projeto do enredo ‘Guajupiá, terra sem males’ ao lado de Renato Lage. Márcia recebeu a reportagem do CARNAVALESCO no barracão para questionamentos sobre o desfile da Portela. A artista falou sobre o desafio de encerrar uma noite de apresentações.

“Estamos usando cores pensadas para explodir à luz do dia. Elementos favoráveis à iluminação da manhã. A gente vai ‘acordar’ o público. A ideia é de dar esse despertar mesmo, por sermos a última a desfilar no domingo”, explica.

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É claro que todos se perguntam. E a águia? Ao contrário de muitos carnavalescos que passam pela Portela e fazem a águia por último e guardam o segredo a sete chaves, Márcia deu pequenos detalhes do que esperar do maior símbolo dos desfiles de escola de samba. A águia será high-tech, indígena e ocupará toda a extensão do primeiro acoplamento do abre-alas.

“Foi a primeira alegoria a ser desenhada por nós. Demos uma solução, achamos meio deja-vu. Aí criamos outra. A águia vem high-tech, mas com tecnologia tupiniquim, made índio do Brasil. O movimento tem um efeito muito bacana. A águia ocupa todo o primeiro acoplamento do nosso abre-alas”, adiantou.

De uma leitura, nasce um enredo

Em tempos de crise financeira, é hipocrisia recusar patrocínios que rendam bons enredos. Enquanto a Portela buscava um apoio para o seu desfile, que acabou não vindo, Márcia mergulhava na leitura do livro ‘Rio antes do Rio’, do jornalista Rafael Freitas. Ali nascia o enredo da Majestade do Samba pra o Carnaval 2020.

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“Estávamos aguardando um patrocínio para o Carnaval 2020. Eu tinha o livro do Rafael em casa e lendo percebi que dava um enredo. Apresentamos e a diretoria da escola adorou. Tudo vem acontecendo num crescente, o samba. Acho que o canto, a evolução do portelense, o peso da Portela, formam barba, cabelo e bigode. O mais legal que descobrimos foi o Guajupiá em si. Como tornar essa coisa idílica imaginada por eles em algo real, nos dias atuais, fugindo do lugar comum. Abusamos da linguagem mais linear e limpa. Grafismos e contrastes de cor limpos. Nossa mata não é o verde puro, é uma proximidade em tons cítricos. Mas o verde bandeira não tem. Linguagem completamente figurada”, adiantou.

Quando a Portela viveu seu jejum de títulos não foi apenas o aproximar de outras escolas no ranking de campeonatos que preocupava. Os grandes artistas da festa brilhava em outros pavilhões. Rosa Magalhães, Alexandre Louzada, Paulo Barros, Renato Lage. Todos eram sonhos inatingíveis. Esse tempo passou e todos esses artistas estiveram na escola nos últimos anos. Renato e Márcia fazem sua estreia em 2020. A carnavalesca cita o carinho da comunidade e revela que apesar das dificuldades a Portela vai disputar para ganhar o seu 23º campeonato.

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“Sentimos muito esse abraço do portelense. E é recíproco. Estamos felizes de estar aqui. O peso de estar na Portela não dá nem para mensurar. É uma responsabilidade imensa você ter a incumbência de colocar a Portela na avenida. Posso dizer que os presidentes de alas estão maravilhados. Disseram que foi a primeira vez que não teve briga para pegar os figurinos, pois todos gostaram. O boca a boca daquilo que já viram para nós já está nos deixando muito felizes. Quando virem tudo na avenida, eu acho que eles vão cantar muito esse samba. A tribo vem forte”, elogia.

‘Crítica tem que ser jocosa, não panfletária’

Em um período onde muitos enredos trarão mensagens políticas incisivas, Renato e Márcia buscam outro caminho, embora o enredo da Portela tenha também seu tom crítico, incluindo indireta para governantes na letra do samba. Márcia se posiciona sobre o conteúdo da crítica nos desfiles de escola de samba.

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“Eu acho que a crítica jocosa, o meme, aquele enredo que fizemos sobre a Fama no Salgueiro, válidos. O panfleto de forma direta, no meu ponto de vista, não gosto. São 70 minutos que você tem para mostrar a sua arte. Acho que o povo está um pouco saturado disso. Mas cada um no seu quadrado. Não acho que a escola de samba tenha que ser porta-voz de nada. Eu e Renato sempre colocamos a crítica, mas de uma forma mais carnavalizada”, disse.

Renato Lage é oriundo dos estúdios de TV. Márcia nasceu artisticamente na tradicional Escola de Belas Artes. Ela revela como o carnavalesco precisa pensar nos diferentes tipos de púbico que avaliam o desfile.

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“O público que vê na TV, por mais que tentemos tornar o que ele está vendo real, os filtros de luz fazem as cores se perder. Depende do que vai ser selecionado para mostrar. Isso foge da nossa alçada. Na avenida sim, trabalhamos o equilíbrio, dos dois lados de arquibancadas, frisas e camarotes. É um cortejo pela lateral. O conjunto de canto com o visual é um espetáculo delirante. O jurado é o mais difícil de atingir. Cabeça de jurado é complicado, não temos como saber como será a recepção daquilo que estamos preparando. Está tudo muito bem explicado e defendido”, garante.

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Entenda o Desfile

Setor 1 – “O Guajupiá. Esse universo idílico, o paraíso em si”.

Setor 2 – “Aldeia carioca, a natureza, presença de fauna e flora em carros e fantasias”.

Setor 3 – “Entramos na parte da okara, um pouco da reunião da moca, os hábitos, costumes, a forma de vida. Entram tons mais terrosos, os artefatos, a palha, cerâmica”.

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Setor 4 – “A iniciação, que é a festa do Cauim. Para todos os rituais, o cauim se fazia presente. Tem tudo ver com carnaval, eles eram grandes beberrões”.

Setor 5 – “No final uma crítica ao Rio, destruindo sua paisagem natural através do concreto. É uma parte mais concreta, mais dura. Os índios se tornam fantasmas, soterrados na concretagem urbana”.

Samba Didático: Jesus da Mangueira!

Por Victor Amancio

“Se sobrevivesse às estatísticas destinadas aos pobres que nascem em comunidades, chegaria aos 33 anos para morrer da mesma forma. Teria a morte incentivada pelas velhas ideias que ainda habitam os homens”. Com o enredo “A Verdade Vos Fará Livre”, o carnaval da Estação Primeira de Mangueira apresentará a biografia mais conhecida de toda humanidade buscando mostrar um contorno físico de Jesus Cristo diferente dos apresentados pela história. O carnavalesco Leandro Vieira debruça sobre a possibilidade de Cristo renascer no morro de Mangueira e abordará, além da diferença estética eurocêntrica, a luta contra a intolerância e a violência. O samba que passará na Sapucaí é uma obra dos compositores Luiz Carlos Máximo e Manu da Cuíca.

O site CARNAVALESCO dando continuidade à série de reportagens “Samba Didático” entrevistou Leandro Vieira para saber mais sobre os significados e as representações por trás dos versos e expressões presentes no samba da Estação Primeira para o carnaval de 2020.

‘Eu sou da Estação Primeira de Nazaré’

“Jesus Cristo passa toda sua infância, e boa parte dos seus ensinamentos são difundidos em Nazaré, então Estação Primeira de Nazaré de alguma forma rompe essa barreira do tempo e une a Estação Primeira de Mangueira a Nazaré”

‘Moleque Pelintra do Buraco Quente’

“Pelintra tem a ver com malandragem e o Buraco Quente é uma localidade do Morro da Mangueira. Este verso vem logo em seguida do verso que diz: “rosto negro, sangue índio, corpo de mulher”, o Jesus que a Mangueira vai levar para avenida pode apresentar essas três características e também ser um moleque malandro de uma localidade específica do morro, no caso, o Buraco Quente, local inclusive da fundação da Mangueira”, diz Leandro.

‘Procura por mim nas fileiras contra opressão’

“Este trecho faz referência aos homens e mulheres que lutam contra a opressão e Jesus foi um homem a favor do oprimidos. Quando a letra do samba sugere que ao olhar para as fileiras dos que lutam contra os opressores você vai encontrar a figura de Jesus Cristo pois os seus ensinamentos e os posicionamentos humanos dele se caracterizam por ele se colocar a favor dos menos favorecidos”.

‘Eu tô que tô de pendurado / em cordéis e corcovados /
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?’

“Cordéis são cordas e cordões, o nome literatura de cordel é porque é uma manifestação que fica penduradas em cordas, cordéis e cordões então isso tem a ver com a difusão e a disseminação da figura de Jesus Cristo penduradas em cordões como pingente. É muito comum, muita gente tem um crucifixo com a figura de Jesus. Corcovados é uma menção ao Morro do Corcovado que talvez seja o contorno estético mais popular da figura de Cristo no turismo carioca, que é a escultura dele de braços abertos no topo do Corcovado. Ele está pendurado em colares, cordões, cordéis e no morro do Corcovado. O último verso questiona se mesmo com o fato da figura de Cristo ser tão popular e difundida na sociedade as pessoas de fato entenderam o recado original de Jesus”, explica o carnavalesco.

‘Profetas da intolerância’

“Tem a ver com o fato de Jesus ter combatido a intolerância religiosa do seu tempo, combateu profetas do seu tempo e o samba traz essa ideia de que Jesus combateria novamente. Vivemos em um tempo onde a gente encontra uma série de profetas, ou seja, pessoas que falam em nome da religião mas que muitas vezes disseminam ideias intolerantes. Dentro da proposta artística da Mangueira acreditamos que Jesus não estaria a favor desse discurso”.

‘Favela, pega a visão / Não tem futuro sem partilha /Nem Messias de arma na mão’

“É Jesus que se coloca, ele fala com a linguagem atual. Pegar a visão é um termo popular, uma gíria do vocabulário periférico e ele se coloca como parte disso. Chama atenção da favela, é um “se liga” não tem futuro sem partilha e nesse momento falamos em partilhar, dividir. Messias nesse trecho é o salvador e também pode ser entendido como Messias, o tal Jair Messias Bolsonaro ou outros tantos que se apresentam de arma na mão. Fica óbvio que a partir do contorno messiânico que a eleição de 2018 deu a figura do atual presidente da república e o seu gesto mais famoso que é fazer arminha com as mãos traz com força essa interpretação. E nesse caso específico, ele é um homem que usa um versículo bíblico que é: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” que faz ligação direta com o título que escolhi para batizar o enredo. O samba tem esse diálogo com a cena  contemporânea com esses homens que dizem falar em nome de Cristo e agem de uma forma distante dos seus ensinamentos”, enfatiza Leandro.

‘Do céu deu para ouvir / O desabafo sincopado da cidade’

“Jesus do céu ouve o desabafo sincopado da cidade, que é o carnaval. O desabafo em síncope, o momento de alegria, uma válvula de escape e do céu ele escutou o carnaval enquanto uma manifestação que liberta”.

‘Quarei tambor da Cruz fiz esplendor’

“Quarar tambor é preparar o tambor. Da cruz fazer o esplendor, que eu particularmente acho lindo o trecho, a cruz que é um artigo ligado a dor vira o esplendor que é o artigo ligado a beleza da fantasia. Ele prepara o tambor e a cruz que é sinônimo de dor vira a beleza da sua fantasia e cai no samba com a Mangueira”.

‘Mangueira samba teu samba é uma reza / Pela força que ele tem
Mangueira vão te inventar mil pecados / Mas eu estou do seu lado / E do lado do samba também’

“O trecho dialoga com uma série de poetas da música popular brasileira porque Noel Rosa já tinha dito que o samba era uma reza, Vinícius de Moraes também e a Mangueira volta a afirmar que o samba é uma reza. O samba é em primeira pessoa e Jesus fala que se coloca a favor da Mangueira indo contra aos que dizem que os desfiles das escolas de samba é um lugar de pecado, antirreligioso, demoníaco. Jesus se coloca dentro do contexto popular e diz a Mangueira sambar pois o teu samba é uma reza”, encerra Leandro.

Dragões apresenta um dos melhores ensaios técnicos de 2020 no Anhembi e sonha com título inédito do Especial

Por Matheus Mattos. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP

O ensaio técnico da Dragões da Real já tinha começado antes mesmo da escola entrar na pista. A promessa da agremiação estar solta e preparada para brincar na avenida foi efetuada beirando a perfeição. O esquenta demonstrou tal força, onde cantaram hino, exaltação e samba de 2017, desfile que homenageou Asa Branca.

O clima leve também foi notado nos integrantes da comissão de frente, que dançaram em todo o esquenta. Antes do grito de guerra, o presidente Tomate relembrou momento que visitou hospital com crianças e pediu apenas alegria aos componentes.

“Tem gente que está no hospital e não consegue nem sorrir. Tem gente com problemas tão sérios, que na cama de hospital não conseguem nem tirar um sorriso do rosto. Mas eles tiram sorrisos sabe da onde? Da alma. E é essa mesma alma que a gente deixou no ensaio passado, e hoje não vai ser diferente. Agradeça por simplesmente poder sorrir”, finalizou.

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A escola trouxe dois tripés, um abrindo a escola escrito “Sorria” e outro fechando com “Alegria”. Ambos contavam com grandes emojis nas laterais. No resumo da obra, pôde-se notar uma escola com clima de desfile, perfeição em quase todos os quesitos, comunidade solta e irreverente. Com a exibição, a escola promete resultados grandiosos.

O presidente Tomate conversou com o site CARNAVALESCO sobre análise do último treino.

“A gente sabia que ia ser difícil superar o primeiro. Já tinha falado que intenção era brincar, claro que com responsabilidade. Com calma vou ter uma análise técnica, mas pela interação da arquibancada, do público, eu creio que foi um ensaio maravilhoso”.

Evolução

O quesito foi um dos pequenos pontos negativos no primeiro técnico. Com a última exibição, a escola demonstrou correção rápida e eficaz. Atrás da comissão, veio uma ala coreografada numerosa, com bastante informações e coreografias arriscadas. Um destaque positivo é a movimentação das alas durante a execução do segundo refrão. A ala da frente se move para a direita, enquanto a seguinte ao sentido contrário, e o ato é visto em toda a escola. Algo que traz um efeito visual muito atrativo. A entrada da bateria no recuo foi efetuado de forma eficaz. O estilo de desfile dos Dragões segue a característica mais compacta, e isso faz com que a invasão de alas se torne preocupante.

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Mas o que foi notado também, é a atenção dos harmonias com a organização, Principalmente, os chefes de alas que desfilam guiando na frente. Na falta de um Integrante da harmonia, os próprios componentes tentavam se corrigir, e isso sem parar de cantar, uma simples comunicação de gestos. Outra questão também a ser destacada foi a apresentação de diferentes adereços, cada uma tinha um detalhe diferente, chapéu, óculos, peruca, adereços de mãos, uma extensa variedade. O trajeto foi muito tranquilo, eles optaram por um andar mais cadenciado, proporção causada pela compactação. A escola fechou o ensaio com 59 minutos.

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Comissão de frente

Assim como os demais quesitos, a comissão de frente fez uma exibição com clima e qualidade de desfile oficial, principalmente pelo elemento cenográfico. O tripé estava todo embalado, o que dava noção de ser o oficial, mas notou-se algumas pistas. Ele contém rodas e a estrutura de um caminhão, porém com escadas e um trecho aberto nas laterais. O que mais cativa na apresentação é a preocupação da interação com a plateia. Grande parte dos movimentos são direcionados ao público, quando não, três componentes localizados acima do elemento cenográfico, pedem palmas e vibrações. A coreografia tem muitos detalhes, passos de sincronismo e movimentos acrobáticos. Toda a comissão voltou pra avenida e encerrou o treino junto à toda comunidade.

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“Foi um avanço muito grande. No primeiro a gente sentiu que precisava fazer alguns ajustes, e mudei pra hoje. Estamos chegando no ideal, lógico que falta alguma coisinha, mas de restou foi muito boa. A gente conseguiu conversar com o público, que era a minha principal missão”, disse o coreógrafo Ricardo Negreiros.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Vestidos com a tradicional vestimenta de um casal em dia de ensaio, a dupla oficial Rubens de Castro e Evelyn Silva trouxe um bailado com uma maior valorização dos passos, principalmente do cortejo. O casal tomou muito cuidado com as pausas no passos, que inclusive está inserido no critério de julgamento. Observado em frente à torre 04, eles apresentaram o pavilhão da forma devida e bailaram, com toques de criatividade que seguem a letra do samba. Assim como a comissão de frente, o casal também voltou.

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“Proposta feita, proposta realizada. Transmitir alegria é a nossa proposta, e executamos isso com muita felicidade”, contou Rubens.

“Foi um ensaio incrível, assim como o primeiro. A Dragões fez um ensaio perfeito e com uma ótima evolução. Eu estou muito feliz”, complementou Evelyn.

Harmonia

A força do canto foi notad com muita garra, porém impressão forte só foi percebida quando a bateria ainda passava ao setor B, onde realizaram o primeiro apagão. A retomada animou os componentes e evoluiu o som emitido pelas vozes. O trecho do refrão de cabeça e o “Vem comigo gargalhar” são os que são mais cantados com segurança. Analisando exclusivamente o volume, quantidade de componentes que cantavam o samba e animação, a ala “Amigos da Vila” se destacaram.

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“A leveza da nossa comunidade está cada vez melhor. A comunidade clamava pra vir mais solta, mais alegre, e a gente conseguiu isso. O samba pede muito isso, contagia o componente e isso se reflete na pista”, revelou Marcio Santana, Diretor de Carnaval.

Bateria

A batucada não economizou nas bossas. Durante a passagem ao primeiro jurado, o mestre realizou apenas um arranjo que cumpria os 16 compassos exigidos no regulamento. Na monumental, executou todo repertório para 2020. É importante destacar que, dentro do box de recuo, toda a bateria se volta pro jurado, seguido de também todo repertório. Mesmo após fechar os portões, a bateria ainda permaneceu tocando e executando variações e paradinhas.

Samba-enredo

A ala musical também foi um grande destaque. A começar pela postura do time de cordas. Em muitos trechos as cordas desenham, solam, fazem arranjos, ato que fortalece o samba. Por exemplo, no falso refrão da última estrofe “afaste a dor, vista sua fantasia”, as cordas tem solos que combinam com a letra. Até mesmo a palhetada do cavaquinista se altera, mais especificamente na retomada da segunda estrofe, onde eles tem uma atrasada proposital. Arranjo bem pensado. O time de cantores não fica pra trás. Com apenas três vozes, eles seguraram afinação de forma bastante coerente. Além de voz principal, o intérprete Renê Sobral também abria vozes e realizava variações vocais.

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“Esse ensaio foi bem melhor que o primeiro em termos de evolução. Hoje no sentido do canto, a escola tá pronta. Se botar a fantasia e ir. Sobre os arranjos, o pessoal das cordas vão fazendo conforme a bateria. A gente coloca muita coisa e com o tempo vamos limpando. 90% que apresentamos no ensaio vai pra pista”, garantiu o intérprete.

Outros destaques

Um destaque muito positivo, e que resume o ponto de com organização cuidadosa, são as faixas em todas as torres de jurados. Diferentes frases motivacionais foram espelhadas, como; sorria, cante, se divirta, entre outras.

Outra questão que merece destaque está no último setor. A Dragões da Real trouxe duas piscinas de bolinha é um brinquedo pula-pula, e com crianças interagindo com as brincadeiras.

Comissão de frente e harmonia se destacam em segundo ensaio técnico da X-9 Paulistana no Anhembi

Por Gustavo Lima. Fotos: Felipe Araújo/Liga-SP

A X-9 Paulistana realizou nesta última sexta-feira o seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi, visando o desfile do carnaval de 2020. No primeiro ensaio a agremiação teve que encarar uma tempestade, mas desta vez o tempo estava firme e a comunidade passou bem e cantando forte. Os destaques do treino foram a harmonia e a comissão de frente, que mostrou muito repertório em sua coreografia. O ensaio também foi marcado pela estreia do casal Marcos Leonardo e Beatriz Teixeira, uma vez que a porta-bandeira oficial, Lyssandra Grooters, machucou o pé e está impossibilitada de desfilar no carnaval de 2020.

“Eu acredito que melhorou em relação ao outro ensaio, nós estamos vindo em uma crescente que não depende de nós e sim da comunidade. Nós estamos dispostos a fazer um carnaval para a comunidade do carnaval de São Paulo, que gosta de assistir os desfiles não importando qual seja a escola, mas a X9 está vindo em uma crescente bacana nesses últimos dois anos. A gente trabalha, graças a Deus meu diretor de carnaval, Pê Santana e o quinteto de harmonia, que são fantásticos, vem fazendo um ótimo trabalho, e acredito que a ideia é respeitar a população como sambista, estamos dispostos a fazer um bom carnaval, falando das batucadas, e tenho certeza que esse ano a X9 vai lá pra cima”, declarou o presidente Branco.

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O hino da escola para 2020 traz uma melodia para cima e alegre, permite os componentes se divertir com o samba. Os dois refrões tem um fácil entendimento tanto na letra como na melodia e são as partes que mais se destacam na obra. Pê Santana está fazendo sua estréia como intérprete na agremiação, onde acumula a função de diretor de carnaval, algo incomum nos dias de hoje. O puxador teve um desempenho satisfatório a frente dos microfones da X-9 neste segundo ensaio técnico.

“O primeiro ensaio foi muita adrenalina devido a chuva, deu aquele estralo na comunidade. Hoje a escola veio mais compacta, deu pra ter um parâmetro melhor, conseguimos ver melhor todos os quesitos, e agora faltando 15 dias é se preparar, fazer um ensaio de rua forte e vir pro dia 21 preparados. A gente vem fazendo um trabalho muito forte, graças a esses quatro diretores de harmonia que a gente tem, são quatro pessoas maravilhosas, estamos muito felizes, o trabalho que eles fazem dentro da quadra é impressionante, então todo esse trabalho de canto a gente deve muito aos nossos diretores de harmonia”, comentou Pê Santana, intérprete e diretor de carnaval da X9 Paulistana.

Bateria

A escola trouxe para esse ensaio um andamento equilibrado, onde algumas partes do samba aumentavam e outras partes o andamento era diminuído. A ala executou algumas bossas, com destaque para o arranjo em que é feito um forró, localizado na segunda estrofe da segunda parte do samba. Outro destaque foi o desenho do tamborim, que foi predominante e esteve claro no samba inteiro.

“Foi muito bom, é uma crescente, no outro ensaio pegamos uma chuva que não dá pra mensurar, é difícil também pra analisar algumas coisas, como a bateria. A gente precisava de um tempo desse, limpo, instrumento sem estar molhado, couro tranquilo, pra poder sentir que graças a Deus mostrar que estamos preparados e que a X-9 Paulistana vai fazer um grande carnaval no dia 21. As performances é algo que veio pra engrandecer, acho que é legal, precisava, nós estudamos bastante o critério e estamos prontos pra executar tudo que ele pede, em termos de compasso e balizamentos. Agora é só preparar a cabeça da galera e conscientizar que o melhor precisa ser feito”, afirmou o mestre Fábio Américo, diretor de bateria da agremiação.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Pouco menos de uma semana após o incidente com a porta-bandeira Lyssandra Grooters, a substituta Beatriz Teixeira fez seu primeiro ensaio técnico com o mestre-sala Marcos Eduardo. Apesar de tão pouco tempo juntos, o casal mostrou estar se entrosando aos poucos, houve a presença constante de dança rápida e um esboço de coreografia. De fato, tudo ainda é novidade, é um casal que se formou às pressas e os ensaios devem ocorrer de forma frenética para se adaptarem ao regulamento, pois faltam duas semanas para os desfiles.

“É emocionante representar uma escola maravilhosa, representando uma porta-bandeira que é tudo pra comunidade. Espero ajudar bastante a X9 Paulistana e fazer um ótimo desfile. A fantasia está bem, a gente teve a prova, deu tudo certo, graças a Deus o corpo da Lys é igual o meu praticamente, então foi tudo perfeito”, disse a porta-bandeira
Beatriz Teixeira.

“Nos últimos três dias a gente fez quatro ensaios, dançamos em Mauá, Santo André, São Paulo, mas é isso, não temos tempo a perder e vai dar tudo certo, e hoje eu puxei bastante já pra dar um gás. O entrosamento está em 90%, vamos trabalhar muito pra chegar aos 100% até o dia do desfile. Estou puxando a Beatriz pra coreografia, a ideia é manter o mesmo nível, ela tem capacidade e muito talento”, falou o mestre-sala Marcos Eduardo.

Harmonia

A escola está cantando com muita clareza. Apesar de conter algumas palavras difíceis, o samba tem uma melodia para frente e alegre, o que possibilita o componente se soltar. O êxito neste quesito é também devido ao grande trabalho do departamento de harmonia, os integrantes incentivam os componentes a cantar forte a todo momento e a comunidade respondeu a altura neste ensaio.

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A agremiação não teve um desempenho desejado neste quesito. O andamento dos componentes na pista estava muito devagar, o que fez a escola ultrapassar o tempo de 65 minutos. Não houve presença de buracos, mas tiveram espaçamentos consideráveis nas fileiras de algumas alas. São situações em que a escola deve se atentar e corrigir o mais rápido possível.

Comissão de Frente

Assim como no outro ensaio, a comissão de frente não optou pelo uso de fantasias. A ala aparentemente irá representar algum povo indígena que está começando a usar a batucada no seu cotidiano, pois fazem movimentos constantes e coreografia dando essa impressão. A comissão vem usando bastante componentes de uma vez só e interage bastante com o público, algo importante e que conta muito no regulamento.

Vídeos e fotos: Paraíso do Tuiuti na Cidade do Samba

Entrevistão com Evelyn Bastos: ‘Ser rainha do carnaval me fez crescer culturalmente’

Por Victor Amancio

Fruto da Mangueira de Cartola, Evelyn Bastos, rainha da Estação Primeira pode ser considerada uma das principais rainhas da história do carnaval. Com seu samba no pé incomparável e sua atuação social, Evelyn é muito mais que uma rainha à frente da bateria Tem Que Respeitar Meu Tamborim. Ela conversou com a reportagem do CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’.

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O que mudou na sua vida depois de ser rainha do carnaval em 2013 e posteriormente rainha da Mangueira em 2014?

Evelyn: “Quando fui rainha do carnaval eu aprendi muita coisa, vivi muitas experiências. Antes, eu só tinha uma visão mais profunda do carnaval da Marquês de Sapucaí, de quadra. De forma geral, me aproximei do carnaval, dos blocos, dos coretos e outros amores relacionados a festa. Ser rainha me fez crescer culturalmente quanto ao samba, quanto a história do samba. Logo depois, quando o Chiquinho me convidou para vir na frente da Mangueira, para retornar as raízes e voltar ter uma mulher da comunidade à frente da bateria vi que poderia usar esse espaço, o meu posto, como manifestação cultural. Eu fiquei pensando de que forma eu poderia valorizar essas raízes valorizando tudo que eu aprendi durante o tempo em que fui rainha do carnaval. Resolvi que seria muito mais que uma mulher à frente da bateria sambando, queria usar esse espaço para falar por tantas outras pessoas”.

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Você sempre fala do Alvinho (ex-presidente da Mangueira), como ele ajudou na sua vida?

Evelyn: “Eu chamo de Seu Álvaro (risos), ele é uma pessoa muito importante na minha vida pessoal. Com 11 anos ele me colocou para ser passista da escola e me tornei a passista mais nova da história da Mangueira, é dessa forma que a minha história com ele começa. Durante muitos anos fui bolsista numa escola particular, cara, com livros caros e ele sempre me ajudou pagando os meus livros da escola. Ele tem um significado de pai para mim, e tanto ele quanto a família dele sabe disso, temos uma relação de pai e filha. Tenho eterna gratidão por tudo que ele fez por mim e pela minha mãe”.

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Você é uma rainha que se posiciona, você já sofreu algum tipo de censura ou preconceito por conta disso?

Evelyn: “O tempo inteiro (risos), eu sempre fui uma pessoa que expôs o posicionamento, nunca tive medo de contrariedades e elas sempre me fizeram crescer de alguma forma. Sempre achei muito importante se posicionar e gosto de me relacionar com pessoas que se posicionem, mesmo que seja de uma forma divergente ao meu pensamento. Tenho pé atrás com pessoas que ficam em cima do muro. É importante, não só para o momento em que vivemos, mas para vida toda. O posicionamento que a gente defende diz muito sobre quem somos e cabe a outras pessoas gostar ou não, entender ou não, seguir ou deixar de seguir nas redes sociais. É particular de cada um e eu respeito”.

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Por conta desse posicionamento nas redes sociais, você coleciona fãs que te admiram não só pelo seu samba mas pelas suas ideias e o que você representa. Qual o tamanho dessa responsabilidade?

Evelyn: “Carrego um cuidado com essa responsabilidade, acredito que seja um grito preso na garganta de muita gente, daí aparece uma louca do carnaval que resolve falar, levantar uma bandeira e as pessoas resolvem segurar essa bandeira juntos. Eu sinto muito isso. Quando falo, nunca falo só por mim. Falo por outras mulheres, outras pessoas negras, mulheres negras, pessoas que são taxadas como faveladas de forma pejorativa e eu trago isso para um outro lado, um lado bom, como um espaço rico de cultura. É falar sobre algo que pessoas acreditam, pensam da mesma forma e ganho essas pessoas do meu lado. Me sinto cada vez mais fortificada quando recebo uma mensagem ou pessoalmente me dá um abraço cheio de energia e me faz acreditar que eu esteja indo pelo caminho certo”.

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Você sempre capricha nos figurinos? Como você cria? De onde vem as ideias?

Evelyn: “Tenho uma relação de lealdade com quem faz minhas roupas e quase não opino em nada, acredito que o artista tem que ser livre, em todo tipo de arte. Cada um dentro da sua especialidade tem os seus gostos, tem suas habilidades e eu deixo livres para criar. Não gosto de roupa que me prenda muito para não impedir o movimento mas não escolho cor, ou como tem que ser, quase nunca me intrometo disso”.

O que podemos esperar da fantasia para o carnaval de 2020?

Evelyn: “Eu ainda não fui ao barracão, estou conversando com o Leandro desde de dezembro, não peguei o figurino e a gente não vai desenhar figurino para esse ano. Eu não posso falar muito e eu gosto de falar e acabo dando dicas que não posso (risos), mas vai ser um ano muito especial e muita gente ainda pode não ter entendido a proposta do Leandro para a sociedade. O carnaval da Mangueira vai tocar muito na fé e no particular de cada um. Acredito numa mudança intima em cada indivíduo depois que a Mangueira passar na Sapucaí. Temos estar preparados. Até onde minha fé está preparada para ver Jesus Cristo em outros lugares, em outras imagens, onde nunca poderíamos imaginar. O que os meus olhos são capazes de ver e meu coração de aceitar? Vai ser uma proposta bem tocante e a única coisa que eu sempre peço ao Leandro ou as vezes ele mesmo faz uma indicação é de estar dentro do enredo, abro mão de penas, pedras, luxo, o que for para estar dentro do enredo. Culturalmente ligada a nossa proposta e tema para fazer parte de toda história contada na nossa escola. Em 2020 não vai ser diferente e já é o meu preferido”.

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Muita gente critica o Leandro por ele ir muito forte nos temas, o que você pensa sobre os enredos dele?

Evelyn: “Acho absolutamente necessário, o carnaval é uma revolução e precisamos de temas para serem debatidos. Precisamos tirar as pessoas da inércia e fazer as pessoas conversar sobre temas necessários. Eu sou absolutamente fã de enredos polêmicos e digo polêmico porque causam opiniões divergentes. Toda vez que passamos na Marquês de Sapucaí a gente revoluciona e trazemos o olhar do mundo inteiro para cá, por isso a necessidade de falar dos nossos problemas para que eles possam ser consertados ou que ao menos tentem consertar. Temos que abordar esses temas para que a gente traga mais pessoas para o nosso lado e que tenham uma visão ampliada de tudo que acontece na sociedade. O carnaval, além de trazer a felicidade e ser uma festa, ele é revolução”.

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A Viviane Araújo é conhecida como rainha das rainhas e você como a rainha do samba no pé. Você gosta disso? Acredita que tenha alguma rivalidade entre as rainhas?

Evelyn: “Eu não acredito nessa rivalidade entre as rainhas e acredito que é uma cultura de vaidade que precisa ser encerrada. Cada rainha tem uma proposta, tem uma história, samba de uma maneira. Eu acredito que a forma de dançar de cada uma é relacionada a energia conforme a do seu orixá, por isso algumas pessoas preferem uma ou outras, o que para mim é uma questão energética que as pessoas são atraídas. Essa rivalidade, para mim, não tem. Eu me relaciono com muitas delas e não existe nenhum tipo de disputa. Cada uma tem sua história e é muito difícil ser rainha de bateria, é uma cobrança muito grande com o corpo, de sorrisos e por trás das rainhas de baterias existem mulheres que tem seu dia-a-dia, tem seus problemas, suas dores, suas vitórias e sua rotina”.

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Até quando você pensa em ficar rainha de bateria? Já pensou em ser presidente da Mangueira?

Evelyn: “Tenho 26 anos e não pretendo parar por agora. Cada ano fico mais empolgada e a Mangueira com esses enredos me empolga sempre mais. Tenho uma relação de amizade, lealdade com a gestão atual da escola, com a comunidade. É algo bem confortável, prazeroso e o que te dá prazer você quer manter. Busco sempre estar melhor, em dar o melhor, ligada nas situações da escola. Sobre a presidência é algo bem complicado, nunca pensei, mas sempre que a escola precisam de mim sabem que podem contar comigo. Sou uma aliada da Estação Primeira de Mangueira e o futuro a Deus pertence”.

Hoje, a gente vê que nem todas as meninas tem o sonho de ser passistas e tendem mais para o lado do funk. Por que você acha que isso acontece?

Evelyn: “Eu acredito que hoje as meninas estão revendo essa questão. Há um tempo atrás não tinham meninas de comunidade na frente de uma bateria, crescendo, subindo um degrau. Nossas meninas perderam perspectiva no samba e por outro lado temos o funk com vários exemplos de crescimento como Anitta e Ludmilla. Ouvimos músicas em todos os lugares, por exemplo, da Ludmilla, uma mulher negra que levanta suas bandeiras. São meninas que vieram de baixo, que vemos uma evolução. Precisamos dar perspectivas para essas meninas, elas precisam ver pessoas subindo degraus para que possam subir também. Mas hoje, temos muitas meninas da comunidade na frente da bateria como a Raíssa, a Bianca, a Raphaela então isso vai retomando um sonho que algum tempo atrás estava adormecido dentro das meninas que não viam uma oportunidade de estar à frente do coração da sua escola”.

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Para você como as escolas podem abrir mais para o lado social?

Evelyn: “Na Mangueira a gente tem muito, eu fiz parte de projetos sociais, cresci dentro desses projetos. Eu acredito que a melhor forma é abrindo suas portas, trazendo seus patrocinadores para que antes de investirem na festa, investirem dentro do social pois o carnaval salva vidas. Estar dentro da escola de samba, participar ativamente de fato salva a vida de muitas pessoas e eu já vi muitas serem salvas. Envolvendo os patrocinadores com esse lado social, que muitos gostam além de fazer a festa. Temos aqui um curso de passistas, de mestre-sala e porta-bandeira mas que tem uma cesta básica, lanche, a troca de conversa que é muito importante. Todos os projetos sociais só acontecem se a escola de samba abrir as portas para comunidade”.

Sua mãe foi rainha e você seguiu os passos dela. Hoje, vemos sua irmã que já foi rainha da bateria da Mangueira do Amanhã e agora faz parte da ala de passistas da escola. Como é a relação de vocês com o samba?

Evelyn: “Falamos muito sobre samba, sambamos na frente do espelho, alguns treinamentos que faço minha irmã faz também. Minha mãe é muito detalhista e sempre viu mais coisas a consertar do que coisas a serem mantidas (risos), mas estamos sempre vendo detalhes que por estarmos ensaiando não percebemos, mas ela consegue enxergar e conversa com a gente. Nos dá o feedback dela, o que acha, o que viu, para irmos nos moldando e nos consertando”.

Série Barracões: Águia de Ouro prepara desfile questionador e carnavalesco destaca organização

Por Matheus Mattos

A equipe de reportagem do CARNAVALESCO visitou o barracão da Águia de Ouro, que está localizado na Fábrica do Samba, pra detalhar o enredo do carnaval 2020: “O poder do saber. Se saber é poder… quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. O carnavalesco Sidnei França faz a sua estreia na agremiação e explica resumidamente a proposta do tema.

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“A ideia é fazer uma viagem pela história da humanidade, ou seja, ele começa no passado, resvala no presente e projeta o futuro. Nessa viagem a gente destaca momentos em que o saber foram fundamentais pra que o homem crescesse na sua trajetória. Começamos na idade da pedra quando a sabedoria era sobrevivência. É como fosse um game, se eu não cumpro uma fase, eu não vou pra outra. Se o homem primitivo não sobrevivesse, não estaríamos aqui, escrevendo livros, inventando internet. A gente vai evoluindo dentro do desfile, até chegar no amanhã. O que é a sabedoria no futuro? É reflexivo. Será que vai ter futuro? A gente está tendo uma sabedoria mais reflexiva ou destrutiva? É um enredo altamente filosófico nesse aspecto, ele busca questionar que tudo que o homem conquistou foi pro bem e foi pro mal, e onde tudo isso vai nos levar”.

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O carnavalesco conta que ideia já existia e afirma que proposta combina com agremiação.

“Quando eu cheguei na escola, já existia esse projeto de falar sobre o saber, mas também tinha outras opções, e o presidente me deixou bem livre pra escolher outras propostas. Todos os carnavalescos tem enredos guardados, mas eu achei esse bem interessante. Além disso, acho que o Águia tem esse viés social, de falar da educação. Eu enxergo a escola engajada nessas questões”.

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Segundo Sidnei, a questão das pessoas distorcerem o que é o saber é o principal ponto do tema, mas é algo que não vai ser retratado de uma forma clara.

“Durante a pesquisa eu conversei com muitos pesquisadores, filósofos, especialistas, e eu percebi que as pessoas estão se afastando muito do que é saber. Hoje em dia ninguém sabe o número de outras pessoas, porque o aparelho anota pra você. Hoje em dia ninguém faz conta de cabeça, tem uma calculadora no celular. A sabedoria está sendo substituída por ferramentas”.

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O responsável pelo desenvolvimento do carnaval aproveitou para destacar organização da Águia de Ouro para o carnaval de 2020, e assegurou confiança na comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira.

“A comissão vai ser um ponto forte do desfile. Não só pela proposta, mas pela execução. Pra mim está sendo um prazer trabalhar com o coreógrafo Anderson Rodrigues, que é um amigo particular. O casal eu também destacaria, está sendo um prazer trabalhar com eles. Já terminamos a fantasia, e posso dizer que em todos os meus anos como carnavalesco, está sendo um dos mais tranquilos. A escola é organizada e estou muito tranquilo. Não gosto de falar de resultado, mas falo que a escola vai desfilar pra surpreender. É um carnaval grandioso”.

Carnavalesco traz mensagem subliminar no enredo

Analisando os carnavais que Sidnei França confeccionou, nota-se sempre uma postura de reflexão e valorização do humano. Por exemplo, em 2009 quando ainda estava na Mocidade Alegre, ao invés de falar exclusivamente sobre o espelho como objeto, desenvolveu um carnaval onde o ser humano enxergava a sua alma através do reflexo. Da mesma forma em 2019, onde alterou o final do enredo reeditado dos Gaviões com uma mensagem, como se cada um é diretamente responsável pelas próprias atitudes.

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“Eu sou muito inquieto, nunca fui conformista, e gosto de colocar isso nos enredos. De repente o sambista nem se toca, mas acho que é a minha função colocar um sentindo mesmo que não captem uma boa parcela da mensagem. Se for estudar o que é um desfile de escola de samba, você vai ver que é uma manifestação popular, e quando se trabalha com o conceito de cultura popular, você tá falando também com pessoas que não tiveram a oportunidade de viajar o mundo, de ler livros. Essa é a graça do carnaval, é uma festa multissensorial. Pode ter pessoas que viajaram muito do lado de pessoas que nunca viajaram, e elas vão ser tocadas de alguma porque tem música, tem visual, tem ritmo. Tudo isso junto forma uma simbiose. Agora falando do meu trabalho, eu tenho que propor uma mensagem subliminar pra fazer as pessoas se questionarem. Será que estamos no caminho certo? Todos os meus enredos o ser humano é está em primeiro plano, é uma característica minha. Eu gosto de tocar nisso porque é quando o público se conecta”.

No Águia de Ouro, o carnavalesco traz reflexões ao sambista, utilizando o presente para questionar o futuro. Tal ponto fica muito claro no último setor, onde não existe afirmações, apenas questionamentos para trabalhar ideias através da proposta.

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“Falando exclusivamente do enredo do Águia, a sabedoria é muito humana. E o enredo questiona exatamente isso ‘será que o humano fez bom uso da sabedoria’? ‘Será que estou fazendo certo?’ Com as redes sociais, o humano para de questionar e entra no modo automático. Agora as pessoas escrevem no whatsapp sem interrogação, o ‘você’ virou ‘cê’, ‘estar’ virou ‘tá’. A pressa do dia a dia faz as pessoas diminuírem as coisas pra acelerar, e se a gente não tomar cuidado, a arte vai se reduzindo ao ponto de não ter mais arte, não tem mais criação. Esse conceito de fazer algo fácil para as pessoas entenderem me angustia muito. Inclusive quando eu vou entregar sinopse pra diretoria, já ouvi ‘nossa, mas você não está indo muito fundo nessa análise?’, mas eu procuro resistir”.

Ficha técnica

5 alegorias
3 tripés (1 na comissão de frente)
25 alas
2.800 componentes

Conheça o desfile

1° setor – Era primitiva
“Naquela época a sabedoria não era algo intelectual, era instintivo, ou seja, o homem se safava de perigos naturais. Eram vulcões, animais ferozes, então a sabedoria que mantiveram eles vivos. No começo a gente mostra que o saber era sobreviver”.

2° setor – Templo oriental
“O segundo carro vai mostrar quando a sabedoria deixou de ser algo instintivo pra se tornar sofisticado. O carro é um templo oriental pra mostrar o saber. Por que eu escolhi o templo oriental? Lá não tem só um sentido de fé, também tem um sentido de arte. A sabedoria humana foi testada ao limite pra construir um templo daquele, pode parecer bobo agora em 2020, mas imagina isso em milênios atrás”.

3° setor – 2° Guerra Mundial
“Até aqui a gente está numa crescente. No começo ele vivia no instinto até conseguir erguer um monumento. Nesse setor a gente traz um carro que é altamente questionador, mais até que os dois primeiros. Se a gente for fazer um estudo cronológico da existência humana, o episódio da segunda guerra mundial testou o limite da inteligência humana, principalmente quando os americanos jogaram a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Santos Drumont inventou o avião e Albert Einstein aprimorou os conceitos da teoria atômica. Eles nunca imaginariam que isso seria usado para atacar uma cidade e devastar milhões em segundos. Ou seja, usaram o poder do saber pra propagar o caos. O enredo não é só ‘olha como o homem é maravilhoso’, não, nós somos imperfeitos por natureza”.

4° setor – Educação
“Aqui o enredo da uma reviravolta. A gente mostra que só da pra mudar a regra do jogo com educação. Nessa parte do enredo nós mostramos como a educação pode salvar da ignorância. Vamos homenagear os professores, porque o aprendiz de hoje é o mestre de amanhã, e isso renova a mente do humano, torna lúcida. Somente mentes educadas pro novo, pra diversidade, vai conseguir construir gerações melhores. Aqui também eu faço uma homenagem ao Paulo Freire”.

5° Setor – Futuro
“A escola termina o desfile com um questionamento; ‘o que é o saber no futuro’, ‘será que estamos plantando o amanhã com sabedoria?’. O homem tem se desviado tanto do seu eu original, que ele precisa reaprender a viver. Cada ala nesse setor é um novo saber, e temos sete tipos de diversidades que o homem precisa saber respeitar pra promover esse futuro. Temos a ala do meio-ambiente, é preciso conservar a natureza. O último carro é sobre um futuro meio utópico, de paz”.

Prefeitura monta esquema especial para os blocos do fim de semana

A CET-Rio programou operações especiais de trânsito para os blocos com maior previsão de público que ocorrerão neste final de semana: Desliga da Justiça, Spanta Neném, Imprensa que eu Gamo, Banda de Ipanema, Carnaval Square, Me Esquece, Banda Amigos da Barra.

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A operação de trânsito contará com 150 pessoas por dia – entre controladores da CET-Rio e apoiadores de tráfego com 20 veículos operacionais e 33 motocicletas. As equipes trabalharão para ordenar os cruzamentos, orientar os pedestres, coibir o estacionamento irregular e executar bloqueios necessários para garantir a manutenção da fluidez da rede viária e a segurança de pedestres e motoristas.

Além disso, 12 reboques da CET-Rio estarão posicionados para imediata desobstrução das vias em caso de acidentes ou quebras de veículos nas rotas de desvio.

O Centro de Operações Rio (COR) estará monitorando todos os eventos com câmeras para que técnicos da CET-Rio implantem ajustes na programação dos semáforos com o objetivo de garantir a fluidez do trânsito. Planos semafóricos especiais serão programados para garantir a fluidez nas rotas alternativas em função do bloqueio de vias.

Serão utilizados 17 painéis de mensagens variáveis que informarão sobre as condições de trânsito e desvios necessários.

A Secretaria de Ordem Pública (SEOP) atuará com reboques baseados em pontos estratégicos e circulando na área de abrangência do evento com a finalidade de reprimir o estacionamento irregular e garantir a fluidez do tráfego. Os veículos estacionados irregularmente serão removidos para os depósitos públicos municipais.

SÁBADO

IMPRENSA QUE EU GAMO

O Bloco Imprensa que eu Gamo ocorrerá em Laranjeiras neste sábado com concentração prevista para às 13h na Rua Gago Coutinho. O desfile do bloco começa às 15h seguindo pela Rua Gago Coutinho, Largo do Machado, Rua das Laranjeiras e Rua Gago Coutinho. Término previsto para às 19h.

· A Rua Gago Coutinho será bloqueada ao tráfego para concentração do bloco;

· Assim que o bloco atingir o Largo do Machado, o acesso de veículos será bloqueado a partir da Rua do Catete;

· Quando o bloco estiver na Rua das Laranjeiras, será feito também o bloqueio na Travessa Euclides Matos;

· E assim que o bloco estiver todo na Rua das Laranjeiras, os bloqueios na Rua Bento Lisboa e no Largo do Machado serão desfeitos, desviando o tráfego para a Rua Conde de Baependi.

As vias serão liberadas assim que o Bloco liberar a Rua das Laranjeiras.

Proibição do estacionamento

Para que o desfile seja realizado com segurança e que haja fluidez nas rotas de desvio, o estacionamento será proibido das 18h do dia 07/02 às 22h do dia subsequente, nas seguintes vias:

· Rua Gago Coutinho, em ambos os lados;

· Rua Ministro Tavares de Lira, lado esquerdo do sentido do trânsito;

· Rua Martins Ribeiro, lado direito do sentido do tráfego, no trecho compreendido entre a Rua Conde de Baependi e a Rua São Salvador;

· Rua São Salvador, em ambos os lados, no trecho compreendido entre a Rua Martins Ribeiro e a Rua Ipiranga;

· Rua Dois de Dezembro, em ambos os lados.

· No dia do desfile (08/02), as vans que operam para o Corcovado passarão a fazer o embarque na rua de serviço da Praça do Largo do Machado.

BANDA DE IPANEMA

Entre os blocos de grande impacto na Zona Sul, destaque para os desfiles da tradicional Banda de Ipanema. A concentração será no sábado às 16h, na Rua Gomes Carneiro, no trecho entre a Rua Prudente de Moraes e a Av Vieira Souto.

O desfile do bloco segue a partir das 17h pela Av. Vieira Souto (ambas as pistas), Rua Joana Angélica, Rua Visconde de Pirajá e Praça Gal. Osório (encerramento às 21h).

Para a concentração, será interditada a Rua Gomes Carneiro (entre a Rua Tereza Aragão e a Avenida Vieira Souto), a partir das 16h.

A partir das 16h será interditada a Av Vieira Souto (pista da praia). E a partir das 17h será interditada também a pista junto às edificações, com o desvio do tráfego da seguinte forma:

· Os motoristas que estiverem circulando pela pista da praia, em direção a Copacabana deverão seguir pela Avenida Epitácio Pessoa, podendo acessar a Rua Visconde de Pirajá ou seguir até a Lagoa (Av. Epitácio Pessoa);

· Os motoristas que estiverem circulando pela pista junto às edificações em direção ao Leblon, deverão seguir pela Rua Prudente de Morais, sendo que

Os veículos provenientes da Rua Joaquim Nabuco serão desviados para a Avenida Rainha Elizabeth da Bélgica, que terá o trecho entre a Avenida Vieira Souto e a Rua Tereza Aragão invertido, para que os motoristas possam acessar a Rua Prudente de Morais;

Quando o desfile ultrapassar a interseção da Av. Vieira Souto com a Rua Teixeira de Melo, o desvio do tráfego para a Rua Prudente de Morais deverá ser realizado pela Rua Teixeira de Melo.

· Na passagem da banda pela Rua Joana Angélica, há a necessidade de interrupção do tráfego da Rua Prudente de Morais, com desvio pela Rua Vinícius de Morais.

· Durante o desfile pela Rua Visconde de Pirajá o fluxo proveniente do Leblon deverá seguir pela Av. Epitácio Pessoa até a Lagoa. Também será efetuado um bloqueio viário no cruzamento da Rua Visconde de Pirajá com a Rua Maria Quitéria, desviando o tráfego por esta última.

· Quando o cruzamento da Rua Visconde de Pirajá com a Rua Joana Angélica estiver liberado, o tráfego da Rua Visconde de Pirajá deverá ser desviado pela Rua Joana Angélica.

Proibição do estacionamento

Para que o desfile seja realizado com segurança e com o objetivo de viabilizar os desvios do tráfego, o estacionamento será proibido a partir de 18h do dia 07 de fevereiro, sexta-feira, às 22h do dia subsequente:

· Rua Tereza Aragão;

· Rua Prudente de Moraes;

· Rua Gomes Carneiro, entre a Rua Teresa Aragão e a Av. Vieira Souto;

· Av. Rainha Elizabeth da Bélgica, trecho entre a Rua Tereza Aragão e a Av. Viera Souto;

· Rua Teixeira de Melo, entre a Av. Vieira Souto e aruá Prudente de Morais;

· Rua Farme de Amoedo;

· Rua Joana Angélica;

· Av. Vieira Souto, entre a Rua Gomes Carneiro e a Rua Joana Angélica, inclusive nas baias de estacionamento;

· Av. Bartolomeu Mitre, lado direito, entre a Av. Delfim Moreira e a Av. Gal. San Martin

SPANTA NENÉM

· A concentração do Spanta Neném será às 11h na av Epitácio Pessoa, próximo ao campo de beisebol (altura do Corte do Cantagalo). O desfile inicia às 13h de sábado seguindo pela Ciclovia da Lagoa do Corte do Cantagalo até ao Clube Caiçaras. O término está previsto para as 17h.

· No horário do desfile, uma faixa de rolamento será bloqueada na Avenida Epitácio Pessoa junto à Lagoa entre a Rua Vinicius de Moraes e a Rua Garcia D’Àvila. Já entre a Rua Garcia D’Àvila e o Jardim de Alah, a interdição da pista junto a Lagoa será total.

· Deve-se, sempre que possível, evitar a região durante a passagem do Bloco.

Proibição do estacionamento

A partir das 18h de sexta-feira dia 07 de fevereiro às 22h do dia subsequente, o estacionamento ficará proibido nas seguintes vias:

· Avenida Epitácio Pessoa, na baia de estacionamento junto à ciclovia, localizada em frente à interseção com a Rua Garcia D’Ávila;

· Rua Nascimento Silva, em ambos os lados, no trecho entre a Rua Maria Quitéria e a Rua Aníbal de Mendonça.

DESLIGA DA JUSTIÇA

O bloco “Desliga da Justiça” ocorrerá no bairro Jardim Botânico. A concentração está marcada para as 08h de domingo na Rua Jardim Botânico, altura da Rua Pacheco Leão. O desfile começará às 10h seguindo pela própria Rua Jardim Botânico até a Praça Santos Dumont. O término do bloco está previsto para às 14h.

A partir das 06h, a Rua Jardim Botânico será bloqueada, em ambos os sentidos, no trecho compreendido entre a Rua Pacheco Leão e a Praça Santos Dumont.

Os veículos deverão utilizar preferencialmente a Avenida Borges de Medeiros:

· Aqueles vindos da Gávea sentido Botafogo serão desviados para Rua Marquês de São Vicente, Rua Vice Governador Rubens Berardo, Avenida Padre Leonel Franca, Rua Mario Ribeiro, Av. Borges de Medeiros, Av. Lineu de Paula Machado, Avenida Alexandre Ferreira, Rua Abelardo Lobo, Rua Humaitá.

· No sentido contrário o desvio será feito pela Rua Jardim Botânico, Rua General Garzon, Avenida Borges de Medeiros, Rua Mário Ribeiro.

Proibição do estacionamento

· Rua Pacheco Leão, lado esquerdo do tráfego, no trecho entre a Rua Visconde de Carandaí e a Rua Jardim Botânico.

· Av. Bartolomeu Mitre, lado esquerdo, no trecho entre a Avenida Visconde de Albuquerque e a Praça Santos Dumont.

DOMINGO

AMIGOS DA BARRA

A Banda Amigos da Barra ocorrerá na Barra da Tijuca, com concentração prevista para às 13h de domingo na Avenida Lúcio Costa, altura do número 3.350. O desfile começará às 15h seguindo pela própria Avenida Lúcio Costa pista da Orla até as proximidades da Praça do Ó. O término do bloco está previsto para às 18h.

No horário do desfile, a Av. Lúcio Costa junto à orla será interditada entre a Av Afonso Arinos de Mello Franco e a Av. Érico Veríssimo.

Os motoristas devem usar preferencialmente a Av. das Américas.

ME ESQUECE

O bloco ocorrerá no bairro Jardim Botânico. A concentração está marcada para as 08h de domingo na Rua Jardim Botânico, altura da Rua Pacheco Leão. O desfile começará às 10h seguindo pela própria Rua Jardim Botânico até a Praça Santos Dumont. O término do bloco está previsto para às 14h.

Durante a passagem do bloco, a Rua Jardim Botânico será bloqueada em ambos os sentidos no trecho compreendido entre a Rua Pacheco Leão e a Praça Santos Dumont.

Os veículos deverão utilizar preferencialmente a Avenida Borges de Medeiros:

Aqueles vindos da Gávea sentido Botafogo serão desviados para Rua Marquês de São Vicente, Rua Vice Governador Rubens Berardo, Avenida Padre Leonel Franca, Rua Mario Ribeiro, Av. Borges de Medeiros, Av. Lineu de Paula Machado, Avenida Alexandre Ferreira, Rua Abelardo Lobo, Rua Humaitá,

No sentido contrário o desvio será feito pela Rua Jardim Botânico, Rua General Garzon, Avenida Borges de Medeiros, Rua Mário Ribeiro.

Proibição do estacionamento

· Rua Pacheco Leão, lado esquerdo do tráfego, no trecho entre a Rua Visconde de Carandaí e a Rua Jardim Botânico.

· Av. Bartolomeu Mitre, lado esquerdo, no trecho entre a Avenida Visconde de Albuquerque e a Praça Santos Dumont.

MEGABLOCO NO CENTRO – CARNAVAL SQUARE

O evento Carnaval Square acontecerá na Av Presidente Antônio Carlos no dia 09 de fevereiro, domingo, com concentração prevista para 07h na Av Presidente Antônio Carlos, nas imediações da Rua São José (próximo ao Terminal Menezes Cortes).

O desfile terá início às 09h seguindo pela avenida até as proximidades da Rua Araújo Porto Alegre, com término previsto para às 12h.

A partir das 04h, a Avenida Presidente Antônio Carlos será bloqueada no trecho compreendido entre a Avenida Almirante Barroso e a Avenida Presidente Wilson. O acesso ao Terminal Menezes Cortes estará bloqueado no mesmo período.

Os veículos provenientes da Zona Sul deverão utilizar o desvio via Túnel Marcello Alencar para acessar a Av Brasil ou a Ponte Rio-Niterói; ou seguir pela Av Mem de Sá, na Lapa, para outros destinos no Centro e Zona Norte.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

• Sempre que possível, evitar circular de carro. PRIORIZAR O TRANSPORTE PÚBLICO (Metrô, Trens , Barcas, BRT e VLT)

• Respeitar os locais de proibição de estacionamento e atentar para os horários de interdições.

• Pedestres devem atentar para as travessias. Para sua segurança, devem atravessar nas faixas e em locais semaforizados.

• Para aqueles que têm como destino o aeroporto Santos Dumont, programar-se para chegar com antecedência

Tinga brilha em ensaio de rua da Vila Isabel e faz comunidade vibrar

Por Gabriella Souza

O bairro de Noel, antigo reduto de bambas e de muito samba, recebeu mais uma noite de quinta-feira com o ensaio da Unidos de Vila Isabel, treino com grande público na rua. Gente que veio do asfalto e gente que veio do morro, todo mundo desceu para ver a Vila ao longo do seu mais urbano lar, a famosa 28 de Setembro. Com cerca de 1h10 de treino a azul e branco se mostrou segura e já bem consistente para a reta final de preparação para o carnaval, um pouco mais técnica para já realizar seus últimos ajustes. Quem abrilhantou o ensaio foi o intérprete Tinga, que deu um show com seu carro de som marcante, o gás que faltava para o componente e o público curtir e viver aquele ensaio com a animação necessária, iniciando sua arrancada convocando a comunidade a se entregar.

“Está chegando a hora de mostrar a força do povo de Noel. Faltam duas semanas para irmos em busca do nosso sonho”, falou Tinga emocionado, ao também relembrar a terceira colocação da escola em 2019, o combustível para a busca do título em 2020.

Harmonia e Samba

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O carro de som de Tinga fez o ensaio tomar outra proporção, contagiando o público, desde o início com seu discurso emocionado ao motivar os componentes. E foi assim o ensaio todo, sempre chamando a comunidade a cantar com força. O intérprete e sua equipe foram os que fizeram a festa acontecer, chamaram o público e se mostraram seguros em cada passo do ensaio, com uma qualidade alta e muita experiência. Tinga realmente participou do treino inteiro, foi no meio das alas cantar com os componentes, abraçar todo mundo, foi na bateria cantar para com o mestre e a Swingueira e levantar o público a vibrar junto na explosão do samba. A arrancada veio com sambas históricos e emocionou muitos fãs da Vila com o “Kizomba, Festa da Raça” clássico samba de 1988 entoado por toda a escola.

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“Foi maravilhoso hoje, a escola está de parabéns e muito feliz com o samba. E com certeza, vamos mais uma vez em busca desse título, nosso sonho. Com respeito a todos, mas a Vila Isabel está se preparando para fazer uma grande carnaval e um desfile incrível. Do nosso carro de som, sempre melhorando e evoluindo, o objetivo é beirar a perfeição, mas está tudo ajustado e vamos nessa. Solta o bicho!”, disse Tinga animado com o ensaio.

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O que se notou também foram algumas variações no canto da escola, as primeiras alas estavam afiadas com a letra e cantavam com muita vontade. Mas para o meio e final da escola, o canto já ia se tornando menos vivo, na ponta da língua, mas com pouca força, algo que a emoção dos dias finais e da Sapucaí se encarrega de proporcionar e estimular.

Evolução

Faltando duas semanas para o desfile o que se viu foi uma escola já muito bem segura de suas estratégias, todas as alas evoluíram com o andamento esperado e controlado por uma equipe bem atenta aos passos dos componentes, assim como do controle do público ao redor. A escola em si estava cheia, todas as alas bem completas e equilibradas em números de componentes. Destaque para a primeira ala da escola já vindo coreografada com um número exato de componentes que simulavam barcos e remadas em um encenação já bem ensaiada e interessantíssima. A animação dos componentes foi o toque interessante, as mãos para o alto e os gingados de um lado ao outro foram os mais comuns, a maioria com um sorriso no rosto e festejando um ensaio leve de uma escola segura. Muitas alas com adereços próprios, formando um visual alegre e bonito para a estética do ensaio. O setor da escola mostrou-se mantendo o nível de disciplina, controle e organização para 2020, com grande parte da equipe se comunicando por rádios e fazendo o ensaio ser tranquilo, nada fora do planejado pela diretoria de carnaval.

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O diretor de carnaval da escola, Wilsinho Alves, destacou que a Vila já está pronta para pisar na Avenida nessa reta final de ensaios, assim como vem se comprometendo com a organização em já conseguir entregar todas as fantasias aos componentes nesta semana.

Wilsinho fala ainda da novidade testada no ensaio desta quinta e que irá ser definitiva para o desfile, uma paradinha com a escola toda, deixando o canto livre aos componentes, algo que criou um efeito bonito e emocionante.

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“Estamos chegando perto do carnaval e sempre evoluindo, um degrau após o outros. Nossos ensaios tem sido cada vez melhores, hoje botamos em prática uma nova paradinha que a gente já vem testando internamente algum tempo e botamos para a comunidade cantar e deu certo. A questão do andamento do samba, o Macaco sempre entre 145/146 BPM (batidas por minuto) tranquilamente com a bateria perfeita. Do Tinga, nem se fala, não é? Incrível! E bom, a nossa comunidade está pronta, estamos já com oito alas entregues e até quarta-feira eu termino de entregar todas as fantasias. Serão mais três ensaios, domingo agora, quinta da próxima semana e o outro domingo para chegarmos bem no carnaval e disputar o título de novo. E, sem dúvida, a Vila vai chegar muito bem preparada nesse carnaval como chegou no do ano passado”, declarou o diretor.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Vila Isabel, Raphael Rodrigues e Denadir Garcia, realizou uma apresentação ao som de incessantes aplausos do público que os assistia, o motivo foi uma dança bonita, consistente, e, acima de tudo, claramente experiente. Os dois apresentam um entrosamento perfeito, uma sinergia, que torna a dança mais leve, consistente e claro, em um nível alto de qualidade. Mesmo que segundo a equipe, a apresentação deste ensaio tenha sido somente um esboço da coreografia completa visto a escolha de poupar o casal que ainda teria um ensaio no Sambódromo nesta madrugada, o que se viu foi uma dança bem teatral, bonita e muito bem ensaiada por ambos, que são treinados pela coreógrafa Ana Formigheri.

Bateria

O show da noite ficou por conta da Swingueira de Noel, bateria de nível alto. Mestre Macaco Branco, em apenas um carnaval no cargo, já vem afirmando a sua identidade na construção da bateria, inclusive, mais importante, resgatando a personalidade dessa bateria que hoje se sustenta como uma das mais consistentes. O trabalho é de ano em ano e a Swingueira vem crescendo e promete cada vez mais se destacar, e muito, na Avenida, devido também a organização de seus ritmistas.

Cada naipe muito bem dividido, com diretores de alto padrão, a sonoridade e o andamento respeitam a tradição da escola e se encaixam bem com o samba. Destaque para os naipes de marcações e caixas bem fortes e ressaltados e o de tamborins muito bem executados e com desenho bonito e harmônico, com força e que contribuem para um qualidade da bateria. O trabalho de Macaco vem ganhando elogios no meio e o que se viu foi o motivo, a qualidade e a boa noção musical que ele trouxe para bateria a fará decolar. Interessante também a coreografia da bateria inteira em uma paradinha, cria um efeito bonito, assim como o já entrosamento da recém chegada rainha de bateria Aline Riscado, que mostrou o samba no pé e a proximidade com a comunidade da Vila e sua bateria.

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Macaco Branco conta que está está feliz com o bom casamento de toda a escola e o entrosamento encaixado de sua bateria com Tinga e sua comunidade, assim como ressalta a busca pela nota máxima que diz estar trabalhando muito para ‘cravar’ e concretizar esse desejo da Swingueira em 2020.

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“Hoje o nosso ensaio foi maravilhoso graças a Deus, fizemos mais um grande ensaio. Esse casamento com da Swingueira com o Tinga e seu carro de som, a harmonia, nossa comunidade que está muito feliz com esse samba, está tudo no caminho e a Vila vem brigar pelo título. A nossa bateria irá cumprir seu papel e conseguir a nota máxima do carnaval que a gente tanto almeja. E agora é ensaiar bastante e cair dentro, se o carnaval já fosse amanhã a gente já estaria pronto para estar desfilando”, declarou.

Galeria de fotos: ensaio de rua da Vila Isabel para o Carnaval 2020