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Site CARNAVALESCO e Guaracamp distribuem em Madureira ingressos para os desfiles da Série A

    Por Gabriella Souza

    O sambista está onde o povo está! Para celebrar mais um ano da parceria, o site CARNAVALESCO junto com a Guaracamp, realizaram na tarde desta quarta-feira, a sua tradicional distribuição de ingressos para os desfiles da Série A, na rua Conselheiro Galvão. De baixo do pujante sol de Madureira, um dos bairros mais sambísticos da cidade, os ingressos voaram em meia hora. Entre sorrisos largos, olhares surpresos, agradecimentos, euforia e o Guaracamp na mão, a ação mostrou que o carioca sempre estará em clima de carnaval e já pronto para festejá-lo.

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    Quem passava em frente a loja não resistia em parar e sair com seu ingresso e Guaracamp na mão. O público agraciado foi diverso, eram ambulantes, donas de casa, motoristas de ônibus e até os passageiros de uma van pararam na porta da loja para receber. A reportagem do site CARNAVALESCO ouviu alguns desses populares acerca do que acharam da ação e de ganharem os ingressos para a Marquês de Sapucaí.

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    Wagner, 32 anos, pintor, mas atua hoje como ambulante nas ruas do Rio, declarou seu amor ao carnaval e agradeceu o ingresso que já estava desejando obter.

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    “Carnaval para mim é uma festa que fala muito da cultura do nosso do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro,eu amo carnaval. Quase todo ano, sempre que posso, marco presença na Marquês de Sapucaí. Eu trabalho como ambulante e estava mesmo precisando de um ingresso para entrar, fiquei preocupado porque já está perto e veio isso hoje, que graças a vocês vou poder estar lá na sexta e no sábado trabalhando e curtindo essa grande festa”, contou.

    Artur, 19 anos é ajudante comercial, nascido na Paraíba, chegou ao Rio de Janeiro mas ainda não teve a experiência de curtir o carnaval da cidade. Falou que essa será sua grande oportunidade de ver a festa de perto e que agora ficou muito mais animado e ansioso.

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    “Eu vou com certeza, vai ser a minha primeira vez na Sapucaí e espero que seja ótimo, todo mundo aqui me conta o quanto é bonito, vou pular muito esse carnaval e com certeza vou amar aquele espetáculo. Eu vim da Paraíba, vou curtir esse carnaval aqui no Rio de Janeiro, estou muito animado e agora ainda mais. E Deus quiser vou ano que vem e nos outros, vai ser tudo de bom”, declarou o animado jovem.

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    Bruno Leonardo, supervisor das lojas Guaracamp, ressaltou a relevância da parceria que trará benefícios para todas as partes. Disse estar animado com o carnaval e que levará também seus funcionários para prestigiar a festa.

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    “A parceria está sendo fantástica e a gente espera cada mais com isso trazer tanto mais clientes para nossa loja como mais foliões para nosso o carnaval. Simplesmente já é carnaval, só ver esse povo aqui hoje em Madureira. Com certeza eu e toda a minha equipe estaremos lá na Sapucaí, não perco nunca e sábado estaremos lá representando a empresa e prestigiando essa festa”, ressaltou Bruno.

    João Vitor, estudante de 14 anos, disse que é sambista e não perde nada das escolas de samba, acompanhando sempre o site CARNAVALESCO. Se disse feliz em poder acompanhar os desfiles de perto.

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    “Todo ano eu acompanho carnaval, saio de bate-bola e não perco nada das escolas de samba, estou sempre acompanhando o site de vocês também. Fui domingo no ensaio da Mangueira no Sambódromo, o ano inteiro escuto samba enredo, sei todos e poder estar lá para ver de perto vai ser uma felicidade”, disse o jovem sambista.

    Passando com pressa pelas ruas do bairro, Ana, de 28 anos, e dona de casa arregalou olhos quando ouviu ser anunciado que estavam distribuindo ingressos para o desfile. Correu para pegar e com um sorriso no rosto afirmou que não irá perder essa oportunidade.

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    “Já fui para o Sambódromo, fiquei muito animada aqui quando ele falou que estavam distribuindo ingresso porque adoro e sempre acompanho. Não vou perder de jeito nenhum”, contou enquanto apressava o passo para não se atrasar para o compromisso.

    O mais empolgado foi o ambulante Fabrício, de 28 anos, que com os ingressos na mão começou a chamar as pessoas que passavam na rua para também receberemos ingressos.

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    “Carnaval é muito maneiro não é? Tudo de bom, povo gosta! Já fui para o Sambódromo e é um show, todo mundo tem que ir, não vai se arrepender. Esse ano minha presença agora já está garantida, pode ter certeza que vou com minha família e amigos”.

    ‘Entrevistão’: Lucinha Nobre abre o coração e fala da relação com Dudu Nobre, a Mocidade e a Portela

    Por Victor Amancio

    Veterana entre as portas-bandeiras, Lucinha Nobre é um dos grandes nomes do quesito. Passando por escolas como Mocidade e Unidos da Tijuca, hoje, a porta-bandeira defende as cores azul e branco de Madureira, lugar em que ela pretende seguir até o fim de sua carreira. Referência e precursora da técnica do bailado de casal, Lucinha coleciona notas máximas e segue fazendo um grandes carnavais. A porta-bandeira conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’ e falou do seu amor pela Portela, sua relação com a Mocidade e sobre os grandes carnavais de sua trajetória.

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    Você tem um faro impressionante para descobrir talentos. O Marlon já é uma realidade?

    “Eu acho que o Marlon está numa crescente surpreendente, a maturidade dele está chegando muito rápido e acredito que seja por conta da grande responsabilidade. Ele está se saindo muito bem, fico feliz por ele, não somente pelo profissional mas pelo ser humano também devido as coisas que ele passou no início, se saindo muito bem, os lugares onde ele está conseguindo chegar com respeito e tranquilidade. Não é fácil mudar o curso da vida, ele veio de São Paulo, mudou a vida inteira para buscar um sonho e graças a Deus deu tudo certo, está dando, nesses 4 anos juntos. Estou muito feliz com o desenvolvimento dele pessoal e profissional”.

    Embora você tenha começado em outra escola você criou uma identificação enorme com a Portela. Pretende encerrar a carreira na escola?

    “Com certeza! Eu sei que não podemos fazer planos muito além, pois não é a gente que decide. O que eu posso dizer hoje é que me sinto muito bem aqui, é uma escola que aprendi a amar, é um lugar onde eu sempre tive vontade de voltar, todo mundo sabe, e aconteceu, fui convidada num momento muito bonito da escola, cheguei para comemorar um título. Fico muito honrada de ter ganho essa alegria e oportunidade”.

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    Mais de 20 anos depois como você vê aquele desfile na Mocidade onde você passou o desfile praticamente inteiro na ponta do pé?

    “Eu gosto, de vez em quando eu assisto. Esses dia assisti uma entrevista do Jornal Nacional em que a gente falando sobre. Eu acho que foi um marco, até hoje as pessoas comentam, foi muito bacana. Eu e Renato falamos sobre isso, foi bem feito. Sinto saudades daquele momento. Acredito que se fosse hoje em dia eu faria melhor pois tenho mais experiência mas ao mesmo tempo o corpo e a capacidade que eu tinha antes é diferente de hoje. Foi uma fase muito bonita”.

    Se você tivesse a chance o que você mudaria no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira?

    ““Eu gosto do jeito que é. Se eu pudesse talvez pediria para justificar o 10. É muito subjetivo, as vezes a gente ganha a nota máxima, ou não, e o que você acha que tem que melhorar não fica muito claro. A gente perde ponto e não consegue entender muito bem o motivo. Acredito que justificar o 10 seria bom”.

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    Chama muito a atenção de todos sua relação com seu irmão. O que você pode falar do Dudu como pessoa e claro na parte artística?

    “Como artista eu sou fã número um. Se vier falar mal ou se eu ouvir, eu brigo. Sou muito fã do trabalho dele, quando ele faz um samba ele manda para minha aprovação, a gente debate. Já aconteceu de coisas que eu sugeri entrarem em determinados sambas. Ele é muito inteligente, muito capaz. Como ser humano, pessoa, eu fico surpresa com a capacidade que ele tem de realização. Dá conta de quatro filhos e eu com um fico louca, uma mãe que ele super dá atenção, uma irmã que ele cuida muito. Conseguimos nos falar todos os dias e ele consegue me dar atenção, está sempre disponível para me dar um conselho. Eu acho estranho pois as pessoas tratam nossa relação como se fosse muito anormal mas fomos criados assim”.

    Em um tempo onde há muita vaidade você e Selminha nutrem um carinho grande mútuo. Fala dessa amizade.

    “Nos conhecemos há muitos anos e nossa amizade já passou por momentos em que as pessoas tentavam fazer intrigas dizendo que ela falava isso ou aquilo de mim e vice-versa. Sempre resolvemos conversar. Eu conheci a Selminha passista ainda. Hoje em dia, acho muito bacana, eu sou da noite e ela do dia, que as vezes ela está acordando e eu indo dormir mas a gente se fala, vejo que ela está online e conversamos. Nos falamos semanalmente, ela me apoiou muito quando parei de dançar, dizia que eu deveria voltar e sendo a Selminha Sorriso não precisava fazer isso. Ela me estimula, me inspira e me apoia. Fico muito feliz vendo que mesmo com a reviravolta que a vida deu ela está muito feliz. Ela merece, é um ser de luz e gosto de ter por perto. Eu sempre que posso falar com ela mando mensagem, áudio, antes do desfile ou depois, agora estou falando dela aqui e mais tarde vou falar para ela que falei sobre nossa amizade. É uma amizade muito bonita e eu acredito que deva servir de exemplo nesse meio tão cheio de vaidade. Ninguém precisa
    desmerecer ninguém para brilhar”.

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    Você acredita que falta união entre a classe?

    Lucinha: “Não só entre a classe. Dependendo do momento em que você está não vale mais a pena ficar alimentando rivalidade, discutindo por bobeira eu acho que a minha geração passou dessa fase. É diferente das meninas mais novas, não tenho muito contato. Tenho carinho e respeito pela menina da Grande Rio, a Taciana, acho que dança demais mas não é uma pessoa que tenho intimidade, não convivo com ela. É diferente de Rute, Giovana, são pessoas que eu vivi por muito tempo. Eu sinto entre as ‘veteranas’ é que estão todas amadurecidas, de bem com a vida, feliz, cada uma ocupando o seu espaço. Não tem mais aquela coisa de competição que tinha alguns anos atrás e até o público aprendeu a respeitar as características de cada uma. Dá para gostar de mim e da Giovana por exemplo, sem briga de quem é a maior ou a melhor. Somos todas maravilhosas”.

    Como você viu essa polêmica da Corte? Você até se posicionou em rede social. Considera que ela está sendo alvo de preconceito?

    “Eu infelizmente acompanhei. Eu vi o Marlon sofrendo muito preconceito também. Eu prefiro não ler, não me influenciar porque as pessoas atrás do computador elas estão cobertas de uma verdade, uma autoridade que no mundo real não existe. Estou bem afastada até pela falta de tempo mesmo. Eu trabalho no concurso há muitos anos, o primeiro concurso que eu participei foi em 2002, a Chélida que ganhou, e logo no ano seguinte ganhou uma paulista, a Amanda. Esse ano foi o primeiro ano desde 2002 que não fui na final. Na final eu estava muito apertada e não teria aquele começo meu e do Marcelinho preferi não ir. Eu gosto muito da Vivi, muito da Deisiane e sou apaixonada pela Amanda. Camila pra mim é um acontecimento, estive com ela em Cabo Verde, onde chegava uma humildade, uma pessoa respeitosa, sabia se posicionar até no café da manhã. Eu fiquei muito triste com o que aconteceu, até por que veio de pessoas que eu gosto muito e que tenho carinho e segundo que é tão desnecessário. Se fosse assim eu não poderia estar dançando com o Marlon, olha quantas alegrias ele já trouxe para Portela e para o carnaval do Rio de Janeiro. Temos outros tantos personagens: Pinah é mineira por exemplo. O carnaval é tão amplo, acho desrespeitoso até com quem vem, temos gente do país inteiro que junta dinheiro o ano inteiro, tem gente que vem de países do mundo inteiro. É muito triste”.

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    Você se considera a precursora da técnica no bailado do casal?

    “O tempo diz. Quando eu entrei na dança já fazia balé, para mim, eu via ligação, quando eu tinha seis anos de idade, foi quando eu quis virar porta-bandeira. Eu falei para minha mãe que era muito fácil, era debulê, eu já tinha a visão do balé. Hoje em dia eu fico muito feliz em ver em que todos os casais tem ensaiadores, porque tem que ter alguém para ver de fora para colocar você numa posição. Gerou empregos, por exemplo a Vivi que está com a gente neste carnaval, ela não chegou a virar uma grande porta-bandeira mas é uma grande ensaiadora. Tem bailarinas que gostariam de ter sido porta-bandeira e hoje são ensaiadoras. Ajuda muito na linha, eu vejo o casal da Grande Rio, os dois fazendo balé e quando eu era mais nova tomava tanto esporro de porta-bandeira mais velha dizendo que eu estava desrespeitando. Hoje em dia quando vejo um casal com noção de dança clássica, pela linha de movimento, é muito mais bonito. Eu fico muito feliz com isso e hoje tem outras coisas como o respeito, o salário estar em dia, sobre as nossas necessidades como sapatos, roupas que são coisas que quando lá trás eu falava fiquei com fama de arrogante e difícil. Hoje em dia essas mesmas pessoas reconhecem que minha caminhada foi importante para o todo”.

    Como foi representar a Clara com uma semelhança impressionante? Quando você se viu pronta na primeira vez o que sentiu?

    “Eu achei muito parecida, eu estudei muito a Clara. A diretora do filme da Clara me deu o link do filme com a senha e eu via praticamente todo dia. Depois descobri uns momentos dela numa turnê no Japão, onde ela parecia estar muito feliz. Os momentos dela de desfile, as fotos. Eu ensaiava o sorriso dela que era completamente diferente do meu, ela era tinha uma coisa de calmaria que eu não tenho. Mas já na caminhada e até da outra vez que eu passei pela Portela as pessoas diziam que eu me parecia com ela, ouvia muito isso. Tia Surica dizia que eu tinha até o jeito dela. Eu sempre gostei dela, não foi difícil, só precisei focar para pegar o sorriso dela, levantar o braço do jeito que ela levantava enquanto cantava. Foi muito bonito. Meu irmão não sabia e chorou muito quando viu. Eu nem cheguei muito perto das pessoas que eu conhecia pois elas estavam chorando muito e eu não queria chorar durante o desfile. Outra coisa é que ela usava pouca maquiagem, então quanto menos maquiagem eu usava mais parecida eu ficava e isso foi um desafio porque eu gosto de maquiagem”.

    Em que lugar está hoje a Mocidade no coração da Lucinha Nobre?

    “Hoje, nesse momento a Mocidade vai falar de Elza. Me pegou de surpresa porque sou muito fã da Elza. Desde que eu sai da Mocidade eu não assisti nenhum desfile. Não sinto nada. Não tenho relação nenhuma. Tem gente que diz que não posso olhar as pessoas e sim a escola, mas o problema é que a Mocidade que eu conheci não existe mais. Esse ano eu estou até curiosa e acho que vou assistir o desfile. Se eu estiver na Sapucaí eu vou assistir. É Elza, uma das minhas três paixões”.

    E como é trabalhar com Renato Lage e Marcia Lage? Aliás, como é a sua relação na construção das fantasias?

    “Eu sou obediente. Eu adoro o Renato, adoro a Márcia, são pessoas fundamentais na minha vida que me ajudaram no começo, que me conhecem desde sempre, o Renato até antes. Está sendo bacana, Renato é inteligente demais, é engraçado e a forma como ele apresenta os projetos com animação. Ele tem acompanhado o processo de criação da roupa, estou muito feliz de trabalhar com ele, sou fã. Sempre tive vontade de trabalhar com ele mais velha, antes eu era muito menininha. Está sendo bacana”.

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    Qual foi o desfile da sua vida e qual você não gostou?

    “Essa pergunta não tem resposta. O desfile da minha vida são vários, não tem como escolher um só. O que eu menos gostei sem dúvidas foi o último na Tijuca, em 2009. Era uma roupa com a cor que eu não queria, a minha relação com a escola estava muito delicada, a minha relação com o processo de produção da roupa não foi legal, o resultado também não. Pensar em um que não gostei foi esse. Dos que eu gostei, na Portela, 2011 eu amo, apesar do fogo a roupa era muito linda, foi um desfile de renascimento depois de tudo que passamos no barracão. O ano de 2012 eu gosto muito. Dos antigos eu gosto de 1996. Tem o de 1995, que foi um desfile difícil de fazer, ficamos muito tempo em pé esperando resolver o problema da escola. Não dá para escolher um só, seria injusto. Gosto muito do desfile de 2006 da Tijuca, 2008 que foi o ano da fada. Difícil, eu gosto da minha carreira, graças a Deus tenho mais acertos do que erros. Trabalho muito para no final dar tudo certo, óbvio que a nota importa mas eu quero olhar, me orgulhar e me sentir realizada com o que fiz”.

    Série Barracões: Homenageando o povo cigano, Pérola Negra celebra seu retorno ao Grupo Especial

    Por Gustavo Lima

    A reportagem do CARNAVALESCO visitou o barracão do Pérola Negra e entrevistou o carnavalesco da agremiação, Anselmo Brito. O profissional vai para seu quarto carnaval a frente da escola, sendo o primeiro na elite do carnaval paulistano. O Pérola Negra está voltando ao Grupo Especial após ser campeão do Grupo de Acesso em 2019, e abordará o enredo “Bartali Tcherain. A Estrela Cigana Brilha na Pérola Negra”, que fará uma homenagem e contará a história do povo cigano.

    Na entrevista, Anselmo revelou que faz parte da cultura cigana e o enredo é uma promessa pelo campeonato de 2019.

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    “O enredo do Pérola Negra é um presente, primeiro porque é uma promessa. Sou eu pagando uma promessa por um carnaval difícil que a escola passou ano passado e eu vim de outros problemas aqui dentro da escola, porque no primeiro ano da presidente Sheila nós tivemos um incêndio aqui, perdemos todo nosso patrimônio, mesmo assim nós fizemos um grande desfile e por causa de um décimo deixamos de ir para o grupo de elite. No ano seguinte, eu fiz uma promessa, até porque faço parte da cultura cigana. Tudo estava muito difícil, a escola não tinha verba e estava com vários problemas financeiros e fiz essa promessa para uma santa de devoção que eu tenho, que é a Santa Sara, que se a gente conseguisse chegar ao campeonato da escola, eu levaria como enredo para a avenida a história do povo cigano, e assim aconteceu”.

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    O carnavalesco também contou sobre como foi a aceitação da diretoria, já que não é um enredo proposto pela agremiação e não tem patrocínios. Também ponderou que ele tem uma liberdade na escola, onde pode tranquilamente colocar as suas ideias e o que acha que vai ser melhor para o Pérola Negra.

    “A escolha foi em conjunto com a própria diretoria, com a presidente na minha casa, em conversas, e aqui dentro do Pérola Negra eu sou muito grato e tenho a oportunidade de expor as minhas vontades, meus sonhos, aquilo que eu acredito que seja melhor para o projeto e para a escola. Claro que se tratava de um apelo de um devoto, tinha aquela emoção do devoto, e a escola viu que a promessa tinha dado certo, mas é claro que chegaram muitos outros enredos, até com possibilidade de patrocínio, mas aquilo que está profetizado não é mudado, parecia que a gente iria para um caminho de um enredo patrocinado, mas na hora das negociações, nenhuma delas deu certo por vários motivos e eis que ficou o enredo que era pra ser. Então eu digo que não há acasos, foi e será um enredo que levará bem longe e enaltecer essa comunidade e o Pérola Negra”.

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    Sobre a questão de alinhar os pontos de vista entre público, jurados e telespectadores, Anselmo falou que por ser uma manifestação cultural, tem que pensar no povo, mas acima de tudo é um campeonato, e a escola vem em primeiro lugar.

    “Lembrando que além de ser uma grande manifestação cultural, o carnaval é uma festa do povo e para o povo, então eles são a minha preocupação, mas eu não posso esquecer que é uma competição, e como competição, tem regras, e eu tenho me baseado junto com a diretoria em cima das regras do carnaval, então é claro, tem muitas coisas que gostaria de colocar, mas estou até tirando por conta do regulamento, porque eu acho que deve estar nas regras do jogo. O regulamento do carnaval de São Paulo nos ajuda bastante pra que a gente possa fazer um grande espetáculo, e eu acho que o único cuidado que a escola e o carnavalesco deve ter é a interpretação, como você interpreta ele, pode te levar a uma direção e se você souber interpretar ele, você consegue fazer um grande carnaval. Nós estamos trabalhando em cima do regulamento e interpretação do mesmo”.

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    Os ciganos são um povo de muita história, muito misticismo e tem muita coisa para contar na avenida. Diante disso, quando tem algo que aborda um assunto amplo, o carnavalesco tende a optar por um lado, neste caso seja a vertente histórica ou mística.

    “Será um misto dos dois, até porque o objetivo foi esse, contar a história. Eu quero que todos conheça o outro lado dos ciganos, eu quero que as pessoas entendam que o cigano é um povo, tem uma língua, que é o romani, tem seus clãs fechados, tem uma santa de devoção, tem sua história, cultura, culinária, então é isso que eu quero mostrar, e, acima de tudo, mostrar o lado místico. E eu fico muito feliz porque a história vem do meu povo, eu faço parte desse clã, então eu sei da luta do povo cigano, como é visto e qual é o olhar das pessoas ao ser cigano. Lembrando que durante anos o povo cigano sofreu várias intolerâncias, então eles tinham medo de dizer ‘eu sou cigano’.

    Versatilidade do povo cigano será um trunfo no desfile do Pérola Negra

    O povo cigano apesar de ter suas crenças, muitos deles frequentam outras religiões, como a igreja católica, umbanda, candomblé e demais fés. É um povo que respeita tudo e prega a paz, além das famosas romarias, onde determinados clãs saem em procissões e se estabelecem em locais variados, dizendo que o “teto é o céu”.

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    “Hoje o cigano também sofre com a modernidade, há algumas adaptações. Existem clãs, como os Calons, que tem esse costume de estarem em barracas, mas tem muitos ciganos hoje que têm suas casas, profissões, tem uma vida normal, mas não deixa de ter sua cultura. O que o cigano não perde, é a sua essência, mas se modernizaram bastante. Sobre as religiões, isso é pra você ver como esse povo é diferente, um presente dos deuses. Eu conto em uma das lendas em um momento importante do nosso desfile, justamente isso, que foi um presente, foi pedido para que Deus Crisma desse ao povo indiano pessoas felizes, e trouxeram esse povo, que são os ciganos, é um povo que respeita todas as crenças. Ele tem suas hierarquias, claro, mas ele respeita a todos. A bandeira dos ciganos é a bandeira da paz”.

    Conheça o desfile:

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    SETOR 1: O INÍCIO DO POVO CIGANO
    “O primeiro setor da escola a preocupação é bem histórico. É mostrar no nosso abre-alas que começa na Índia, vamos apresentar que eles têm uma língua, como que foi o processo dentro da Índia, o porquê ele saiu de lá, o que ele traz dentro desse grande baú de cultura em duas andanças”.

    SETOR 2: CIGANOS NO EGITO
    “O segundo setor é mostrando o momento em que os ciganos saem do seu solo rumo à novos horizontes e é surpreendido no Egito, onde começa a ter várias atividades e em determinado momento começa a ser escravizado”.

    SETOR 3: CIGANOS NA EUROPA
    “A chegada do povo cigano na Europa, onde a intolerância foi presente na questão religiosa, cultural, tem a questão do holocausto, mas lembrando que por essa razão o povo cigano tem uma cultura muito vasta. Ele pega consigo um pouco de cada cultura e cada língua”.

    SETOR 4: MISTICISMO
    “Até chegar no setor místico, pra apresentar todas as formas de adivinhar que esse povo tem, seja na bola de cristal, leitura de mãos, cartas e outros tipos de técnicas que existe onde as pessoas terão o prazer de conhecer”.

    SETOR 5: CHEGADA DOS CIGANOS NO BRASIL
    “Nosso quinto e último setor é a chegada deles em solo brasileiro, aqui no Brasil, no novo mundo, aonde eles se instalam e trazem todo esse tipo de riqueza conquistado em tanto tempo de andanças, e aqui nos apresenta como uma figura totalmente diferente, e não foi diferente da chegada do povo cigano nos outros lugares, chegam com muita alegria, mostrando muita cultura, mas chega com muito espanto, mas nesse último setor a gente vai celebrar grandes nomes que são ciganos, que colaboraram pra levantar essa bandeira em prol da cultura da cigana”.

    Série Barracões: Estácio leva as memórias e lado místico da Pedra, com enredo de Rosa Magalhães

    Por Victor Amancio

    Completando em 2020 cinquenta carnavais, a carnavalesca Rosa Magalhães, na sua segunda passagem pela Estácio de Sá, apresentará um desfile sobre a ‘Pedra’ e suas questões míticas e relevância para sociedade. Em visita do site CARNAVALESCO ao barracão da agremiação a carnavalesca explicou que o enredo nasceu da possibilidade de um patrocínio, e que, como não veio, adaptou pois ficou encantada com a temática.

    “O presidente Leziário me pediu um enredo com uma determinada característica visando um possível patrocínio, de um lugar que não direi qual é pois não conseguimos o objetivo. Daí eu adaptei o que já estava pesquisado com essa coisa da pedra que, inclusive, me deixou encantada”.

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    Rosa acredita que o Brasil é um dos países mais ricos em minérios e pedras e falou que diversos programas valorizam o tema e tratam sobre.

    “O Brasil é um país muito rico em minérios, rochas, pedras. Um dia desses liguei a televisão no National Geographic, e tinha uma viagem, para as cavernas do Mato Grosso. Lá tem cavernas enormes, tem umas que chegam a 12 metros de abertura de gruta. São coisas que eu nunca tinha visto e fiquei vendo e achei que é uma coincidência muito grande de vários programas estarem fazendo matérias sobre pedra. Daí percebemos o valor do tema”.

    ‘Não conheço ninguém que tenha feito enredo de Pedra’

    O enredo que ainda causa estranhamento por fugir do óbvio e trazer para avenida uma temática diferente. Rosa explica que o enredo tem uma riqueza e que precisou cortar coisas para caber dentro do desfile.

    “O enredo é muito atual e isso é um ponto positivo. Primeiro que é uma coisa que ninguém nunca fez, não conheço ninguém que tenha feito enredo de pedra, já é um ponto. O segundo é a riqueza do assunto, tive que cortar algumas coisas, por exemplo, não peguei músicas que abordavam o tema, e tem várias músicas que falam sobre pedra. O ruim é que tenho que selecionar para caber tudo dentro dos 70 minutos do desfile”.

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    Sobre a presença de escritores no enredo, Rosa explica que fará uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade, nascido em Minas Gerais e que escreveu sobre a exploração mineral do lugar.

    “Tem um pedaço do Pico do Cauê no desfile, em homenagem a Drummond. Quando a primeira estrada de ferro para mineração foi feita exclusivamente durante a guerra. Quando a guerra acabou, a Vale do Rio Doce esqueceu Itabira. Era de lá que ela vendia os minérios para os EUA. Foram feitos canhões, tanques, armas, balas, e etc. Foi nessa época que deu um declínio e o que é mais interessante, é que Drummond diz o seguinte: o dinheiro foi todo embora, ninguém em Itabira recebeu nada. Lá só ficou a poeira”.

    Sobre a crise que afeta o carnaval: “Tem que cair na real”, diz Rosa.

    “Nós estamos economizando o que é possível. Tem que cair na real, o dinheiro está curto e precisamos pensar em alternativas. Sobre a administração da escola, como o trabalho está sendo feito, somente o presidente pode responder. Para mim está tudo dentro dos conformes e já estou indo para a minha sexta alegoria”.

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    “O enredo de 2020 da Estácio não deixa de ser um enredo crítico”, explica a professora.

    “Sobre a questão dos enredos críticos, eu gosto e acredito que cada um tem o seu tipo. O enredo de 2020 da Estácio não deixa de ser um enredo crítico. Eu acredito que é até muito crítico porque pega várias vertentes. É a questão indígena, é a questão da exploração do homem, você tem os retirantes, você tem os renegados da Serra Pelada, quantos morreram, quantos foram sacrificados, quantos foram assassinados. Temos a aridez da lua, que é um pedaço da Terra. O Papa pediu para tomarem conta da Terra pois a situação está ficando crítica. Podemos ver, por exemplo, que fumaça das queimadas da Austrália está chegando no Rio Grande do Sul. Já se perderam milhões de animais. Temos que tomar cuidado, porque daqui a pouco a Amazônia pode virar uma Austrália”.

    Com o título “Pedra” gera-se uma especulação e dúvidas sobre os caminhos que Rosa vai trilhar para contar esse enredo em 70 minutos de desfile. A professora garante que será tudo de fácil entendimento.

    “Temos pessoas que dizem não entender o enredo da Estácio, mas eu garanto que no dia do desfile, ouvindo o samba e vendo as pessoas fantasiadas, as alegorias, tudo vai se resolver”, conclui.

    Entenda o desfile:

    Para contar “Pedra” e trazer as memórias nelas registradas e as injustiças por elas causadas, a Estácio levará para avenida seis carros, dois tripés e 26 alas.

    Setor 1: “Começa com a pedra como primeiro lugar onde escreviam. Você tem todo uma parte de inscrição rupestre no Piauí, no Pará e agora estão encontrando até no Rio Grande do Sul. Ela guardava os esqueletos pois sedimentava os fósseis todos. E além dessas descrições e dessas pinturas rupestres contando o dia a dia de cada um, você tem os animais da época; as pessoas caçando, luta e dança. Tudo isso registrado”.

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    Setor 2: “Chegam as pedras preciosas. Todas de Minas Gerais. Diamantina, por exemplo, tem esse nome por causa da alta profusão de diamantes. Tudo isso é ligado a essa produção de diamantes. E, não é só diamantes, tem outras pedras preciosas. Então tem essa parte do garimpo, do ouro. Curiosidade: era tanto ouro, que foi registrado que em 1600, 1700 que o preço do ouro caiu na Europa. Você imagina isso? Caiu de tanto que tinha”.

    Setor 3: “É o setor onde trazemos a exploração do ferro, que já é outro minério. Não é a pedra preciosa mas é a pedra pelo minério, que é descrita por Drummond lá de Minas”.

    Setor 4: “Neste setor nós vamos para os índios. Essas terras todas, do Pará, dessa região, são dos índios Carajás. De acordo com a visão deles religiosa, das lendas e etc, as almas ficavam dentro das pedras e para os índios dessas grutas que eles surgiam e iam para superfície da terra. Então os Carajás são os donos dessa riqueza toda. Depois nós temos Serra Pelada, que é no Carajás e foi tirada dos índios e parecia um formigueiro, todo mundo louco pelo ouro”.

    Setor 5: “A última parte do desfile é a Lua. Nesse setor entra a parte da preservação. Da Lua se vê a Terra e se não for cuidada ela vai virar uma pedra também. Não tem mistério”.

    Série Barracões: Com enredo afro ‘diferente’, Barroca Zona Sul abre o carnaval paulistano de 2020

    Por Gustavo Lima

    A equipe do CARNAVALESCO visitou o barracão do Barroca Zona Sul e entrevistou Rodrigo Meiners, que integra a comissão artística da escola. O artista faz sua estreia na “Faculdade do Samba” e tem a missão de fazer com que a agremiação permaneça no grupo de elite do carnaval paulistano. A escola trará para a avenida o enredo “Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza!”, que contará a história da escrava Tereza de Benguela e seus feitos em prol das mulheres e da negritude.

    “Mais uma vez eu chego em uma escola com um enredo definido, Tereza de Benguela já era uma ideia do Barroca lá atrás, a escola subindo esse seria o enredo, independente de quem estaria na comissão. É uma ideia do Marcão, diretor de carnaval, só tenho a agradecer, é muito participativo, dá toda assessoria e todo suporte junto com o presidente Cebolinha e o que a nossa comissão precisa. Nós vamos contar a história de Tereza surgindo em Benguela, a travessia dela pro Brasil chegando em Mato Grosso, ela foi uma escrava que veio pro centro-oeste do Brasil pra trabalhar na busca por mineração de ouro”, disse.

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    Rodrigo contou sobre a importância que o Quilombo do Quariterê, terá no desfile da agremiação.

    “Vamos falar sobre a fuga dela junto ao seu marido de todo seu povo e a fundação do Quilombo do Quariterê, que foi muito importante na história do Brasil, pra história da miscigenação do país, é um quilombo que abrigava não só negros, mas também índios, porque a procura da mão de obra era tão grande naquela época, que os colonizadores já estavam escravizando indígenas, porque eles precisavam de gente pra trabalhar. Imagina lá em 1700 você criar um quilombo escondido e habitar negros vindo de Benguela e nativos que vivam aqui com línguas e costumes totalmente diferentes e fazer esse quilombo dar certo e funcionar, produzindo seus próprios alimentos, suas próprias roupas, é algo que hoje é inimaginável, imagina naquela época. Depois a gente vem com o exterminação do quilombo, quando eles acham o lugar, invadem e exterminam o quilombo”, contou.

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    Como é um enredo que já estava definido quando Rodrigo chegou na escola, talvez, o entendimento e a assimilação da comissão artística com o tema seja um trabalho ainda mais complexo quando se fala de pesquisas dos itens que compõem o desfile, mas o carnavalesco exaltou sua equipe e disse que todo o desenvolvimento do enredo foi discutido, apesar de não ser um tema autoral.

    “Quando eu chego na escola o enredo já estava definido. A gente trabalha com uma comissão, sempre importante exaltar meus amigos que também trabalham bastante, cada um no seu setor, por isso que às vezes as reportagens de barracão sou eu mais que faço, mas também tem o Rogério Monteiro, que fica cuidando da confecção das fantasias, tem o Yuri Aguiar, que é mais nosso projetista, mais o presidente Everton Cebolinha e o Marcão, que é diretor de carnaval. Todo o desenvolvimento do enredo foi discutido, temos reuniões presenciais e eu fui muito bem recebido, em nenhum momento alguma ideia que eu tive ou algum conceito que eu queria para a escola, foi vetado, muito pelo contrário, tudo sempre foi muito ouvido, tudo sempre foi muito aberto. Todo mundo deu ideia, a gente discutiu qual seria a ideia melhor e assim chegamos no projeto do nosso enredo”, falou.

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    O Barroca Zona Sul está voltando ao Grupo Especial depois de ficar 14 carnavais fora, com descensos até para os Grupos 2 e 3, e junta o fato de a escola abrir o carnaval de São Paulo com a questão de Rodrigo estar estrando no Grupo Especial. Tudo acaba se tornando novidade para o Barroca, mas o carnavalesco garante estar bem tranquilo com esta situação, pois já passou por uma semelhante.

    “Eu não vou falar que passei por uma situação igual, porque o Grupo Especial é muito diferente, mas ano passado eu assumi a Mocidade Unida da Mooca com a escola vindo do Acesso 2 para o Acesso 1, abrindo a noite de desfiles em um grupo apertadíssimo, só com oito escolas, e a gente tinha a obrigação de permanecer e era meu primeiro ano assinando um carnaval na minha vida. Claro que é muita pressão e muito mais peso por ser Grupo Especial, também por questão de televisão, porque vai ser transmitido pro mundo inteiro, mas eu sou muito tranquilo em relação a isso, eu procuro no dia a dia fazer com que o resultado me agrade e agrade a escola. Quando a gente escolhe virar carnavalesco a gente escolhe virar uma figura pública e críticas a gente sempre vai ver, às vezes eu entro nas redes sociais e vejo algumas críticas e elogios, mas não podemos deixar que interfira no nosso trabalho”, declarou.

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    Tereza de Benguela é mais um enredo afro, mas que dá para explorar muita coisa no desfile, como a questão da religiosidade, a cidade de Benguela, a vinda para o Brasil e até uma crítica social contra o racismo e machismo que ainda é muito forte em nosso país.

    “O mais legal desse enredo é que é um tema afro, porque ela é uma mulher africana, mas o tema é um afro totalmente diferente, e a gente quis trazer esse afro diferente pra não ser um desfile comum, porque tantas escolas já fizeram temas afros. A gente começa a história na África, em Benguela, que foi onde ela nasceu, mas quando a gente vem pro Brasil, temos como plano de fundo do enredo bastante da história do Brasil, então a gente entra em Tratado de Tordesilhas, portugueses, holandeses, entraremos no Mato Grosso, que era o Eldorado, o Tupiniquim, o Pantanal. A gente entra também no lado indígena, porque o quilombo abrigou negros e índios. É uma temática afro, mas no visual do desfile, o visual não é tão clichê. Temos afro, índios, crítica social e vários outros caminhos visuais”, revelou.

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    Pela segunda parte do samba da escola para 2020, dá para notar em sua letra que o enredo irá questionar o racismo e preconceito contra as mulheres. Enredos desse tipo estão cada vez mais aparecendo nos carnavais do Brasil, e o Barroca também resolveu abraçar a ideia, principalmente a luta contra o racismo.

    “Nosso enredo é uma crítica social, mas não entraremos na questão político-partidária, a pessoa é racista porque ela é racista, não é por causa do partido que ela segue, a pessoa oprime, xinga, desvaloriza a mulher na nossa sociedade, não é por causa de partido político, é pela pessoa que ela é. Nosso enredo é muito crítico, traz uma grande reflexão pra todo mundo, mas não é político-partidário”, comentou.

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    Mesmo com muitas adversidades, a elaboração do carnaval segue dentro do cronograma inicial. O carnavalesco também nos falou sobre o andamento do barracão e as dificuldades de montar o carnaval na Fábrica do Samba II.

    “Quando a gente começou a pensar no projeto, pensamos no cronograma inicial e graças a muito trabalho esse cronograma vem sendo cumprido. Problemas financeiros todo mundo tem, não existe ninguém que faça carnaval no Brasil que não tenha problemas financeiros, só que a nossa maior dificuldade esse ano disparado é espaço e logística devido ao barracão. A gente tem aqui o barracão da Fábrica do Samba II, e não é só a gente, é a Colorado do Brás, X9 Paulistana e Pérola Negra que também sofrem com isso, e querendo ou não a condição de disputa fica desigual. A gente tem custo pra alugar e levar outra equipe a outro local, e muito além do custo financeiro, é a questão do trabalho, porque aqui eu não consigo ver a minha alegoria montada, eu não consigo nunca imaginar e visualizar meu carnaval em um todo. A gente tem peça em um outro galpão, lá embaixo e temos peça também lá fora que pega chuva. Sofremos de tabela com o trágico incêndio no barracão da Independente, não queimou nosso barracão, mas perdemos uma semana de trabalho, porque a poeira sujou tudo, a gente estava com dois carros prontos na época e tivemos que trocar piso de pelúcia, placa de acetato que perdeu a forma com o calor. Além da estrutura ser inferior das escolas do Grupo Especial, também teve a semana do incêndio que foi muito ruim pra gente, mas mesmo assim estamos dentro do nosso cronograma, e isso é mérito total da diretoria da escola que fez o possível e o impossível pra gente não sentir tanto essa diferença de galpão”, afirmou.

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    Conheça o desfile:

    SETOR 1: BENGUELA
    “É o nascimento de Tereza, é um setor que tem pouca ala por ser o primeiro setor, então a gente vai retratar basicamente Benguela mesmo, uma cidade africana antiga, muito sombria e escura, por ser uma cidade triste, onde todos os habitantes mais cedo ou mais tarde virariam escravos”.

    SETOR 2: ESCRAVIDÃO EM BENGUELA
    “No nosso segundo setor, nossas fantasias retratam esses habitantes de Benguela já escravizados. Falaremos também dos portugueses, espanhóis e todos os colonizadores”.

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    SETOR 3: VALE DO GUAPORÉ
    “O nosso terceiro setor retrata a região do Vale do Guaporé e todo o trabalho manual que esse povo de Tereza, os habitantes do Quilombo do Quariterê faziam pra se sustentar, todo esse trabalho funcional, como pecuária e plantação”.

    SETOR 4: EXTERMINAÇÃO DO QUILOMBO QUARITERÊ
    “No nosso quarto setor a gente vai falar do extermínio desse povo do quilombo. Vamos retratar toda a opressão, esse extermínio e a morte de Tereza e de seu marido José Piolho”.

    SETOR 5: LEGADO DE TEREZA
    “No nosso quinto setor, as fantasias retratam o legado que Tereza deixou aqui. Esse setor é mais uma crítica social, não é político-partidário, mas retrata essa questão do legado de Tereza na Terra, do empoderamento feminino e da valorização da mulher, principalmente a mulher negra”.

    Entrevistão com mestre Casagrande: ‘Andamento e afinação são gostos. Cada um tem sua preferência’

    Por Gabriella Souza

    Luiz Calixto ou mais conhecido como mestre Casagrande é um dos mais renomados e tradicionais mestres de bateria do carnaval carioca. Doze anos à frente da Pura Cadência tijucana e completando 40 anos de história como componente da Unidos da Tijuca, Casagrande conta, em conversa com o site CARNAVALESCO, um pouco da trajetória em sua escola de coração, do trabalho que desenvolveu e que hoje é referência. Relembra também mestre Marçal, seu grande mentor e fala da nova geração de mestres de bateria.

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    Hoje o andamento é muito debatido no mundo das baterias. Para você existe um andamento ideal máximo?

    “Eu acho que o andamento cada um tem o seu, tem uma bateria que toca para frente ou uma que toca mais cadenciada, como a gente fala, mais para trás. Eu tento chegar no meio termo, acho que o andamento 148, 146 BPM (batidas por minuto) é o ideal que eu, Casagrande, gosto e minha bateria também. Achamos que fica até mais confortável para o carro de som e a gente aqui opta por esse andamento. Mas é isso, andamento é gosto, assim como afinação, cada um tem a sua preferência”.

    Você já fez coreografias na bateria. Qual a sua visão sobre esse recurso?

    “Eu acho super legal, mesmo porque quem compra o ingresso e está ali assistindo na Marquês de Sapucaí vai para ver o espetáculo e principalmente para ver a bateria, com todo respeito aos outros segmentos, e a bateria tem que dar um show. Quando dá para conciliar as bossas, as paradinhas com a coreografia junto, a gente faz. Mas é aquilo, tem que estar casado com o conjunto e imbuído dentro do enredo, se não tiver no enredo não fica legal. E claro, tem que ser tudo pensando para não prejudicar a escola, porque às  vezes tem gente que pensa somente no lado da vaidade, do lado só da bateria e o do pessoal e acaba esquecendo a escola, acaba atrasando e prejudicando a harmonia e todo o andamento e a logística da escola, e isso não pode acontecer”.

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    Se você pudesse dar uma nota para o julgamento de bateria qual seria?

    “Para esse julgamento eu daria nota 10, porque é muito difícil, eu jamais gostaria de estar na pele de um julgador. Se me dessem qualquer dinheiro do mundo eu não julgaria, não seria julgador de bateria, sendo sincero, eu já fui uma vez em Campos e foi uma experiência que eu não quero ter nunca mais. Porque é difícil você julgar aquilo que você sabe que se teve um trabalho do ano todo, ter que dar uma nota, e que às vezes pode ser o que aquele mestre e sua bateria não estão esperando. É difícil o cara estar lá de cima e ter uma audição perfeita nesse lugar, até porque o sistema de som da Sapucaí acaba impossibilitando isso. O ideal seria mesmo é que eles pudessem julgar daqui de baixo, mas não podem, ou até frequentarem os ensaios para realizar uma avaliação melhor do que está acontecendo dentro daquela bateria, mas a gente confia muito que eles são
    conhecedores”.

    Agora as baterias não precisam parar nos módulos. Você acha isso positivo? Pretende parar?

    “Na verdade nunca foi obrigatório parar, nem no segundo recuo tem essa obrigatoriedade de entrar, nunca foi. Mas eu particularmente gosto muito e me preparo para esse momento com o julgador e o módulo para apresentar minha bateria. Não só para o julgador específico, mas também para todos os outros julgadores que estão no quesito. Eu acho que é um respeito, é bem legal e eles gostam também”.

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    Desde 2008 a bateria da Tijuca conhece muito poucas notas diferentes de 10, mas em 2019 acabou levando um 9.8 de um dos julgadores. O que se vê na Pura Cadência é uma bateria muito elogiada e de referência. O que aconteceu nessa ocasião e qual o segredo para esse sucesso?

    “Eu até me sinto desconfortável para falar dessa nota porque até hoje a gente não ingeriu, e não vai, eu tento ser sempre muito cuidadoso para falar desse assunto, até porque eu não estou aqui para falar nada sobre o trabalho dos julgadores ou discutir a nota dada. No caso, eram quatro julgadores e nós tomamos três 10 e um deles foi esse 9,8. Esse julgador que nos deu essa nota, a justificou falando que o meu surdo de primeira, que é um surdo grave, a primeira também grave e ele colocou que estaria tirando um décimo porque o surdo de primeira estaria próximo à afinação do surdo de terceira, o que é humanamente impossível. Mas a gente tem que respeitar, talvez ele tenha outra visão, outra percepção ou outro universo de afinação até porque ele também é um baterista renomado e eu tenho muito respeito por ele. A justificativa que ele deu para o outro décimo foi que ocorreu o desencontro rítmico de todo o miolo de bateria, e essa é uma questão muito grave. Então eu deixo para vocês, para a crítica, a gente só tem mesmo a lamentar, e trabalhar para que isso não aconteça. Se a gente tiver uma oportunidade de conversar com o julgador ou saber o porquê dessa nota eu ficar muito satisfeito. Mas se não tiver também vida que segue e o trabalho continua”.

    Não ter ensaio técnico faz alguma diferença para o trabalho da bateria?

    “Essa questão tem dois problemas principais. É legal ter o ensaio técnico para você poder ter a bateria completa ali, no meu caso vão os 272 ritmistas para o ensaio. Da para ter uma ideia geral de como vai ser o resultado no dia do desfile e é bem legal. O ruim é que o seu trabalho fica prejulgado, todo mundo acaba dando uma opinião do que viu ali, se o ensaio for ruim, por exemplo, isso acaba virando uma bola de neve e com a internet hoje isso cresce e também afeta o trabalho. É bom e é ruim ao mesmo tempo. Mas é só na Avenida que acontece, muita gente não entende que aquilo ali é um treino que tem uma margem de erro, pode errar para não acontecer no dia”.

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    Embora seja mestre há 12 anos você é um dos mais antigos integrantes da escola. Como vc viu a evolução da bateria e da escola?

    “Faço 40 anos na casa esse ano. São 37 de bateria mais três de ‘agregado’ em outros segmentos, então tenho bastante tempo aqui. Nós escolhemos uma identidade de bateria para desfilar a partir do ano de 1999, visto que já tínhamos essa ideia de andamentos e essa identidade de ritmo que nós queríamos propor, porque, na verdade, antes de eu assumir a bateria da Tijuca ela passou por diversos mestres que eram de baterias de outras escolas. Tivemos aqui o mestre Marçal, que no caso é o meu tutor como mestre de bateria, o Ciça já esteve também e muitos outros. Mas a identidade mesmo foi criada em 99 e de lá para cá nós fomos conseguindo manter até hoje. Graças a deus vem dado certo e hoje a bateria da Tijuca é uma referência e a todos nós ficamos muito orgulhosos disso”.

    E hoje? São três anos seguidos afastado das campeãs. É um momento de transição?

    “A gente tem que voltar para as campeãs, já está na hora. Mas nesses anos a escola teve muitas perdas também, e é difícil se readaptar. Tivemos que acertar carro de som, casal de mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, então isso não se firma de um desfile para outro. Mas esse ano esperamos que aconteça e que possamos botar tudo no lugar”.

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    Quem foram suas referências para montar seu estilo de trabalho na bateria da Tijuca? 

    “Minha referência de vida é o mestre Marçal, que não está mais conosco, mas que foi mesmo um mentor, sempre vou citar ele em todas as entrevistas. Já tivemos nesse carnaval lendários mestres de bateria e que admiro muito, mas ele foi o cara que me ensinou e eu aprendi tanta coisa. Quando eu olhei para ele falei que queria ser igual, com toda aquela postura dele como um mestre na frente da sua bateria. Ele me ensinou a importância de se manter a disciplina dos seus ritmistas e de ter também o respeito dos seus comandados mas sem ter que apelar para a violência ou arrogância, de ser um líder natural, a elegância dele, a forma de se apresentar ele deixou como referência e eu tento capturar disso”.

    Nos últimos anos, especialmente em 2019, jovens mestres começaram a assumir grandes baterias. O que você está achando do trabalho deles? Você é mesmo uma referência para eles, se pudesse deixar um ensinamento, qual seria?

    “A rapaziada nova fala isso e me sinto honrado. Para quem está começando, meu conselho é para que principalmente se tenha humildade e foco no trabalho que é feito. Se não tiver isso e vontade para perseverar não se chega a lugar nenhum, mas temos uns mestres jovens que estão chegando ai, fazendo um trabalho bacana e com muita qualidade. Eu e Ciça sempre brincamos com eles, que são nossos “juvenis” e que estão carregando mesmo a nossa chuteira. Temos uma galera boa, o Fafá que sou mais próximo, conversamos muito, gosto muito do trabalho dele e admiro mesmo, o Macaco Branco da Vila também, os meninos do Salgueiro, Guilherme e Gustavo, que são muito musicais e estão lá desde criança e já até desfilaram aqui comigo, os meninos Marcelo e o Keko da Ilha também, que conseguiram resgatar o ritmo da bateria e muitos outros que admiro bastante. A nova geração dos mestres de bateria está muito bem representada”.

    Série Barracões: Santa Cruz viaja até Barbalha e traz festa do Pau da Bandeira para Marquês de Sapucaí

    Por Diogo Sampaio

    No carnaval de 2020, a Acadêmicos de Santa Cruz irá levar o público para uma viagem ao Cariri cearense, mais especificamente ao município de Barbalha. Considerado um dos maiores celeiros de cultura popular do sertão nordestino, todos os anos o lugar atrai milhões de pessoas para os quinze dias de festejo a Santo Antônio, padroeiro da cidade.

    As celebrações ao santo casamenteiro tem seu início com uma centenária tradição: o dia do Pau da Bandeira. Neste dia, os homens devotos do padroeiro saem de suas casas, às 5h, para buscar o mastro que irá hastear a bandeira do santo, ato este que marca a abertura da festa. Acompanhados por uma multidão de fiéis, esses homens carregam nos ombros o “Pau da Bandeira” em uma peregrinação de 6 km até a frente da Igreja Matriz de Santo Antônio, local em que milhares de pessoas se aglomeram a espera do hasteamento. Um rito que casa o sagrado e o profano.

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    “Toda cidade no Nordeste é cercada dessas crendices e Barbalha não seria diferente. Eu não conhecia a festa do Pau da Bandeira, e ao ver vídeos incríveis da festa, fiquei surpreso ao constatar que realmente reúne milhões de pessoas. O levantamento do Pau da Bandeira, a seriedade que eles empregam nessas manifestações religiosas em meio a festa, a parte das águas medicinais das fontes da cidade, o soldadinho de Araripe que é um patrimônio deles que é um pássaro, são só algumas das peculiaridades de Barbalha. Essas curiosidades foram enriquecendo a pesquisa e o desenvolvimento do enredo. Então, como a série A é um desfile que envolve no máximo quatro setores, o desafio foi encontrar uma divisão cronológica dentro do roteiro para que nada de especial ficasse de fora ou pelo menos que as principais informações e atrativos da cidade aparecessem com destaque no desfile”, detalhou o carnavalesco Cahê Rodrigues.

    Responsável por mais um ano pela assinatura do desfile da verde e branco, o artista relata que a ideia de se falar sobre a cidade de Barbalha surgiu de uma sugestão dada por um amigo do presidente da escola. Com expectativa de contar com patrocínio, a proposta acabou sendo a escolhida.

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    “Foi um amigo do Zezo (presidente da Santa Cruz), que já conhecia a cidade, que levou essa ideia para ele. Parece que esse amigo já visitou Barbalha e ficou encantado com a história de lá. Então o Zezo foi para o Ceará e rolou uma promessa de patrocínio por parte dos empresários locais. Foi aí que o enredo ganhou mais força, por conta da dificuldade que a gente está atravessando. Não se pode descartar ter um tema patrocinado ou com algum apoio financeiro. A partir disso, comecei a pesquisar, fiz entrevistas com alguns moradores da cidade, e fui descobrindo as curiosidades que me ajudaram na construção a ideia do desfile”, relatou.

    Porém, apesar das expectativas, de acordo com Cahê, o aporte financeiro não se cumpriu. No entanto, aconteceram outros tipos de apoios e parcerias. Apesar de não ter chegado a viajar para Barbalha, o carnavalesco diz manter contato quase diário com pessoas de lá, que o auxiliaram de diversas formas.

    “Até o momento, ao que parece, não caiu nada de patrocínio, mas eu sei que o presidente está correndo atrás. Já a parte mais institucional, eu posso afirmar que funcionou muito. Estou tendo um super apoio de um jornalista cearense chamado Marcelo Fraga. Ele é apaixonado por Barbalha e tem me ajudado muito nos contatos. Graças a isso, vamos conseguir distribuir quase 10 mil mini-rapaduras vindas de Barbalho no desfile, pois lá ainda existem os engenhos de rapadura, funcionando de uma forma bastante artesanal. Teremos também o momento de distribuição de cordéis, porque um artista barbalhense está fazendo um cordel que conta a história do samba enredo. Então, são essas parcerias que estamos fazendo com a cidade de Barbalha. Tem um outro artista, que fez uma xilogravura que estará presente no terceiro carro da escola. A solteirona Luna, que é uma figura extremamente popular na cidade, vai vir de lá para distribuir kits de chá e tudo mais. Essas crendices populares que envolvem a festa do Pau da Bandeira, isso tudo vai estar presente no desfile da Santa Cruz”, adiantou.

    Dificuldades e soluções em meio ao cenário de crise

    Além da ausência de patrocínio, o corte completo do repasse de verbas da Prefeitura do Rio tem afetado muito a Santa Cruz e as demais agremiações que desfilam pela Série A. Não bastasse a falta de dinheiro, estas escolas precisam lidar diariamente também com a carência estrutural, por exemplo. Por esse motivo, segundo o carnavalesco, se faz ainda mais necessário trabalhar com a criatividade.

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    “É cada vez mais difícil fazer carnaval sem dinheiro, principalmente na série A, porque além de não ter dinheiro, também não há estrutura. Então, até aquilo que poderia ser reciclado de um ano para o outro, acaba sendo perdido por causa da falta de um espaço para manter aquilo que foi construído. Realmente é muito difícil, não adianta fingir o contrário, a situação é caótica. Estou fazendo carnaval mais um ano com uma limitação gigante de material, porque não tem dinheiro para comprar nada. Nessas horas, você deve usar e abusar da criatividade”, relatou.

    A saída encontrada por Cahê Rodrigues para conseguir confeccionar o carnaval da Santa Cruz foi novamente apostar no uso de materiais atípicos e alternativos ao espetáculo. Segundo artista, o enredo de temática nordestina também o permitiu utilizar de elementos característicos da região que tem baixo custo, como o chitão, o fuxico e o retalho.

    “Tudo parte do princípio da boa vontade. Quando você tem paixão pelo que faz, dá pra pensar calmamente no que se pode fazer com o pouco material disponível. Então, a minha visão de carnaval dentro da Santa Cruz foi criar um projeto desde o início sabendo dessas dificuldades. É uma temática nordestina, então procurei criar um Nordeste um pouco diferente do que as pessoas costumam levar, em tons terrosos e toda aquela coisa. Fui pro caminho mais colorido e leve. É uma escola que não tem muito esplendor. Não usei pena porque não tínhamos condições. Evitei ao máximo armações de arame e criei figurinos para uma reprodução mais próxima do protótipo. Procurei usar materiais baratos como o chitão e fui pro caminho do TNT, em cores que te dão um efeito visual interessante. Também estou usando muito material reciclado do ano passado, isso ajudou na composição, pois o nordeste tem essa coisa do fuxico e do retalho”, declarou.

    Questionado se o colorido que pretende levar para Avenida segue o mesmo estilo do trabalho feito por ele na Imperatriz de 2015, com o enredo “Axé-Nkenda – Um ritual de liberdade – E que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz”, Cahê afirma que não. Segundo ele, naquela ocasião houve o predomínio das cores mais cítricas, enquanto agora haverá maior emprego das cores e tons da própria Santa Cruz.

    “A minha áfrica pop da Imperatriz foi justamente tentando fugi um pouco do óbvio. Eu acho que com bem menos recursos, estou conseguindo criar o meu nordeste na Santa Cruz. Eu brinco muito com o verde limão que além de ser a cor da escola, é uma cor que recorta a plástica do desfile em vários momentos. Posso garantir que será algo bem colorido, com uma dominância do verde, dourado e branco da escola. Não é um carnaval neon de cores fluorescentes o tempo todo”, comparou.

    Mudanças no regulamento

    Durante o bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, Cahê Rodrigues comentou acerca das mudanças no regulamento da Série A. Entre as novidades para este carnaval, está a diminuição do número máximo de alegorias: de quatro para três. Para o artista, no atual cenário de crise financeira da festa, o enxugamento no tamanho do desfile é algo positivo e que beneficia todas as agremiações.

    “Para todos foi melhor. Dentro das dificuldades existentes, ter um carro a menos facilita muito em termos de investimento de custos e mão de obra. No meu caso, diminuiu e não diminuiu. Ano passado, meu abre-alas não era acoplado, diferentemente desse ano. Então, na verdade, eu continuo com quatro alegorias. Além dos meus quarto carros, eu tenho ainda um tripé. Ou seja, em termos de volume, continua a mesma coisa do último carnaval, só que a escola está mais compactada em tamanho, pelo número de alas reduzidas. E fizemos também alguns ajustes na cabeça, na posição das baianas, na ala dos compositores que vem concentrada, ao invés de solta como em anos anteriores”, contou.

    Um carnaval maior e melhor que o passado

    Em seu retorno para a Santa Cruz no último carnaval, Cahê Rodrigues assinou o enredo “Ruth de Souza – Senhora liberdade. Abre as asas sobre nós!” e alcançou um quinto lugar, a melhor colocação da escola na Série A desde 2011. Para o carnavalesco, um feito que deve ser superado pelo desfile deste ano.

    “Acho que a Santa Cruz precisa entender e acordar para a potência de escola que é. Meu primeiro contato com Santa Cruz foi em 1995, quando conheci uma super escola e essa escola adormeceu. O carnaval em homenagem a dona Ruth de Souza trouxe de volta o brilho para aquela comunidade. O povo acordou, começou a enxergar que a escola tem potencial, tanto que percebo hoje uma quadra mais feliz e disposta a ir para Avenida brigar por uma boa colocação. É claro que o quinto lugar traz uma responsabilidade maior e a expectativa é de uma posição melhor que a do ano passado, apesar do grupo esse ano estar mais forte. Porém, temos um grande enredo e um ótimo samba, então a escola está com bem mais estrutura que no último carnaval”, avaliou.

    E mesmo com as dificuldades financeiras, Cahê promete fazer um carnaval maior e melhor, plasticamente, que o último. Entre as novidades, está o uso de acoplamento no abre-alas, além da aposta na movimentação de escultura, através do trabalho dos profissionais oriundos do Festival de Parintins.

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    “A Santa Cruz tem uma estrutura de carros grandes, então isso já da um volume bacana de alegoria. Eu estou mantendo as bases do ano passado, mas claro que mexendo em algumas coisas: modifiquei algumas frentes, temos um abre-alas acoplado, além de ter mais movimentação nos carros do que no último carnaval. Em termos alegóricos, está bem melhor do que foi em 2019”, garantiu.

    O artista ainda revelou que tem na abertura do desfile a sua grande aposta para 2020. Para ele, a entrada, junto com os quesitos de chão, são os grandes trunfos da Santa Cruz.

    “A escola está bem motivada, o samba é muito bom, o chão da escola está muito mais forte , vejo uma comunidade mais presente nos ensaios. Acredito muito na nossa abertura também. Barbalha é conhecida como a terra dos verdes canaviais, então a beleza dessas terras vão levar um pouco de encantamento para a abertura da Santa Cruz. E com a bênção de Santo Antônio, que é o padroeiro da cidade”, assegurou.

    Entenda o desfile

    Quarta escola a se apresentar no sábado de carnaval, a Santa Cruz irá para Marquês de Sapucaí em 2020 com cerca de 1700 componentes, além de 21 alas, três alegorias (sendo o abre-alas acoplado) e um elemento cenográfico. O enredo “Santa Cruz de Barbalha: Um Conto Popular no Cariri Cearense” será contado pela agremiação ao longo de três setores, como explica o carnavalesco Cahê Rodrigues:

    Setor 1: “O primeiro setor é a beleza da terra dos verdes canaviais. A gente vai falar do início da construção da cidade, da economia, dos engenhos de rapadura, então é um setor mais voltado para a parte econômica e histórica de Barbalha”.

    Setor 2: “No segundo momento do desfile, falamos sobre a festa do Pau da Bandeira, que é o fogo que movimenta Barbalha. É o folclore, as danças, as crendices populares… Todo esse universo que é muito forte para o povo nordestino e que estará presente no segundo setor”.

    Setor 3: “E o terceiro momento é quando a Santa Cruz te convida à ir para Barbalha. A sinopse brinca com isso:‘Santa Cruz de Barbalha’. Então, é como se a escola te convidasse para conhecer as maravilhas dessa cidade. Do Sambódromo à terra de Santo Antônio”.

    Substituta de Sabrina Sato na Vila Isabel, Aline Riscado revela seu segredo

    Por Victor Amancio

    Modelo, atriz e bailarina. Aline Riscado se prepara para o seu primeiro ano como rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel. Figura presente em vários ensaios da agremiação da terra de Noel, a rainha mostrou dedicação durante o pré-carnaval. Em sua estreia, Aline Riscado já encontra um grande obstáculo: reinar no lugar de Sabrina Sato. A apresentadora desfilou a frente da Swingueira de Noel durante nove anos e ainda é aclamada pela torcida e os apaixonados pelo carnaval. Aline diz que não pensa na responsabilidade e sim em dar o seu melhor para escola.

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    “Sem dúvida, os olhares se voltam para o cargo que hoje eu ocupo na Vila, ainda mais por ser uma substituta da Sabrina, mas não penso na responsabilidade, penso que vou dar o meu melhor, sempre, independente de quem eu esteja substituindo, estou ali para ser parte da Vila e me entregar para a comunidade, cada dia mais, como estou fazendo”.

    Pensando em conquistar a escola e seus ritmistas Aline diz que o segredo é ser ela mesma.

    “Ser nós mesmos. Mostrar, que estamos ali para contribuir com o crescimento da escola, e sem dúvidas deixar a essência falar mais alto, dar o amor sem esperar nada em troca e viver cada momento, como se fosse o último, afinal, é isso que tem tornado cada ensaio mais emocionante”.

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    Sobre o samba a rainha explica que a sua formação como bailarina a ajuda e que desde o mês de agosto ela está se preparando com aulas de samba. Além do samba no pé, o grande público espera as fantasias das rainhas, Aline conta que sua roupa está sendo produzida pelo estilista Henrique Filho e que será linda.

    “O responsável pela minha fantasia é Henrique Filho, estamos preparando uma fantasia linda, não posso falar muito ainda, mas falta pouco, para vocês conferirem. O que posso adiantar é que vai ser uma fantasia leve, confortável, quero me divertir na avenida. Claro, terá glamour, mas eu acho que temos que nos divertir acima de tudo, curtir o momento, a emoção e nos entregarmos, sem nada que incomode meu desempenho na Sapucaí”.

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    Na concepção da atriz simpatia e felicidade são fatores primordiais para reinar a frente de uma bateria. A rainha neste mês visitou o morro dos Macacos, comunidade da Vila Isabel, para ter um contato maior com o povo de Noel.

    “Simpatia e felicidade não podem faltar em uma rainha. O contato com a comunidade, com a escola, estamos ali representando um povo, é preciso que conheçamos este povo, sua história, suas batalhas, para que nos tornemos uma família e estejamos dispostas a representa-los no carnaval, momento que os olhares do mundo estão voltados pro nosso país”.

    MetrôRio funcionará 24h durante o Carnaval 2020

      O MetrôRio terá um esquema especial de funcionamento durante os cinco dias de Carnaval. Os trens circularão sem interrupção a partir das 5h de sexta-feira até as 23h59 da terça-feira. A partir das 5h de sábado até as 23h59 de terça-feira, as composições da Linha 2 farão o trajeto direto entre a estação Pavuna e a estação General Osório, sem necessidade de transferência em Estácio.

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      Para a ida e volta dos blocos e do desfile das escolas de samba, no Sambódromo, o MetrôRio recomenda que os clientes comprem os cartões de embarque e desembarque ou façam a recarga do cartão Giro com antecedência para evitar filas. Durante toda a operação de Carnaval, serão aceitos o cartão Giro, o cartão pré-pago, Bilhete Único, Vale-Transporte e RioCard.

      Segundo Daniel Habib, diretor de Operações do MetrôRio, uma boa opção é planejar o valor da recarga do cartão Giro considerando todos os dias da folia. “O cliente do cartão Giro ainda tem a facilidade de fazer a recarga pelo celular ou computador, sem sair de casa. Assim, os foliões evitam filas e embarcam mais rapidamente no sistema”, enfatiza.

      Sapucaí e Terreirão do Samba

      O MetrôRio é a melhor opção para os foliões que vão aproveitar os desfiles na Sapucaí e os shows no Terreirão do Samba. Quem vai assistir ao desfile nos setores do lado ímpar ou desfilar nas escolas que se concentram perto do edifício Balança Mas Não Cai deve optar pelo desembarque na estação Central. Para os foliões que irão ao Terreirão do Samba, a estação Central também é a indicada.

      Já a estação Praça Onze é a mais próxima para os passageiros que adquiriram ingressos para os setores pares ou irão brincar nas escolas que se concentram ao lado do edifício dos Correios.

      Estações com funcionamento especial

      As estações Catete e Presidente Vargas fecharão à meia-noite de sexta-feira (21/02) para sábado (22/02) e só reabrirão às 5h da quarta-feira de cinzas (26/02).

      Na estação Cinelândia, os acessos Passeio (acesso D) e Presidente Wilson (acesso E) ficarão abertos apenas para desembarque e embarque, respectivamente, das 6h às 20h entre o sábado (22/02) e a terça-feira (25/02), exclusivamente para clientes com cartões pré-adquiridos (cartão Giro, cartão unitário e pré-pago do MetrôRio, cartões RioCard, Bilhete Único e Vale-Transporte). Os demais passageiros poderão comprar seus cartões e embarcar nas estações mais próximas: Carioca e Glória, que contarão com bilheterias na área externa.

      A estação Nossa Senhora da Paz também terá um esquema especial: a partir das 18h de sábado (22/02), domingo (23/02), segunda-feira (24/02) e de terça-feira (25/02) não haverá venda de cartões. Os clientes que desejarem comprar um bilhete deverão dirigir-se à estação General Osório, que contará com bilheterias e estrutura especial na área externa para agilizar a compra dos cartões e o embarque. Ainda em Nossa Senhora da Paz, somente o acesso Joana Angélica permanecerá aberto após as 18h.

      Funcionamento das bilheterias

      Por questões de segurança, as estações terão suas bilheterias fechadas durante a madrugada: de 0h às 5h de sábado (22/02) até a terça-feira (25/02). Somente as estações General Osório, Carioca, Central, Praça Onze e Cidade Nova contarão com bilheterias funcionando 24h. Como alternativa na madrugada, as demais estações terão máquinas de autoatendimento (que aceitam pagamento em dinheiro, cartão de débito ou cartão de crédito) para a compra dos cartões, com valor mínimo de recarga de R$ 8,00 (valor de R$ 3 do casco mais R$ 5 de recarga mínima).

      Medidas de segurança

      Durante toda a operação especial de Carnaval, algumas escadas rolantes permanecerão desligadas. A medida tem como objetivo a prevenção de acidentes com fantasias e adereços, muito comuns nesta época do ano.

      Não será permitido o embarque com bicicletas, pranchas de surfe, grandes volumes e sacos de gelo durante a operação especial de Carnaval.

      É proibido impedir o fechamento das portas dos trens.

      Metrô Na Superfície

      De sexta-feira a terça-feira, as linhas Botafogo-Gávea e Antero de Quental-Gávea funcionarão das 5h à meia-noite, mantendo as estações iniciais e finais. O itinerário das linhas de extensão e seus pontos intermediários poderão sofrer alterações de acordo com as condições de trânsito, sempre com a orientação da CET-Rio ou da Guarda Municipal.

      Dicas de segurança para os passageiros

      O MetrôRio está operando em esquema especial nos finais de semana até o início de março para atender ao público que está curtindo os eventos de pré, pós e carnaval. Além das ações de reforço no efetivo de segurança e de atendimento e alterações na operação, a colaboração dos clientes também é essencial para o sucesso e segurança da operação. Por isso, a concessionária elaborou uma série de dicas para orientar os usuários:

      – Ficar atento às proibições de embarque (grandes volumes e veículos) e nos dias de folia, em especial, não transportar ou utilizar garrafas de vidro, pois o descarte irregular pode provocar acidentes graves;

      – Não sentar no chão da composição ou travar o fechamento das portas, que pode atrasar a viagem e provocar acidentes;

      – Não ultrapassar a faixa de segurança devido ao risco;

      – A gentileza não pode ser esquecida nos dias de folia, portanto devem-se respeitar os assentos preferenciais e ajudar pessoas com deficiência ou necessidades especiais ou acionar apoio das equipes de segurança;

      – Não depredar ou vandalizar as composições e estações. Além de ser crime de dano ao patrimônio, atrasa a viagem e pode prejudicar a operação. Em caso de flagrante, denuncie às equipes de segurança;

      – Não descarte lixo no interior dos trens, nas dependências das estações e principalmente nas plataformas, pois pode prejudicar a operação;

      – Ter paciência ao embarcar e desembarcar e seguir as orientações dos operadores de fluxo. A pressa pode gerar tumulto e prejudicar ainda mais a mobilidade;

      Compra com antecedência

      A operação da concessionária contará com alterações nas linhas e fechamento de estações para mitigar impactos no fluxo e promover a mobilidade no escoamento dos eventos. O MetrôRio solicita que os passageiros fiquem atentos às mudanças e adquiram os bilhetes de volta com antecedência para evitar filas. Além disso, é necessário cooperar com atitudes que ajudam a manter a viagem mais tranquila e segura para todos, como segurar as portas da composições, sentar no chão e também seguir as orientações dos operadores de estação.

      Cartão Giro e pagamento por aproximação

      Para facilitar a entrada no sistema, a concessionária sugere a compra, com antecedência, do cartão Giro. Os clientes podem planejar a viagem através do aplicativo MetrôRio. Quem tem cartão de crédito Visa com tecnologia NFC consegue embarcar diretamente nas catracas sinalizadas.

      Elza Soares visita o barracão da Mocidade e diz que carnavalesco conseguiu entender sua vida

      A Mocidade Independente de Padre Miguel viveu uma tarde de muita emoção nesta segunda-feira, em seu barracão, na Cidade do Samba. A grande homenageada do enredo da escola em 2020, Elza Soares, visitou a fábrica de alegorias e fantasias da verde e branca, e conheceu tudo o que a agremiação mostrará na Avenida no próximo dia 24 de fevereiro. (Foto: Raphael Vidal/Divulgação)

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      Durante pouco mais de duas horas, Elza viu todo o desenvolvimento proposto pelo carnavalesco Jack Vasconcelos. Passeou pelos quatro andares do barracão, se emocionou, e aprovou a forma com que sua história será contada. Foi bastante requisitada também pelos funcionários da escola, tirou fotos, conversou, e conheceu uma homenagem feita pelo pintor de arte Andrew Viana em uma das paredes do quarto andar do pavimento.

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      “Estou muito emocionada com tudo o que vi e tenho certeza que será um desfile lindo. O Jack conseguiu entender a minha vida de uma forma única. Estou ansiosa pelo desfile e pra ver o meu povo de Padre Miguel entrar com muita com muita garra na Avenida. Vamos lutar forte pelo título”, afirmou Elza.

      A Estrela Guia da Zona Oeste será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de folia. A fantasia de Elza Soares será uma criação de Léo Belicha e Érika Rosa. A execução é do atelier Érika Rosa e o design de pedras de Andrea Pacci.