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Comunidade canta forte, mas Rosas de Ouro peca em fantasia e evolução

Fechando os desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, a Rosas de Ouro, assim como nos ensaios técnicos, mostrou um canto forte e claro, muito devido a bateria de mestre Rafa, que coloca a escola para cima e o sincronismo com o carro de som, que juntamente se entrosaram nos arranjos, além do samba que tenha uma ótima letra e uma melodia que puxa a comunidade. Outro destaque foi a comissão de frente, que se apresentou de forma lúdica, contando um pouco de toda a história da tecnologia, tendo como exemplo as revoluções industriais. Mais um destaque, o casal estreante, Everson Sena e Isabel Casagrande, mostrou um desempenho consistente. O quesito fantasia deixou a desejar, os materiais escolhidos foram errôneos e deu a impressão de que tudo foi feito às pressas. O enredo da escola se chama “Tempos Modernos”, que fala sobre a história e o futuro da tecnologia. A Rosas de Ouro fechou seu desfile em 63 minutos.

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Comissão de frente

A comissão de frente usou um figurino branco com detalhes em branco e dourado. A ala teve como personagem principal o robô símbolo do enredo, chamado ROXP4, e contou de tudo um pouco, com personagens entrando e saindo do elemento alegórico, tendo componentes fazendo acrobacias com o objetivo de representar a evolução da tecnologia e a relação com o ser humano, onde o homem exaltam os seres tecnológicos.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Usando fantasias luxuosas, nas cores laranja, dourada e vermelha, o casal realizou todos os movimentos que são previstos no regulamento, com as finalizações sendo executadas de forma correta. O sorriso no rosto foi contagiante e a dupla mostrou um belo desempenho em sua estreia.

Harmonia

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A escola cantou forte em seu desfile. A Rosas de Ouro é outra escola que tem como característica a leveza e a forte harmonia, e não foi diferente, a comunidade da Brasilândia teve um desempenho satisfatório, mesmo sendo a última escola a desfilar, e o samba foi o principal responsável. O êxito se deve muito a obra, que é de fácil assimilação, tem uma melodia que faz com que o samba seja alegre e uma letra positiva, um exemplo melhor disso são as últimas estrofes da obra, como “é tempo de amar” e “unir os corações”, são fatos que prosperou a favor da comunidade.

Enredo

A ideia do enredo é ser narrado pelo personagem ROXP4, que foi criado para ser brinquedo de uma criança, mas com o passar do tempo, novas tecnologias surgem e ele foi esquecido. Após, o enredo se desenvolveu com as invenções das revoluções industriais e do que a mente humana seria capaz de inventar, como a máquina à vapor, o ferro, automóveis, até chegar à tecnologia 4.0. Apesar do mediano aspecto visual, a assimilação dos elementos foi fácil e a proposta na avenida, desenvolvida pelo carnavalesco André Machado, foi sucedida de maneira correta, que foi de explicar o que foi a tecnologia e o que será na história da humanidade.

Evolução

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A evolução teve um desempenho satisfatório, mas houve um pequeno buraco na ala 6, os componentes da própria fileira foram separados com três de cada lado, durou aproximadamente um minuto, e rapidamente foi corrigido pelos chefes de ala. De resto, as alas estavam alinhadas, sincronizadas e não houve presença de buracos ou invasão de alas.

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Samba-enredo

O samba da comunidade traz uma letra positiva do que pode vir a ser a tecnologia, como frases que diz “é tempo de amar”, “unir os corações”, e é de fácil assimilação por parte dos componentes, pois tem uma melodia agradável. Mas o maior fator positivo foi a ala musical, que desde os primeiros ensaios mostrou muito entrosamento com o samba. Destaque principal para o experiente intérprete Royce do Cavaco, que jogou várias vezes o samba para a comunidade.

Fantasias

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Pelo fato de desfilar com o dia claro, a escola optou por materiais mais brilhosos, pouco se preocupou com o uso de plumas e fantasias ricas, preferiram priorizar o fácil entendimento. Entretanto, algumas alas, especificamente do setor 3 em diante, tinham materiais que dificulta a leitura e encarece a vestimenta. Porém, as fantasias de mestre-sala e porta-bandeira se destacaram, com cores fortes e uso de muito brilho, que combinou com a claridade.

Alegorias

O abre-alas foi um carro grandioso, representou uma máquina mortífera, com escultura de ‘cyborgues’ na parte de cima, dando ideia de destruição por parte da tecnologia. Dourado e preto predominante, o segundo carro simboliza a máquina a vapor, invenção que marcou a primeira revolução industrial. O terceiro carro predomina as cores dourado, preto e cinza, com muito brilho e representa a transição entre a segunda e terceira revolução industrial, com uma alusão ao Fordismo. O quarto carro veio nas cores azul e rosa, retratando o desenho animado Jetson, dos anos 70, que falava sobre tecnologia. Último carro veio azul com prateado, com uma escultura de um robô amamentando um bebê humano, usando a tecnologia para coisas boas no futuro, algo bem pensado, e que retrata bem o que será a humanidade daqui para frente. As alegorias do Rosas de Ouro obviamente foram pensadas para um desfile em claro, mas exceto o abre-alas, os demais não tinham vida, falta de movimentos e alas com encenações.

Outros destaques

Movimentação da bateria no recuo, entram e saem algumas vezes, o que acarretou em um visual interessante.

Gabriel Haddad e Leonardo Bora, carnavalescos da Grande Rio: ‘Não existe o ‘correto’ em arte’

Gabriel Haddad e Leonardo Bora formam a dupla de carnavalescos que está à frente do enredo da Acadêmicos do Grande Rio em 2020 que trará a figura de Joãozinho da Gomeia para a Avenida. Estreantes no Especial, ambos formam parte da nova onda de artistas que ocupam hoje um novo espaço no carnaval carioca, mudando as estéticas e propondo novas perspectivas para a festa. Mas a trajetória de trabalho deles não é nova, são mais de 10 anos atuando no meio carnavalesco, como contam sobre suas passagens pessoais e em dupla entre a Intendente Magalhães, o Grupo de Acesso e com a oportunidade em 2020 de estrear no Especial com a escola caxiense.

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Vocês esperavam essa oportunidade no Especial tão rapidamente?

Gabriel Haddad: “Foi rápida mesmo pelo tempo em que fomos contratados, logo uma semana depois do carnaval, o que até nos deixou apreensivos, gerou uma expectativa muito grande. Mas não rápida se pensar na nossa trajetória carnavalesca em sentido amplo, porque começamos a trabalhar com carnaval em 2008, são 12 anos já atuando no meio, foram 4 anos na Intendente Magalhães, 2 anos na Mocidade Unida do Santa Marta já assinando como carnavalescos junto com o Léo, depois Acadêmicos do Sossego, Cubango, então foi um lastro que fomos produzindo ao longo desses anos. E eu também já trabalhei como assistente na Cidade do Samba, fui do Louzada e de outros, passei pela Portela, Mangueira, Mocidade, e até mesmo aqui na Grande Rio. Então isso gerou uma expectativa muito grande, principalmente pela escolha do enredo, para saber o que a gente iria conseguir produzir. E, bom, foi um enredo que já queríamos fazer e que tínhamos muita vontade de criar e isso foi nos deixando mais tranquilos”.

Como vocês visualizam a chegada de artistas tão engajados e jovens como vocês no carnaval?

Gabriel Haddad: “O carnaval é muito cíclico, a gente vê sempre esses ciclos acontecendo no meio. O pessoal têm chamado de renovação, mas é como eu estava falando, eu já fui assistente do Louzada e hoje eu “disputo” com ele, claro que só na Avenida. E essa disputa é um pouco esquisita, porque eu conheço muito do trabalho dele e do trabalho de outras pessoas, mas é algo natural do carnaval, essa secularidade, essas mudanças, o carnaval é feito disso. O João Vitor agora no Especial com a Tuiuti, o Jorge Silveira na São Clemente, eu e o Leonardo e outros carnavalescos mais jovens, esses que vem tentando fazer com que as escolas de samba voltem a se entender enquanto esse espaço cultural. Você vê, por exemplo, o enredo do Jorge esse ano na São Clemente ligado com as características da escola, o João trazendo a Tuiuti homenageando o seu padroeiro, a Grande Rio homenageando uma personalidade de Caxias, então eu acho que é uma tentativa que se começou dentre essas pessoas que chegaram agora no Grupo Especial, de buscar uma comunicação maior entre a comunidade e a escola de samba”.

Leonardo Bora: “O Gabriel até menciona “os que apareceram” mas às vezes a gente toma o Grupo Especial apenas enquanto vitrine, mas na verdade não são aparições, todos esses artistas possuem uma trajetória longa de vivências carnavalescas em sentido amplo e não apenas assinando carnavais, mas como assistentes e também como foliões, enquanto amantes dos festejos carnavalescos, dos desfiles das escolas de samba em sentido mais restrito. Essa bagagem é múltipla, cada artista possui uma com suas características, seus referenciais estéticos, suas linguagens narrativas, opções e vivências, e é isso que faz com que tenhamos uma grande expectativa. Proporciona também uma ‘cara’ diferente para esse carnaval de 2020, seguramente será um ano em que as escolas irão apresentar uma visualidade inusitada, esperamos pelo menos, visto não apenas o número de artistas estreantes nas escolas grandes mas também como essa “dança das cadeiras” daqueles que já ocupavam essa posição, que também foi grande”.

Todo artista que está começando procura um referencial estético? Vocês se inspiram em quem?

Leonardo Bora: “Nos entendemos enquanto artistas mediadores em trânsito, em diálogo permanente e que vamos construindo um sistema simbólico inclusivo, absorvente. Óbvio que existem referências que contribuem para a nossa formação como um todo, às vezes a gente fica muito preso ao universo do carnaval. As pessoas sempre nos perguntam o “em que carnavalesco vocês se inspiram?” até porque a autorreferência é inevitável, estamos trabalhando com uma linguagem que possui as suas especificidades e características. Então no meu caso é inevitável mencionar a Rosa Magalhães, enquanto narradora, que foi parte da minha pesquisa e que é algo em que eu venho desenvolvendo, é óbvio que a produção da Rosa enquanto narradora me interessa. Gabriel já mencionou o Alexandre Louzada, que ele trabalhou durante um bom tempo nas diferentes escolas em que passou, e é natural, a forma de pensar carnaval do Gabriel traz muitos dos ensinamentos que ele exercitou enquanto assistente do Louzada. Mas para além desses, podemos mencionar carnavalescos como Joãosinho Trinta, Renato Lage, Fernando Pinto, Arlindo Rodrigues, Oswaldo Jardim e muitos outros com os quais nós já trabalhamos. Existem artistas, em sentido amplo, que referenciam o nosso trabalho ano após ano, das artes plásticas, do teatro, do cinema, são inúmeras as referências”.

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Mesmo antes de desfilar muitos já dizem que a Grande Rio esse ano resgatou seu DNA com o enredo e o samba escolhido. Vocês se consideram orgulhosos por isso?

Gabriel Haddad: “A escola está muito feliz, isso a gente consegue ver realmente nos ensaios. E essa é peça fundamental, uma escola de samba que tem um samba que agrada a comunidade, que tem sido considerado um dos melhores para o carnaval de 2020, eu acho que é algo que pode impulsionar a harmonia e outros setores do desfile. O samba, como a Rosa diz, é quase 60% de um desfile, o samba pode levar uma escola ao campeonato. E tudo isso tem feito com que os ensaios pulsem de maneira diferente”.

O que a Intendente Magalhães ensinou a vocês e pode ensinar a todos que por lá passaram e ainda vão passar?

Gabriel Haddad: “A Intendente é mesmo uma escola incrível, porque é onde você tem o mínimo de recursos mas o carnaval tem que ser entregue de qualquer forma. E lá a gente não tinha dinheiro para pagar a equipe de adereços, de alegorias, teve um ano na Santa Marta em que tivemos que fazer uma alegoria em 11 dias com toda a decoração, e éramos em quatro carnavalescos, eu, Leonardo, Rafael Gonçalves e Vitor Saraiva, então o trabalho era muito intenso e tínhamos que produzir muita coisa e isso acaba te dando uma visão muito grande do que é o carnaval das escolas de samba, do que é essa produção, claro que de maneira menor e reduzida, mas você consegue entender de fato como é que se dá essa produção. A Intendente é mesmo uma escola para quem tem interesse em trabalhar com carnaval, em participar como carnavalesco, pesquisador, claro que viemos de lá e a gente aconselha, é um espaço muito amplo para se exercitar a arte carnavalesca”.

Leonardo Bora: “A Intendente te obriga a exercitar a experimentação, então não é possível naquele contexto você seguir uma cartilha das coisas que são preestabelecidas ou consideradas ideais em um cenário das escolas de samba, a escala é outra e os recursos são outros, então lá é preciso experimentar o tempo todo. Com isso, perdemos um pouco do medo de fazer, ou muito, porque lá a gente faz praticamente tudo, acho que a única frente de trabalho pela qual nós não nos aventuramos foram as ferragens, a gente nunca soldou ferro mas em todas as outras como lidar com escultura, pintura, marcenaria, adereçaria em sentido amplo, forração, tudo isso nós já passamos. E isso fez com que possamos compreender o modo de produção dos outros profissionais que estão ali, e mais importante, a gente adquire esse senso do experimental, da prática, que é fundamental, que não é preso a uma receita. E chegamos no Especial com esse olhar não viciado e sem essa ilusão do ‘precisamos fazer dessa forma, porque é a correta’, não existe correção em arte, existe apenas uma receita a ser seguida, a gente gosta de misturar essa receita e criar algo diferente”.

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Vocês acham que o papel do carnaval é mostrar e ensinar as pessoas que existiram histórias como a de Joãozinho da Gomeia?

Leonardo Bora: “É curioso porque às vezes eu mencionava isso, de dar visibilidade a figuras como o Joãozinho da Gomeia, e vários amigos me questionavam com o “dar visibilidade para quem?” porque entre o povo de axé, Joãozinho da Gomeia é uma celebridade, uma figura muitas vezes criticada, polêmica. E o nosso intuito é dar visibilidade para um grande público que muitas vezes tende a ignorar ou menosprezar personalidades ligadas ao nosso panteão afro-ameríndio. E até porque nós estamos trabalhamos com uma figura que, segundo os levantamentos realizados, muito das pesquisas do Vinícius Natal que nos acompanha na feitura desse enredo com a biblioteca digital, a nacional e nos arquivos da imprensa, no ano 1969, por exemplo, Joãozinho da Gomeia aparece mais de 250 vezes em diferentes matérias naquele ano, claro que em determinados períodos mais, como na época de carnaval porque ele desfilava em diversas escolas e participava dos bailes, mas essa quantidade em uma época em que não havia internet ou redes sociais e a tv ainda estava engatinhando no Brasil, é muita coisa, ele era mesmo uma celebridade. Determinados veículos da imprensa acompanhavam cada passo dele, o enterro foi um mega acontecimento e que está fixado na memória coletiva da cidade de Caxias, sendo amplamente noticiado por toda a imprensa televisiva, radiofônica e escrita no Brasil. É mesmo uma grande celebridade, mediador cultural e artista que não está no panteão da glória perante muitas pessoas, que ainda perguntam ‘quem foi Joãozinho?’ então o carnaval tem esse papel social, de olhar para figuras apagadas, que passaram por uma espécie de apagamento histórico que está diretamente relacionado ao racismo, a homofobia, ao preconceito que permanece infelizmente agindo contra as religiões de matriz africana. Então o enredo da Grande Rio, nesse sentido, presta esse serviço que é jogar as luzes para essa figura, figura que já é iluminada por muita gente e que continua sendo celebrada e vivenciada e que está presente na memória viva de milhares de pessoas, mas que em outras esferas acaba um pouco sendo esquecida. E a gente espera que todo mundo passe a conhecer Joãozinho da Gomeia e que ele entre em definitivo para o panteão dos grandes personagens carnavalescos da história do Brasil”.

O que vocês preferem, enredos politizados e com mensagens importantes ou apenas entretenimento e show?

Leonardo Bora: “O carnaval sempre viveu esse dilema, na década de 30 já se tinha essa discussão entre as escolas, no caso por exemplo da escola Vizinha Faladeira que naquela época apresentava desfiles mais espetacularizados e outras que eram mais escolas de raiz, de resistência, que respeitavam o samba original, então essa é uma discussão que já tem 100 anos. O desfile das escolas de samba é completo porque ele é isso, uma mistura de facetas, é um espetáculo audiovisual que é comercializado e vendido para o mundo todo, pode ser um ato político e o é por si só, é uma festa popular, então dentro desse grande campo a gente prefere abraçar a ideia, que foi até defendida pelo Gabriel na dissertação de mestrado dele, que é uma grande obra de arte e que a nós compete uma direção artística dessa grande obra, que se transforma em grande ato poético. A gente transita sempre nessa intercessão entre a poética e a política, uma figura como Joãozinho da Gomeia é política por excelência em sentido estrito porque dialogou intimamente com os presidentes da república, o alto escalão do governo federal, como Getúlio Vargas, JK e para além disso foi um grande agente comunitário que transitou pelos mais variados espaços e na contemporaneidade adquire um viés político ainda mais intenso porque é uma figura síntese da luta contra o racismo religioso, a intolerância religiosa, contra a homofobia. E isso tudo vai receber no nosso desfile uma roupagem profundamente poética e acredito que é isso que vai tocar o coração de cada desfilante da Grande Rio e a gente espera que de cada espectador e jurado também”.

Vocês se consideram responsáveis pelo samba da Grande Rio ser considerado o melhor do carnaval?

Leonardo Bora: “É um conjunto de fatores, o enredo foi pensado coletivamente a partir de inúmeras reuniões e diálogos, amplas e longas discussões entre eu, Gabriel, Vinícius e outros agentes que nos visitaram no barracão. Então esse enredo possui inúmeros fios narrativos e caminhos possíveis, gerou um grande samba entre outros grande sambas também, já que foi uma safra extraordinária que a nossa escola teve. Esse samba apresenta uma leitura poética entre muitas, assim como o nosso enredo, a gente não pretende fechar uma leitura sobre quem foi ou quem é Joãozinho da Gomeia e essa é uma construção coletiva. Nada adianta o nosso trabalho sem o trabalho dos compositores, dos adereçistas, ferreiros, carpinteiros, escultores, costureiras e costureiros e de tanta gente que está dia e noite se dedicando a feitura desse carnaval”.

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Como conciliar os pedidos de vagas para famosos e musas na escola? Vocês acham que a escola sofre preconceito por conta disso?

Gabriel Haddad: “Na verdade essa é uma parte do desfile em que a gente não se prende muito, pensamos mesmo no desenvolvimento do enredo e das fantasias para apresentar todas as nossas referências visuais. Por exemplo, na nossa última alegoria a gente traz personalidades negras e personalidades que lutam pela liberdade religiosa, como Conceição Evaristo, Frei David, Frei Tatá, Padre Gegê, Mônica Francisco, Mãe Meninazinha d’Oxum, são famosos que representam o nosso enredo e de certa forma a gente consegue inserir essas pessoas no desfile. Mas em relação as vagas de musa, vaga em alegorias isso a gente não trata muito e fica mais a cargo do diretor de destaques e dos presidentes da escola”.

Leonardo Bora: “No caso específico da Grande Rio existe um fator interessante, porque é a escola ideal para se tratar de uma personalidade tão importante para memória de Duque de Caxias, que é Joãozinho da Gomeia. Na época em que ele viveu a escola ainda não havia sido fundada, mas, caso contrário, ele seguramente desfilaria e participaria ativamente da Grande Rio, principalmente pelas cores da escola que são as mesmas do caboclo da Pedra Preta. E era uma personalidade midiática e que recebia em seu terreiro todos os artistas da cena brasileira, do teatro, da tv, do cinema, do rádio, cineastas estrangeiros e ao mesmo tempo em que recebia a intelectualidade francesa e embaixadores. Então é uma figura de uma complexidade grande e uma escola de samba acaba sendo isso, todas as escolas têm os seus famosos que desfilam e tem a sua base comunitária, que são mais de 3500 pessoas se você pensar só no corpo do desfile. A gente sempre direciona esse olhar para essa comunidade, que está cantando o samba a plenos pulmões na quadra, nas ruas de Caxias, nessas inúmeras pessoas que vão participar do desfile e que o guardam na memória. E acredito que é esse conjunto, de visões, fatores e sistemas que vai resultar nesse grande desfile”.

O que vocês têm a dizer para a comunidade de Caxias?

Gabriel Haddad: “O recado que a gente gostaria de deixar é mesmo para que todos continuem cantando, vibrando como já estão com o enredo e o samba, continuem participando dos ensaios que tem sido muito cheios, tanto os de rua como os de quadra. E que se empolguem cada vez mais com o nosso desfile, porque estamos preparando um grande carnaval para a Grande Rio”.

Enredos da Série A: ‘Um ano de narrativas simples e que renovaram a linguagem da festa’

    Por Leonardo Antan

    Foi uma festa variada de enredos o carnaval da Série A. Em dias de desfiles desnivelados, as escolas de samba do grupo lutaram para colocar seu carnaval na rua com pouca verba e muitas dificuldades. Com desfiles fracos no grupo, se viu refletir a falta de investimento no que deveria ser uma das bases da folia carioca. Mas mesmo em meio ao cenário da famigerada crise, se provou um ano de renovação e aposta em novos talentos. Quase metade das agremiações apostou em carnavalescos que desenvolveram seu primeiro trabalho solo na Sapucaí esse ano, mostrando a importância de trazer novas linguagens para festa e promover sua renovação. Além disso, as escolas apostaram em enredos de forte apelo cultural e artístico, variando temáticas e tratamentos. Vamos aos apontamentos sobre como passaram as narrativas nesses dois dias de cortejos.

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    A crítica social, que se consolidou com uma tendência dos últimos anos na folia carioca, marcou tanto o início dos cortejos quanto seu encerramento. Surpreendendo com uma boa apresentação, a Vigário Geral trouxe uma fábula batizada de O Conto do Vigário que lançava um olhar crítico e debochado sobre a história brasileira e suas mazelas. O enredo se desenhou de maneira menos inspirada e apostou em críticas políticas conhecidas, mas ganhou um excelente final ao trazer uma enorme escultura de palhaço fazendo um gesto de arma, trajando uma faixa presidencial. A mensagem direta e contundente viralizou nas redes sociais Brasil a fora, mostrando a importância de uma imagem símbolo que represente o que a escola pretende artisticamente. Desfiles aclamados do último ano, como Paraíso do Tuiuti e Mangueira, também tinham essa característica, conseguindo condessar sua mensagem numa forte construção imagética.

    Em tons menos exaltados, mas ainda sim urgentes, as pautas sociais também apresentaram em outras ocasiões durante os desfiles. O Império da Tijuca fez um importante alerta sobre a educação. O enredo conduzido pelo personagem Homem-Livro tomou decisões perigosas na sua narrativa, passeando tanto por clássicos da literatura como pela formação da imprensa no Brasil, além da própria história da agremiação verde e branco que completa 70 anos. Apesar da importância da discussão, a apresentação deixou a desejar num desencadear de ideias mais bem construído.

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    Outra pauta social que apareceu em outros cortejos foi a força feminina. O Império Serrano fez um enredo conduzido por essa máxima, exaltando grandes mulheres da história brasileira. O tema que tinha tudo para passar de maneira relevante na Avenida foi ofuscado por lamentáveis problemas da agremiação, marcado por situações trágicas e que roubaram os holofotes. Também falando de empoderamento, a Inocentes fez uma apresentação que homenageou a jogadora Marta e exaltou a luta feminina. O enredo de desenvolvimento simples, mas correto funcionou muito bem, em um belo tributo à rainha do futebol brasileiro. Na materialização do tema, o carnavalesco Jorge Caribé surpreendeu positivamente com um trabalho criativo e de forte comunicação. Disto, fica o destaque para a alegoria formada inteiramente por bolas de futebol, investindo num visual menos tradicional e sem tanto acetato e galão das alegorias tradicionais. Um acerto.

    Falando tanto em força feminina quanto em soluções visuais criativas, o desfile da Rocinha reuniu estes dois elementos. A narrativa abordou a trajetória de Maria Conga, negra africana tornada escrava no Brasil, que construiu um quilombo na cidade de Magé e ao desencarnar integrou a falange de pretos velhos na umbanda. A bela e necessária história dessa personagem, pouco conhecida da história nacional, teve momentos plásticos bem marcados pelo competente trabalho de Marcus Paulo, que integra também a Comissão de Carnaval da Unidos da Tijuca nos últimos anos. O destaque ficou para uma alegoria decorada completamente com bambus e apostou num visual que fugiu a tentativa de uma opulência plástica vazia.

    Se soluções visuais originais marcaram Inocentes e Rocinha, não foi o que se viu em outras apresentações do grupo. A velha fórmula de enormes esculturas e caixotes com elementos em pouca harmonia marcou muitas das alegorias que passaram pela Sapucaí nesse dois dias de desfile, unindo falta de apuro estético na sua concepção e problemas graves de acabamento. Coincidentemente, trate-se de escolas que apresentaram enredos confusos e desenvolvidos de maneiras menos interessantes. Foram o caso da Unidos da Ponte, numa frágil narrativa sobre a relação do homem com a eternidade; da Acadêmicos do Sossego, que cantou os Tambores de Olokum de maneira confusa; e da Unidos de Bangu, apostando num enredo africano com signos clichês e já reutilizados várias vezes na Avenida.

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    Além do enredo guiado por um griô da vermelho e branco da zona oeste, as chamadas temáticas africanas passaram ainda mais duas vezes no grupo em enredos mais bem resolvidos. A Cubango fez uma bela homenagem ao escritor Luiz Gama, passando pela história da escravidão do Brasil, o tema se entrecruza ao ótimo Ginga, da Unidos de Padre Miguel. A interessante e multifacetada história da Capoeira foi bem desenvolvida pela agremiação, que contou ainda com um trabalho plástico interessante e bem resolvido que apostou em referências artísticas, como as obras de Carybé e Rubem Valentim.

    Outro tom percebido entre os temas foi a aposta na simplicidade, que deu bons resultados em desfiles que juntaram leitura e enredos mais bem estruturados. Como foi o caso da Santa Cruz ao cantar o nordeste de maneira competente; a Renascer, que homenageou as rezadeiras e falou da religiosidade brasileira; e a Porto da Pedra, que levou uma homenagem a figura da baiana, desde o aspecto religioso e cultural da personagem como sua relação com o carnaval.

    Encerrando esse giro pelas narrativas das escolas da Série A, a Imperatriz Leopoldinense fez a grande apresentação da Série A e contou também com um excelente enredo. A homenagem ao compositor Lamartine Babô, feita originalmente pelo excepcional Arlindo Rodrigues, ganhou nova roupagem nas mãos de Leandro Vieira, que optou por uma sequência mais poética ao abordar o imaginário das canções do artista. Se em 1981, pesou o estilo histórico e mais cartesiano, a leveza deu o tom da sequência de alegorias e fantasias que apostaram na nostalgia. Em comum entre esses dois artistas, é inegável o bom-gosto e requinte que unem a estética de Leandro e Arlindo. O carnavalesco bicampeão pela Mangueira tem um evidente diálogo com o artista que fez história na Imperatriz há três décadas atrás e ajudou a definir as bases da linguagem da festa carnavalesca.

    Dificuldades aqui e ali, fica deste carnaval a importância de olharmos para as escolas do acesso com mais atenção e cobrar ações para melhorar as condições de trabalho dos artistas que atuam nesse cenário. Mesmo com tanta dificuldade, a nova safra de artistas que se apresentou esse ano mostrou competência em propor temas interessantes e que renovam o público do carnaval.

    Encerrando os desfiles da Série A, Império da Tijuca faz enredo sobre educação e tropeça na leitura

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    Por Victor Amancio. Fotos: Allan Duffes e Nelson Malfacini

    Fechando a última noite de desfiles da Série A, o Império da Tijuca fez um desfile com poucos erros, mas com problemas na leitura das fantasias. Em contraste, as alegorias passavam bem a mensagem do enredo. O destaque ficou por conta do primeiro casal, Renan Oliveira e Lais Lúcia, que dançaram muito bem em todas as cabines dos jurados. Com uma belíssima fantasia e uma coreografia com alto grau de dificuldade, o casal mostrou uma grande sintonia. Mestre Jordan comandou bem a bateria e fez boas apresentações, empolgando o público com uma coreografia. Desfilando com o enredo “Quimeras de um Eterno Aprendiz” o Império da Tijuca encerrou o desfile com 54 minutos.

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    A comissão coreografada por Lucas Maciel representava os embates de Evandro do Santos com uma quimera. O duelo termina com Evandro encontrando e vencendo através da literatura, revelando personagens literários como Iracema, Dom Quixote e Emília. No fim ele é coroado “Homem-Livro” e abria uma bandeira da escola com as palavras “direito”, “respeito”, “inclusão” e “educação”, arrancando aplausos do público. Realizando uma boa apresentação em todos os setores e levantando o público no momento em que surgem os personagens, a comissão cumpriu o papel e somente no último setor teve um problema quando o pano agarrou no bailarino principal, mas rapidamente o problema foi superado e não atrapalhou a realização da comissão.

    Mestre-sala e Porta-bandeira

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    O casal Renan Oliveira e Laís Lúcia, em sua estreia como casal, fez uma das melhores apresentações das duas noites de desfiles. Dançando no tempo certo e sincronizados realizaram uma apresentação com uma coreografia de alto nível e grau de dificuldade acima da média. Sem perder a garra e a graciosidade Laís dançou muito bem e se firma como primeira porta-bandeira. Renan, por sua vez, rabiscou a pista conduzindo muito bem sua parceira.

    Harmonia

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    O canto da escola foi contagiante. O cantor Daniel Silva comandou com maestria o carro de som e manteve o andamento propício para o canto, que por sua vez, foi linear do início ao fim. O mestre Jordan fez bossas bem encaixadas e com a bateria cadenciada o canto da escola não foi prejudicado.

    Enredo

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    O enredo “Quimeras de um eterno aprendiz”, desenvolvido pelo carnavalesco Guilherme Estevão, em sua estreia na Sapucaí, trouxe passagens da vida de Evandro dos Santos utilizando como exemplo a transformação dele através da educação. O Império da Tijuca teve problemas na clareza do enredo, as fantasias não se explicavam e sem o roteiro ficou difícil de entender as passagens. Diferente das alegorias que eram autoexplicativas.

    Evolução

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    Sem problemas de evolução, como outras escolas tiveram, a escola evoluiu bem, sem correria. O componentes desfilaram bem mas poderiam ter evoluído mais soltos.

    Samba-Enredo

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    O samba não é o estilo das obras que a escola costuma trazer para a avenida porém continha uma riqueza melódica e uma letra que explicava bem o enredo contribuindo para o seu funcionamento. O samba melhorou na voz de Daniel Silva e com a bateria do mestre Jordan.

    Fantasias

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    O carnavalesco Guilherme Estevão em sua estreia na Sapucaí fez boas fantasias e em termos estéticos a escola passou bem pelo quesito. Porém, as roupas não eram de fácil leitura, o que pode atrapalhar nas notas. Fantasias do primeiro casal e do segundo eram bem bonitas, além da primeira ala, que homenageava grandes educadores, como Paulo Freire e Darcy Ribeiro, em estandartes.

    Alegorias

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    O quesito apresentou problemas de acabamento tanto no abre-alas, que representava o “Homem-Livro e a Máquina do Saber”, e o segundo carro, “O Livro e o Florescimento Científico do Brasil”. O último carro teve problema com a iluminação da lateral que passou apagada no último módulo dos jurados. O carnavalesco desempenhou um bom trabalho e solucionou bem os problemas da crise financeira que afeta o carnaval. Salvando o quesito, as alegorias passavam clareza na mensagem das alegorias. Destaque para o quadripé com bonitas esculturas.

    Ala do Império da Tijuca utiliza Morte e Vida Severina para falar da fome

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    Encerrando os desfiles da Série A na noite de sábado, o Império da Tijuca homenageou Evandro dos Santos, que recolheu mais de 50 mil livros das ruas, do lixo ou através de doações. O Homem Livro, como ele é conhecido, fundou uma biblioteca na Vila da Penha com as obras que acumulou durante sua vida. A escola utilizou a educação para homenagear grandes obras literárias.

    ‘Morte e Vida Severina’ e ‘Quimera da Fome’ foi a 14ª ala da escola a entrar na avenida, fazendo alusão ao livro-poema de João Cabral de Mello Neto, que narra a dura vida de um retirante sertanejo em busca de abrigo, querendo recomeçar a vida e vencer a fome. Alexandre Souto, 38 anos, que está desfilando pela segunda vez na escola, e foi categórico; “nossa arma é poesia.”

    A fantasia era colorida, com predominância do vermelho. Cada componente da ala vestia um chapéu de palha, que tinha um vaso com flores laranja por cima. Nos ombros dos integrantes via-se fios de palha, com o crânio de um boi pendurado na altura da barriga, remetendo a obra prima de João Cabral. Ana Paula Monteiro, de 49 anos, desfilou pelo terceiro ano na escola da Formiga, e advertiu: “A educação é o caminho pra qualquer país sério”, disse Ana Paula que continuou.

    Ela comentou a importância do enredo sobre livros e educação neste carnaval.

    “Na escola eu cheguei a fazer uma peça sobre (Morte e Vida Severina)… É a história do Brasil. O ressurgimento em meio às dificuldades, a garra da mulher nordestina, a fome que assola nosso país. Nada muito diferente do que ainda tem”.

    Alexandre também elogiou o enredo. “Achei brilhante… Eu apoio um projeto da UERJ de doação de livros. Isso é fundamental. A educação é a solução em todos os aspectos. Os nossos governantes tem que valorizar a leitura, o conhecimento, valorizar os professores e todas as categorias. Sem a educação a gente não tem nada, a gente não constrói uma sociedade justa, igualitária.”

    Com grande rendimento, samba-enredo embala o gingado da Unidos de Padre Miguel

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    Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes e Nelson Malfacini

    Sexta escola a cruzar a Marquês de Sapucaí, a Unidos de Padre Miguel teve na força de seu carro de som, no canto da comunidade e no ritmo envolvente da bateria, as bases necessárias para o excelente rendimento do samba-enredo que conduziu a apresentação do enredo “Ginga”. Porém, algumas falhas no conjunto alegórico e o buraco aberto na frente da primeira cabine de jurados podem atrapalhar a vermelha e branca da Vila Vintém na disputa pelo título da Série A. O desfile terminou com 54 minutos, um a menos do tempo máximo permitido.

    Comissão de frente

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    Coreografada por David Lima, a comissão de frente veio retratando o ritual N’Golo, cuja os movimentos serviram de inspiração para criação da capoeira. Com uma caracterização impecável em figurino e maquiagem, a apresentação trazia bailarinos vestidos de zebras e uma deusa fêmea que era disputada pelos demais integrantes. O ápice acontecia quando a figura mítica ganhava asas e era alçada ao alto, para delírio do público presente.

    Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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    Há seis anos defendendo o primeiro pavilhão da agremiação, Vinicius e Jéssica demonstram entrosamento em uma apresentação que misturou a dança tradicional com passos coreografados. Com uma fantasia luxuosa que representava o “Ritual da Enfundula”, a dupla enfrentou a pista molhada e o vento forte sem cometer erros consideráveis nas cabines de julgamento.

    Enredo

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    Com a proposta de contar a história da capoeira, o desenvolvimento do enredo “Ginga” se mostrou confuso e de difícil compreensão na Avenida. Apesar de cronológica, a linha temporal dava saltos e para ter uma leitura nítida da proposta era necessário recorrer ao roteiro de desfiles.

    Evolução

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    O ritmo acelerado foi uma constante no desfile. Apesar disso, as alas vieram alinhadas e sem embolar. O único erro grave no quesito foi um buraco aberto na frente do primeiro módulo, ocasionado por um problema de locomoção no carro abre-alas.

    Samba-Enredo

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    Em uma noite de excelente performance do intérprete Diego Nicolau e da bateria comandada pelo mestre Dinho, o samba-enredo composto por Samir Trindade, Júnior Beija-Flor e parceiros rendeu muito bem na Avenida, sendo um dos pontos altos da apresentação. As arquibancadas reagiram bem a passagem da obra e a entoaram principalmente nos refrões.

    Harmonia

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    Outro fator que colaborou para o excelente desempenho do samba-enredo foi o canto das alas. Os componentes entoaram a obra a plenos pulmões durante toda a apresentação da vermelha e branca da Vila Vintém. Até mesmo as coreografadas mostraram ter o samba na ponta da língua.

    Fantasias

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    O conjunto de fantasias da Unidos de Padre Miguel alinhou criatividade, com qualidade nos materiais e grande volumetria. Entre as alas de maior destaque no figurino estavam a ala de passistas “Maculelê”, as de baianas pretas “Nossa Senhora da Boa Morte” e brancas “Toucheiros”.

    Alegorias e Adereços

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    Quase todo o conjunto alegórico da Unidos de Padre Miguel apresentou problemas de acabamento. Logo no tripé de entrada, que levava o nome do enredo, havia uma falha no pescoço da escultura do boi vermelho localizada na lateral direita. Na sequência, o abre-alas “Brasil-África” entrou incompleto na Marquês de Sapucaí e com partes de ferros exposta, além da barra da saia danificada na lateral direita.

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    Porém, o carro com maior concentração de erros foi o segundo, intitulado “Festejos da Bahia”: na frente, a cabeça de um dos negros tinha imperfeições na boca e no queixo; na lateral direita, o queijo vermelho passou despencando; e a saia da alegoria veio parcialmente rebaixada pelo peso. A exceção ficou por conta do último carro, nomeado como “Quilombo da UPM”, de boa qualidade nos detalhes.

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    Outros Destaques

    A primeira ala do desfile, intitulada “Agricultura e Agricultores”, chamou a atenção pela qualidade da fantasia e da maquiagem, além da coreografia bem executada. A rainha de bateria Karina Costa também roubou a cena pelo figurino luxuoso, além do samba no pé.

    Galeria de Fotos: Desfile do Império da Tijuca no Carnaval 2020

    Galeria de fotos: desfile da Vila Maria no Carnaval 2020