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Análise da bateria da Mocidade no Carnaval 2020

Por Matheus Mattos

A quinta bateria da noite de segunda-feira, a Não Existe Mais Quente da Mocidade Independente de Padre Miguel, apresentou um andamento confortável, boa sustentação do ritmo apresentado e complexidades nas informações dentro das bossas.

A bateria trouxe breques variados e executados em trechos específicos. O ijexá foi o que mais levantou as arquibancadas. No breque em questão, o agogô entra no corredor e executa junto com o timbal.

A retomada se deu através de um pequeno arranjo. A parte visual também foi trabalhada, na primeira parte todos os ritmistas levantaram os braços e no final papel picado foi solto.

Avaliando exclusivamente a complexidade das execuções, a bossa que se inicia “É hora de ascender” trabalhou bem as informações das caixas.

Outra convenção que se destaca em situação diferente é o pagode da segunda estrofe. A quebra de ritmo e a repicada do Cavaco na retomada contribuíram pra performance.

No trecho “Oh Nega” até o final da segunda estrofe, as cordas aproveitaram pra apresentar arranjos mais ousados, desenho e solos.

Análise da bateria da Unidos da Tijuca no Carnaval 2020

Por Matheus Mattos

Quarta bateria da segunda noite de desfiles, a Pura Cadência apostou na sustentação do ritmo e convenções executadas dentro do andamento. O ritmo apresentado teve um bom equilíbrio das caixas com os surdos de marcação. Os leves também demonstraram entrosamento durante a execução do andamento.

Pra exemplificar a qualidade, a maior bossa apresentada se baseia no desenho do tamborim. Logo no trecho “Tijuca, faz esse meu sonho acontecer”, o instrumento citado entra no corredor pra que a proposta seja escutada por todos ritmistas.

Durante o ataque da cozinha durante a convenção, todo os ritmistas faziam um pequeno movimento de agache, coreografia imitada até pelos sambistas nas arquibancadas.

Além da parte rítmica, a alegria pode também ser considerada um destaque. Os ritmistas desfilaram felizes, soltos, seguindo coreografias.

Os cavacos optaram por trazer um andamento mais seguro, com poucos arranjos mas com palhetada firme na execução do samba. Algumas atrasadas propositais puderam ser escutadas.

Análise da bateria do Salgueiro no Carnaval 2020

Por Matheus Mattos

A Furiosa, do Salgueiro, foi a terceira bateria a cruzar o sambódromo da Sapucaí. A divisão clara dos naipes e a boa sustentação do andamento enriqueceram o lado musical da escola. Os mestres, Guilherme e Gustavo, optaram por duas bossas utilizadas em pontos estratégicos.

A paradinha do “Mas se todo show tem que continuar” trabalhou pra combinar com a proposta apresentada pelo enredo. A parte da bateria tem um desenho simples, mas o que enriqueceu foi o arranjo de cordas. Os solos preenchiam os pequenos vazios com êxito.

Além da citada, mais uma bossa seguiu a característica de circo, com rufadas e conversa das marcações.

Outro detalhe importante é que, tanto nas convenções, quanto no próprio andamento, o surdo de terceira enriqueceu o conjunto musical.

Na principal bossa, a retomada da bateria depende da complexidade da informação do instrumento. Pelo boa execução, influenciou nas retomadas objetiva da bateria.

O Cavaco não só apareceu na paradinha, mas como também variou durante o desfile, como o notado no trecho “A luta me fez majestade”.

Análise da bateria da Vila Isabel no Carnaval 2020

Por Matheus Mattos

Segunda bateria da noite de segunda-feira, a Swingueira de Noel aliou perfeição técnica em praticamente todo trajeto com a vibração dos ritmistas a cada instante. Até mesmo o mestre, Macaco Branco, demonstrou muita tranquilidade.

Ainda na largada, a bateria subiu de forma pulsante e precisa, e contribuiu diretamente pro clima aguerrido do desfile. No minuto 33, na retomada do segundo apagão, a bateria apresentou um leve descompasso. Como foi distante da cabine, não deve comprometer o desempenho.

As bossas apresentadas trabalharam com eficiência a complexidade dos instrumentos da cozinha. Na que começa no “Ê viola”, as caixas tinham desenhos complexos e bem efetuados. No final dela, como ajuda para não perderem o tempo, os ritmistas contam até a bateria retomar por completo.

No geral, dois instrumentos se destacaram. Primeiro pela boa divisão da batida do tarol, segundo pela firmeza dos chocalhos. Além da execução, o leve ousou no desenho efetuado no trecho “O Curumim, o Piá e o Mano”.

A complexidade dos arranjos também foi notado nas cordas. Os cavacos e violões realizaram arpejos, solos e também desenharam dentro das bossas. O principal foi executado no final, mais especificamente no “Assim nasceu a flor do cerrado”, um solo que durou cerca de 17 compassos.

Galeria de Fotos: desfile da Beija-Flor no Carnaval 2020

Galeria de Fotos: desfile da Mocidade no Carnaval 2020

Componentes da Mocidade classificam homenagem à Elza como histórica para o carnaval

O torcedor e componente da Mocidade viu no desfile da escola a realização de um sonho. Há décadas o Independente pedia que Elza Soares fosse homenageada. E essa hora finalmente chegou. Chamada de Deusa no título do enredo, a escola homenageou a mulher que sentiu no corpo e na alma as dores da vida. Tornando-se símbolo de resistência e esperança para a comunidade de Padre Miguel.

Rodrigo Cirilo, 28 anos, desfilou na ala “Fênix – A reinvenção da Deusa”. O independente lembrou que a homenagem à Elza era um desejo antigo de toda torcida verde e branca.

“A Mocidade esteve muito emocionada durante todo o pré-carnaval. Nós compartilhamos essa emoção com todo público na Avenida. Elza é a cara da escola. Nenhum outro artista merecia tanto essa homenagem”, explicou emocionado.

Dois grandes artistas trabalharam muito no passado para transformar a Mocidade na potência que é hoje. Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto. Com 63 anos, Ricardo José é um dos remanescentes daquela época. Nesse ano, o componente desfilou na ala que lembrou a importância de Elza para a comunidade LGBT.

“Elza é a nossa rainha. Eu me lembro do desfile do Salgueiro em 1969, quando ela cantou ‘Bahia de todos os deuses’. Esse é o momento em que a sua voz tem que falar mais alto. É necessário lutar contra a intolerância e essa artista representa nossa história. Elza é nossa Estrela maior”, revelou.

Regina Brito desfilou na “Não existe mais quente” por 28 anos. Mas em 2020 decidiu realizar um sonho e estreou em abre-alas. A alegoria representou os primeiros anos da luta de Elza para alcançar o estrelato. A independente contou que valeu a pena esperar tanto tempo para essa homenagem.

“Demorou muito para realizarmos esse sonho, mas hoje viemos para vencer. Toda a comunidade está emocionada. Elza representa nossa cor preta, nossa raça e nossa luta diária contra discriminação”, desabafou.

Bateria da Mocidade presta homenagem à mestre André, que fez história na ‘Não Existe Mais Quente’

A bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, conhecida como “Não Existe Mais Quente” em tempos de Mestre André era considerada mais conhecida do que a própria escola. Ele é um dos mestres de bateria mais relembrados e exaltados na escola, já que criou junto dela as famosas ‘paradinhas’ e contribuiu para o amadurecimento de sua identidade rítmica. Na noite desta segunda-feira, o mestre foi homenageado no desfile que falou sobre Elza Soares.

Em 2019, o atual mestre de bateria Dudu realizou uma homenagem aos mestres mais notáveis da escola colocando seus rostos estampados nos instrumentos de sua bateria, Mestre André foi um deles. A tradição seguiu neste carnaval, porém com um toque especial, a bateria pisou na Sapucaí o homenageado em sua fantasia. Vestidos de Mestre André os ritmistas de Padre Miguel usavam um terno branco, estilo retrô com detalhes minuciosos, um colete de paetês, sapatos brancos, blusa sociais verde por baixo e um chapéu preto, figura em que o mestre homenageado foi mais relembrado.

Mestre Dudu ressaltou a relevância da homenagem, contou sobre a iniciativa das imagens dos mestres nos instrumentos e elogiou a fantasia de seus ritmistas.

“Estamos vivendo aqui um momento único com esse enredo da Elza que abre um leque porque ela teve uma passagem na vida do Mestre André. E o Jack teve essa sacada de nos colocar o homenageando. Essa ideia do rostos do mestres nos instrumentos eu tive ano passado com os rostos do meu pai (Mestre Coé), do Mestre André e do Mestre Jorjão e eu afirmo que enquanto eu for mestre isso irá permanecer, virou tradição. Todo mundo abraçou a fantasia, gostamos que não tem penas ou esplendor, facilita o trabalho” destacou.

Victor Oliveira é ritmista no naipe de tamborim, vai para seu terceiro ano desfilando na bateria e destaca a funcionalidade da fantasia e o peso de representar Mestre André, e ainda mais, tocando.

“Gostei bastante da fantasia da Mocidade, ele é o homem que inventou a paradinhas, ele é a tradição da nossa escola. A bateria desfilar homenageando ele e nós estarmos aqui tocando e representando isso é muito importante para a gente, eu fico muito feliz com isso. A gente dá até uma incorporada no espírito dele que está presente na nossa bateria. A fantasia é leve e não tem esplendor, esse é o mais importante para um ritmista porque o som não fica abafado e conseguimos tocar com maior tranquilidade” declarou.

Carla Patrícia, 21 anos é ritmista do naipe de caixa da escola e ressaltou a importância da homenagem e diz ter achado a fantasia leve e detalhista.

“Eu achei muito importante estarmos hoje aqui de Mestre André porque ele é uma figura importante para a Mocidade, mas não só, para a cultura do carnaval como um todo também, todas as bossas que ele inventou até hoje são referências. A fantasia está muito bonita com esses detalhes dos paetês, confortável e leve” declarou.