A Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou nesta terça-feira a renovação com o carnavalesco Renato Lage, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo e Bruna, o mestre Dudu e o coreógrafo Marcelo Misailidis. Veja o abaixo o comunicado da escola.
“Sigo na preparação final para fazer o céu clarear na avenida. Mas, já estou pensando em 2026. Por isso, iniciei o processo de renovações do meu time para o próximo carnaval.
O casal iluminado, Bruna Santos e Diogo Jesus, segue comigo em mais um ano.
Meu cria Mestre Dudu vai para mais um ano no comando da que bate melhor no carnaval.
O time segue renovado com o coreógrafo da comissão de frente, Marcelo Misailidis, e o meu carnavalesco e Mago, Renato Lage.
Juntos somos mais fortes. Vem mais por aí. Salve a Mocidade!”
Um dos grandes destaques do carnaval do Rio de Janeiro, Mayara Lima, rainha de bateria do Paraíso do Tuiuti, conquistou o título após impressionar o mundo do samba com sua desenvoltura e carisma. Em 2022, sua carreira deu um salto significativo quando um vídeo de ela sambando durante um ensaio especial de bateria no Setor 11 viralizou, chamando a atenção de sambistas e torcedores da escola de São Cristóvão. A repercussão foi tão grande que, em 2023, Mayara foi coroada rainha da bateria do Tuiuti.
“É a realização de um sonho! É maravilhoso viver esse momento junto com a minha bateria, com a minha família ao meu lado, especialmente com a Paraíso do Tuiuti, uma escola que sempre me apoiou e acreditou nos meus sonhos. A cada ano, tenho a confirmação de que isso é algo cada vez mais real”, declarou Mayara, visivelmente emocionada.
Desde então, a majestade da agremiação tornou-se uma referência no carnaval, destacando-se não apenas pela técnica impecável, mas também por sua forte representatividade.
“Em um momento em que o samba muitas vezes se distancia de suas raízes comunitárias por apelos comerciais, ter Mayara à frente da bateria é um resgate fundamental. O que esperamos ver em uma bateria é samba, e ela traz isso no pé, com alegria e autenticidade”, afirmou Aline Maia, 42 anos, integrante da escola.
Professora de dança, a rainha da escola azul e amarela de São Cristóvão não se vê apenas como uma figura emblemática, mas como representante de jovens que almejam ocupar espaço no carnaval. Mayara mantém um projeto em sua comunidade, ensinando a arte de sambar a outras meninas.
“Tenho essa troca com elas, em que ensino o valor do samba e como ele pode transformar vidas. Para mim, é incrível vê-las ao meu lado, desejando sambar na avenida. Sinto que estou cumprindo meu papel ao mostrar que o samba pode ser um futuro e uma realização, como foi pra mim”, destacou.
“Uma rainha de bateria criada na comunidade faz toda a diferença. Mayara cresceu na Tuiuti, tem sintonia única com a bateria e isso a diferencia. Sua experiência e samba no pé elevam a escola”, ressaltou Mateus Alencar, 33 anos, integrante da agremiação.
Sua performance na avenida é marcada por espontaneidade e paixão, transmitindo a essência do samba com autenticidade. A trajetória começou no Aprendizes do Salgueiro, lembrada com orgulho por Cátia, 64 anos, integrante do Paraíso do Tuiuti: “É maravilhoso! Ela praticamente se formou com minhas filhas, que também eram passistas do Salgueiro. Hoje, tê-la como rainha do Tuiuti é um orgulho imenso”.
Em 2025, a Paraíso do Tuiuti levará à Sapucaí o enredo “Quem tem medo de Xica Manicongo?”. Questionada sobre sua fantasia, Mayara mantém o suspense: “Só posso dizer que é linda e maravilhosa. Estou muito feliz!”, finalizou a rainha.
Edson Pereira foi o primeiro carnavalesco a ter o contato renovado para o Carnaval 2026. Demonstra a confiança que a escola, através do presidente Fernando Horta, vem tendo com seu trabalho para o Carnaval 2025. O artista, que já passou por diversas agremiações com bons resultados, estreia na escola do Borel trazendo suas marcas registradas, como carros alegóricos grandiosos e enredos de temática afro. Seu projeto atual aborda a história de Logun-Edé, orixá filho de Oxóssi e Oxum, que personifica a intersecção entre as características de seus pais. O pavão, animal simbólico da escola tijucana, é central no enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”.
Ao comentar a renovação com a Tijuca, Edson destacou a surpresa e gratidão pelo gesto: “Para ser sincero, fiquei muito surpreso. Quando cheguei, fui muito bem acolhido e sempre tive expectativas de dar continuidade ao meu trabalho. Não sou um carnavalesco que gosta de ficar pulando de escola em escola. Sou um operário do Carnaval, gosto de botar a mão na massa. O anúncio antecipado do presidente Fernando Horta me envaidece, pois é a valorização do nosso trabalho. Isso sinaliza a construção de um projeto de longo prazo”.
Sobre a criação do enredo, Edson explicou a importância de ouvir a comunidade da escola: “Em qualquer escola, procuro entender suas características. A instituição é maior que o artista. Respeitar sua história e desejos é essencial. Ao chegar na Tijuca, descobri que o enredo sobre Logun-Edé era um desejo antigo da comunidade, há mais de 20 anos. O pavão, as cores do orixá e a fundação da escola no Morro do Borel se conectam perfeitamente. Ter a comunidade abraçando o enredo fortalece nosso trabalho. Este não é meu enredo, é da escola”.
O carnavalesco destacou a relação entre Logun-Edé e a juventude contemporânea: “Logun-Edé é o orixá da transformação e do recomeço, temas urgentes hoje. Ele representa a quebra de estigmas, como a ideia errônea de que seria ‘frágil’ por unir características masculinas e femininas. Na verdade, ele sintetiza três personalidades: a do pai (Oxóssi), a da mãe (Oxum) e a sua própria. É guerreiro e sensível, algo que queremos destacar no desfile”.
Edson ressaltou o cronograma adiantado e a influência espiritual na produção: “Iniciamos os trabalhos em março, sem pausas. As fantasias estão prontas, e os carros estão em fase final. Buscamos orientação em terreiros como o Axé Kalé Bokum, que nos guiou energeticamente. Isso foi crucial para o andamento harmonioso. Eu já fiz alguns enredos afro que eu curti e gostei muito e esse é mais um que me ensinou muita coisa”.
Sobre as alegorias do pavão, ele adiantou: “Será um conjunto grandioso, coerente com a magnitude do enredo. A Tijuca se reinventa, assim como Logun-Edé. Usamos materiais sustentáveis para não agredir a natureza, aliando volume e beleza às preocupações ecológicas”.
Para Edson, a união entre enredo e comunidade é o trunfo da Tijuca: “O grande triunfo é a felicidade da comunidade com o samba, o enredo e o momento vivido. Será um desfile que resgata e registra histórias para o mundo do samba”.
Conheça o desfile da Tijuca
A Unidos da Tijuca vai levar seis alegorias, sendo o abre-alas acoplado. Serão 3 mil componentes que desfilaram pela escola. O carnavalesco Edson Pereira explica ao CARNAVALESCO os setores do enredo da Tijuca.
Setor 1: “A gente abre o enredo com o destino, já como fala o samba, o destino de Logun-Edé é sempre recomeçar e o começo é pelo ifá, que revela o seu destino através de Oxum, quando se apaixona por Oxóssi, através do ifá que revela para que ela tenha o amor de Oxóssi, que ela busque fazer um feitiço e ali começa toda a história. Oxóssi se apaixona por ela e numa cachoeira em algum determinado momento, ele descobre que ela não era uma caçadora, ela era uma mulher das águas e aí existe a separação dos dois, mas já existe Logun-Edé. E todos os orixás do panteão, eles chegam para receber a chegada desse menino, que é um menino guerreiro de um lado, e do outro lado tem a sensibilidade da mãe, então é o caçador bravo, o guerreiro bravo, e a sensibilidade e a riqueza, a beleza da mãe. E ele começa a aprender com os outros orixás através dos itãs que contam para a gente, esses itãs são histórias contadas por vários orixás. Ogum ensina ele a guerrear, Oxóssi a caçar, Ossanha dá o poder das folhas para que ele possa entender como lidar com essas folhas, essas energias e Iansã vai lá e abraça ele como mãe também, ensina ele, Exu dá os caminhos, então nesse primeiro momento nós vamos contar as histórias desses itãs que vão ensinar Logun-Edé e louvar a chegada dele no panteão dos orixás como o mais novo orixá, o mais novo guerreiro que ali está”.
Setor 2: “No segundo setor, temos o olho d’água que é onde se representa Logun-Edé, onde a neblina acontece, onde tudo vai fazer a transformação. Esses orixás continuam ali apoiando a ele e ele se manifesta como esse caçador que também é das águas, ele é um grande mergulho nesse olho d’água onde vai mostrar as profundezas das águas e o caçador das águas”.
Setor 3: “No terceiro setor a gente tem a diáspora de que ele vem da África e é abraçado por Iemanjá. Ele defende o reino de Abeocutá e atravessa o oceano com os poderes do cavalo marinho, que é um animal também votivo de Logun-Edé, tanto que traz no seu ventre, que nem é o ventre, mas na barriga do cavalo marinho que reproduz a sua própria cria. Iemanjá dá a ele esses poderes e ele atravessa o oceano não naquele navio negreiro que todos falam que traz da África, não. Ele atravessa o oceano montado no cavalo marinho. Daí nós temos Iemanjá como chama ele para essa guerra no castelo de Abeocutá para defender os povos das águas”.
Setor 4: “Logun-Edé chega em Salvador, no Axé Kalé Bokum, que é o Axé que tem a mesma idade da Unidos da Tijuca e lá na Bahia é feita a primeira pessoa no Brasil de Logun-Edé. Ali nós trazemos o Axé Kalé Bokum que dali ela transfere toda essa energia, todo esse momento e todas as histórias de Logun-Edé vão se espalhar pelo Brasil e trazendo todas essas curiosidades e todas essas histórias onde o carnaval, no lugar de fala, ele pode ensinar para as pessoas toda a sua ancestralidade”.
Setor 5: “Trazemos a Juventude do Borel que é assim que é representado o Santo Menino que o mais velho respeita. A gente faz uma passagem do quarto carro que é Oxalá que representa os segredos de Logun-Edé, que vai entender a passagem do mais velho para o mais novo. Ele dá essa autorização, essa liberdade de transformação do mais velho para o mais novo e aí é uma grande festa no baile do Borel”.
Um ensaio técnico profundamente emocionante da bateria “Sinfônica do Samba” do Império Serrano, sob o comando de mestre Vitinho. Foi possível flagrar alguns ritmistas vindo às lágrimas, se deixando levar pelo clima sentimental de um treino mais para abastecer o espírito imperiano do que para eventuais ajustes sonoros.
Uma cabeça da bateria do Império com seu peculiar naipe de agogôs ressoando por toda a pista. Junto de chocalhos primorosos que tocaram juntos de tamborins de qualidade técnica inegável. Uma ala sólida de cuícas também contribuiu com o trabalho impecável das peças leves.
Uma “Sinfônica” pesada, com afinação de surdos potente, fazendo ressoar um timbre puxado para o grave, com o autêntico DNA musical da Serrinha. Suas caixas de guerra com rufadas se exibiu com classe ao lado de repiques coesos. Surdos tocaram com a firmeza característica de modo seguro, assim como as terceiras ficaram responsáveis pelo swing inconfundível da verde e branca de Madureira.
Bossas intimamente ligadas a melodia do belo samba-enredo imperiano deram o tom de espetáculo ao ensaio da “Sinfônica”. Logo na cabeça da pista, uma passada sem ritmo fez com que o público caísse dentro da bateria do Império. Assim como uma paradinha da cabeça do samba, abriu a bateria ao meio num arranjo performático, com direito a instrumentos de pagode, levantando o público dos primeiros setores e levando toda a emoção do Império para a plateia.
Uma apresentação altamente energética da bateria “Sinfônica do Samba” do Império Serrano, dirigida por mestre Vitinho. Um ritmo imperiano que exibiu equilíbrio, consistência e bossas bem casadas com a melodia da obra da escola do morro da Serrinha. Um ensaio para, de certa forma, buscar trazer afago e conforto aos corações de imperianos e sambistas, ainda comovidos e entristecidos. Se tem um combustível capaz de conduzir energicamente uma escola gigantesca como o Império Serrano é o orgulho emocional de seus ritmistas e componentes.
Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2005. Os raios de sol das 7h já castigam os cariocas no severo verão. Na avenida Marquês de Sapucaí, lotada, o público aguarda ansioso pela entrada da Beija-Flor de Nilópolis, a última escola a desfilar naquele ano no Grupo Especial. O desfile está atrasado há mais de uma hora devido ao problema enfrentado pela Portela horas antes, que impediu sua velha-guarda de desfilar e atrasou todas as apresentações seguintes.
A expectativa era enorme. Naquele ano, a Beija-Flor almejava seu primeiro tricampeonato na era do Sambódromo e o segundo de sua história. Até então, a Imperatriz Leopoldinense era a única escola a ter conquistado tal feito, quatro anos antes. Vivíamos uma era em que todos diziam: para ser campeão, era preciso derrotar a Beija-Flor. Nos sete desfiles anteriores, a Deusa da Passarela havia conquistado três títulos e quatro vice-campeonatos, um feito que, até hoje, ninguém igualou. Quase dez anos alternando entre o título e o vice-campeonato.
Há 20 anos, a Beija-Flor apresentou o enredo “O vento corta as terras dos Pampas: em nome do pai, do filho e do espírito guarani – sete povos na fé e na dor, sete missões de amor”, uma das muitas temáticas densas que a azul e branca gostava de levar para a avenida naquela época. Em time que está ganhando, para que mexer? A equipe capitaneada por Laíla, jogava por música. Como uma orquestra afinada, cada um desempenhava suas funções com maestria.
Apuro estético e tradicionalismo contra o moderno Paulo Barros
No ano anterior, o carnavalesco Paulo Barros havia chocado positivamente o público com suas alegorias vivas e quase levou a Unidos da Tijuca ao título. A modernidade do carnavalesco encontrava seu antagonismo justamente na Beija-Flor. Se a azul e amarela do Borel apostava em um novo modelo estético, a Deusa da Passarela deixava claro que, em Nilópolis, o samba no pé, o canto e o apuro estético seguiriam dando o tom.
O que se viu na avenida foi um verdadeiro bálsamo para os olhos dos amantes dos desfiles de escola de samba. Alegorias gigantescas e imponentes eram intercaladas por figurinos volumosos, recheados de materiais ricos, com uma paleta de cores que mesclava tons claros e quentes, apropriados para o horário do desfile. Com a escola toda esticada na avenida, formava-se um imenso tapete colorido. Tudo isso embalado por um verdadeiro recital da bateria, à época comandada por Paulinho Botelho, e por um dos grandes sambas da história da azul e branca, cantado pelo lendário Neguinho da Beija-Flor.
Quando a escola concluiu sua apresentação, já perto das 9h da manhã de terça-feira de Carnaval, a maioria dos especialistas e comentaristas apostava no tricampeonato, apesar de a Unidos da Tijuca e Paulo Barros dobrarem a aposta e realizarem outro desfile transgressor.
Apuração: tensão até o fim
A apuração começou com a Grande Rio na liderança nos dois primeiros quesitos, Harmonia e Bateria. A Beija-Flor vinha logo atrás, com uma diferença de 0,1 ponto, enquanto Imperatriz e Unidos da Tijuca estavam empatadas, ambas 0,4 ponto atrás da tricolor de Caxias.
No terceiro quesito, Samba-Enredo, a azul e branca assumiu a ponta e manteve-se à frente até o final, embora a Tijuca continuasse próxima. Nos quesitos Enredo e Evolução, ambas as escolas perderam 0,1 ponto cada, mantendo a vantagem da Beija-Flor em 0,3. Em Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Conjunto, a Beija-Flor sofreu mais uma perda de 0,1, enquanto a Tijuca obteve apenas notas máximas, reduzindo a diferença para um décimo.
No último quesito, Fantasia, a tensão aumentou. Se a Tijuca conseguisse uma diferença de 0,1 ponto a mais que a Beija-Flor, venceria no critério de desempate. No entanto, ambas as escolas receberam quatro notas dez, garantindo o tricampeonato da Deusa da Passarela.
Ao final da apuração, com o terceiro título seguido garantido, os nilopolitanos adaptaram o refrão do grande samba, que dizia “Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor é guarani”, para “Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor agora é tri”.
O ano de 2005 representou o auge do modelo de Carnaval que consagrou a Deusa da Passarela como a maior vencedora do Sambódromo. O título foi o nono da história da agremiação, que hoje ostenta 14 conquistas.
Drama de Selminha Sorriso
Com 36 anos de carreira, 30 deles dedicados à Beija-Flor, a porta-bandeira Selminha Sorriso viveu um drama pessoal horas antes de entrar na avenida para defender o pavilhão da escola pelo décimo ano ao lado do parceiro Claudinho. Sua mãe, Jacira Matos, havia sofrido um AVC e lutava pela vida.
Selminha não revelou seu drama a quase ninguém e cruzou a avenida com sua habitual competência, contribuindo para o tricampeonato da escola.
“Minha mãe ficou em coma induzido. Foi muito difícil. Não pude contar para ninguém, porque eu sabia que causaria um alvoroço. Talvez as pessoas me deixassem ainda mais nervosa do que eu já estava. Contei apenas para Claudinho, Aída e Flavinha. Foram as únicas pessoas que souberam da minha real situação. Eu não queria preocupar a escola, porque era algo meu, e eu precisava administrar essa dor sozinha”, disse Selminha Sorriso em entrevista ao CARNAVALESCO.
Dona Jacira acabou não resistindo e, entre as ligações de felicitações pelo título, Selminha recebeu a triste notícia de que sua mãe havia falecido. Ela recorda que, enquanto sorria e bailava em busca do 10, por dentro sua alma gritava por socorro.
“Eu estava muito cansada, muito preocupada com a minha mãe. O que aconteceu ali foi a força da sambista que prevaleceu, porque a Selma, de verdade, estava só com o corpo presente. Minha alma sambista dizia: ‘Você tem um compromisso, segura o choro, vai passar. Sua mãe vai ficar bem, você vai cuidar dela.’ Era o que eu repetia para mim mesma na concentração. Meu pensamento era: ‘Eu quero que acabe logo para eu cuidar da minha mãe’”.
Último tricampeonato do Sambódromo
O tricampeonato da Beija-Flor em 2005 jamais se repetiu. A própria azul e branca foi bicampeã novamente em 2007 e 2008, mas no ano seguinte o título do Salgueiro impediu um novo tri.
O tempo passou e, hoje, a outrora poderosa Deusa da Passarela amarga um incômodo jejum de sete anos sem um título, o segundo maior de sua história. O carnaval evoluiu para um alto nível de competitividade e, em 2025, caso a Viradouro não conquiste o título, o Grupo Especial completará 17 anos sem um bicampeonato consecutivo.
A notícia de que o Carnaval de 2025 será o último de Paolla Oliveira à frente da bateria da Acadêmicos do Grande Rio pegou o mundo do samba de surpresa, na noite do último domingo. A informação foi revelada pela própria artista durante uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no mesmo momento em que a agremiação fazia o último ensaio de rua da temporada.
Mestre Fafá e Paolla. Foto: Luan Costa/Site CARNAVALESCO
Entre os componentes e ritmistas, a sensação de surpresa e o sentimento de gratidão pareciam tomar conta. Ao CARNAVALESCO, mestre Fafá contou que a artista se emocionou ao acompanhar um trecho do treino por chamada de vídeo. Para ele, o legado de Paolla será permanente.
“Por enquanto, a ficha ainda não caiu. Vai ser bem complicado saber que no próximo sábado será o último ensaio técnico com ela. Fizeram uma chamada de vídeo durante o ensaio. Ela estava chorando, e eu também fiquei um pouco emocionado. A Paolla não é só uma rainha, ela é uma representatividade dentro da escola e emana uma energia absurda. Ela deixará de ter o corpo presente, mas o espírito e a alma estarão aqui. A Paolla é eterna, e isso nunca vai mudar. Rainha, eu, a sua bateria e a sua escola te amamos. Independentemente da escolha, sempre iremos torcer pelo sucesso”, afirmou o mestre de bateria.
Poucos minutos após o anúncio da saída se tornar público, a escola de samba fez uma postagem de agradecimento nas redes sociais. No vídeo, Fafá e Paolla aparecem lado a lado durante o ensaio técnico na Marquês de Sapucaí, do último dia 27.
“Uma história de amor, respeito, cumplicidade e muita parceria. O posto de rainha de bateria não poderia ter sido mais honrado. A nossa jornada não representa um sentimento verdadeiro, que nos orgulha muito e ficará pra sempre marcada na nossa trajetória. Ciclos podem se encerrar, mas o sentimento não muda. Rainha, você faz e sempre fará parte de uma grande família, que te ama e admira demais. Mas não acaba por aqui, lindos capítulos ainda nos esperam juntos. Em especial, no Carnaval de 2025”, diz o post da agremiação.
Aliás, a conexão e o carinho com os ritmistas são atributos que se destacam na rainha de bateria durante as apresentações. É o que o diretor do naipe de chocalhos, Vitor Medeiros, descreve. Ele, inclusive, chegou a dar aulas de chocalho para a artista.
“A Paolla é uma pessoa de coração ímpar, muito ‘povão’ e muito comunidade. Fico triste, porque a Paolla é a rainha mais querida que a Grande Rio já teve. Pela bateria, ela ficaria no posto sem prazo para despedida. Entendo que ciclos se iniciam e se encerram, mas fico triste”, comentou o diretor.
Já Felipe “Chocalheiro”, ritmista da Tricolor de Caxias há 12 anos, disse que recebeu a informação da saída ainda no sábado, mas não acreditou. O músico também detalhou a relação com a rainha ao longo dos últimos quatro carnavais.
“Eu fiquei sabendo, mas como sou meio ‘São Tomé’, quis ver para crer. Como ritmista dessa escola há 12 anos, posso dizer que ela vai fazer muita falta. É uma rainha maravilhosa e extremamente presente. Ela interage não só com a bateria, mas com toda a comunidade. A gente deseja toda saúde, felicidade e que ela venha nos visitar sempre que possível. Sem dúvidas, é uma perda irreparável”, revelou Chocalheiro.
Para a felicidade da comunidade caxiense, Paolla Oliveira ainda terá um ensaio técnico pela frente e, claro, o desfile oficial do Carnaval de 2025. Ainda há muita água para rolar até 2026, mas a dúvida sobre quem deve assumir o reinado caxiense ganhou as redes sociais. Seria este o momento para escolher uma rainha da comunidade? Questionado pela reportagem, Fafá pontuou que essa não é uma decisão a ser tomada por ele.
“Acredito que isso não cabe a mim, mas sim aos presidentes de honra. A pessoa que for colocada para substituir a Paolla deve buscar fazer o melhor e tentar ser uma rainha digna, assim como ela foi. É isso que a gente espera”, disse o mestre.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) sorteou na noite dessa segunda-feira os módulos em que atuarão os jurados no Rio Carnaval 2025. Ao todo, serão 36 julgadores, que avaliarão nove diferentes quesitos. Eles estarão divididos em quatro módulos, que estarão posicionados ao longo da Passarela do Samba.
Por Naomi Prado e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Will Ferreira e Nabor Salvagnini)
O Morro realizou seu único ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi na preparação para o carnaval de 2025. O grande destaque foi a evolução da comunidade e a ala musical. Para 2025 a escola levará o enredo “Saravá Umbanda! Uma história de luz, caridade e amor” assinado pelo carnavalesco Ulisses Bara.
A comissão coreografada por Ana Carolina executou uma apresentação muito clara do enredo, fazendo interpretações como se estivessem em um terreiro de Umbanda. Os personagens principais eram um Ogã, um Exu e um Caboclo. A ala fez passos que remetem danças de orixás alternando com passos tradicionais do quesito. Em determinado momento os bailarinos fazem uma roda e batem palmas em harmonia com o samba-enredo, saudando os personagens principais que ficaram no centro da roda.
Mestre-sala e Porta-bandeira
A dupla João e Juliana apresentou sincronismo no bailado e fez coreografias que continham passos afros. Com uma roupa clássica branca, o casal teve um bom desenho de pista, evidenciando o enredo da escola.
Harmonia
O Morro desfilou com um bom canto, todos os componentes sabiam a letra do samba e talvez o volume do canto não aumentou por questões climáticas- estava em média 35° graus no momento do ensaio- notou-se que a comunidade estava passando muito calor mas para além disso o canto se destaca quando a bateria faz uma bossa na parte do samba em que diz -“ Êh Jurema”.
Evolução
Ainda que estivesse um sol muito forte os componentes permanceram coreografando e dançando o samba. A maioria das alas desfilaram com acessórios/ plantas nas mãos, vivenciando ainda mais o enredo. A escola ensaiou compacta e com um bom andamento.
Samba
O Morro irá desfilar em 2025 com um samba muito dançante, é uma obra e um enredo que cativa o público por ser afro-brasileiro. O carro de som é um dos melhores do Grupo de Acesso 2, por ter como voz principal o renomado intérprete do Rio de Janeiro e de São Paulo, Wantuir.
Outros destaques
A bateria, de mestre Fábio Américo, realizou bossas em perfeita harmonia com toda parte musical da escola. As bossas elevaram ainda mais o samba e o canto trazendo um balanço especial para os componentes dançarem.
O Morro da Casa verde será a 6° escola a desfilar no Grupo de Acesso 2 e, ao que pudemos ver neste ensaio pode se tornar uma forte candidata ao título do grupo.
Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Gustavo Lima, Lucas Sampaio, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)
No terceiro e último ensaio técnico da agremiação no Anhembi antes do desfile oficial, o Rosas de Ouro trouxe novamente alguns dos principais trunfos da instituição para a avenida. Com destaque para a inventiva comissão de frente, que novamente mudou bastante de uma apresentação no Sambódromo para a outra, a Roseira exibiu o enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, que será o sexto a desfilar na sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro), no Grupo Especial.
Presente em todos os ensaios técnicos da temporada no Anhembi, o CARNAVALESCO traz a análise quesito a quesito da agremiação da Brasilândia, heptacampeã de direito do Grupo Especial do carnaval paulistano:
Comissão de Frente
Iniciando a apresentação, o segmento, novamente, despertou muita curiosidade em todos os presentes. Coreografada por Arthur Rozas, a indumentária de cada um deles, porém, mudou radicalmente. Se, na apresentação anterior, o quesito estava inspirado na série Round Six, agora a temática aparentava ser a própria história azul e rosa. Alguns componentes tinham camisas escritas “Azul 92” e “Rosa 90”, enquanto outros apresentavam as palavras “Rosas 83” em azul e “Rosas 92” em rosa no figurino. Cada um deles buscava papelões redondos e interagia com eles. Em outro momento, alguns bailarinos buscavam baús grudados no tripé (que seguia com o visual de uma máquina caça-níquel), posicionavam-os à frente do tripé e cheerleaders saíam do espaço. A curiosidade seguiu bastante em alta após o ensaio técnico em relação ao quesito.
Em relação às camisas dos componentes, vale destacar que todos eles indicam anos de títulos históricos do Rosas: em 1983, veio o primeiro título do Grupo Especial da Roseira com “Nostalgia; em 1990, “Até que enfim… ‘o Sábado'”, inaugurando um tricampeonato de fato que foi completado com o histórico “‘Non Ducor Duco’, qual é a minha cara?” de 1992 – samba mais lembrado pelo torcedor da agremiação.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Uilian Cesário e Isabel Casagrande, novamente, fizeram questão de vir com a fantasia utilizada no desfile de 2024, brindando os presentes com tal indumentária. Em relação ao figurino, a exceção foi o esplendor – ambos optaram por vir sem nada acima da cabeça. Cumprindo todas as obrigatoriedades, vale destacar o quanto Isabel se sente à vontade na Roseira (ela está desde 2016 na escola), distribuindo sorrisos instintivamente, e a flexibilidade de Uilian – algo que, em conjunto com sua altura privilegiada, torna-se um grande trunfo do quesito. É importante destacar, entretanto, que a escola não parou de evoluir para que o casal fizesse com mais liberdade a apresentação em alguns módulos, fazendo com que ambos, no final de cada exibição, estivesse com bem menos espaço do que quando iniciaram – nada, entretanto, que atrapalhasse a parte técnica da dupla.
Não foi, por sinal, o único casal de mestre-sala e porta-bandeira que veio fantasiado: o segundo também utilizava tal indumentária. Prova do quão abafado estava o início da noite paulistana foi o fato de Sandy Barboza, porta-bandeira da dupla, ter precisado de cuidados especiais após encerrar o ensaio técnico juntamente com o companheiro Paulo Henrique. As demais duplas também vieram fantasiadas para a exibição.
Uilian, após se reidratar depois do ensaio técnico, falou pela dupla com a reportagem: “Considerando esse último ensaio, eu consigo destacar a variação rítmica como um dos pontos positivos da nossa coreografia: ela consegue casar momentos da coreografia onde a gente acelera um pouquinho o passo e outros que a gente reduz um pouquinho, mas tentando trazer passos mais tradicionais do valsado. Essa mudança no manual dos julgadores acabou nos beneficiando, porque a gente respira um pouquinho mais. Nosso corpo acaba encontrando o equilíbrio no meio desse momento em que a gente acaba puxando muito – e tentando trazer um pouco mais de gás, um pouco mais de força. Foi um bom ensaio. O calor e a fantasia acabaram impactando um pouquinho, mas conseguimos chegar. Conseguimos trazer a coreografia para as quatro cabines e a gente sai muito satisfeito com o desfile”, destacou. Tal qual o companheiro, Isabel precisou de muita reidratação após a exibição, e a equipe preferiu conversar apenas com o mestre-sala para garantir uma pronta recuperação para a porta-bandeira.
Harmonia
O esquenta do Rosas é um dos mais famosos de São Paulo – e não foi diferente em tal ensaio. Em relação às músicas, entretanto, ele foi mais comprimido: pela ordem, o hino da escola foi cantado; a presidente Angelina Basílio novamente soltou um palavrão para inflamar a escola (e conseguiu) em um discurso; o famosíssimo samba exaltação “De Bem Com a Vida”; e um discurso de Osmar Costa, vice-presidente da instituição. Mostrando empolgação, a Bateria com Identidade, comandada por Mestre Rafa, soltou fumaças azuis e rosas em cada um dos recuos. E, como tem acontecido desde quando o samba-enredo foi escolhido, a agremiação da Brasilândia cantou bem o samba – em especial a partir das últimas três alas antes do terceiro carro alegórico. Também é importante pontuar que duas alas que normalmente não são das com canto tão alto assim (passistas e das crianças) estavam animadas. O grande ponto do quesito em questão é que não se observa mais a explosão constante que era vista por parte dos desfilantes. A derradeira apresentação, inegavelmente, teve uma queda no volume do canto da comunidade em relação ao apoteótico primeiro ensaio – o que não tira a sensação de que a escola fez mais do que o suficiente para tirar nota máxima em todos os módulos.
Dante Baptista, um dos diretores de Harmonia da agremiação, mostrou estar atento à mídia segmentada: “A gente aqui na direção da escola sai muito satisfeito com esse ciclo de ensaios. A gente tem melhorado muito na parte técnica. Ficamos muito atentos às críticas que recebemos nos dois primeiros ensaios e trabalhamos nas redes sociais e na quadra para acertar a nossa Harmonia para que as pessoas cantassem o samba da forma correta. Elas já cantavam muito, era só questão de acertar os detalhes. Isso é natural, é parte do trabalho em termos de evolução. Acho que o nosso ciclo de ensaios desse ano é bem melhor que o ciclo do ano passado. A gente tem um grande samba, que tem rendido bastante. Estamos fortes e unidos para dar uma respostas a nós mesmos”, comentou.
Ele também comentou sobre o que pensa em relação a resultado para 2025: “Esse pavilhão aqui tem sete estrelas em cima dele. O nosso componente nunca vai aceitar um carnaval em que ele somente volte para o Desfile das Campeãs. A gente vai trazer o nosso melhor conjunto alegórico de fantasias, o nosso melhor conjunto visual em anos. O nosso papel é o de compensar com uma grande evolução, com uma bateria que a gente já tem muito forte, com um casal que está dançando muito. A gente tem que brigar pelo título. A nossa cabeça é brigar pela taça. O que vai acontecer depende dos 36 jurados, mas a nossa mentalidade, a nossa busca, o nosso pensamento, é o de trabalhar pelo campeonato, comentou.
Evolução
Se o quesito Harmonia merece alguma ponderação, a Evolução da escola merece elogios. Em uma noite bastante abafada em São Paulo, a agremiação fez sua montagem em um final de tarde com Sol escaldante – e, mesmo assim, os componentes se movimentaram bastante e criaram ótimas imagens com adornos de mão. Com um samba-enredo bastante leve, os componentes também aproveitaram para brincar com a canção durante a apresentação.
Colaborando para empolgar os desfilantes, Rafael Oliveira, popularmente conhecido como mestre Rafa, gostou do trabalho dos ritmistas: “Graças a Deus, hoje foi o nosso melhor dia, o melhor ensaio que fizemos em relação ao ritmo. Conseguimos atingir todas as expectativas que tínhamos, entregamos um trabalho com excelência hoje. A execução das bossas foi melhor, a limpeza que fizemos se mostrou quase impecável hoje. Foi bem bacana. Se o carnaval fosse hoje, com certeza a gente tinha alcançado o nosso objetivo. Mantivemos tudo em relação ao último ensaio, só aumentamos a fileira de dez pra doze pessoas para compactar mais a bateria e fizemos tudo o que tinha que fazer. Talvez tenhamos mais uma coreografia que não fizemos ainda, vamos ensaiar. É coisa simples, mas vai ter”, prometeu o ritmista-mor azul e rosa.
Samba
No gosto do torcedor da Roseira desde quando foi escolhido, a canção, novamente, levou a Roseira a um ótimo nível de canto – e, mais do que isso, a música teve acompanhamento também nas arquibancadas. O carro de som, comandado por Carlos Junior, optou pelo foco na execução do samba, com menos cacos; já a Bateria com Identidade segue com muitas bossas e convenções – embora, é bem verdade, esteja com uma sustentação do samba-enredo melhor definida.
Outros Destaques
À frente da Bateria com Identidade, Ana Beatriz Godói, rainha da bateria da Roseira desde 2020.
Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Lucas Sampaio, Will Ferreira, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)
A Independente Tricolor realizou o seu segundo ensaio técnico na tarde do último domingo no Anhembi. O destaque principal vai para a comissão de frente, que tem uma imponência e uma força pelo seu contexto mostrado. O outro destaque vai para o componente da agremiação. Não só pelo canto e evolução, mas principalmente por encarar uma alta temperatura onde várias escolas sofreram para lidar com seus integrantes mais vulneráveis. A entidade da Vila Guilherme entrou na pista debaixo de sol e terminou com o pôr dele.
Com o enredo “Gritos de Resistência”, a Independente será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, pelo Grupo de Acesso 1.
“Hoje foi maravilhoso, tudo dentro do planejado, pouca coisa para corrigir. Já estamos aguardando o dia principal, o dia 2 de março, onde vamos tentar vir com tudo para voltar para o Grupo Especial, que é o nosso lugar. Surpreendeu as nossas expectativas, temos muita coisa ainda a corrigir, muita coisa a melhorar, mas esse ensaio foi aquém do que todos esperavam, estamos felizes, vamos sentar agora, analisar o que erramos de fato, corrigir em casa, temos ensaios de rua, e vir para a pista mordendo no dia do desfile”, analisou o membro da direção de harmonia, Sérgio.
Comissão de frente
A ala, que é coreografada por Edgar Júnior, é recheada de drama, comoção e resistência. Por isso é o grande destaque do ensaio. Dentro da encenação os bailarinos eram separados em dois grupos – Um representava os negros que aparentavam serem os escravos e os outros vestidos de branco, que oprimiam este primeiro grupo. Fortes cenas de repressão aconteciam, os elementos cênicos que estavam por lá eram bastante usados e realmente foi uma abertura de ensaio técnico impactante. Se foi assim em um treino, provavelmente dentro de um desfile será ainda maior. A interpretação que fica é que burguesias e realezas eram aclamadas, enquanto o negro sofria nas mãos desse mesmo povo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Jeff Antony e Thais Paraguassú prezou pelos movimentos necessários para uma boa dança do quesito. Durante o percurso não houve muita coreografia dentro do samba, e sim movimentos obrigatórios realizados com máximo sucesso. A dupla mostrou que está sincronizada nos giros, finalizações e também na hora de estender o pavilhão para a cabine de jurados.
“Acredito que nesse ensaio passamos tão bem quanto o outro. No anterior tivemos a chuva, a pista molhou, não pegamos chuva literalmente, mas a pista estava molhada. Hoje o que nos pegou bastante foi o sol, mas o astro-rei só veio para somar e acabamos passando tão bem quanto no primeiro ensaio. Estamos muito satisfeitos e realizados com esse ensaio de hoje”, disse o mestre-sala.
“Hoje saímos muito felizes e satisfeitos. Tudo o que a gente ensaiou aqui, tudo o que a gente previu, deu certo, mas sempre tem uns pontinhos. Até o dia do desfile vamos melhorar para chegar ao mais próximo da perfeição”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
A agremiação tricolor tem uma comunidade forte e também é conhecida por ter o canto aguerrido. Realmente se viu isso na tarde deste último domingo. A comunidade da Vila Guilherme acatou o enredo e o samba e entregaram o seu máximo pela escola. o refrão principal onde diz: “De punho cerrados sou Independente”, é entoado mais forte, pois enaltece o grande símbolo da escola e também o gestual com os punhos cerrados e cruzados.
Evolução
A escola evoluiu de forma satisfatória. Não há coreografia dentro do samba, mas há de se destacar algo diferente: Na segunda parte do samba, após o refrão principal, os componentes balançavam o corpo de um lado para o outro, mas sem sair do lugar. Isso acontecia na maioria dos versos dessa parte da obra, onde só parava apenas na parte “Cantos contra a ditadura”.
No refrão principal quando se canta “punhos cruzados”, os componentes faziam o típico gesto da torcida organizada.
Sérgio, membro da direção de harmonia, exaltou o andamento dentro da evolução da escola. ‘’O andamento da escola foi melhor, nós conseguimos fazer um andamento mais cadenciado e acertar os tempos que estávamos com dificuldade, principalmente de apresentação nos módulos. Hoje esteve 100% dentro dos tempos que a gente calculou’’, afirmou.
Samba
O intérprete Chitão Martins desfilou na sua tradicional característica de empolgar quem está ao seu redor – tanto comunidade, quanto componentes. O carro de som também tem o apoio do grande cantor e compositor Maradona, além de outros músicos de renome do carnaval paulistano. O samba, que é funcional, acabou se tornando uma das forças da escola.
O intérprete Chitão Martins não escondeu a felicidade com o ensaio e contou que os ajustes necessários foram realizados. “Hoje foi muito bom, de verdade. No ensaio anterior a gente tinha algumas coisinhas para ajustar, principalmente na parte do canto e neste ajustamos. Acredito que o samba veio no mesmo andamento do começo até o final, o pessoal cantando com alegria, com garra, isso é importante, com vontade de vencer e eu tenho certeza que o resultado vai sair”, declarou.
O cantor exaltou o samba-enredo da escola: “O samba é fácil de cantar, com dois refrões que agitam o pessoal não consegue ficar parado, quer pular, quer cantar, fazer a coreografia, portanto o samba vai crescendo de acordo com o tempo. A gente chega na avenida com um samba forte, com um samba valente, com um samba que eu tenho certeza que vai contagiar todo mundo”, completou.
Outros destaques
A bateria “Ritmo Forte”, regida por mestre Cassiano Andrade, realizou bossas e deu o andamento necessário ao samba. Destaque especial para a afinação dos fortes surdos de primeira e segunda.
Cassiano exaltou o alto astral da bateria e alta performance feita neste domingo, apesar da alta temperatura em São Paulo. “Primeiramente, a felicidade dos ritmistas. Eles tem que estar felizes. Hoje, isso daí já ganhou bastante ponto. Execução das bossas foi bem segura, o andamento, com o calor, eu senti que poderia às vezes ter tocado um pouquinho mais para frente, porém, tocou no andamento confortável. Quando se trata de calor, sentimos hoje o drama de como pode ser uma fantasia muito quente. Pegamos 17h no calor máximo do começo ao fim. Eu vi que se manteve a mesma coisa, já é um avanço para escola”, avaliou.