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Novo coreógrafo da comissão de frente do Tuiuti, David Lima promete trabalho incansável para o Carnaval 2026

O Paraíso do Tuiuti anunciou David Lima como o novo coreógrafo da comissão de frente para o Carnaval 2026. O anúncio foi feito pelo presidente Renato Thor durante a feijoada em comemoração aos 73 anos da agremiação, na quadra da escola, em São Cristóvão. Com experiência em escolas como Unidos de Padre Miguel, Acadêmicos de Santa Cruz e São Clemente, David assume o desafio de criar um espetáculo que encante a Marquês de Sapucaí. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o coreógrafo não escondeu sua emoção.

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david tuiuti
Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

“Estou muito feliz. E não vou medir esforços para dar o melhor para o Tuiuti. Nós já estávamos em conversa, estava tudo meio encaminhado, mas hoje chego aqui e ganho esse presente de ser o coreógrafo do Paraíso do Tuiuti”, contou David, que ainda revelou que foi pego de surpresa com o anúncio público durante a festa.

David Lima adiantou que a abordagem sobre o enredo para 2026: “Loña Ifá Lukumi”, que fala da religiosidade afro-cubana e sua influência no Brasil, trará um diferencial. “Será um enredo afro, mas com uma pegada inovadora. Já estou arrumando as malas para ir para Cuba”, brincou.

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Sobre a temática, o coreógrafo destacou: “Trabalhar com ancestralidade é resgatar todos os nossos valores antepassados. E falando da dança, a gente trazendo a latinidade, aí estará o teor diferencial. Em 2025, quase todas as escolas trouxeram o enredo com temática afro. E, agora, nós vamos trazer uma outra temática Afro, mas com um requinte um pouco mais diferenciado. Eu já me vejo entrando na avenida com uma comissão maravilhosa”, disse entusiasmado.

Comissão de frente: 50% dança e 50% elemento surpresa

David Lima também comentou o uso de elementos cênicos nas comissões de frente. “Creio que todos os profissionais da área sabem fazer sem e com [o elemento cênico]. Só que com esse espetáculo dentro do espetáculo, que a cada ano vem inovando, ele é muito favorável. Porque às vezes é nele que você vai conseguir apresentar aqueles outros 50% que você precisa para o jurado – 50% vêm na dança e os outros 50% nesse elemento que traz um pouquinho mais de surpresas para o público”, afirmou.

Compromisso com o Tuiuti

O novo coreógrafo da comissão de frente promete à comunidade do Paraíso do Tuiuti um trabalho incansável na busca pelo título. “Não vai faltar esforços para colocar a escola em primeiro lugar, vamos trabalhar incansavelmente. É como sempre fiz em todos os meus trabalhos, em todas as escolas. A comunidade do Tuiuti pode esperar um coreógrafo presente aqui dentro que vai estar junto com eles. Vamos trabalhar e fazer um grande desfile”, finalizou.

Mangueira valoriza suas raízes e anuncia atriz mirim como nova musa

A Estação Primeira de Mangueira anunciou sua mais nova musa: a talentosa atriz mirim Lua Miranda. Aos 8 anos, Lua não é apenas um rosto em ascensão na televisão brasileira, mas também uma legítima representante da essência mangueirense, com suas raízes profundamente entrelaçadas na história e no samba da escola.

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musa mangueira
Foto: Divulgação/Mangueira

A ligação de Lua e de sua família com a Mangueira é uma verdadeira herança. A pequena é bisneta de Antônio Abóbora D’Água, uma figura histórica na agremiação, ex-diretor de Patrimônio, membro da Velha Guarda e um dos fundadores da Ala dos Periquitos, a primeira ala da escola. A tradição musical da família segue viva: seu avô materno tocava surdo na bateria, o mesmo instrumento que seu pai, atualmente, toca com orgulho na bateria. Sua mãe, que desfila na escola há mais de uma década, acompanha Lua em todos os momentos, fazendo questão de adereçar as fantasias da filha com carinho e dedicação. Lua, aliás, “participa” dos desfiles da Verde e Rosa desde sua gestação.

Como Musa da Mangueira do Amanhã, a agremiação mirim. e embaixadora do curso de Educação Antirracista da Mangueira do Amanhã, Lua Miranda representou com maestria a nova geração do samba carioca. Sua presença vibrante mantém viva a ancestralidade, a tradição familiar e a riqueza cultural que são pilares da Mangueira.

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Agora, como musa da Mangueira, ela pretende dar continuidade ao legado da família. “Era um sonho”, confessa. “Por isso eu e minha mãe recebemos com muita alegria e emoção o convite da presidente Guanayra Firmino”, conta Lua.

Apesar da pouca idade, a carreira artística de Lua é notável. Na TV Globo, atualmente brilha no quadro infantil “Por que, Mion?” no Caldeirão com Mion, mostrando seu carisma para todo o Brasil. Lua estreou na TV protagonizando a série documental ‘Resistência Negra’, do Globoplay, ao lado de nomes como Djonga e Larissa Luz. Em 2023, foi a estrela do curta que idealiza a primeira ministra negra no STF, uma iniciativa do IDPN. Em “Hoje é Dia das Crianças”, interpretou Balú, contracenando com veteranos como Tony Tornado e Aisha Jambo, e recebendo participações de grandes artistas como Zezé Motta, Péricles, IZA, Cabelinho e Jão.

Além de seu brilho artístico, Lua é uma voz ativa. Ela utiliza suas redes sociais para compartilhar discursos inspiradores sobre representatividade negra e empoderamento infantil, conquistando a admiração de milhares de pessoas. Em 2024, recebeu o Prêmio UBUNTU na categoria Potência Negra Infantojuvenil. Seu discurso de agradecimento viralizou ao dedicar o prêmio às crianças de Belford Roxo e da Mangueira, com a marcante frase: “Por que, se as portas se fecharem, estaremos lá para meter o pé na porta”.

“A Estação Primeira de Mangueira celebra a chegada de Lua como musa e reforça seu compromisso em cultivar e valorizar os talentos que, como ela, representam o futuro do samba e da cultura brasileira”, saúda a presidente Guanayra Firmino.

Integrante da Comissão de Carnaval explica o enredo do Vai-Vai para 2026: ‘Abordagem é o povo de São Bernardo’

Os últimos dias de junho foram agitados no Vai-Vai. Maior campeão do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, com quinze títulos conquistados, a agremiação revelou, no dia 20 do mês em questão, o enredo para o desfile de 2026. Intitulado “Em cartaz: a saga vencedora de um povo heroico no apogeu da vedete da Pauliceia” e tendo a cidade de São Bernardo do Campo como pano de fundo, a apresentação será assinada por uma comissão de carnaval, formada por Marcus Tibechrani, Tati Gregório, Renato Anveres e Gleuson Pinheiro. O CARNAVALESCO conversou com Gleuson Pinheiro no evento “Carnaval de São Paulo como patrimônio: cidade, política, sociedade”, organizado pela Rádio Arquibancada e pela página Sambistas da Depressão, no último sábado, para saber um pouco mais sobre o que será apresentado pela Saracura no Anhembi.

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Foto: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Esqueça o CEP tradicional

Muitos apaixonados por carnaval antipatizam com o que convencionou-se chamar de enredo CEP – ou seja, aqueles que homenageiam cidades, estados e países como um todo. Para desmistificar tal situação, o integrante da comissão de carnaval, em um primeiro momento, reconhece como tais temáticas eram tratadas anteriormente: “O carnaval é feito por ciclos, e a gente vive um momento em que você discute um lugar. A gente está falando, de certa forma, sobre uma cidade – e, em outras épocas, tinha um jeito de abordar esse tipo de enredo”, refletiu.

Depois, entretanto, ele faz questão de destacar que o cenário por trás do desfile de 2026 será diferente: “Atualmente, a gente vive um momento em que aquela abordagem do passado, até a década passada, não é mais suficiente. Atualmente, as abordagens são mais pela perspectiva do fio condutor ou de uma mensagem – especificamente falando, uma reflexão sobre aquele lugar. Acho que o enredo sobre São Bernardo se insere um pouco nesse caminho”, comentou.

Para ser ainda mais específico, Gleuson destacou que o cerne de tal enredo passa por algo que é bem diferente do que muitos viam até alguns anos atrás: “A gente está falando de uma cidade, e sempre vem na cabeça pensar em uma cidade a partir dos elementos da edificação desse local cidade – por exemplo, dos espaços físicos; e não das pessoas. A abordagem do Vai-Vai é o povo de São Bernardo. Esse o diferencial”, vociferou.

Outro desfile, outra escola

No ciclo do carnaval 2024, o CARNAVALESCO, durante a série Barracões SP (em que visita o espaço em que são criados os carros alegóricos das escolas filiadas à Liga-SP à época), visitou o espaço destinado à Camisa 12 na Fábrica do Samba II (popularmente conhecida como FUPE) – local em que são criados os carnavais das escolas do Grupo de Acesso I e II. O carnavalesco da agremiação em questão era, justamente, Gleuson Pinheiro – assinando o desfile de maneira solo.

A reportagem recordou o fato e perguntou se, no fio condutor do desfile sobre São Bernardo, havia algo em comum com a narrativa para apresentar “Meu Black é de Rei, Minha Coroa é de Chico. Chico Rei Entre Nós” em 2024. A resposta em retrospectiva foi elucidativa: “Tem convergências nesses dois enredos, sim. Em 2023, a gente também tinha a intenção de passar uma mensagem – que não era necessariamente contar e descrever a história do Chico Rei sendo fiel a uma pesquisa histórica. Agora acontece a mesma coisa: o Vai-Vai tem um acordo com a cidade de São Bernardo do Campo, que está costurado e sendo pensado como um acordo com o povo dessa cidade”, reafirmou.

Presidente da Liga-SP fala sobre o desejo de inovar nos minidesfiles de São Paulo

Ele prossegue: “Essa a mensagem que vai ser passada tem uma mensagem – como tinha, no caso, fazendo essa comparação com o desfile sobre Chico Rei. É uma mensagem que passa pela história, evidentemente e como toda mensagem, mas o objetivo não é apenas contar a história. A nossa intenção é que o povo de São Bernardo, a população de São Bernardo, se sinta representada, se enxergue e se identifique com o desfile. Esse é o objetivo”, detalhou.

Divisão das responsabilidades

Gleuson aproveitou para falar como a comissão de carnaval vaivaiense se organiza – não, sem antes, refletir sobre a existência de um grupo para assinar um desfile: “O trabalho no carnaval, normalmente, é separado por responsabilidades e coordenações. Trabalhar em uma comissão significa fazer essa divisão – mas, por outro lado, o desfile é uma unidade. Por conta disso, o trabalho precisa ser coeso e a gente precisa, a todo tempo, estar conversando – já que não dá para separar tanto assim o trabalho”, comentou.

Logo depois, as especificações: “Sobre a divisão que a gente tem, a Tati é a enredista do Vai-Vai, assim como ela era nos carnavais anteriores, é uma continuação do trabalho – logo, a responsabilidade é dela nessa narrativa em questão. Eu e o Renato Anveres somos os responsáveis pelas alegorias – ele já era participava da direção de barracão, já tinha uma função de cuidar da realização, sobretudo, das estruturas dos carros alegóricos. Eu estou entrando para ser o responsável pelo projeto, desenvolvimento e todo o trabalho que se refere às alegorias, especificamente. Por fim, o Marcus Tibechrani, o Marcão, cuida das fantasias. Essa é a divisão atual do trabalho”, finalizou.

Opinião: ‘Portela busca renascer e propõe nova história para o Brasil com seu enredo para o Carnaval 2026’

A Portela está pronta para virar mais uma página importante da sua história — e, dessa vez, com um enredo que não apenas celebra a ancestralidade, mas também convida à reflexão profunda sobre o Brasil que fomos, somos e ainda podemos ser. Para o Carnaval 2026, a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira aposta em uma proposta sensível e simbólica: “O Mistério do Príncipe do Bará – A oração do Negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”. O título já anuncia o mergulho que a escola fará no universo da espiritualidade afro-gaúcha, evocando mitos, personagens e memórias que resistiram ao tempo e ao apagamento. * LEIA AQUI A SINOPSE DO ENREDO

logo portela2026

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O ponto de partida é carregado de significado. Pela primeira vez, o carnavalesco André Rodrigues assina sozinho o desfile da maior campeã do carnaval carioca. Seu antigo parceiro, Antônio Gonzaga, agora trilha novos caminhos na Grande Rio. A mudança marca um novo ciclo criativo para a Portela, e também para André, que, pode conduzir seu olhar com ainda mais liberdade. O artista poderá constrói um enredo que entrelaça religiosidade, oralidade, poesia e imagem com a delicadeza e a força que lhe são características.

Esse novo tempo portelense também começa com Junior Escafura, que estreia como presidente da escola. E logo em sua primeira escolha, ele aponta para um caminho corajoso: tirar o foco dos territórios mais explorados do carnaval e levar o olhar para o Sul do país, onde pulsa uma história negra potente e, muitas vezes, invisibilizada. A Portela se propõe, mais uma vez, a ser farol.

No coração da sinopse está o Príncipe Custódio, figura histórica que teria sido monarca do Benin, capturado e trazido ao Brasil. Mas o enredo não o retrata como vítima: ele chega como rei, como líder, como entidade viva. No Rio Grande do Sul, não apenas sobrevive, ele organiza, cura, ensina. Funda o Batuque, guia seu povo e torna-se símbolo de força espiritual. É o “Príncipe das Encruzilhadas”, ponte entre mundos, entre tempos, entre reinos.

Outra figura que ganha novo significado na narrativa é o Negrinho do Pastoreio, personagem popular do imaginário gaúcho. Na versão portelense, ele não é apenas o menino escravizado em sofrimento: ele representa a alma negra indomável, que guia caminhos e se eleva como protetor. É o sagrado se manifestando através dos que resistiram.

Ao unir esses dois pilares, Custódio e o Negrinho, com entidades como Bará e Sakpatá, o enredo desenha uma travessia onde a dor vira força, e a fé, caminho de liberdade. A coroa perdida, símbolo da realeza negra arrancada pela violência da escravidão, é restaurada no céu aberto do Sul, iluminando o caminho de volta às raízes.

Este não é apenas um enredo bonito. É necessário. Num país que ainda se vê às voltas com o racismo estrutural, que precisa reaprender a olhar para si, a Portela oferece um desfile que vai além da estética: quer provocar, educar, emocionar — tudo ao mesmo tempo. Quer desfilar para contar, mas também para transformar.

Em sua essência, mais do que guardiã da memória do samba, a Portela se apresenta, como agente ativo da cultura e da identidade brasileira. Ao se debruçar sobre uma geografia pouco retratada e exaltar reis negros em solo sulista, a Majestade do Samba dá voz a um Brasil que ainda pulsa, canta e resiste.

Nasce a Casa de Malandro: nova escola de samba quer ser a voz da macumba no carnaval

O carnaval do Rio de Janeiro vai ganhar uma nova representante com uma proposta ousada e necessária. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o presidente e fundador Romeu D´Malandro anunciou a criação da Casa de Malandro, nova escola de samba que estreia no Carnaval 2026, no Grupo de Avaliação, na Intendente Magalhães, com um propósito claro: dar protagonismo ao povo de terreiro dentro do universo do samba. A inauguração da quadra e apresentação da equipe para o Carnaval 2026 será no domingo, 6 de julho, a partir das 13h, na Rua do Engenho Novo, 123, no Engenho Novo.

casa malandro

“A ideia da escola de samba Casa de Malandro surgiu de forma muito natural. Eu já sou envolvido com o carnaval, sou compositor, e a gente já tinha o bar Casa de Malandro há três anos. É um espaço que virou referência no samba de macumba, com shows regulares e um ambiente totalmente voltado pra essa energia”, disse o presidente Romeu.

Mais do que uma extensão do bar, a nova agremiação nasce com uma missão cultural e religiosa. Romeu destaca que, embora o samba tenha raízes inegavelmente ligadas às religiões de matriz africana, nunca houve uma escola de samba criada especificamente pela comunidade do axé e dedicada a ela.

“Sabendo da história do samba, que tem suas raízes fincadas na macumba, a gente sempre teve essa consciência: toda escola de samba tem macumbeiro, isso é fato. Mas até então não existia uma escola realmente do macumbeiro, feita pela comunidade do axé, com o povo de terreiro como protagonista”, explicou.

A Casa de Malandro já tem seu desfile confirmado no Grupo de Avaliação da Superliga, passo obrigatório para novas agremiações ingressarem nos grupos oficiais. Segundo Romeu, a escola estreia junto com outra novidade: a Balanço da Maré.

O nome da escola remete à malandragem carioca, símbolo cultural que há muito tempo caminha ao lado do samba, do candomblé, da umbanda e da resistência preta e popular. A nova agremiação pretende honrar esse legado não apenas no nome, mas em toda sua construção coletiva.

Opinião: ‘Viradouro desafia padrões, faz história ao transformar mestre Ciça em enredo: o samba agradece em vida’

Tem histórias que merecem ser contadas em vida. Tem sambistas que são tão grandes que não cabem apenas nas entrelinhas da memória. Precisam ser cantados, celebrados, reverenciados. Em 2026, a Viradouro escolheu fazer isso da forma mais bonita possível: colocando no centro da sua narrativa um dos nomes mais respeitados do mundo do samba: mestre Ciça. Ele que faz a escola pulsar. O enredo “Pra Cima, Ciça!” é um gesto de respeito e reconhecimento. A escola de Niterói olha para dentro, para o seu chão, para as mãos que moldam seu som, sua cadência e sua identidade. * LEIA AQUI A SINOPSE

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Foto: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

A Viradouro fará uma homenagem sem precedentes. Pela primeira vez, um mestre de bateria vira enredo de uma escola do Grupo Especial. Ciça tem 70 anos de vida e mais de 50 dedicados ao carnaval. O que ele construiu, ano após ano, está na história do samba. O popular “caveira” segue comandando ritmistas com a mesma paixão de quando começou ainda menino, como passista, na Unidos de São Carlos.

O texto da sinopse, escrito por João Gustavo Melo e idealizado por Tarcísio Zanon, não economiza emoção. Desde o início, quando evoca aquele “esquenta” cheio de ritmo que só a bateria sabe dar, a gente já entende: esse desfile não será sobre passado. Será sobre presença. Sobre um mestre que está vivo, atuante, respeitado, e que merece ver e ouvir a Sapucaí inteira bater cabeça pra ele.

O texto da sinopse acerta ao não cair em uma linearidade fria. A história de Ciça é contada com emoção, ritmo e poesia. Do menino da São Carlos ao mestre consagrado que passou por escolas como Estácio, Viradouro e União da Ilha, a narrativa reforça sua marca registrada: respeito conquistado por onde passou, batida criativa e o coração generoso.

Tarcísio Zanon destaca emoção e conexão pessoal na leitura da sinopse da Viradouro na quadra da Estácio

Um dos trechos mais tocantes da sinopse diz que “um mestre nunca desfila sozinho” e é exatamente essa a imagem que se espera ver na Avenida: Ciça ladeado por seus ritmistas, amigos e admiradores, como se toda a comunidade sambista desfilasse com ele. Quem conhece Ciça sabe: ele é daqueles que puxam a fila, mas nunca olham apenas pra frente.

Outro acerto é o cuidado em valorizar a bateria como uma manifestação artística completa. A referência ao “Bonde do Caveira”, como é conhecida sua equipe de ritmistas, não é apenas um detalhe simbólico. É uma forma de mostrar que o comando também é feito em equipe, com disciplina, respeito e paixão. A bateria, aqui, não é só acompanhamento: é protagonista.

Ao lançar este enredo, a Viradouro não apenas escreve mais uma bela página em sua história, que, vale lembrar, chega aos 80 anos em 2026, como também contribui para um debate necessário sobre quem merece ser enredo. Em um tempo em que tantos sambistas deixam o mundo sem reconhecimento em vida, celebrar Ciça agora é um gesto necessário. É fazer justiça para aqueles que constroem o samba com o corpo e com a alma, muitas vezes longe dos holofotes.

Com “Pra Cima, Ciça!”, a Viradouro não está apenas fazendo história. Está dando um exemplo. Está mostrando que homenagens não precisam esperar a ausência. Que mestres merecem flores em vida. Que o samba é feito de gente. E que, quando essa gente é gigante, como Ciça, a Avenida inteira tem que se curvar. Em 2026, o coração da Sapucaí vai bater diferente. Vai bater com o ritmo de um mestre. Vai bater no tempo do Ciça.

Viradouro apresenta sinopse de ‘Pra Cima, Ciça’ em noite de reencontro na quadra da Estácio de Sá

‘Todo mundo sempre teve uma puta guardada dentro de si’, diz Mauro Quintaes sobre enredo da Porto da Pedra para o Carnaval 2026

No Dia Internacional da Prostituta, 02 de junho, a Unidos do Porto da Pedra abriu as portas da sua quadra de ensaios, em São Gonçalo, para apresentar a sinopse do enredo que levará para a avenida no carnaval de 2026. A escola apresentará “Das Mais Antigas da Vida, o Doce e Amargo Beijo da Noite”, que aborda a história da prostituição, tema do carnavalesco Mauro Quintaes com pesquisa de Diego Araújo. Em 2026, o Tigre será a sexta escola a desfilar no sábado de carnaval da Série Ouro. * LEIA AQUI A SINOPSE

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Foto: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

Rumo ao oitavo carnaval na Vermelha e Branca de São Gonçalo, o carnavalesco Mauro Quintaes conversou com a reportagem do CARNAVALESCO sobre a ideia do enredo da Porto da Pedra para 2026. O enredo sobre as prostitutas completa uma trilogia iniciada pela escola na década de 1990.

“O presidente Fábio Montibelo me chamou e falou, mano, vamos concretizar aquele sonho e vamos fazer o enredo, acho que é o momento. Esse enredo hoje está sendo assinado por mim, mas muitos já pensaram, como o próprio Alex, o nosso eterno rei Momo, que também tem esse enredo e está colaborando com a gente. Acho que todo mundo sempre teve uma ‘puta’ guardada dentro de si, só que a Porta da Pedra teve a coragem de botar para fora”, disse Mauro Quintaes.

Mauro Quintaes também explicou o desenvolvimento do enredo da Porta da Pedra. A pesquisa foi desenvolvida pelo artista em parceria com o enredista Diego Araújo, que o acompanha desde o carnaval de 2022, em São Paulo.

“É um enredo que traz o histórico na abertura, depois a gente traz o contemporâneo no meio do desfile e fechamos com a luta política dessas mulheres, desses homens, de todas as comunidades. Todos estão sendo contemplados no texto de uma maneira ou de outra. É um enredo abrangente, necessário, e desde o começo, ele tem o mote central, o fio condutor, que é o respeito pela classe”, resumiu.

De acordo com o carnavalesco Mauro Quintaes, a partir do início da pesquisa para o enredo da Porto da Pedra para o carnaval de 2026, o universo das polacas, mulheres judias do Leste Europeu que foram trazidas para o Brasil no século XIX, principalmente para o Rio de
Janeiro, e foram forçadas à prostituição, foi o que mais lhe despertou a atenção.

“Mergulhei muito no universo das polacas, no triste universo das polacas, o que elas construíram, o primeiro cemitério, uma sinagoga. Eu fiquei muito imaginando o que se deve ser de uma pessoa que vem contrabandeada para um país como o Brasil, aqui se vê obrigado a se colocar em prostituição e não poder nem ser enterrada em solo sagrado. O primeiro grande coletivo brasileiro dentro do Rio de Janeiro foi o coletivo das polacas, acho que vale a pena vocês acharem o filme ‘Polacas’, vale a pena a gente tentar fazer uma visita ao cemitério das polacas, que é um cemitério que está fechado e é difícil acesso”, disse. Muito aguardado, o enredo sobre as prostitutas proporciona inúmeras possibilidades e ideias de desenvolvimento. Um dos desafios do carnavalesco Mauro Quintaes foi fazer um recorte do tema dentro do tamanho de um desfile da Série Ouro. “Todos os enredos que eu contemplei a Porto da Pedra caberiam dentro do Grupo Especial”, disse Mauro.

“O ideal seria poder colocar mais carros, mas a gente está dentro do regulamento, tem que trabalhar assim, e vamos torcer para que tudo dê certo, fazer a Porto da Pedra reassumir o seu lugar de campeã da Série Ouro e subir para o Grupo Especial”, completou.

Em 2026, a Unidos do Porto da Pedra será a sexta escola a desfilar no sábado de carnaval da Série Ouro, com o enredo “Das Mais Antigas da Vida, o Doce e Amargo Beijo da Noite” , de Mauro Quintaes, com pesquisa de Diego Araújo.

‘Crias da Imperatriz’ abre inscrições para desfilantes e concurso de intérprete mirim para o Carnaval 2026

Dando início aos preparativos para o Carnaval 2026, a ‘Crias da Imperatriz’, escola mirim da Imperatriz Leopoldinense, realiza nas próximas terça (08/07) e quinta (10), das 18:30 às 21:30, as inscrições para seus desfilantes. A faixa etária para quem deseja desfilar na escola mirim vai de 5 aos 21 anos de idade, e os responsáveis interessados devem levar até à quadra da Imperatriz, em Ramos, Zona da Leopoldina do Rio, a seguinte documentação: xerox da identidade da criança ou certidão de nascimento, comprovante de residência, declaração escolar e xerox da identidade do responsável.

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cantor criasimperatriz
Foto: Wagner Rodrigues/Divulgação Imperatriz

Nos mesmos dias e horários, além do cadastramento para o desfile, a agremiação também irá promover as inscrições para o concurso que vai definir o intérprete da escola no ano que vem.

Rafaela Theodoro, presidente da ‘Crias da Imperatriz’ e primeira porta-bandeira da escola-mãe, define o início dos trabalhos com as crianças como “um grande sonho” e deixa o convite para que todas participem.

“Preparem-se, porque nossa escola mirim está de portas e corações abertos para todas as crianças! Sim, é isso mesmo: você é muito bem-vindo aqui! Venha fazer parte desse sonho e construir conosco uma linda história!”, afirmou Rafaela, que contará com Mestre Lolo como vice-presidente e com os presidentes de honra, Catia e João Drumond.

Criada no início deste ano, a ‘Crias da Imperatriz’ irá levar para a Marquês de Sapucaí em 2026 uma homenagem a Rosa Magalhães, reeditando o histórico enredo “Uma delirante confusão Fabulística”, do Carnaval de 2005 da verde, branco e dourado. O desfile será idealizado pelo carnavalesco Leandro Vieira.

A quadra da Imperatriz Leopoldinense fica na Rua Professor Lacé, 235, em Ramos.

Serviço:
Inscrições para desfile e concurso de intérprete da “Crias da Imperatriz”
Dias: 08/07 (terça) e 10/07 (quinta)
Horário: das 18:30 às 21:30
Documentos necessários: xerox da identidade da criança ou certidão de nascimento, comprovante de residência, declaração escolar e xerox da identidade do responsável. (Faixa etária de 5 a 21 anos)
Endereço: Quadra de Ensaios da Imperatriz- Rua Professor Lacé, 235, Ramos

Gabriel Haddad e Leonardo Bora vencem uma das premiações mais importantes da arte contemporânea

Existem fronteiras entre as chamadas “artes carnavalescas” e a tão discutida “arte contemporânea”? Os carnavalescos da Unidos de Vila Isabel, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, acreditam que não – e a crença nos transbordamentos artísticos que eles defendem acaba de ser agraciada com um dos mais importantes prêmios da arte brasileira. A dupla, que assina o desfile de 2026 da azul e branca de Noel, foi surpreendida nesta sexta-feira com a notícia de que venceu o Prêmio Pipa 2025.

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Fotot: Reprodução/Redes sociais

Esta é a primeira vez que artistas cujos trabalhos de maior destaque foram criados para o Carnaval vencem a premiação, algo que, na visão de Haddad, revela uma mudança de olhar para o complexo artístico dos desfiles das escolas de samba: “Recebemos essa notícia com muita alegria e muita emoção. Para nós, os desfiles das escolas de samba são, é claro, uma manifestação artística contemporânea. Que sempre foi contemporânea e esteve na vanguarda, disputando a cidade, pautando os temas do país sob múltiplos olhares, contando histórias, promovendo debates públicos, inventando tecnologias, fundindo linguagens…”

Bora também comemorou o prêmio e falou sobre a sensação de fazer parte de uma continuidade: “Nós, carnavalescos, trabalhamos com linguagens artísticas plurais, que se renovam a cada dia, no calor dos barracões e na agitação dos ateliês. Na década de 1980, a inventividade de Fernando Pinto gerou uma exposição e alguns debates sobre a natureza daquele trabalho – se era ou não era arte. Algo que hoje nos parece absurdo! Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães participaram de bienais e fizeram exposições, nos anos 90. Mais recentemente, Leandro Vieira ocupou o Paço Imperial e foi indicado para o Prêmio Pipa de 2020. Quando eu e Gabriel vemos o nosso trabalho artístico, que tem dimensões individuais e coletivas, exposto no Museu de Arte do Rio, no SESC Pinheiros ou no CCBB, entendemos que isso é um processo”.

Ele explica que a premiação revela um reconhecimento extremamente importante do trabalho que exercem, mas não encerra a busca por evolução na trajetória artística. “A premiação do Pipa é um outro passo nessa caminhada ainda tão longa, jamais um ponto de chegada. Desejamos que o nosso trabalho continue conectando artistas e propondo discussões, provocando os sentidos e as certezas das pessoas, desafiando. Nós já trabalhamos em colaboração com pessoas que foram indicadas ou mesmo ganharam o Pipa. Celebramos a entrada nessa lista e a nossa trajetória até hoje, mas não podemos nos dar ao luxo do deslumbramento nem queremos acomodação. O nosso lema é fazer arte e as artes do Carnaval são de uma potência infinita”, finaliza Bora.

Apesar de evoluções, os artistas do Carnaval ainda enfrentam um olhar excludente sobre seu trabalho: “É estranho pensar que nós, carnavalescos, muitas vezes não somos lidos como artistas. É incrível, mas às vezes as pessoas perguntam: ‘vocês são artistas?’ Ou então usam a palavra artista como forma de diferenciação, numa tentativa esquisita de expressar um elogio, não numa dimensão de trabalho. Isso revela um olhar excludente e hierarquizante, ainda preso a noções enferrujadas como ‘alta’ e ‘baixa cultura’ ou ‘cultura popular’ e ‘cultura erudita’ – noções essas que, no Brasil, se conectam às estruturas do racismo e do classismo que historicamente quiseram diminuir a importância do samba, do carnaval e das suas linguagens artísticas. Ganhar esse importante prêmio não deixa de revelar, portanto, uma mudança de olhar, um reconhecimento. Cada desfile de escola de samba é construído por muitos artistas – infelizmente, a maioria permanece no anonimato. Se esse olhar para o nosso trabalho levantar novos e plurais debates sobre as potências artísticas das escolas de samba, já ficamos orgulhosos”, declara Haddad.

O prêmio é uma iniciativa do Instituto Pipa, criado em 2010, para destacar e promover a arte contemporânea brasileira. Entre os objetivos da premiação, está incentivar artistas, motivar a sua produção e valorizar o cenário artístico nacional. Anualmente, depois que um júri de pesquisadores é formado, uma lista de indicados é divulgada. Os nomes elencados passam a ter o conjunto da sua produção artística recente observado e avaliado. Dessa lista, quatro artistas (individuais ou coletivos) são premiados pelo júri.

O trabalho da dupla Bora-Haddad tem características marcantes, que pavimentaram o caminho que levou ao Pipa: a construção de narrativas circulares que dialogam com as memórias das próprias escolas, a desconstrução e o uso alternativo de materiais, o gosto por formas inusitadas, o apreço pelas técnicas artesanais, pelas sobreposições e pelos saberes tradicionais, o uso expressivo da iluminação cênica, o trabalho em colaboração com outros artistas etc.

Agora, os carnavalescos da Unidos de Vila Isabel, juntamente com os outros artistas premiados, terão uma agenda de trabalhos que culminará em uma exposição coletiva cujos detalhes ainda não foram revelados. “Estamos preparando um enredo sobre um multiartista brasileiro, Heitor dos Prazeres, alguém que misturava artes e foi premiado na primeira Bienal de São Paulo. No meio desse diálogo sambista, surge o Prêmio Pipa, fazendo com que a gente olhe para o conjunto dos trabalhos artísticos que já desenvolvemos e queira projetar o próximo desfile com ainda mais entusiasmo. É muita alegria!”, exclama Bora.

Independentes de Olaria levará a musicalidade de Jackson do Pandeiro como enredo no Carnaval 2026

A Independentes de Olaria levará para a Intendente Magalhães o enredo “O balanço do cabra que embolou o som e no compasso da mistura fez um Brasil pandeiro”, desenvolvido pelos carnavalescos Ariel Portes e Ester Domingos. A escola mergulha na trajetória vibrante de Jackson do Pandeiro, mestre da síncope, gênio da mistura e rei do ritmo brasileiro. O enredo será conduzido pela musicalidade que marca a trajetória do homenageado, exaltando suas raízes, sua genialidade rítmica e seu legado.

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Jackson foi mais que músico, foi revolução. Em sua cadência, nasceu um Brasil pandeiro – mestiço, ousado, popular e inventivo. Um país que dança sua própria confusão rítmica com orgulho e liberdade. A escola homenageia esse cabra que não se limitou ao compasso, mas reinventou o tempo e ensinou o país a dançar no ritmo da mistura.

Segundo a Independentes de Olaria, a escolha de Jackson se dá não apenas pela grandeza de sua obra, mas também por uma ligação afetiva e histórica com o bairro de Olaria, onde viveu por um período e onde sua presença ainda ecoa na memória de muitos moradores antigos. Olaria é um bairro tradicionalmente operário, de forte identidade nordestina e musical, características que dialogam diretamente com a figura do homenageado — um artista que soube como poucos traduzir a alma do povo brasileiro em ritmo, melodia e poesia.