InícioSão PauloMocidade Alegre volta ao Anhembi com evoluções em quesitos técnicos

Mocidade Alegre volta ao Anhembi com evoluções em quesitos técnicos

Se, no primeiro ensaio técnico, a comunidade do Morro do Limão comeu o asfalto, a segunda apresentação teve canto irregular

Apenas cinco dias depois do primeiro ensaio técnico, a Mocidade Alegre voltou ao Anhembi na noite de sexta-feira para a segunda apresentação no Sambódromo paulistano. Se o desfile inicial foi impactante e uniu extrema eficiência com um fortíssimo canto da comunidade, a posterior teve empolgação menor à sacudida do debute. Em ambas, a escola do bairro do Limão cantou o tema “Yasuke”.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Priorizando a coreografia e extremamente técnicos em todos os atos, Jefferson Gomes e Natália Lago tiveram atuação destacada no ensaio técnico da Morada do Samba. Sorridentes e leves, focaram as cabines dos jurados e mostraram graça ao desfraldar o pavilhão para as arquibancadas do Anhembi – que não compareceram com tanto afinco por conta da chuva que caiu durante toda a tarde em São Paulo.

Chamou atenção o ritmo bem mais cadenciado dos giros tanto do mestre-sala quanto da porta-bandeira, aparentemente buscando a perfeição no movimento e não em grandes ousadias. Uma apresentação bastante segura e eficiente, em que não foram notados erros sequer por conta das famosas e inconvenientes rajadas de vento do Anhembi.

Evolução

Pelas contas da reportagem do CARNAVALESCO, apenas uma ala não tinha adereços. Bexigas, pompons, cetros e tecidos foram utilizados pelos componentes da escola para trazer movimentos e preencher cada espaço da passarela, e o objetivo foi alcançado com primor.

Momento sempre sensível para o quesito, a entrada da Ritmo Puro no recuo de bateria merece destaque. Com um movimento bastante simples, adentrando o espaço tão logo a ala da frente deu espaço, ritmistas de chocalho e agogô permaneceram na pista, atrás dos componentes que entravam. Só após todos os entrantes se posicionarem os que ainda estavam na passagem uniram-se aos companheiros. O movimento, bastante criativo, impediu a formação de qualquer buraco.

Também vale destacar o equilíbrio entre alas coreografadas e soltas – inclusive, com predomínio para as livres de qualquer dança.

Comissão de Frente

Ao contrário de outras comissões de frente, que investiram em coreografias com diversos atos e de duração longa, a da Mocidade Alegre pareceu ter uma sequência de movimentos mais enxuta quando comparada a de coirmãs.

Chamou atenção a presença de dois personagens principais, que muito provavelmente representarão Yasuke, mote do enredo, em atos distintos – enquanto um se apresentava, o outro recuava. Também chamou atenção o alto contingente de mulheres na comissão em um enredo que tem como homenageado um homem. Samurais também se faziam presentes no setor, com roupas pretas características.

Outro detalhe que chamou atenção foi um espaço entre o final da comissão de frente e a ala anterior, coreografada. Por vezes, tal espaço se fazia presente e, em outros momentos, sumia. Não se sabe se a coreografia utilizará um tripé e o movimento aconteceu por conta disso, mas é necessário relatar o que foi visto.

Samba-Enredo

Elogiadíssimo pela crítica, a canção foi, mais uma vez, muito bem interpretada por Igor Sorriso. Com atuação mais focada no andamento do samba e sem tantos cacos, o intérprete mostrou afinação e muito entrosamento com o restante do carro de som e da Ritmo Puro.

Ao contrário do que aconteceu no primeiro ensaio técnico da Morada do Samba, porém, a canção não empolgou tanto assim. O intérprete destacou que, mesmo com apenas cinco dias entre um ensaio técnico e outro, foi possível identificar e corrigir detalhes.

“Não posso fazer uma análise geral do ensaio porque estou limitado a estar logo após a bateria, não tenho como ter uma visão geral da escola. Mas achei o ensaio produtivo. Ajustamos algumas coisas de canto e ritmo e tivemos uma evolução bem bacana hoje”, afirmou.

Harmonia

Se, no primeiro ensaio técnico, a comunidade do Morro do Limão comeu o asfalto, a segunda apresentação teve canto bastante irregular. Se a ala coreografada posicionada logo após a comissão de frente também tinham um canto razoável, os componentes do primeiro setor mais se movimentavam que cantavam o samba de maneira forte. No segundo setor, uma ala com camisas roxas passava com bastante força vocal.

As exceções eram os movimentos da Ritmo Puro. Quando o verso “Lágrimas em chama” tinha alguma bossa ou apagão, a escola do Limão cantava forte até o refrão principal (“Meu batuque é resistência, sou Mocidade”).

É perfeitamente compreensível a mudança na empolgação da escola tendo apenas cinco dias de diferença entre um ensaio técnico e outro, é bom que se diga. Mas, novamente: é necessário relatar o que foi visto – até porque, na noite do desfile, o que deve acontecer é o arrastão do primeiro ensaio técnico.

Carlos Magno, diretor de Harmonia da agremiação, observou que o tempo chuvoso em São Paulo também pode ter prejudicado o canto dos componentes: “Fizemos um ensaio bom hoje. Demos uma boa trabalhada no que erramos no primeiro ensaio, e com intuito de melhorar, e conseguimos. Um dia chuvoso, atípico, em São Paulo, nos surpreendemos com a quantidade de gente, mas a nossa comunidade é fantástica. Abraçamos a ideia, fortalecemos muito o canto hoje, e demos alguns acertos que eram necessários”, destacou.

Em outro momento, ele próprio destacou que a Harmonia da Morada do Samba ainda não está no ritmo que o desfile exige: “Vamos acertando de ensaio a ensaio. Nunca um é igual ao outro e nem o desfile é igual aos ensaios. A gente passou a semana estudando o primeiro ensaio, para melhorar no  segundo, são coisas novas, pode ter acontecido alguns erros novos que iremos estudar também. Mas na concepção, o ensaio melhorou, não é o que queremos ainda. Vamos continuar trabalhando para conseguir chegar no desfile zerado, pois todo mundo desfila campeão, e perde dentro da pista, e não a gente não quer. Queremos passar e conquistar o nosso êxito, claro que tem todas as escolas que merecem nosso respeito”, pontuou.

Igor Sorriso, intérprete da escola, tem visão diferente. Para ele, os componentes estão mais afiados do que nunca. “O meu povo está cantando cada vez mais. Estou feliz com o desempenho da minha comunidade, do meu time de canto, da minha bateria. Temos mais um teste aqui antes do desfile, temos alguns ajustes para fazer na quadra. A evolução vai acontecer naturalmente”, garantiu.

Outros destaques

– Várias alas da Morada do Samba parecem ter guardiões – ou seja, pessoas nas laterais com fantasias ligeiramente diferentes dos componentes que estão no meio.

– Ao menos no ensaio desta sexta-feira, os adereços eram facilmente identificáveis e remetiam ao Japão – um dos pontos de referência do enredo.

– A Ritmo Puro executou diversas bossas e marcou várias partes do samba-enredo. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Mestre Sombra não fechou portas para criar ainda mais convenções, mas mostrou-se satisfeito com a execução dos ritmistas. “Por enquanto é isso e está bom. Vamos estudar, o tempo está curto para pensar. Por enquanto é isso aí. Estamos no nosso objetivo, em uma crescente. Está tudo dando certo. No próximo, tentaremos ser melhor do que hoje”, comentou.

– Mesmo com tão pouco tempo entre um ensaio técnico e outro, o mestre de bateria da Morada do Samba conseguiu identificar pontos de melhoria – e, na visão dele, as falhas foram corrigidas. “Teve ensaio durante a semana, nós achamos que tínhamos que fazer um trabalho de correção. Fomos atrás e lapidamos, trabalhamos. Deu tudo certo”, finalizou.

– Tal qual no primeiro ensaio técnico, a Ritmo Puro cruzou a avenida, esperou o espaço destinado ao último carro alegórico passar e voltou para a passarela por mais alguns instantes. Magno comentou o movimento: “Faz algum tempo que fazemos isso, é claro que nos finais de semana a arquibancada está bem mais cheia, essa última aqui. E como a última arquibancada é sempre aquela mais sofrida, pois o pessoal está esperando, e a bateria passa, vai embora, é mais como um prêmio para eles. Esse público que vem atrás, que sofre, que busca, acompanha e nos aplaude. Essa brincadeira com a bateria é com eles. Quando a arquibancada está cheia, o pessoal vem abaixo e abraça a ideia, é fantástico. Um prêmio para arquibancada e público”.

Colaboraram Gustavo Lima e Lucas Sampaio

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