Celuta Carvalho da Silva, a popular Tia Celuta, aos 89 anos, sócia benemérita e considerada uma das torcedoras-símbolo da Portela, faleceu nesta sexta-feira. Ela enfrentava sequelas de duas tromboses e faleceu em casa, dormindo. A causa do falecimento não foi divulgada. Ela deixa dois filhos e uma neta. O presidente Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão e toda a diretoria da Portela lamentam profundamente a morte de Tia Celuta e se solidarizam com seus familiares e amigos neste momento de luto.
Apaixonada pela Portela e pelo carnaval, Tia Celuta era muito querida no mundo do samba. Dona de um sorriso acolhedor, contagiava a todos com sua alegria e energia. A maior paixão de sua vida era estar no Sambódromo. “Essa é a minha casa”, dizia a sambista aos amigos sempre que passava pela Avenida Presidente Vargas. Orgulhava-se, por exemplo, de ter visto os desfiles das escolas em 1984, ano da inauguração da Passarela do Samba.
No final da década de 1980, passou a integrar um grupo de apaixonados por carnaval que fez história na Sapucaí: a AMA-11 (Associação dos Amigos do Setor 11). Munida de bolsas com sanduíches e salgadinhos, a turma se reunia todos os anos para ver os desfiles sempre no lado direito da arquibancada do 11, local que tem vista privilegiada para o segundo recuo de bateria. Celuta e os amigos chegavam muitas horas antes da abertura dos portões para garantir os melhores lugares. Eles também pernoitavam na fila para comprar ingressos.
Num carnaval da década de 1990, na gestão do ex-prefeito Cesar Maia, Celuta e os demais membros da AMA-11, protagonizaram um episódio inusitado. Após uma mudança na Riotur, cariocas foram impedidos de comprar entradas para o setor 11. Estas passaram a ser destinadas a turistas naquele ano. Inconformados com a decisão, o grupo mandou uma carta para Cesar Maria, denunciando a injustiça. A pressão surtiu efeito e eles puderam comprar os ingressos, mas levaram uma faixa de protesto para a Avenida com a inscrição: “Aqui tem carioca, apesar da Riotur.” No dia seguinte a imprensa deu destaque ao ato.
Considerada a mais animada do grupo, Celuta, naquela época já na casa dos 60 anos, ia a todos os desfiles. Na saída do Sambódromo, ainda tinha disposição para curtir a folia dos blocos, no Centro.
No início dos anos 2000, ela sofreu uma trombose, o que a impedia de subir muitas escadas. Da arquibancada, ela passou então a “fixar residência” nas frisas, de onde não saiu mais.
Portelense desde sempre, adorava marcar presença nas feijoadas da escola, sempre portando uma faixa com a frase: “Sou Portela”. O inseparável adereço tornou Tia Celuta ainda mais famosa. Era, ainda, integrante da torcida organizada portelense Guerreiros da Águia.
Outra paixão da sambista era o cantor Diogo Nogueira, de quem se autoproclamava fã número 1. Acompanhava o cantor em quase todos os shows pela cidade, sendo figura cativa na plateia das gravações do programa “Samba na Gamboa”, que o artista apresentava na TV Brasil. Antes de Diogo fazer sucesso, porém, seu coração tinha outro dono: Elymar Santos. Ela sacava o binóculo da bolsa para ver o cantor durante a passagem da Imperatriz.
Os ensaios técnicos também eram programas perfeitos para Tia Celuta. Gostava de ir a todos. Na Cidade do Samba, fazia questão, também, de acompanhar gravações e links ao vivo feitos pela equipe de carnaval da TV Globo. A sambista fazia parte, ainda, do Grupo da Abolição, que promovia bingos e outros animados eventos aos domingos.
Batalhadora, Tia Celuta vendeu quentinhas, trabalhou com transporte escolar e chegou a atuar como oficial de Justiça no TJ-RJ.
Nos últimos anos, sua saúde ficou fragilizada por conta de complicações decorrentes de duas tromboses. Por conta disso, pela primeira vez em muitos anos, ela não pôde ir à Sapucaí no último carnaval. Recentemente, ela havia sido internada com insuficiência renal.