Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos da Ponte foi a segunda escola da Série Ouro a realizar seu ensaio técnico na noite deste sábado, na Marquês de Sapucaí. A agremiação de São João de Meriti teve um bom começo de treino, com uma ótima apresentação da comissão de frente, com movimentos fortes e boa sincronia, e um seguro desempenho do casal de mestre-sala e porta-bandeira. O samba-enredo, um dos melhores do grupo, apesar de difícil, foi muito bem conduzido pelo time de cantores da escola, comandado por Kleber Simpatia, e pela excelente atuação da bateria de mestre Branco Ribeiro, com um andamento adotado muito propício e com bossas de alta musicalidade e nível técnico. A evolução foi correta, sem nenhum sobressalto. Porém, a harmonia da azul e branco não correspondeu à altura. O volume de canto deixou a desejar em boa parte do ensaio, onde basicamente apenas o refrão principal era ouvido com mais intensidade.

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A Ponte será a oitava e última escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro, com o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, de autoria do carnavalesco Renato Esteves, que contará a história do dendê, desde sua origem mítica nas terras africanas até sua chegada ao Brasil por meio da diáspora.

Comissão de frente

Comandado pela coreógrafa Deia Rocha, o grupo se apresentou com 15 mulheres. Elas estavam usando roupas douradas, com saias que davam um belo efeito nos giros. Uma das integrantes tinha maior destaque e usava roupa vermelha, representando uma orixá. A dança se mostrou bastante forte, com movimentos intensos e muito bem sincronizados. Uma apresentação bem no estilo afro, casando com o enredo. Ao final, as bailarinas se reuniam ao redor da personagem central, que pegava um bastão de fumaça vermelha, dando um toque especial no número.

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“Para a gente, foi melhor do que a gente imaginava. A gente conseguiu fazer tudo o que a gente queria. As meninas sentiram um gostinho do que vai ser daqui a duas semanas. Foi incrível. A gente vem com um tripé. Ele auxilia nas coisas que a gente vai fazer, por isso que a gente está trazendo. É pequenininho ali, mas a gente vai trazer sim. Surpresa, transformação e muita força, força, com certeza”, contou a coreógrafa.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Emanuel Lima e Thainara Matias, mostrou uma dança muito segura e tradicional. Apostando bastante nos giros, os dois tiveram muita sincronia nos movimentos, que aconteceram com leveza. Foram poucos passos coreografados de acordo com o samba. As interações entre eles foram doces e bonitas.

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“A gente fez a coreografia oficial, acho que tudo que a gente planejou até então deu certo. Agora a gente vai ver os vídeos, porque não é a mesma coisa ensaiar e no dia do ensaio técnico alguma coisa muda, que a gente consegue ver coisas que a gente não vê no dia a dia. Vamos analisar várias vezes para ver se é isso mesmo que a gente vai trazer. Acho que é uma coisa é a questão da centralização, algo que a gente precisa trabalhar, mas que para gente foi muito bom, pelo que a gente conversou com a nossa ensaiadora, a gente conseguiu estar bastante no centro, mas é algo que a gente tem uma preocupação de ter que lembrar de fazer”, comentou a porta-bandeira.

“A gente até está muito feliz. Nós vamos ver os vídeos agora pra avaliar. Mas assim, foi um ensaio técnico super positivo para gente. A energia foi muito boa. Tanto de fora, o que é muito importante para gente. Sentir essa energia de fora”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

A obra musical da Unidos da Ponte é considerada uma das melhores da Série Ouro. Ela possui uma letra muito forte, que conta bem a história do enredo, embora com termos um tanto difíceis. A melodia é valente e tem boas variações. O desempenho do samba foi impulsionado pela atuação do carro de som e da bateria, mas os componentes da agremiação não acompanharam o nível. Portanto, o rendimento geral pode melhorar.

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Harmonia

Quesito que deixou a desejar no treino da Ponte deste sábado. O volume total de canto foi de razoável para baixo, com apenas algum destaque para o refrão principal. Várias alas passaram com pessoas sem cantar ou entoando só alguns trechos. Talvez a letra difícil tenha complicado a harmonia da escola, que precisa evoluir. O desempenho do carro de som foi ótimo, principalmente do cantor oficial Kleber Simpatia, que deu uma aula de interpretação, com sua distinta voz e animação. Os cantores de apoio deram uma bela contribuição, mostrando bom entrosamento.

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“Nós estamos ainda no calor da emoção. Mas o ensaio técnico é para ajustar. Eu espero que algumas partes se ajustem. Vamos avaliar para ver como é que foi. Se for para acertar alguma coisa, são detalhes. Eu nem vou falar nada que possa melhorar, porque a minha parte musical é a parte da emoção. Eu não vi nada errado, mas pode ter acontecido. O entrosamento com a bateria é excepcional. Já estávamos com esse caminho já traçado desde do início, quando começamos a trabalhar o samba junto com a bateria. Não tem jeito, as coisas vão se encaixando, vão se encaixando até chegar aqui. A minha visão é que foi maravilhoso”, afirmou o intérprete.

Evolução

A Unidos da Ponte teve um bom desempenho em sua evolução, de forma geral. O ritmo na pista se mostrou constante, sem lentidão ou correria. Nenhum buraco foi aberto entre suas alas. Um ponto que pode melhorar é a animação e espontaneidade dos desfilantes. Muitos passaram arrastando pé ou brincando pouco.

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“O ensaio foi bom. A escola veio e mostrou para o que veio. A comunidade veio com bastante garra, a escola cantando. Ponto alto é a ala das passistas, que ano passado não teve fantasias, esse ano a gente está dando uma investida melhor na ala de passistas. As fantasias já estão prontas. Já começamos a entregar, já temos sete alas entregues, todas as fantasias prontas. E 90% do nosso barracão está pronto. Vamos puxar mais um pouquinho o canto. Por mais que isso tenha sido muito bom, mas é sempre bom melhorar”, disse Gabriel Macedo, diretor de carnaval.

Outros destaques

A atuação da bateria de mestre Branco Ribeiro foi ótima no ensaio técnico da Ponte. Os ritmistas mostraram muita firmeza no toque dos instrumentos. O ritmo que foi adotado se mostrou muito adequado para a execução do samba. Um grande número de bossas foi apresentado ao longo da avenida, com bastante musicalidade e muito bem encaixadas na obra. Todas muito criativas e funcionais.

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“Estou extasiado. De verdade, superou todas as minhas expectativas, mas a gente vem trabalhando há um bom tempo, diferente dos outros anos que a gente tinha uma dificuldade de conseguir ensaiar a bateria, esse ano a gente conseguiu iniciar esse trampo mais cedo. E o resultado disso foi obviamente melhor do que nos outros anos e infinitamente melhor do que eu esperava. Eu acredito que no que a gente tem como proposta a apresentar está tudo bem legal, tudo bem encaixadinho. Eu acho que a questão de detalhe da atenção mesmo de um ritmista ou outro no momento da execução desses recursos, mas de resto está tudo bem. Acho que hoje a gente tem um timbal aí que também vai contribuir, somar bastante com a sonoridade da nossa bateria. A gente até já trouxe um spoiler nos nossos instrumentos ali, que é uma pintura ritualística, a bateria vem caracterizada de Iaô. É uma fantasia grande, volumosa, tem pintura, é um trabalho diferente para a gente”, revelou o mestre.