No Carnaval de 1974, Natal, presidente da Portela, chamou o então diretor do Departamento Cultural, o médico e pesquisador Hiran Araújo, para lhe pedir um favor especial. Numa conversa reservada, segredou que o seu pai-de-santo mandara fazer um “trabalho” para a Águia ser campeã. E como Hiran era um dos autores do enredo “O mundo melhor de Pinguinha”, transmitiu as instruções de seu mentor:

– Ele disse que você tem que encher a boca de cachaça e jogar um pouco em cada alegoria – disse, sério.

Hiran ficou espantado. Nunca bebera um gole de cachaça e não seria aquela a primeira vez. Sua religião também era outra e, infelizmente, não poderia atender o pedido.

Natal, então, fez-se porta-voz da fúria dos deuses:

– Lascou! A Portela vai ficar 30 anos sem ser campeã! – praguejou.

Superstição ou não, a Portela perdeu um ponto em Enredo e foi vice-campeã, ficando atrás do Salgueiro (“O Rei de França na Ilha da Assombração”, Joãosinho Trinta). E só conseguiu ganhar outro título 43 anos depois, em 2017.

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