A 100 dias da festa mais tradicional da cidade do Rio, e em sua última audiência pública, a Comissão Especial de Carnaval da Câmara do Rio recebeu, nesta sexta-feira, representantes do Poder Público, das ligas de escolas de samba, dos blocos de rua e dos trabalhadores ambulantes. Na reunião, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que a cidade jáatingiu praticamente todos os indicadores apontados em um estudo apresentado por especialistas da Fiocruz e da UFRJ à comissão.

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Cidade está com uma das menores taxas de hospitalização desde o início da pandemia – Marcos de Paula/Prefeitura

Presidente da Comissão, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) questionou Soranz sobre os indicadores epidemiológicos e os protocolos sanitários que serão usados pela Prefeitura do Rio para a realização do evento. O parlamentar apresentou os indicadores que foram propostos para um carnaval seguro na cidade. Entre eles o indicador de porcentagem de testes diagnósticos positivos, a taxa de contágio da cidade do Rio de Janeiro e a taxa de vacinação no Brasil, estados e municípios.

Em relação aos três índices, o Rio já conseguiu alcançar, no momento, a porcentagem de 3% de positivos sobre o total de testes, sendo que a meta a ser conquistada era de 5%. A taxa de contágio,que deve estar abaixo de 1, hoje é de 0,76. A cidade também conseguiu zerar a fila de internação para casos de síndrome respiratória aguda grave. Um outro indicador importante é a taxa de vacinação, que deve estar acima de 80% da população total. Atualmente, a cidade se encontra com um percentual de 76%, mas deverá alcançar, até o carnaval, o índice estabelecido.

Com o cenário atual, Daniel Soranz garantiu que há, na cidade do Rio de Janeiro, segurança sanitária para a realização da festa de Momo. “A cidade do Rio vem conseguindo reduzir os casos de Covid-19 e, nos casos de síndrome gripal, 97% são referentes a outras doenças não relacionadas à Covid-19”, explicou. No entanto, o gestor ressaltou que, qualquer mudança dos indicadores, a população será notificada e a Prefeitura irá retornar com as medidas mais restritivas.

O epidemiologista Roberto Medronho, da Faculdade de Medicina da UFRJ, considerou os indicadores positivos, mas mostrou-se preocupado com a população de fora do Rio. Para ele, a Prefeitura precisa exigir o passaporte vacinal de quem vier aproveitar o carnaval carioca. “A Prefeitura do Rio precisa deixar claro que exigirá o passaporte vacinal para quem adentrar ao município no Natal, Réveillon e carnaval”.

O secretário Soranz afirmou que a Prefeitura irá analisar o cenário em outros países. “A maioria dos países com muitos casos ainda não alcançou a cobertura vacinal adequada e não realizou a dose de reforço para idosos. No Rio, a cobertura vai aumentar nos próximos meses”, complementou. Soranz ainda revelou que a secretaria já cobrou que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de manutenção da exigência de passaporte vacinal dos estrangeiros.

Organização da festa

Outros três temas foram tratados também na audiência pública. A possibilidade de concessão de um auxílio emergencial para os trabalhadores dos barracões foi descartada pelo diretor de Operações da Riotur, Rafael Bandeira. A decisão foi lamentada pelo vereador Tarcísio Motta. “Os trabalhadores dos barracões passaram fome por causa da suspensão do carnaval durante a pandemia da Covid-19. Infelizmente, a Prefeitura do Rio fez o anúncio, mas não conseguiu implementar”.

Sobre o carnaval das escolas de samba, foi cobrada a realização de obras na Cidade do Samba 1 e a construção de um novo espaço, que se chamaria Cidade do Samba 2. Diretor-presidente da RioUrbe, Rafael Salgueiro explicou que, no momento, uma empresa trabalha na readequação de um projeto já existente para prevenir e combater incêndio nas instalações da Cidade do Samba 1. Para a Cidade do Samba 2, de acordo com Rafael Bandeira, da Riotur, ainda é preciso identificar o melhor terreno para abrigá-la.

Relatório final

Tarcísio Motta adiantou alguns pontos que deverão fazer parte do relatório final da comissão, que deverá ser lançado no dia 6 de dezembro. Uma das sugestões será que a Secretária Municipal de Saúde, junto com a Fiocruz, possa fazer uma campanha para conscientizar os trabalhadores dos barracões a se vacinarem e usarem máscaras. O parlamentar ainda defendeu a implementação de uma política permanente de incentivo aos blocos de rua e a distribuição paritária de recursos entre as diversas agremiações dos diversos grupos do carnaval carioca, incluindo as escolas mirins. “Queremos estar nas ruas, mas precisamos ter responsabilidade sanitária. O carnaval é um direito do cidadão, e o Poder Público tem o dever de garanti-lo”, concluiu o parlamentar.

Participaram também da audiência pública a vereadora Monica Benicio (PSOL), relatora do colegiado; Marcelo Salek, do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária; Marcello Vianna, da Cet-Rio; o pesquisador Hermano Castro, da Fiocruz; Bruno Tete, diretor da Liga Independente do Grupo A do Rio de Janeiro; Antonio Gonçalves, representante da Liga Livres/RJ; Valéria Wright, representante da Liga Sambare; Dani Freitas, representante da Liga Coretos; o carnavalesco Milton Cunha e Paulo Cesar Xavier, presidente da Federação dos Blocos Afro do Rio de Janeiro.

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