Morreu no Rio de Janeiro, aos 83 anos, a carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, uma das figuras mais influentes e geniais da história do Carnaval. Internada no Hospital São Lucas, em Copacabana, a artista salgueirense foi protagonista da revolução estética que transformou os desfiles das escolas de samba a partir dos anos 1960. O GRES Acadêmicos do Salgueiro, escola que ela fez história, publicou uma emocionante homenagem destacando sua importância e eternidade no samba. Veja abaixo o texto.
“É com o coração em luto, mas repleto de gratidão, que nos despedimos hoje de Maria Augusta Rodrigues, uma das maiores carnavalescas da história, salgueirense de alma e a última viva da geração que transformou para sempre o desfile das escolas de samba.
Maria Augusta não foi apenas uma artista genial. Ela foi uma revolução inteira. Esteve ao lado de nomes como Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães no momento mais audacioso e criativo da nossa história. Foi ali, no Salgueiro dos anos 60, que ela ajudou a reinventar o Carnaval. Com inteligência, elegância e ousadia, fez do desfile uma verdadeira aula de brasilidade, beleza e potência cultural.
No nosso pavilhão, escreveu páginas inesquecíveis. Foi a mente por trás de carnavais marcantes, como “Festa para um Rei Negro”, enredo campeão em 1971. Mas sua influência não parou por aí. Deixou marcas em outras grandes escolas, comentou desfiles com sensibilidade rara e formou gerações inteiras com sua visão artística aguçada. Onde havia samba, havia Maria Augusta e onde ela estava, havia respeito, verdade e grandeza.
Neste ano, tivemos a imensa alegria de homenageá-la em vida. Nossa escola mirim, o Aprendizes do Salgueiro, escolheu Maria Augusta como enredo para 2025. E ela viveu essa homenagem como uma criança feliz. Esteve com nossos pequenos, deu aula, riu, chorou, e desfilou com uma emoção que tomou conta de todos. A quadra se encheu de amor. Era como se ela voltasse para casa. E, de fato, voltou.
Hoje, a casa chora. Mas também se orgulha. Porque Maria Augusta é eterna. Seu nome está escrito nas nossas paredes, nas nossas fantasias, no compasso da nossa Bateria Furiosa e no coração de cada salgueirense que aprendeu a amar o Carnaval por meio da arte.
O Salgueiro agradece por tudo. Por cada ensinamento, por cada detalhe, por cada ousadia. Que sua luz siga brilhando em todos os desfiles que ainda virão, guiando novas gerações de artistas, contadores de histórias e sonhadores do samba.
Descanse em paz, Augusta.
Você é Salgueiro para sempre.
Você é Carnaval para sempre”.
Escolas de samba prestam homenagens para a carnavalesca Maria Augusta