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Eugênio Leal analisa os dois dias de desfiles do Grupo Especial de São Paulo no Carnaval 2025

Colorado do Brás

Uma abertura colorida, leve e alegre do Grupo Especial paulistano. Cantando o bloco baiano “Filhos de Gandhy” a Colorado marcou sua volta à elite pela correção técnica. Desfilou compacta e coesa. Como primeira a desfilar encontrou o público ainda frio, se acomodando. O samba não conseguiu conexão com a plateia. O enredo foi claramente desenvolvido, mas sem inovações em alegorias e fantasias, todas corretamente realizadas. Um desfile para se manter no grupo. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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Barroca Zona Sul

O samba mais badalado do pré-carnaval paulistano não teve um desfile à sua altura. A começar pela confusa Comissão de Frente que, ao contrário do que é normal no Anhembi, preparou uma apresentação especial para o módulo de julgamento, mas com problemas na sua extensa execução. O que, aliás, determinou uma progressão mais lenta da escola ao longo da pista. O segundo carro alegórico teve problemas de direção ao entrar na pista, o que acarretou um buraco visível à primeira cabine de julgamento. O visual foi outro ponto abaixo do esperado, puxando para tons escuros e pesados. O casal de Mestre-sala e Porta-bandeira, Marquinhos e Lenita foi um dos destaques, ao lado da bateria de Mestre Fernando Negão. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Dragões da Real

Mais um desfile muito forte da Dragões. Desta vez com um componente emotivo, a homenagem do carnavalesco Jorge Freitas ao neto que ele perdeu ano passado. Usando a letra da música Aquarela, de Toquinho, como foi condutor de sua história, Jorge deu um show de cores, belezas e emoções.Aproveitou a poesia descritiva da música e colocou em fantasias e alegorias várias passagens da Aquarela, usando a figura do astronauta como ponto de virada para a partida do menino. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Todos os quesitos responderam em alto nível. Desde a tocante Comissão de Frente, passando por casal, bateria e os quesitos de chão. Mais uma vez deve brigar lá em cima. Apesar de tudo foi um desfile frio, sem comunicação com o povo presente ao Sambódromo.

Mancha Verde

Uma viagem à Bahia da fé e do profano. Um tema de fácil leitura proporcionou um bom desfile da escola palmeirense. O presidente Paulo Serdan falou no discurso inicial da opção por não ter um carnavalesco, mas uma Comissão de Carnaval. Para este carnaval funcionou bem. O visual da Mancha tinha perfeita conectividade entre alas e carros, mostrando unidade artística. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

A bateria dos mestres Vini e Cabral segurou a onda e ainda fez paradonas ousadas para as arquibancadas, turbinadas por integrantes da organizada, cantarem o refrão final.

Embora o painel de LED seja um recurso controverso nas escolas de samba, o do fundo do mar que veio na segunda parte do abre-alas tinha uma qualidade de imagem superior à média, deixando um bom efeito. O desfile terminou com um enorme carro com a figura de Carlinhos Brown no alto, exaltando o carnaval baiano. Competitivo.

Tatuapé

Um enredo original que, quando foi lançado, me deixou curioso quanto ao seu desenvolvimento. A resposta que o carnavalesco Wagner Santos deu na avenida foi excelente. Um enredo contado com muita coerência, início, meio e fim. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Começa no caos que reinava até que fosse criada a mediação entre as pessoas. Daí o enredo vem desenvolvendo a ideia de forma reflexiva e abrangente. Ponto positivo. O visual, entretanto, não é o que mais me cativa. Formas, cores e acabamentos serviram à história, mas não encheram os olhos.

Celsinho Mody é sempre um espetáculo e a bateria de Mestre Léo Cupim o acompanhou no mesmo nível. Desfile redondo, mais um, da Tatuapé.

Rosas de Ouro

O jogo virou, definitivamente, como prometeu o samba. A Rosas de Ouro deslumbrou o Anhembi com uma aula de carnaval ao mostrar o enredo “Rosas de Ouro numa grande jogada”. A escola vinha de dois anos em que lutou contra o rebaixamento e fez em 2025 uma apresentação para disputar o título. Refloresceu. E não foi só ela. O carnavalesco Fabio Ricardo se reencontrou com seus melhores momentos. Desenvolveu o enredo de forma lúdica e bem humorada, com clareza de ideias e extremo bom gosto.

Fantasias e Alegorias luxuosas, com muitos detalhes de acabamento, paleta com foco nas cores da escola e ouro. Do início ao fim. A qualidade não caiu na parte final. Carlos Junior também foi destaque junto à bateria de Mestre Rafa, impulsionando um samba que não era dos mais cotados antes do desfile, mas que jogou energia nos componentes e ajudou a acordar o público na mais profunda madrugada. Um baile! * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Camisa Verde

Só não foi o anticlímax porque a escola tem muito carisma junto ao público. E Cazuza também. Mas o Camisa Verde apresentou alegorias abaixo do nível do Grupo Especial. As fantasias estavam um degrau acima e, ainda que permitissem boa leitura, também apresentavam em média qualidade visual mais simples que suas concorrentes. O amanhecer sempre é uma moldura clássica, ainda mais para uma escola tradicional que o público aguarda. Isso ajudou, apesar da brisa gelada que soprou toda a noite no Anhembi.

A Comissão de Frente tinha uma história interessante para contar, porém seu elemento alegórico pecou muito na qualidade do acabamento. A bateria fez uma apresentação segura e se destacou pela sua caixa rufada e afinação diferente, características do Camisa. Resta saber como os julgadores irão entender o desfile. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Águia de Ouro

Uma merecida e agradável homenagem ao cantor e compositor Benito di Paula abriu o segundo dia de desfiles do Grupo Especial de São Paulo. Percebeu-se a preocupação em casar a letra do samba com o que era mostrado nas fantasias e alegorias do carnavalesco André Machado. Um conjunto visual corretamente realizado, com destaque para a bonita alegoria branca sobre Luiz Gonzaga. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

O samba, que particularmente não me agrada, tem um refrão muito fácil de se cantar, contando para isso com a citação de um dos sucessos de Benito, “Meu amigo Charlie Brown”. Desta forma contou com adesão voluntária do público, que no sábado é mais volumoso e quente do que na sexta. O desfile da escola do presidente da Liga, Sidnei Carriuolo, para figurar sem sustos no meio da tabela de classificação.

Império de Casa Verde

O Tigre, vizinho do Anhembi, ditou um ritmo excessivamente acelerado a seu samba-enredo, que trazia uma série de questionamentos às histórias da literatura infanto-juvenil. Um andamento que tirou brilho da melodia valente criada por André Diniz e parceiros. E ainda trouxe instrumentos de sopro no carro de som, indo contra uma convenção antiga das Escolas, que tem como objetivo evitar a perda das características do samba. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

O desfile foi uma sucessão de personagens das mais diversas histórias, quase todos facilmente reconhecíveis e com fantasias bem acabadas. Mas as críticas ficaram muito nas entrelinhas e precisaram de cartazes colocados em um dos carros para que fossem percebidas além da Comissão de Frente, que também era legendada. O Abre-alas, com três partes acopladas, foi o maior a passar no Anhembi até então. Chamou atenção pela imponência e pelos muitos movimentos de suas figuras. As demais alegorias estavam bem acabadas, mas não no mesmo padrão. Um desfile que não conseguiu grande adesão popular e ficou abaixo do que a escola fez ano passado, quando homenageou Fafá de Belém.

Mocidade Alegre

O grande destaque da bicampeã foi o trabalho do carnavalesco Caio Araújo, especialmente nas alegorias – verdadeiras obras de arte. Cada uma com uma concepção própria, mas todas muito representativas e com assinatura artística. Desde o imenso Abre-alas dourado até o último carro, vermelho, com destaque para o segundo, com esculturas em cor de madeira extremamente expressivas. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

As fantasias também estavam finamente acabadas e sem o excesso de tamanho que atrapalha leitura e movimentação dos componentes. Mais um ponto para o artista.

A bateria de Mestre Sombra convocou o público a cantar o refrão e mostrou arranjos rítmicos profundamente elaborados, todos dentro da harmonia do samba. Mas problemas registrados ao longo da pista com os carros devem dificultar o sonho do tricampeonato.

Gaviões da Fiel

É uma torcida de futebol, mas fez desfile de Escola de Samba tradicional, que também já é. Coisa muito séria. Embalados pela melodia mais raiz deste carnaval, os Gaviões cruzaram a pista com andamento de samba-enredo de verdade e uma evolução serena, consistente e bonita de se ver. A bateria do Mestre Ciro Castilho criou um arranjo baseado nas peças pesadas que caiu como uma luva para o entrosamento com a ala musical e deu grande sustentação ao chão do desfile. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

O enredo foi contado com categoria pelos carnavalescos Rayner Pereira e Julio Poloni. A viagem de Orunmilá pela África subsaariana, guiada pelas máscaras de diferentes povos, a passagem pelo palácio de Xangô e revolta contra a escravização em Angola. Alegorias muito expressivas e fantasias volumosas deram o tom de um visual bem resolvido e coerente. Este desfile recoloca a Gaviões na briga pelo título depois de alguns anos.

Tucuruvi

Original e lindo. O grande barato desfile da Tucuruvi foi ter colocado o tema do enredo em sua essência na plástica do desfile. Formas, materiais e figuras, especialmente na primeira parte, priorizaram representar o manto da maneira mais próxima da realidade dele. Não foi um carnaval a mais. Foi o manto Tupinambá. A distribuição de cores deu um tom de leveza ao desfile deixando toda a escola “viva”. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

A leitura de enredo muito clara foi mais um mérito da dupla de carnavalescos formada por Dione Leite e Nicolas Gonçalves. Mas o samba, de quem se esperava muito, não aconteceu. Talvez pelo avanço da hora. Ou pela dificuldade na pronúncia das muitas palavras em dialeto indígena. Passou frio como a brisa que fez muita gente tirar o agasalho da bolsa. Desfile competente no plano técnico mostrando a consolidação do novo momento da escola da Zona Norte.

Milênio

Valeu a pena. A Estrela brilhou no seu grito pela comunidade LGBTQIAPN+. Um desfile que equilibrou uma história de preconceito com alegria sem perder o vigor. Pelo contrário, teve momentos emocionantes, como na Comissão de Frente coreografada por Régis Santos.

Alegorias quase totalmente lateralizadas, feitas mais para o público presente no Sambódromo e menos para a televisão, serviram de palco para várias esculturas de personalidades importantes da comunidade. O único senão foram os geradores, decorados sem capricho.

O samba pouco comentado antes do carnaval funcionou muito para injetar alegria e vibração não só nos componentes, mas em todos que brigavam contra o sono da madrugada. Muito disso se deve ao carro de som comandado por Grazi Brasil e Darlan Alves e a bateria de Mestre Vitor Veloso, que ganhou a companhia de Milton Cunha à frente dos ritmistas. Um desfile feliz. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Vai-Vai

O Quilombo Saracura trouxe a alma de Zé Celso para o Anhembi. Mais um desfile em que o enredo fala mais alto que a estética padrão do carnaval. Aqui Sidnei França não teve paleta de cores nem preocupação com alegorias de impacto visual. O impacto é mental. Como as gaiolas abertas para liberar os cérebros na segunda alegoria.

Sem vergonha, no melhor sentido, desfilaram corpos seminus, um banquete de partes do corpo humano e várias versões de Zé Celso logo na Comissão de Frente. O revolucionário diretor do Teatro oficina reviveu.

Tudo isso temperado pela aura e autoridade da escola mais antiga, vencedora e popular da cidade. Um encerramento essencialmente carnavalesco para uma noite de grande beleza e força cultural. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

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