O CARNAVALESCO abre a série de entrevistas com representantes das escolas de samba do Grupo Especial. A primeira convidada é Cátia Drumond. Confira abaixo a entrevista completa.
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Presidente, faz um balanço da gestão Cátia Drumond até hoje.
“Uma gestão super positiva. Comecei com o décimo lugar, consegui manter a Imperatriz no Grupo Especial. Sempre digo que não era um décimo. Deveria ser um sexto ou sétimo. Mas fui feliz em 2022; em 2023 veio o campeonato; em 2024, o vice-campeonato. Não posso reclamar. O saldo é positivo. Vamos trabalhar para, em 2025, trazer o campeonato de novo”.
Qual é a maior virtude dessa sua gestão?
“Humildade. Acho que primeiro a humildade, depois a maneira que temos de nos organizar. A mulher é muito mais organizada que o homem. Consegui entrar na casa e falar: ‘Mamãe tá aqui, vamos organizar a família, botar o pé no chão que a gente vai conseguir ir longe’. Nós fomos, estamos indo bem longe e vamos mais ainda”.
Você falou da mamãe. Gosta de dizer “mamãe está on”?
“Eu curto tudo. É mamãe, é titia, mas é mais mamãe. É uma forma de o componente ou o torcedor da Imperatriz expressar o carinho que sentem por mim”.
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Muitos dizem que você está transformando a Imperatriz numa escola vibrante, alegre, com o Complexo participando e a quadra cheia de jovens. O que sente com isso?
“Sinto o resgate da comunidade e o interesse dos pequenos. Hoje vemos muitas crianças e adolescentes nos ensaios. Estamos alcançando o objetivo de ter uma Imperatriz mais jovem, solta e feliz”.
Você falou dos pequenos. Vai ter escola mirim da Imperatriz ou não pensa nisso?
“Penso, sim, e com carinho. Mas, no momento, meu foco é a Imperatriz dos adultos. Abrimos espaço para as crianças do Instituto participarem dos ensaios de rua. Quem sabe, em breve, teremos uma escola mirim”.
O que podemos esperar da quadra para 2025/26? Comprou o terreno. O que o público verá no Carnaval de 2026?
“Vamos tentar fazer todas as modificações durante a pausa da quadra: ampliar o palco, deslocá-lo para trás, realocar a bateria atrás do palco, criar um novo lado só de camarotes e aumentar a área inferior para mais conforto”.
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Quando dizem que a presidente Cátia é polêmica na Liesa, que “fala mesmo”, isso é a mãe defendendo o filho ou um perfil herdado do seu pai?
“Tenho um pouco do Seu Luizinho. Dizem que sou o “Luizinho de saia”. Mas não é ser polêmica, é ser justa. Discuto tudo na plenária, defendendo a Imperatriz e o espetáculo. Não podemos pensar só no nosso umbigo”.
Renovou contratos antes do carnaval, mesmo com a equipe sendo cobiçada. Por que garantir tudo tão cedo?
“Em 2023, renovei 30 dias antes do carnaval. Este ano, dei uma viagem à Bahia para a equipe descontrair. Sei que são cobiçados, blindo minha escola. Renovar 40 dias antes não faz diferença”.
Qual o peso de desfilar no segundo dia, junto com a atual campeã Viradouro?
“A página virou. Domingo será equilibrado, com quatro grandes escolas. Respeito a Viradouro, mas quero que meu melhor supere o dela. Fora da avenida, somos amigos”.
Como é a rivalidade com a Viradouro? É só na pista?
“Todo presidente quer ganhar, mas fora da avenida nos damos bem. A rivalidade é dos torcedores. Se uma escola merece o título, batemos palmas. Espero o mesmo quando for minha vez”.
Lara (UPM) diz que você é um exemplo. Como se sente?
“Fico feliz. Ela até me chama de mamãe. Lara é jovem e apaixonada pela escola, como eu. Desejo que ela e a UPM tenham sucesso e permaneçam no Grupo Especial”.
O que espera do João, seu filho, no carnaval? Se ele quiser ser presidente da Liesa ou da Imperatriz, o que deseja?
“João é humilde e dedicado. Desejo que ele se forme na faculdade. Ser presidente da Imperatriz? A hora dele chegará. Da Liesa? Acho que não pensa nisso ainda”.
Cátia Drumond seria presidente da Liesa um dia?
“Nunca. Para estar na Liesa, teria que largar a Imperatriz de verdade. Não tenho essa vontade”.
Qual herança recebeu do seu pai na administração da escola?
“Respeito e amor. Meu pai me ensinou tudo. Hoje, sou presidente completa porque passei por todos os estágios na escola. Sinto falta dele, mas honro seu legado”.
O CARNAVALESCO elogia os ensaios de rua da Imperatriz como os melhores. Como chegaram a esse nível?
“Ver a felicidade da comunidade não tem preço. O morador não lembrava que a Imperatriz era do bairro. Hoje, nos agradecem pelo resgate. Isso conquistamos com trabalho”.
Fale sobre Leandro Vieira. Você pediu um título a ele, e ele entregou. O que ainda espera?
“Não pedi um título, mas sim a equipe dos meus sonhos. Leandro é um fenômeno. Espero que seja minha Rosa Magalhães. Sou fã dele e da equipe que construímos”.
A contratação do Pitty de Menezes foi seu maior gol?
“Pitty foi um gol de placa, assim como a volta do Felipe e o reencontro da Rafa. Tenho um timaço nas mãos. Por isso luto para blindá-los”.
Se Imperatriz e Viradouro desfilarem bem, os jurados darão nota 10 ou segurarão?
“Devem dar o 10. Se segurarem, só nos resta reclamar na Liesa. Mas, se passarmos bem, brigaremos pelo título”.
O orgulho de ser do Complexo do Alemão é marca da escola?
“Tenho orgulho de sermos da favela, do povo, do CPX. Mas a Imperatriz é de toda a Leopoldina”.
Como é o trabalho social do Instituto?
“Queremos oferecer cursos para jovens e crianças. Após o carnaval, focaremos em ocupá-los com atividades como balé e capoeira”.
Já pensa em enredos para 2026?
“Leandro já tem o de 2026. Não sou curiosa. Em 2025, ele revelou o tema durante um almoço, quando todos se vestiram de branco a meu pedido”.
O que esperar do enredo afro em 2025?
“Uma Imperatriz macumbeira, mas da paz. O desfile será emocionante, principalmente para quem conhece a religião. É o melhor trabalho do Leandro na escola”.
Como a Imperatriz consegue começar os preparativos tão cedo?
“É gestão. Com premiação antecipada, começamos em maio/junho. Este ano, o barracão está 98% pronto (há mais de 20 dias que foi a entrevista)”.
A polêmica do tripé na comissão de frente: qual sua posição?
“Defendo padronização para todas. O tripé tirou o protagonismo do casal e do abre-alas. Mantivemos por respeito ao espetáculo, mas preferiria equilíbrio”.
Por que reforçar a comissão de frente com Patrick Carvalho?
“Patrick é nota 10. Queremos uma comissão arrebentadora, pois é um dos momentos mais esperados. Seu trabalho é emocionante, especialmente para quem é da religião”.
O desfile de 2025 será emocionante?
“Sim. O enredo para Oxalá tem uma pegada serena, mas profunda. Quem conhece a história vai se emocionar”.