Hélio Motta, diretor de Relações Institucionais da Liesa e presidente da Gravasamba, a responsável pelo álbum das escolas, esteve presente no primeiro dia de gravações do álbum dos sambas-enredo de 2025. Em conversa com o CARNAVALESCO, ele comentou sobre as mudanças técnicas para 2025, data de lançamento, a importância das plataformas de streaming para o álbum e a decisão da gravação de uma escola por dia neste ano. A previsão de lançamento é para o fim de novembro ou início de dezembro. A Liga ainda informará a data oficial.

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Hélio começou comentando sobre as principais diferenças em relação ao último álbum, além de pontuar como estão sendo realizadas as gravações neste ano, com mudanças em relação a proposta do ano passado.

“A gente tem vindo num ritmo crescente muito importante. O álbum de 2024 teve mais do que o dobro de audiência de 2023, e isso mostrou que a gente acertou no tom da comunicação, no tom da produção, da produção audiovisual. De 2024 para 2025, a gente está com uma proposta um pouco diferente do que foi feita. Em 2024 gravamos lá na Cidade das Artes, este ano estamos no Estúdio Century, gravando em um formato diferente. Em um dia só vamos gravar toda uma escola de samba, num formato onde juntamos algumas frequências para gravar, como a caixa e o repique, o chocalho e o agogô, chocalho e cuíca. A gente está fazendo uma captação um pouco mais diferente do ano passado, em que fizemos uma gravação em linha, que é como se fosse ao vivo, praticamente ao vivo. Esse ano aqui vamos ter uma microfonação, uma qualidade de captação melhor, mas com uma pegada onde todo mundo, juntando as frequências, dar um toque, que a gente quer encontrar ainda, o toque que o sambista gosta de escutar ao longo do ano, a gente quer encontrar esse formato ainda”.

helio motta
Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Em seguida, ele explicou melhor os detalhes técnicos relativos a gravação, quais as mudanças no processo de captação dos sons dos instrumentos, e das vozes para os sambas, e qual os objetivos destas mudanças em relação a qualidade final.

“Basicamente, a diferença técnica de gravação em relação ao ano passado, é que ano passado foi ao vivo e para fazer essa captação ao vivo exige uma demanda de microfonação, uma demanda técnica, diferente da gravação em estúdio. Por exemplo, a voz do intérprete, as vozes do coro, foi gravada em linha. Os cavacos, o violão, foram gravados em linha, ou seja, foram gravados com o próprio equipamento, e não com a microfonação ambiente, porque o espaço tocando ao vivo não permitia. Ao trazer para o estúdio a gente ganha em qualidade sonora, porque os equipamentos são mais apropriados e a gente grava instrumento por instrumento de uma forma que as frequências ficam mais completas para o consumidor final, ou até antes, na hora do profissional mixar. A qualidade sonora fica muito superior ao de 2024”.

O presidente da Gravasamba explicou sobre a audiência dos sambas, que entraram de vez nas plataformas de streaming de áudio, e ele desenhou como isso deu uma perspectivas em relação a faixas etárias e de gênero que chamaram a atenção durante os relatórios das performances.

“Temos percebido pelos relatórios de Youtube, Spotify, Deezer, e todas as mídias, um consumo muito grande. Nos surpreendeu o público femnino escutando muito o nosso produto, também. Nos surpreendeu o público jovem escutando nosso produto. É exatamente o que a gente quer acertar dentro do carnaval, que é atingir o público jovem também, a gente focar na renovação do público, a renovação da audiência, isso tem sido muito acertado dentro da nossa produção”.

Continuando a entrevista, ele deu um bom destaque aos jovens que consomem os sambas, e contou o que vem com o objetivo de atrair mais ainda esta parcela da população, e como sinalizou isso para as escolas, sem fazê-las perder sua criatividade e tradição.

“Em relação a 2024 para cá, dentre todas as informações que nós tivemos, principalmente, essa em relação ao público jovem, que é mais imediatista, nós antecipamos, e negociamos com as escolas de samba para que pudesse também haver alguma paradinha, alguma bossa já na primeira passada, para ver também se a gente consegue segurar ao máximo possível a audiência até o final da música, pois tem seis minutos. Já é uma música que tem um formato diferente do mercado, que vem cada vez com músicas menores. Estamos tentando trazer as bossas para frente, liberamos totalmente o arranjo para cada escola de samba, criamos apenas algumas regras para criar uma unidade do álbum, ter uma unidade de comunicação, uma unidade sonora como um todo. O norteamento da liga e da editora foi apenas guiar regras básicas e liberar totalmente a criatividade de cada escola de samba, poder criar sua própria faixa”.

Hélio aproveitou para falar um pouco também sobre os clipes e material audiovisual dos sambas.

“Estamos vendo a parte do áudiovisual, para lançamento ou em outro local, em que a gente vai gravar especificamente com as doze agremiações, ou a captação no minidesfile, onde já foi feito anteriormente em 2022. Aqui estamos gravando somente o áudio, onde a gente vai fazer a pós produção. Em outra data e formato nós vamos com as outras escolas de samba, gravar o visual”.

Ao retomar o assunto de um dia de gravação, explicou porque essa decisão foi tomada, e o que se espera melhorar trazendo uma escola a cada dia ao estúdio, para realizar a gravação da sua faixa.

“É uma otimização geral do tempo, de transporte, de todo mundo, de tempo de estúdio, e hoje em dia, é muito caro. A gente se dedica a fechar o álbum, toda a faixa de cada agremiação, de cada artista, fechar no mesmo dia. Basicamente é isso, para podermos criar essa unidade entre todo mundo, gravando ao mesmo tempo também. A gente acha que fica num formato mais otimizado. Até porque esse ano, cada escola escolheu uma data muito diferente uma das outras, com um ‘gap’ de quase dois meses. A gente não consegue gravar todo mundo junto. Assim, a gente teria que esperar todo mundo escolher, como o ‘gap’ ficou muito alto, esse ano a gente foi fechando por diárias, e acho que está sendo um formato vitorioso”.

Ele falou um pouco sobre o motivo de começar as gravações ainda em setembro e como isso auxilia também as escolas, já que as agremiações que já estiverem com o samba escolhido poderão já ir a gravação, ainda que as disputas nas outras escolas não tenham terminado.

“Por causa da extensão do cronograma das escolhas das escolas. Então, já tinha o Tuiuti que já tinha escolhido há bastante tempo, nós tivemos a UPM, Tijuca também. E nós temos Mangueira que é praticamente em quase um mês depois. Acho que ir fechando cada escola de samba, e ir gravando aos poucos é um formato que a gente está implementando, testando, e se mostrar que é vitorioso a gente tende a repetir outra vez”.

Por fim, Hélio Motta comentou a questão dos coros das escolas, e ressalta mais uma vez a liberdade dada às escolas para entregarem o melhor nas gravações, dentro de uma sugestão apresentada previamente.

“Cada escola de samba está trazendo seu coro, e tem sim, profissionais da música contratados pelas escolas, e elas tem feito um misto entre profissionais e o pessoal do próprio carro de som da escola, que são profissionais também, mas não de coro. Cada escola vai fazer o seu mix. Pela editora, sugerimos dez pessoas no coro, seis mulheres e quatro homens, mas cada escola está liberada para fazer sua mixagem, sua composição de tons, conforme elas quiserem, no seu próprio arranjo”.