Para 2024, os Gaviões da Fiel irá mudar completamente o seu estilo de desfile que criou nos últimos dois anos. Em 2022, com o enredo “Basta”, a comunidade alvinegra clamou pelo fim do preconceito e a tão sonhada igualdade social. No carnaval passado, a ‘torcida que samba’, falou das diversas religiões, colocando até a questão da intolerância religiosa dentro da apresentação. São os chamados enredos densos. Entretanto, com o tema “Vou te levar pro infinito”, a Fiel Torcida promete algo mais descontraído para o próximo desfile. Declaradamente uma proposta leve e plasticamente colorida. Por isso, a contratação dos profissionais Rodrigo Meiners e Rhayner Pereira, que se junta à Júlio Poloni, formando um trio de carnavalescos para 2024. O site CARNAVALESCO teve acesso ao barracão da agremiação e conversou com Rodrigo Meiners, um dos responsáveis pelo desfile dos Gaviões da Fiel.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Surgimento do enredo

O artista contou brevemente o surgimento do enredo, e que a proposta de sair dos temas ‘provocativos’ foi estratégico e pedido pela comunidade.

“É um enredo de ideia do Júlio Poloni, que tem a ideia desde a infância. A gente chegou a apresentar aqui 10 temas, mas por estratégia de desfile da agremiação, foi cortando logo de cara e a escola saiu um pouco da polêmica do carnaval de São Paulo. Os Gaviões havia trazido dois enredos fortes, críticos nesse sentido de engajamento político. Eles decidiram que não queriam mais isso. Nós fizemos um mapeamento nas redes sociais, e logo quando a gente foi anunciado, vimos a comunidade pedindo uma escola mais leve, sem polêmica e entendemos que isso é super importante para o carnaval, que tem esse papel. Só que o carnaval tem 33 escolas, juntando todos os grupos. Não é obrigação dos Gaviões da Fiel fazer esse enredo todo ano. A gente optou por fazer esse tema, que é voltado mais para o visual, que a gente sabia que seria mais difícil de as pessoas entenderem, dos compositores fazerem sambas, mas com essas mudanças de regulamento de criatividade, variação de forma, de cor, material, escolhemos um visual diferente. Fora do negro, da política, da religião, que é o que os Gaviões vinha trazendo”.

A explicação do tema

Essa viagem pelo infinito será grande. Rodrigo conta que a escola vai do espaço sideral até a demonstração de amor da Fiel Torcida pelo Corinthians.

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“’Vou te levar pro infinito’ é um delírio em tudo o que é infinito no mundo e na sociedade fazendo um questionamento se realmente as questões ambientais e da natureza são infinitas. Ou se a infinita ambição e ganância do homem. Nosso primeiro setor é o espaço sideral, nosso segundo setor é a natureza e o nosso terceiro setor, que é o meio do desfile, a gente para e faz o questionamento se as espécies são realmente infinitas, se o homem vai conviver em comunhão com isso ou se a ganância do homem vai ser infinita e vai destruir o infinito da natureza. Nosso quarto setor a gente fala de imaginação e criatividade. Nosso último setor a gente termina com o amor, finalizando obviamente com o amor dos Gaviões pelo Corinthians, que é o maio infinito de todos nós que estamos aqui”.

O que mais encantou

De acordo com Meiners, os Gaviões pode fazer uma grande apresentação no sentido visual. E isso é o que mais fascina o carnavalesco dentro do tema.

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“Me fascinou a quantidade e possibilidades de recursos visual e estético que a gente tem para levar nesse desfile. A gente tem uma narrativa sequencial, mas todos os setores estão ligados um ao outro. Nos permite construir um visual completamente diferente. Essa mudança de regulamento, de mudança de forma, variação de cores, que está se prometendo, esse tema nos permite fazer isso. Eu acho que isso facilita uma identificação do público e eu bato isso na tecla em todas as entrevistas e reuniões. Todo mundo sabe que os Gaviões é mais do que maioria na arquibancada. Eles são componentes, mas não estão na pista. Vão na quadra, mas não tem como desfilar no Anhembi. Não tem tempo, dinheiro para fazer fantasia. Então se a gente fazer com que o componente entenda esse enredo e tenha fácil identificação, eu acho que a gente possa conseguir uma explosão”.

Saudosismo necessário

Quando se ouve ‘vou te levar pro infinito’, os mais saudosistas sambistas paulistanos logo irão se recordar do refrão do meio do samba-enredo dos Gaviões de 1995. A trilha-sonora foi um sucesso transcendeu o carnaval de São Paulo, além de ter dado o primeiro título para a agremiação do Bom Retiro. Sendo assim, naturalmente se questiona se terá uma ligação entre 1995 e 2024, mas Rodrigo descarta essa possibilidade e explica que o título do enredo foi criado para cativar o componente e torcedor da escola.

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“Diretamente, não. ‘Vou te levar pro infinito’ é a frase do 95, mas os temas não se encontram em nenhum momento. Foi uma coincidência. Vamos falar do infinito. A gente escolhe trazer essa frase do samba de 95 como o título do enredo para 2024 em uma tentativa apelativa e saudosista de fazer com que nossa comunidade, nosso público e nossa torcida lembrem o que já foi os Gaviões no carnaval. Eu não estava aqui, mas a gente sabe que os últimos anos dos Gaviões não veio trazendo o resultado que todo mundo esperava. A gente sabe que os Gaviões nos últimos anos entraram olhando muito mais para a parte de baixo do que a parte de cima da tabela. Internamente o pessoal esqueceu a força que isso aqui tem e eu vindo de fora, por exemplo, meu primeiro desfile que eu assisti no carnaval de São Paulo na minha vida foi em 2015, que eu vim para trabalhar no Império de Casa Verde e eu assisti Gaviões na concentração que desfilou uma antes ou duas antes. Aquela concentração me fascinou de uma forma, porque eu fiquei parado olhando e falei: ‘Olha a força que os Gaviões têm. Então a escola precisava desse ‘start’, dessa lembrança, desse gatilho mental e principalmente emocional para voltar a acreditar e voltar a entender que a gente passou por uma fase difícil, mas não é coitadinha. Nós somos o Gaviões da Fiel”, declarou.

É sabido que a agremiação sofreu um tanto com a parte estética nos últimos desfiles e teve que optar por realmente trabalhar com o regulamento. Porém, o discurso do carnavalesco é de que a ousadia na apresentação irá prevalecer.

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“Esse ano a gente deixa bastante essa questão do carnaval reativo, do regulamento embaixo do braço, porque a gente está acreditando muito nessas mudanças que estão sendo prometidas no julgamento. Nós temos muita coisa, tanto em alegoria quanto em fantasia e até mesmo a escolha do enredo que para o manual do julgador até o carnaval de 2023, era bastante arriscado, mas com essas mudanças que estão sendo prometidas e foi pedido por todos, por transmissão, pelo produto do carnaval, pela imprensa, que falou que o carnaval de São Paulo tinha que mudar. Para essa mudança eu acho que encaixa bastante no nosso desfile. Não é nada ‘quadradinho’, não é nada dentro da casinha, não é nada pensando em regulamento, A gente tem pelo menos dentro de cada setor um ou dois elementos que é completamente ousado para o manual do jogador até 2023. Para o manual do jogador novo não é. O novo critério está atiçando nós carnavalescos a sairmos da caixa e trazer inovação”, contou.

É clichê falar isso, mas o diferencial dos Gaviões é a sua massa. Rodrigo também diz isso, mas completa falando que o trunfo maior será um desfile solto.

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“O grande trunfo dos Gaviões é sempre a torcida. É clichê falar isso, mas até no dia a dia a torcida é o grande trunfo. Se a gente não está com um cronograma adiantado de barracão de ateliê, mas por exemplo tivesse atrasado, era um telefonema, um mutirão, que a torcida viria aqui e ajudava a terminar e colocava a escola na avenida, igual foi ano passado e retrasado. Mas falando de carnaval, na minha opinião, o grande trunfo do desfile é essa quantidade de momentos diferentes. Eu acho que vai ser um desfile que as pessoas não vão sentar na arquibancada, porque a cada dois ou três itens alguma coisa vai estar acontecendo. Então a gente não vai ter na pista aquele desfile parado em formato tradicional. Eu acho que esse pode ser o grande trunfo, sendo a quarta do sábado, é um horário nobre de público no Anhembi e da televisão. Eu acho que vai ser um desfile muito interativo, muita informação, muita movimentação muita coisa acontecendo e os Gaviões pode vibrar de uma maneira diferente”.

Conheça o desfile

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“O primeiro setor é o tempo espaço, A gente fala do infinito do tempo do espaço sideral”.

Setor 2
O segundo setor é o infinito na natureza. Fauna, flora, espécies água, areia. “No segundo setor a gente não tem alegoria. Ele é composto de mistura de tripés com elementos de fantasia, com alas justificadas, que a gente acredita que vá fazer essa divisão do setor e preencher bem ali um espaço no Anhembi sem usar uma base alegórica. É como se fosse formar um carro alegórico sem a base, sem roda, mas trazendo um volume de alegoria sem ser uma alegoria. Eu acho bastante isso bastante ousado”.

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Setor 3
“O nosso terceiro setor é o questionamento. O que o que vai ser mais infinito dentro do homem. essa ambição e ganância para destruir todo o mundo ou essa criatividade para ele viver em harmonia com todo esse infinito da natureza”.

Setor 4
“O quarto setor é a imaginação e a criatividade infinita através da arte, revelando uma imaginação e uma criatividade sem limite”.

Setor 5
“O quinto setor é o amor. A gente cita o infinito desse sentimento terminando com o infinito amor dos Gaviões pelo Corinthians”.

Ficha técnica
15 alas (1700 componentes)
4 alegorias
6 tripés
Diretor de barracão – Fábio Ram
Diretor de ateliê – Marcelo Silvério