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X-9 Paulistana desfila com vontade de ‘retomar o seu lugar’, mas esbarra em problemas nos quesitos plásticos

A sexta agremiação a passar pela passarela do samba do Anhembi foi a X9-Paulistana. Com o enredo “Arapuca tupi – a reconquista de uma terra” a escola busca seu retorno ao especial após ter sido rebaixada em 2020. O destaque da agremiação foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Marquinhos e Lyssandra Grooters além de estarem com uma belíssima fantasia em tons vermelhos, bailavam de maneira muito entrosada, com movimentos leves e com bastante confiança. A X-9 Paulistana concluiu seu desfile no tempo regulamentar, com portões se fechando aos 54 minutos.

Comissão de frente

Coreografada por Jaime Aroxa, a comissão de frente da X-9 Paulistana apresentou uma tribo em ritual. A representação antecede a reconquista indígena no Brasil. 17 personagens faziam parte da coreografia. Sendo eles divididos em dez índios, um cacique, um pajé e um curupira. Os demais membros vestiam-se de “ganância”, “queimada” e fome. Para o figurino, a proposta foi de buscar uma aproximação fidedigna com vestimentas de grupos indígenas, mas sem deixar de lado a licença poética que o desfile de carnaval permite. Chamou a atenção durante a passagem da comissão a figura do pajé, que se assemelhava bastante a imagem do orixá da cultura africana, Omolu. O mesmo está associado a saúde e cura, assim como o pajé. Um elemento cênico também fazia parte do projeto. Intitulado de “A maloca”, servia para que o curupira surgisse de dentro e participasse da apresentação. Porém essa participação do elemento poderia ter sido repensada, já que funcionava apenas para que os personagens ficassem escondidos. Não havia um grande momento na hora do aparecimento, deixando a apresentação bem monótona. As fantasias dos componentes da comissão não possuíam um bom acabamento e algumas aparentavam estar incompletas, principalmente a do dançarino que representava o Curupira.

Mestre-sala e porta-bandeira

Marquinhos e Lyssandra Grooters estavam representando a mensagem de Tupã. Vestidos numa fantasia em tons vermelhos, com faisões apontando para cima e para baixo. A saia da porta-bandeira era de extremo bom gosto. Raios em tons prateados estavam na sua saia e formavam também seu costeiro. Seu parceiro veio na mesma tonalidade, com uma segunda pele na parte de baixo. Vestido numa espécie de sobretudo até a coxa, o mestre conseguiu se desenvolver bem com sua dama. A maquiagem remetendo a cultura indígena e as pedrarias que compunham ambas as roupas traziam um luxo a mais para o casal que bailou com bastante categoria.

Harmonia

Via-se muita força de vontade no cantor Léo do Cavaco e sua equipe musical em cativar o chão da escola, porém não eram correspondidos. O canto da X-9 foi fraco, com componentes que não demonstravam força de vontade sequer em cantar o refrão do samba-enredo. Com isso, a harmonia da agremiação pode ser bastante prejudicada na leitura das notas.

Enredo

Intitulado de “Arapuca tupi – a reconquista de uma terra”, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Eduardo Félix da seguinte forma: iniciou-se com “O ritual e a arapuca”. Nesse setor, os povos se reuniram para ouvir a previsão do pajé. E a partir da revelação de que é chegado o momento da reconquista, se unem a fim de salvar sua nação através dos ensinamentos. O segundo setor eram os “Ensinamentos e a purificação”. Onde a partir da vitória indígena, os ensinamentos, lições antigas e visões nativas dos tupis eram compartilhadas. A força das matas e a essência de um país bonito por natureza foram retratados no decorrer das alas. Encerrando o desfile, o setor “O despertar da humanidade” retrata o momento onde uma nova sociedade é erguida, livre das antigas tiranias. Aqui pode-se observar um tom crítico às mazelas da sociedade. Nessa nova terra, há alimento para todos, a fome não atinge ninguém e o povo de barriga cheia também se nutre de prosperidade para sua existência.

Evolução

A escola se desenvolveu bem durante metade do tempo regulamentar de seu desfile. Até o box da bateria, as alas desfilavam de maneira compacta e bem regular, sem ter que dar grandes passos para preencher buracos ou coisa parecida. Porém, quando o último carro ultrapassou o box, a evolução da escola passou a ser um pouco arrastada pois ainda havia bastante tempo para concluir seu desfile e pouca escola para terminar de passar pela passarela.

Samba-enredo

Composto por poetas renomados, entre eles André Diniz, Claudio Russo e Arlindinho, o samba não teve um bom rendimento no Anhembi. Mesmo com uma letra rica em detalhes e trechos que são pensados para que o componente tenha uma reação positiva, isso não aconteceu. Um destaque para a letra, é a mistura que os compositores fizeram para citar tupã, que está presente na cultura indígena e consequentemente no enredo, com o padroeiro da escola. Ogum.

Fantasias

A escola compensou a ausência de brilho e materiais que dão maior impacto visual com volume nos costeiros e ombreiras. A fantasia da ala das baianas, que representavam “O paraíso exuberante”, chamou atenção pela saia verde em sua totalidade e parte de cima vermelha e laranja formando as penas de uma ave. Na intenção de economizar em alguns produtos caros no mercado do carnaval, a agremiação optou por utilizar fita amarela e preta de segurança em uma das alas, dando um eveito visual bastante negativo que pode ser repensado para os próximos anos. A ala a frente dos passistas da escola possuíam costeiro em EVA cru, sem nenhum acabamento, prejudicando o quesito da escola.

Alegorias

O abre-alas da agremiação, chamado de “A arapuca e a invasão” estava em tons alaranjados, com grandes canoas nas pontas. Povos indígenas estavam compondo a parte da frente dessa alegoria. Apesar de grande, poucas coisas se destacavam nesse primeiro carro. Faltou um pouco de capricho no letreiro que vinha a frente com o nome da agremiação. Ao optar por materiais mais baratos, a escola se prejudica na qualidade do acabamento desse quesito. As peças que compunham o restante da acoplagem do abre-alas não causavam um grande impacto visual e gerava dúvida do que se tratava para quem estava assistindo.

Segundo carro, a “Purificação” predominava o verde, possuía detalhes bonitos principalmente no acabamento e na saia. Grandes faces indígenas em escultura chamavam atenção nas laterais e na parte de trás. O último carro representava “O despertar de um novo Brasil”, se destacou por trazer a velha-guarda da agremiação muito bem vestida e em cima da alegoria. As cores predominantes eram as da bandeira do Brasil, nas laterais havia uma bandeira do país com traços que remetem à cultura indígena.

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