A Unidos do Jacarezinho foi a penúltima escola a desfilar na Intendente Magalhães no ano de 2024, com o enredo “Na Fé dos Padroeiros o Rio pede Paz”, através da devoção dos santos, o padroeiro da cidade, São Sebastião e os Santos mais populares, como, São Jorge e São Cosme e São Damião, a escola trouxe um grito contra tanta violência, descaso e mazelas que assolam o Rio de Janeiro. Na sinopse, o enredo se coloca como um grito de “Basta!”, basta de tanto preconceito, tanta intolerância religiosa, racismo, violência no trânsito, violência contra mulheres e crianças, confrontos armados, um basta desse abandono.
Comissão de Frente
Intitulada “A fé é a defesa do nosso dia a dia”, a comissão do coreógrafo Adilson Lourenço fez uma apresentação didática, simples e, até certo ponto, infantil. Representando uma batalha entre São Jorge e São Sebastião contra as mazelas do mundo, em formas de sombras, que cercavam duas meninas, a apresentação teve troca de figurino, pózinho mágico para espantar as sombras, tudo isso reforçando a fé nos dois santos que o enredo trazia.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal Sérgio e Carolina Apolinário, vieram fantasiados de “O cavalo e a lua”, bailaram de uma maneira correta e segura. No entanto, a fantasia de ambos necessitava de um acabamento mais cuidadoso, além dos materiais utilizados não causarem uma impressão sofisticada, artisticamente, na 1ª cabine um babado da saída da porta-bandeira se fragmentou durante a sua participação, não alterou a coreografia, mas chamou a atenção.
Enredo
O desfile iniciou trafegando pela fé, em seguida surgiram as mazelas do dia-a-dia na capital carioca, a bala perdida, corrupção, fome, morte, guerra, caos. Em seguida, o 2º setor retoma a fé de uma maneira vigorosa, as passistas fazendo referência à patota de Cosme, o sincretismo religioso entre São Sebastião e Oxossí e, por fim, o 3º setor pediu o fim da violência, falando de paz e amor como caminhos.
Alegorias
A escola apresentou três alegorias bem simples, apesar do acabamento justo. O abre-alas, chamado, “A Fé é nossa Fortaleza”, era uma alegoria simples que, com um acabamento bem modesto, não causou uma melhor impressão na avenida, componentes com fantasias simples ajudaram a melhorar o aspecto do carro, mas era possível melhorar mais. O tripé “Caos” apresentou um acabamento abaixo de modesto, sem a leitura prévia do livro abre-alas, seria impossível entender o sentido da alegoria. A terceira e última alegoria, “Paz, Amor e União” também pecou na entrega daquilo que estava previsto, o carro mais parecia uma visão de um Rio de Janeiro futurista, do que de uma cidade que pedia paz e amor.
Fantasias
As fantasias da escola eram bonitas e bem feitas, mas era nítido que houve uma considerável falta de recursos para executarem aqueles figurinos de uma maneira mais digna. Infelizmente a criatividade também esteve em falta, a estrutura da fantasia de algumas alas eram muito parecidas, como a ala 4 e a 5, mudando as cores e alguns adereços.
Harmonia
A escola cantou bem o samba, Ciganerey estava muito inspirado no carro de som, levantou a torcida e os desfilantes.
Samba-enredo
O samba composto por Araguacy Do Carmo, Jorge o Batuk e Humberto da Fazenda, cumpre muito bem a função de letrar o objetivo e a essência do enredo, no entanto, a inserção de personagens de religiões de matriz africana ficou muito solto num samba que fala sobre dois santos católicos, na sinopse não há relação e muito menos no desfile.
Evolução
A escola passou rapidamente no 4º módulo de jurados, quando chegaram próximos ao fim, tiveram que esperar alguns minutos para desfilarem no tempo mínimo, ou seja, administraram mal o tempo de desfile.
Outros Destaques
A ala “Todas as flores” era composta por mulheres que carregavam retratos de mulheres negras falecidas, como, Marielle Franco, Ruth de Souza, Carolina Maria de Jesus, etc.