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Unidos da Ponte encerra primeira noite de desfiles com força da bateria, mas canto e evolução oscilam durante cortejo

Escola levou a história do dendê para avenida e terminou o desfile já com o alvorecer do dia

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

A Unidos da Ponte foi a última escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro. Impulsionado pela força da bateria, a azul e branca passou pela avenida de forma aguerrida e conseguiu levantar o público presente na Sapucaí, os ritmistas comandados pelo mestre Branco Ribeiro entraram na avenida dispostos a não deixar ninguém parado, a ver pela reação da galera, o objetivo foi alcançado. A bateria ainda ajudou a impulsionar o samba da escola, porém, mesmo assim o canto oscilou entre as alas, outro ponto de atenção foi a evolução que se mostrou problemática durante todo o desfile e alguns buracos foram observados em frente aos módulos de julgamento.

Apresentando o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Esteves, a escola de São João de Meriti levou para a avenida a saga do dendê desde a sua origem mítica em terras africanas até a chegada ao Brasil. A agremiação terminou sua apresentação com 53 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Déia Rocha foi intitulada “Padê: O ponto de encontro afro-brasileiro na encruzilhada do Atlântico” e composta por 15 componentes. Através de uma visão lúdica a comissão de frente apresentou o prelúdio do enredo, onde Oyá demanda seus espectros do bambuzal e seus búfalos a missão de encontrar Elegbara para levar a mensagem e pedir permissão para que o desfile da Unidos da Ponte fosse de muito Axé. Por fim, Elegbara recebe o padê como forma de agradecimento. A fantasia foi simples, os componentes usaram um macacão preto com detalhes em laranja, já os pivôs tiveram a indumentária mais trabalhada, principalmente Elegbara. O tripé utilizado representou um bambuzal, os componentes saíram de dentro dele e no final, Oyá foi elevada, ganhando todo o destaque.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Os defensores do pavilhão azul e branco da ponte foram Emanuel Lima e Thainara Matias, o Casal de mestre-sala e porta-bandeira apresentou um dos reis do dendê Xangô em seu ritual sagrado do Ajerê, a fogueira de Xangô, a fantasia foi predominante vermelha, com detalhes em laranja e a leitura foi imediata. Ele representou o próprio Xangô e ela a faísca do ayê. A dança foi clássica, mas esbanjou força e ainda utilizou partes do samba para realizar pequenas coreografias, como na parte “Ê capoeira, ê meu ogum”, em que o mestre-sala apresentou movimentos oriundos da capoeira. A apresentação foi bem executada em todos os módulos de julgamento, vale ressaltar que em alguns momentos a iluminação cênica foi utilizada.

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Enredo

O carnavalesco Renato Esteves foi o responsável por desenvolver o enredo “Tendendém – O axé do epô pupá”, se mantendo Fiel à tradição de enredos afros, a Ponte levou para a avenida a saga do dendê, desde sua origem mística em terras africanas, até a chegada ao Brasil através da diáspora. Essa história foi distribuída em quatro setores, o primeiro, denominado “Epô pupa derrama no candeal”, falou sobre a África Tribal e apresentou os reis do Dendê: Exu, Xangô, Ogum e Iansã, que são o grande panteão do Dendê. Em seguida veio o setor que falou sobre o Dendezeiro e todos os seus derivados que são utilizados nos cultos africanos, ele foi denominado “Igi-Opê, a faísca do Ayê”. O terceiro setor “Negrume, ajerê do mandingueiro” mostrou o plantio do Dendê na Bahia e como ele foi importante no processo de alforria dos escravizados, para finalizar, “Oferendas ao meu santo, o samba que desata o nó” que é quando a escola dá um salto no tempo até chegar nas Baianas Quituteiras do Acarajé e do comércio na Feira de São Joaquim.

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Alegorias e Adereços

O carnavalesco Renato Esteves abusou do uso de cores em suas alegorias, o início do desfile da Ponte foi pautado nas cores quentes justamente para transportar o público para o universo do dendê. No total, foram três alegorias, que apesar de simples, contaram o enredo de forma clara. A primeira foi intitulada “Afefé de Eruexim” e trouxe a figura de Oyá, rainha do dendê na narrativa do enredo, a alegoria teve problemas para manter a direção no setor três, principalmente a parte da frente do carro, a escultura presente na parte traseira passou caída por toda a avenida. A segunda alegoria, “Yá é quituteira em São Joaquim” mostrou o encontro do dendê com a Bahia e o povo baiano, o carro retratou um grande mercado, o uso de materiais alternativos foi bem empregado, com destaque para garrafas plásticas penduradas na parte traseira . O último foi chamado de “Oferendas traz a Ponte em louvor aos orixás” e representou um grande terreiro, ele entrou na avenida ja com o dia claro e abusou do uso de estamparias, algo positivo. Porém, o acabamento apresentou falhas na parte superior.

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Fantasias

A Ponte levou para avenida 17 alas, seguindo a estética vista nas alegorias, o carnavalesco Renato Esteves optou pelo uso de cores fortes na abertura da escola, o uso de materiais alternativos foi uma boa sacada para driblar as dificuldades impostas pelo orçamento, na ala 10, “Oxumarê creme de arroz e milho”, foram utilizadas colheres plásticas na cabeça. O bom uso de cores esteve presente durante todo o desfile, na ala nove, “Pra Exu e Pombagira tem marafo e dendê”, o vermelho tomou conta, já na ala 16, “Pra Nanã sarapatel”, o uso do lilás de fez presente. Apesar de materias alternativos, o conjunto de fantasias apresentado contou o enredo de forma clara, o destaque negativo ficou por conta da dificuldade que alguns passistas tiveram para sambar por conta da cabeça da fantasia, apesar de não ser pesada, ela era grande e em alguns momentos eles precisavam segurar para que ela não caísse.

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Harmonia

A performance do intérprete Kleber Simpatia foi satisfatória, ele em todo momento incentivou o canto da comunidade e conduziu o microfone principal com muita garra, o entrosamento com a bateria também se mostrou eficiente, porém, nem isso foi o suficiente para que a harmonia dos componentes fosse a altura, o início do desfile se mostrou frio, nas alas do final o clima foi outro e os componentes passaram cantando, destaque para as alas 15, “Mamãe Oxum Omolocum”, e 16, “Pra Nanã sarapatel”. O grande destaque harmônico do desfile foi a bateria de mestre Branco Ribeiro, ele conduziu com maestria seus ritmistas, abusou das bossas e coreografias, o público foi junto.

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Samba-Enredo

O samba de de autoria de Junior Fionda, Tem-Tem Jr., Carlos Kind, Léo Freire, Vitor Hugo, Léo berê, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Alexandre Araujo e Valtinho Botafogo passou pela avenida de forma eficiente, impulsionado pela bateria, a obra teve momentos de grande explosão, principalmente o refrão principal “Exu Obá… Laroyê! É a Ponte sem quizila, na mandinga do dendê”.

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Evolução

Durante todo o desfile a agremiação sofreu com a evolução, problemas no carro abre-alas fez com que um buraco fosse aberto na altura do setor três (módulos um e dois de julgamento), logo depois, foi observado que os componentes não evoluíam de forma fluida, em alguns momentos a escola andava mais rápido, em outros mais lento. O maior problema da escola ainda viria, durante a apresentação da bateria no setor três, os componentes das alas da frente seguiram normalmente e um grande clarão foi deixado, a rainha Lili Tudão tentou ocupar o espaço, mas foi em vão. O mesmo erro se repetiu no módulo seguinte. A bateria não entrou no recuo e a apresentação na última cabine foi mais longa do que o habitual.

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Outros Destaques

Na segunda alegoria da escola a presença dos carnavalesco da Grande Rio, Leonardo Bora e Gabriel Haddad, e da Beija-Flor, João Victor Araújo, chamou atenção, os três estavam muito animados e cantaram o samba com extrema empolgação.

 

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