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Último ensaio de rua do ano na Vila coroa grande desempenho do samba, além de ser marcado por alegria da comunidade

Mais uma grande noite de quarta-feira com "Gbalá" de Martinho arrastando a multidão de boêmios e torcedores nas calçadas, representando o nome do bairro do ilustre Noel Rosa

Desde mais cedo pelas boêmias ruas de Vila Isabel era fácil encontrar um roda de samba com alguém tocando ou cantando vestido nos tons de azul, ou portando a coroa, símbolo maior da agremiação que leva o nome do Bairro. Um cavaquinho aqui, uma cuíca da Swingueira de Noel e no repertório grandes obras da imensa coleção de sambas antológicos da Unidos de Vila Isabel. A partir de pouco antes das 22h, quem assumia o comando do “show” era Tinga e seu carro de som, Macaco Branco e seus ritmistas, além da estrela maior, a comunidade, que cantou o samba de forma muito forte, intensa, como se a sirene já tivesse tocado e já fosse segunda-feira de carnaval. Mais uma grande noite de quarta-feira com “Gbalá” de Martinho arrastando a multidão de boêmios e torcedores nas calçadas, representando o nome do bairro do ilustre Noel Rosa. A Vila agora só volta dia 10 de janeiro, um merecido descanso para quem começou a ensaiar na rua mais cedo.

“Eu agradeço ao presidente de ter comprado a ideia de a gente começar mais cedo com os ensaios de rua, de ter aprovado o nosso planejamento e acho que fechamos com chave de ouro essa primeira parte. Queria agradecer principalmente a comunidade de Vila Isabel por esse ensaio maravilhoso, todo o departamento de harmonia que fez essa escola apresentar esse ensaio lindo, evolução maravilhosa, todos os seguimentos, casal, comissão de frente, velha guarda baianas, carro de som e bateria, reforçar como é alto esse entrosamento. Mas todos, porque fechamos 2023 com esse ensaio maravilhoso, prova de um trabalho que começamos lá atrás”, avalia o diretor de carnaval, Moisés Carvalho.

O samba mais uma vez foi o grande destaque, nesta dobradinha de Tinga e Macaco Branco que desde 2019 dá muito certo. O cantor foi anunciado pelo locutor da Vila, antes do ensaio, como o melhor intérprete do carnaval carioca, com justiça, referendado através do prêmio Estrela do Carnaval do site Carnavalesco nos últimos três desfiles. Tinga mais uma vez foi um dos destaques da noite, impulsionando o samba desde os primeiros versos. Ao site CARNAVALESCO, o artista analisou essa primeira fase de trabalho com a comunidade que volta em janeiro.

“A escola está feliz demais, deu para perceber quando começou tudo, quando lançou o enredo. Uma coisa que aconteceu dessa vez, que nunca aconteceu em outros anos, é a que a Vila Isabel acabou toda a sua ala de comunidade no primeiro dia de inscrição. Por isso dá para ver a alegria da escola em vir cantar esse samba, esse enredo, no primeiro dia acabou todas as inscrições, não tem mais fantasia para desfilar e por isso tenho certeza que vamos mostrar a força da nossa escola, nossa comunidade na Avenida mais uma vez. Hoje, de novo, toda a comunidade cantando bonito, cantando forte, e vamos para cima, buscar esse título, se Deus quiser, para a nossa comunidade de Vila Isabel que está querendo muito. Ano passado tiramos o terceiro lugar, mas a comunidade quer o primeiro “, revela Tinga.

Antes do treino, na quadra, foi coroada a rainha da bateria mirim, Maria Eduarda Veras, ou Duda Mattos, da Herdeiros da Vila. Com 14 anos e presente na Vila Isabel desde os 5 anos, a pequena majestade revela que tem em quem se inspirar para se permitir sonhar voos mais altos.

“É muito gratificante, foram oito anos vindo como primeira princesa e agora eu virei a rainha. Estou muito feliz e com aquele sonho de um dia vir como rainha na escola mãe. Eu me inspiro na Sabrina ( Sato), ela é uma mulher incrível, não só como rainha, mas como pessoa, me inspiro muito nela”, conta Maria Eduarda, a Duda Mattos.

Criado e desenvolvido em 1993 pelo carnavalesco Oswaldo Jardim, o enredo “Gbala – Viagem ao templo da criação” terá a assinatura desta vez do multicampeão Paulo Barros. A azul e branca do bairro de Noel será a terceira escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, em busca do quarto campeonato no Grupo Especial

Comissão de frente

Presentes na abertura dos treinos em outubro, e agora de volta neste último de 2023, os bailarinos de Alex Neoral e Márcio Jahú, apresentaram um pouco do que podem levar para Sapucaí. Com oito componentes, vestidos de branco, em roupa normal, bermuda e camiseta da escola, bem leves, a comissão parecia apresentar algo mais relacionado a criação do mundo, ou do ser humano, principalmente nos passos onde os integrantes estavam mais próximos, como um organismo só, com os bailarinos realizando movimentos sincronizados. No trecho ” e a criança é a esperança de Oxalá” , os dançarinos apresentavam passos que pareciam simbolizar as brincadeiras das crianças, grandes homenageadas do enredo. Um ponto alto foi o canto dos componentes, bastante intenso e correto, mesmo em meio a coreografia. Sobre a participação da comissão nos treinos de rua, o diretor de carnaval Moisés Carvalho explicou que a escola decidiu junto aos coreógrafos Alex Neoral e Márcio Jahú por uma programação especial para os bailarinos.

“A comissão veio no primeiro ensaio, abriu e hoje veio para fechar o ano. Eles estão trabalhando a parte em um estúdio de dança na Cidade do Samba e estão ensaiando parte fora, por isso que a gente abriu mão da comissão nos ensaios porque a gente tem um planejamento de ensaios muito pesado para eles, e resolvemos dar o descanso aqui na quarta-feira, mas eles estão ensaiando fora”, esclarece Moisés.

Casal de Mestre-sala e Porta-bandeira

Vestidos em dois tons de azul, um mais claro e outro mais escuro, Marcinho Siqueira e Cris Caldas, desta vez, não precisando abrir o desfile por haver comissão de frente neste treino, apresentaram mais uma vez uma coreografia mais clássica, ainda que pontuando algumas pequenas partes do samba. No momento do ensaio, principalmente, nas primeiras duas cabines, havia um vento moderado, mas o casal não se intimidou, principalmente Cris Caldas, que usou de toda a sua experiência para manter a bandeira bem esticada, bem desfraldada, com firmeza realizando os movimentos, “bandeiradas” e seus giros. No geral, a postura impecável de sempre do casal, com delicadeza e sensualidade.

Harmonia

O canto da comunidade sem dúvidas foi um dos grandes destaques deste último ensaio de rua da Vila Isabel em 2023. Era difícil encontrar algum componente que não estivesse cantando o samba, em todas as alas o desempenho foi muito bom, de uma escola feliz com a obra que vai levar para a Avenida e desmontando muita garra e vibração, contagiada ainda pelo espírito de fim de ano em confraternização pelo trabalho que vem sendo realizado às quartas-feiras no Boulevard. As primeiras alas, mais distantes do carro de som, conseguiam sustentar com bastante facilidade o samba para a comissão de frente e casal que também cantavam com bastante disciplina a obra.

“Nós temos trabalhado muito, como é um samba reeditado, na realidade, a maioria das pessoas já conhecem. É uma obra de arte realmente. Mas, mesmo assim, a gente está selecionando, em dias de semana, algumas alas para ensaio aqui na quadra só de canto. Isso, para a comunidade saber o andamento do samba, conhecer bem a letra, para dar esse efeito aqui na 28 de Setembro, é uma trabalho ala a ala, ensaiamos em torno de 40 minutos cada ala, num dia a gente chega a ensaiar até quatro alas. Não é fácil, mas facilita nosso trabalho na rua”, explica o sucesso o diretor Chico Branco, membro da comissão que comanda a Harmonia geral da escola.

O carro de som mais uma vez se mostrou muito entrosado, inclusive com a bateria de mestre Macaco Branco e o arranjo do samba valorizou não só o ritmo da Swingueira de Noel como a comunidade, o canto e a evolução.

Evolução

Um ensaio bem tranquilo, ainda que em alguns trechos da Boulevard 28 de Setembro houvesse uma luz intermitente e mais escuridão devido a um problema nos postes. Mas a escola evoluiu bem, cantando o samba, pulando, dançando, sambando, se fazendo uso de alguns apetrechos como bolas nas cores azul e outras alas nas cores brancas, chapéus, gorros de papai Noel, mas tudo com muito alegria e um pouco de irreverência.Tudo serviu para ajudar no clima bem para cima do ensaio. Na parte técnica , não se observou a utilização de alas coreografadas, o que ressaltou bastante a espontaneidade do componente. Também não se observou a formação de buracos ou de alas se embolando umas nas outras. O desfile foi bem fluido, sequencial e durou cerca de 1h20.

Samba-enredo

Falar de Gbala mais uma vez é se repetir ao dizer que a obra vem rendendo bastante. Composição ganhadora de diversos prêmios em 1993, tem facilitado o canto da escola, por já estar no repertório da Vila há 30 anos, e ser bastante cantada por este carro de som. Mas também sendo agente facilitador da evolução da escola por um excelente andamento colocado pela Swingueira de Noel e pela potência empregada por Tinga, que dominou o samba e trouxe ele para a sua maneira de interpretar que vem gerando boas notas para a escola além de prêmios para o intérprete. O refrão tem sido um grande estouro no canto dos componentes, mas de alguns ensaios para cá ele está quase no mesmo nível do restante da obra, pois a comunidade tem cantado com bastante força toda a composição de Martinho da Vila.

Outros destaques

Depois do ensaio, a festa seguiu na quadra com a Roda de Banjo, comandada pelo intérprete Tinga e o time do carro de som. A recém coroada rainha da bateria do Herdeiros da Vila, Duda Mattos junto com a primeira princesa da bateria mirim, sambou à frente da bateria da escola mãe, comandada pelo mestre Macaco Branco. No esquenta Tinga cantou ” Festa no Arraiá”, ” A Vila canta a latinidade”, sambas vencedores em 2013 e 2006, além da homenagem ao poeta Noel Rosa, produzido por Martinho da Vila em 2010. O diretor de harmonia Wanderson Sodré, falecido na semana passada, foi homenageado antes do início do ensaio com um minuto de silêncio e com a comunidade erguendo as bolas brancas. Com certeza, o excelente ensaio, teve um algo a mais da garra da comunidade que dedicou o treino ao agora saudoso diretor de harmonia que intercede pela escola lá de cima.

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