Em sua estreia na Série Ouro e na Unidos de Bangu o tricampeão pelo carnaval do Espírito Santo, Robson Goulart promete um grande desfile para agremiação, que este ano trará para a avenida o enredo “Aganjú: a visão do fogo, a voz do trovão no Reino de Oyó”. Contando a história de uma das qualidades do orixá da justiça. Ele, que é carioca e está se dividindo entre Rio e Vitória, sendo que, a maior parte do tempo passa no barracão da Bangu, onde recebeu o site CARNAVALESCO e deu detalhes e contou curiosidades sobre o desfile que pretende levar para da Sapucaí.
“Como eu moro aqui no Rio, e tem outro carnavalesco lá me ajudando está dando para conciliar os dois trabalhos, ficando um pouco lá, e aqui, mais aqui do que em Vitória, me dedicando mais na Unidos de Bangu”, disse.
Robson falou da grandiosidade do carnaval da Série Ouro carioca em comparação ao carnaval capixaba. Destacou o luxo e o desafio de pela primeira vez comandar um desfile.
“O carnaval capixaba é muito bom, gosto muito de lá, mas o acesso aqui é minha estreia e assim, estou sentindo essa grandiosidade que lá ainda não tem. Essa grandeza de alegorias e fantasias está sendo um diferencial, mas estou conseguindo fazer meu papel. Eu já imaginava essa grandeza toda, entrei preparado, confiante do trabalho que ia fazer, foi muita pesquisa e me dediquei ao máximo para escola fazer um desfile legal”.
O enredo da escola foi decidido pela direção da escola antes mesmo da chegada do Robson. Assim que o carnavalesco foi contratado, ele se debruçou em pesquisas e construiu a sinopse e fez todo o desenvolvimento do mesmo.
“A pesquisa foi através de vários sites e livros sobre o tema, mas o que mais ajudou no desenvolvimento do enredo foram os depoimentos. Visitei vários terreiros de candomblé para saber um pouco mais da história de Xangô Aganjú. Conversei sobre lendas, costumes, histórias e rituais então isso me ajudou muito mais que as pesquisas pela internet”.
Surpresas com o enredo
Como o enredo se trata de uma qualidade de Xangô que é Aganjú, para quem não o conhece é o orixá ainda criança, diferente da sua qualidade mais conhecida, até sua data de comemoração é diferente, no sincretismo religioso Aganjú é São João e não São Jerônimo.
“Nos depoimentos dos babalorixás o que mais me deixou surpreso foi saber que apesar de falar de Xangô, eles têm costumes e manias diferentes. É um xangô menino. Tudo que é relacionado a ele tem doces, como ele é sincretizado com São João as festas dele tem balões, pipas e bandeirinhas e isso está fazendo uma grande diferença no enredo”.
Proposta visual
A cor vermelha vai ser o destaque da abertura do desfile da Unidos de Bangu, a cor da vida, o fogo de xangô. O desfile vai passar também por partes de oferenda de animais e sacrifício, terminando pelas festas juninas. Robson Goulart explicou como vai aplicar essa plástica durante o desfile, destacou ainda a comissão de frente que virá com algumas surpresas.
“Eu quis abrir o carnaval com a cor da vida para xangô, o vermelho. Vai ser nesse tom de vermelho, laranja e amarelo. No decorrer dos setores a gente parte para partes de oferendas, agrados a comida que o orixá come, o animal que é sacrificado. E no final vamos fazer a parte do sincretismo onde começamos a partir para São João e São Pedro e fazemos uma grande festa junina. Já a comissão de frente vai vir com algo diferente e vai chamar muita atenção na avenida. A indumentária deles está bem diferente, vai chamar muita atenção de quem estiver assistindo ao desfile. ”A gente vai mostrar a questão da justiça, porque Xangô é justo para quem merece a justiça, por isso um dos símbolos dele é a balança. Então quando ele vai te julgar e colocar seus feitos na balança. A tartaruga simboliza isso, ele demora a resolver a questão porque ele quer ser justo e não injusto”.
Leão no lugar do pandeiro
O pandeiro símbolo da escola não virá em um tripé como no último desfile, segundo Robson não foi possível colocá-lo no enredo em si, então virá na bandeira do casal e no brasão da velha guarda.
“A gente vai abrir o desfile com um leão, um animal feroz que simboliza Xangô, a garra, força e coragem abrindo os caminhos para a Unidos de Bangu fazer um grande carnaval”.
Conheça o desfile da Unidos de Bangu
A Unidos de Bangu será a 3° escola a desfilar no sábado de carnaval com o enredo Aganjú: a visão do fogo, a voz do trovão no Reino de Oyó. A agremiação virá com 3 alegorias e 2 tripés (um para comissão de frente), 20 alas e aproximadamente 1500 a 1700 componentes.
Primeiro setor: “Começa no reino de Xangô o reino de Oyó, onde ele faz a sua morada, o reino e o templo de fogo. Onde teremos vulcões, lavas tudo relacionado ao fogo. Onde ele nasceu e foi coroado rei de Oyó, onde ele faz sua morada. A gente conta toda a história da aldeia que ele vive, dos ministros que o cercam”.
Segundo setor: “Aqui a gente já parte para o lado de agrado. Vamos começar a agradar o orixá com as comidas que ele come que é o amalá (é um ritual devotado a Xangô, uma celebração específica para o orixá do fogo, e a realização da ação assume um caráter festivo, no qual a divindade e os filhos de santo se confraternizam), a fogueira de xangô que é um ritual feito nesse amalá. E os animais que são sacrificados a tartaruga, o carneiro e leão que são os animais que convivem com ele”.
Terceiro setor: “Vamos finalizar com uma grande festa para esse orixá, começaremos a falar do sincretismo religioso, como ele é sincretizado como São João em alguns estados e São Pedro em outros, mas todos eles relacionados a festa junina. Então fazemos uma grande festa junina em devoção a eles que representam o xangô”.