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Série Barracões SP: É hora de sintonizar! Águia vai trazer história dos cem anos do rádio no Brasil

Nas ondas do Rádio, Águia de Ouro contará o centenário do meio de comunicação

A Águia de Ouro será a quinta escola a pisar no Sambódromo do Anhembi no sábado, dia 10 de fevereiro. O enredo será “Águia de Ouro nas Ondas do rádio”, sobre os 100 anos da rádio no Brasil. Com o retorno do carnavalesco Victor Santos para o carnaval de São Paulo, a agremiação da Pompeia busca repetir o feito de 2020, quando conquistou o seu título inédito no Grupo Especial. O carnavalesco Victor Santos esteve na agremiação em 2006 e 2009, e é cria da Beija-Flor de Nilópolis, portanto volta a São Paulo após um tempo longe. Em visita ao barracão da Águia de Ouro, o artista contou sobre o enredo para 2024 para o site CARNAVALESCO.

Em relação ao retorno para São Paulo após um período distante, Victor Santos relatou: “Fiz parte do carnaval de São Paulo já mais ou menos uns 10 anos atrás. Fiz o Águia de Ouro foi a primeira escola que fiz aqui em São Paulo, depois eu cheguei a fazer dois anos Império de Casa Verde, né? Fizemos dois carnavais muito bacanas lá, inclusive um foi o primeiro campeonato da império. Mas sempre tive aqui no Águia de Ouro, sempre fui envolvido com Águia de Ouro e a Águia de Ouro e Beija-Flor, é minha escola onde eu comecei e me formei como carnavalesco. Foi lá que comecei a entender tudo sobre desfile de escola de samba, o Beija-Flor. Comecei muito novo trabalhando com Joãosinho Trinta, com outros grandes profissionais. Mas fiquei com saudade de São Paulo, sabe? Parece que eu tinha deixado alguma coisa que precisava, um ciclo que precisava ser fechado em São Paulo. E Graças a Deus estou aqui de novo fazendo parte desse cenário de São Paulo, desse tipo de carnaval de São Paulo e do Águia de Ouro”.

Enredo e as temáticas escolhidas

A história do rádio no Brasil é muito ampla, muita gente iniciou no meio de comunicação e hoje está em outro veículos, seja televisão, internet, humor, e tantos outros meios… Outros seguem em jornada dupla. Pois o enredo surgiu através do presidente da Águia de Ouro, Sidnei Carriuolo, como contou o carnavalesco Victor Santos.

“A proposta veio do presidente Sidnei, né? Ele disse que queria fazer uma homenagem ao rádio pelo centenário do rádio. Ele está fazendo o centenário no Brasil e ele queria desenvolver, achei a ideia maravilhosa. Ele disse que merecia uma homenagem, então o enredo é uma celebração a esse aniversário da rádio dentro da celebração do carnaval é um abrir de cortina. É um show que vai começar, não tem muito mistério esse enredo. Nós vamos mostrar a importância do rádio no Brasil, tantas pessoas maravilhosas que o rádio apresentou. Claro que nós não vamos conseguir fechar tudo isso porque é muita coisa, mas nós vamos fazer um espetáculo, onde nós vamos dar pinceladas dos momentos do rádio”.

Com um enredo cheio de histórias para contar, afinal a história da rádio no Brasil completou cem anos, foi preciso fazer uma seleção do que abordar dentro do enredo: “Olha, nós nos reunimos, eu, o presidente, mais a diretoria da escola, algumas pessoas. Nos reunimos e conversamos, fomos fazendo uma separação do que não poderia faltar e o que tinha que ter. E na minha cabeça o que acontece mais, eu tô o tempo todo visualizando o desfile e vendo esses momentos. Poxa, eu acho que isso aí agora, esse elemento nesse momento do desfile. Vai ser importante porque a gente saiu de um momento de repente vamos dizer assim, mais tranquilo, você saiu da Fé, aí agora a gente tem que ter uma levantada, né? Então eu penso muito nessas nuances que o enredo que o desfile vai ter através no decorrer do tempo até o final, né? Então eu penso nessa coisa nessa nuance da mudança de cores, dos momentos do samba. Vamos destacando o que não pode faltar, o jornalismo, a coisa do analfabetismo também, importantíssimo. Vamos fazendo assim devagarzinho de depois do samba incluímos algumas coisas também”.

É hora de sintonizar: a presença do rádio atualmente

Muito se falou sobre o fim do rádio com televisão, computador e por último a internet, mas não, o rádio sobreviveu e segue tendo grande audiência. Mas claro, com o tempo adaptou e vai ser abordado sobre o futuro: “Até hoje, e para o futuro, quando fala ‘o futuro assim será’ no samba, porque depois da descoberta dessas ondas começou essa avalanche de aparecimento de pessoas de momentos. A vida das pessoas começou a mudar. E essa descoberta dessas ondas invisíveis é que proporcionou o que nós estamos vivendo hoje e um futuro que nós não sabemos o que esperar. Hoje em dia nós falamos de Inteligência Artificial, tá todo mundo com medo, Inteligência Artificial do poder que ela tem. É esse futuro que a gente não sabe o que nos aguarda. Não vamos ficar só olhando para o passado do rádio, vamos falar do passado do que ela aconteceu no passado, da atualidade, passamos pelos DJs. E o futuro com as ondas novas ondas, novas frequências”.

Grande descoberta: Um padre visionário

Em toda grande pesquisa de enredo tem grandes descobertas que aparecem, no caso do Victor, foi um padre que iniciou tudo lá atrás: “Foi o Padre que temos nesse visual aí do rádio, do espetáculo, que o samba fala ‘é hora de sincronizar, o show vai começar’. Realmente o samba mostra o que a gente quer apresentar. Isso é importantíssimo, para que a pessoa que está assistindo possa entender bem participar daquilo. Além desse espetáculo todo de Carmem Miranda, de rainhas, humoristas, o padre ele sai um pouco dessa coisa. Ele é uma história dentro da história. Só o padre já daria um enredo e realmente eu nunca tinha ouvido falar desse padre. O nosso presidente Sidnei que é o maior pesquisador que tem aqui, tem me ajudado muito no desenvolvimento do enredo e falou dessa figura. Na época eu estava pesquisando, já tinha chegado até esse personagem, mas não tinha conhecido muito a respeito da vida dele. E fiquei completamente apaixonado, completamente apaixonado quero conhecer mais, quero visitar o grupo que tem, parece que é em Porto Alegre que tem uma uma associação que cuida da memória dele e eu fiquei fascinado pelo fato de ser uma pessoa sonhadora, uma pessoa que olhava para o céu e questionava o universo. Por isso, por que que a gente tá aqui nesse planeta? Por que existem tantos planetas galáxias? O que é Deus, né? Tanto que depois disso ele se tornou Padre, por causa da busca do Divino, do desconhecido, do sobrenatural e que o cara foi perseguido pela igreja e foi boicotado, ele era transferido da paróquia para não poder dar seguimento às pesquisas dele, e conseguiu fazer né? Conseguiu fazer a transmissão, então posso te dizer dentro desse cenário maravilhoso de pessoas fantásticas. O padre é assim a cereja do bolo”.

Outros homenageados da rádio brasileira

Com ar de surpresa, o carnavalesco da Águia de Ouro falou sobre outros homenageados: “Vai ter algumas pessoas importantes, bacanas, né e vão trazer muita emoção para gente na avenida, sabe gente que começou no rádio. Vivas, e também homenagem que tá no outro plano espiritual. Mas assim o homenageado é personificado ali, como se ele tivesse personificando o enredo, porque foi 50 anos da vida dele. É o Eli Corrêa”.

Estrutura e as cores

As cores azul e branco da Águia de Ouro vão aparecer no desfile? A expectativa foi gerada por Victor Santos que relatou: “Gosto de trabalhar as cores de forma que elas possam te conduzir. Porque dependendo da cor que você vê na Avenida, você é conduzida a uma determinada emoção. Sabemos que as cores elas têm essa influência. Então você vai ter uma escola muito colorida, mas em determinados momentos. Por exemplo, no momento da Fé, nós vamos trabalhar com cores que possam remeter aquele sentimento de paz, de tranquilidade e encher os olhos, é um colorido bem inteligentemente trabalhado. Porque se a cor não for harmonizada, ela pode causar um borrão. Então nós estamos com uma escola colorida. Não posso te dizer exatamente como isso vai se dar. Mas nós temos nuances de cores que vão apresentar uma variedade, de uma paleta cromática”.

Em relação a estrutura de alegorias e o desenho que a escola vem para o carnaval de 2024 nos contou: “Tem pessoas, têm carnavalescos, artistas não ligam para a questão do gigantismo, né? Eu gosto de gigantismo, sabe? Gosto de alegoria grande. Claro que vai ter é vai ter que momentos que não vão ser alegorias assim tão grandes, para ter aquela nuance né… Que você tem um carro maior, um carro não tão grande, um outro maior, mas gosto de estrutura grande, até porque a passarela aqui de São Paulo, ela é maior, mais ampla, então se você não fizer um carro muito grande, no tamanho bacana, as pessoas que estão muito afastadas, elas veem muito pouco. Então gosto de fazer o máximo que eu puder fazer grande, eu faço. E vou balanceando isso com estruturas menores também para não ficar aquela coisa também só aquele formato. Ter uma dança aí da emoção, do tamanho, isso também é trabalhado nas cores também, momentos mais coloridos. Nós vamos ter momentos preto e branco porque quando você lembra do rádio lá no início você vê imagens preto e branca. Então você vai ter também momentos preto e branco. Então vai ser assim, um desfile muito rico, isso é maravilhoso, porque às vezes não escolhemos determinado tema, pois o tema não oferece elementos para você fazer um desfile rico. Onde você vê uma coisa, daqui a pouco você vê outra coisa aqui que não tem nada a ver com aquilo que você já viu aí vem outra coisa, sabe a surpresa para não ficar uma coisa cansativa. Ou seja, esse desfile, esse enredo, ele proporciona isso, essa possibilidade”.

Aposta principal é no momento de fé

Sobre o grande trunfo do desfile, momento que vai emocionar o povo, tem uma opinião de quem desenvolveu todo o projeto na agremiação da Pompeia: “Tem um momento que vai ser emocionante, realmente vai trazer essa emoção que é esse momento da Hora do Angelus, da Ave Maria, que não vou falar o que que é porque realmente assim, mas meu pensamento é a escola inteira ser esse momento, sabe? O Águia tá muito feliz, o Águia tá cantando que é uma maravilha, tá curtindo que é uma benção. Nós tivemos nosso primeiro ensaio de rua (dezembro de 2023). Foi uma maravilha uma delícia, sabe por quê? Porque o samba é fácil, isso é importante a pessoa não precisar embolar a língua para poder cantar. Então samba é fácil, conduz bem a emoção, então a minha expectativa é a escola inteira sendo um momento assim num momento grande que vai ter aquela nuance que eu te falei, mas o tempo todo a energia vai ser mantida até o final”.

Conheça o desfile

O carnavalesco do Águia de Ouro, Victor Santos revelou que trocaram o nome de ‘setor’ para ‘sintonia’ em homenagem ao rádio, e assim vem:

Sintonia 1: “A começar pelo é 7 de Setembro de 1922, quando houve a primeira transmissão radiofônica no país, que foi no teatro municipal do Rio de Janeiro com a fala do presidente Epitácio Pessoa. Mas antes disso também um padre Landell de Moura que a gente pesquisando, eu tive a felicidade de encontrar esse padre né? O presidente também falou pra mim a respeito da figura desse Padre. Fiquei encantado com esse padre. Um brasileiro que é voltado para a ciência que dizia que tinha percepções de ondas que saíam do ser humano e que também percorriam o espaço. E aí ele teve oportunidade de muito antes dessa transmissão do sete de setembro de 1922 no teatro municipal, ele teve a oportunidade de fazer uma transmissão aqui em São Paulo no pátio do colégio para Avenida Paulista e foi acusado de bruxaria, foi demonizado, foi completamente relegada ao esquecimento. Ele foi acusado porque diziam que ele tinha uma caixa mágica que falava e os cientistas da época diziam que era impossível transmitir a voz humana sem fio, né? Ele foi esquecido, então a Águia de Ouro está fazendo isso, que é o papel da escola de samba também, trazer esses personagens esquecidos, negligenciados pelo país, um inventor brasileiro. Estamos muito felizes de trazer a figura do padre Landell que veio antes dessa transmissão oficial”.

Sintonia 2: “E aí depois dessa transmissão oficial, começamos com essa ciência que é essa busca da invenção, da percepção, da existência de ondas desconhecidas. E aí depois vamos ver a primeira transmissão radiofônica. E aí começa a mudança da sociedade brasileira com a chegada da rádio. Primeiro depois do abre-alas, nós temos uma ala que trata do analfabetismo que é uma ala que fala da inclusão social dessas pessoas que não tinham direito à informação. Que era um número muito grande na época do país era mais de 70%, mais 80% da população era analfabeta então quem tinha acesso à informação era só aqueles que podiam fazer o uso da imprensa escrita, né aí agora não. Porque quando o Roquette-Pinto pegou todo aquele material do Teatro Municipal que participou daquela transmissão quando Epitácio Pessoa criou a Rádio Nacional, aí nós tivemos um país mudou. Esses excluídos começaram a ser incluídos na sociedade através do acesso à comunicação. E aí começa, a nossa vida começa a ter uma trilha sonora, começa a vir a era de ouro dos grandes cantores. Nós temos também o humor fazendo parte, depois disso o rádio começa a fazer parte da vida, do cotidiano das pessoas. A pessoa, a dona de casa, acorda e liga o rádio. As pessoas afastadas nas áreas rurais começam a fazer o uso do rádio de pilha. Você leva para onde você quiser, a informação. Às vezes não temos noção de como isso foi importante, como isso mudou o país, quantas pessoas maravilhosas, se a gente for ver todos os grandes comunicadores e os grandes artistas que nós temos começaram no rádio”.

Sintonia 3: “Depois disso nós temos um momento que vamos destacar, que é o momento em que o Brasil todo se unia em torno do rádio. Além das rádios de novelas, que veio também lá na Rádio Nacional, nós temos um momento da hora do Angelus que era às 6 horas da tarde, quando todo mundo se reunia para fazer a prece da Ave Maria. Quando você tava, ouvia o ‘Ave Maria’, fez 6 horas, tá tocando Ave Maria no rádio. Então esse é um momento que nós destacamos como um momento de fé, um momento importante, um momento que vai trazer também uma surpresa que o elemento surpresa é muito importante na Avenida”.

Sintonia 4: “Então nós vamos trazer um elemento surpresa nesse momento. Depois nós fazemos uma homenagem a um radialista, até então nós falamos das pessoas homenageamos pessoas, mas não temos aí no desfile, nenhuma pessoa que realmente tenha vivido isso e o Eli Corrêa, se o rádio tem 100 anos no Brasil, ele tem 50 anos de rádio. Então ele vem abrilhantar o nosso desfile com ‘Oi gente’ dele, com a energia dele no último carro, onde nós fazemos homenagem a ele e também destacamos a Sociedade Clube da Amizade, é um trabalho dele, um trabalho social, filantrópico, que é um trabalho que o rádio também presta até hoje. Um trabalho de cartas de amor, de encontrar pessoas desaparecidas, trazer mensagens e também aquela coisa toda, dedique uma canção a uma pessoa amada. Quer dizer quando a nossa vida realmente passa a ter um fundo musical e a gente encerra com esse carro que homenageia o Eli Corrêa e também ele trata já, de comunicações mais avançadas. Por exemplo, telescópio, quando essas ondas quando nós temos antenas poderosas que captam ondas do universo e lançam também ondas do universo, descobrindo novas galáxias, e oportunidades que a gente não pode nem mensurar até onde nós vamos chegar. Isso tudo se a gente vive hoje na internet, vive hoje essa onda toda futurista que a gente tá vivendo, dessas possibilidades todas. Tudo nós devemos a aquele início, lá no padre, nas suas pesquisas, descobrindo essas ondas, esse início dessas ondas. A ousadia que ele teve que descobrir de todos os outros inventores também, de descobrir essas ondas invisíveis, né que nós também estamos mergulhadas”.

Ficha técnica
4 alegorias
3000 componentes
20 alas

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