O site CARNAVALESCO visitou o barracão da Tom Maior e conheceu de perto o projeto da escola que busca seu título inédito no carnaval de São Paulo com uma temática forte na literatura mundial: “O Pequeno Príncipe”. A ideia de fazer o enredo na Tom surgiu do diretor de carnaval, Judson Sales. O carnavalesco Flávio Campello revelou que também tinha o sonho antigo e tentou fazer no carnaval da X-9 em 2013.

Apesar de inicialmente ser um enredo da literatura francesa, mas lida pelo mundo inteiro, o carnavalesco adaptou para o Brasil: “Queria transformar a história em algo mais regional, ufanista, e quando peguei esse livro em cordel, do Josué Limeira e Vladimir Barros, que me encantou. Pela linguagem, ilustrações, até o que me inspirou na verdade para conceder toda parte plástica e virtual, foram as ilustrações Wladimir Barros. Até porque a história do José Limeira é a mesma do Saint-Exupéry só que uma linguagem cordelista, ele não mudou nada na história. As ilustrações que nos remetiam ao imaginário mais nordestino”.

Com essa transformação, o enredo da Tom Maior vem com a temática ligada ao cordel, e a força do Nordeste junto com a importância da história do livro: ‘O Pequeno Príncipe’. E essa junção será interessante: “Na logo utilizamos O Pequeno Príncipe como Vladimir Barros idealizou, com chapeuzinho nordestino, com traje totalmente adaptado ao nordeste, uma casaquinha diferenciada. Utilizamos essa essência que o Vladimir produziu na figura do Pequeno Príncipe em todo viés do nosso carnaval”.

Vantagem no projeto desde 2020

Enredo definido em 2020 e trabalhado desde então, entre dúvidas do carnaval em 2021 de acontecer ou não, Campello vê vantagem: “O lado positivo que é o lado onde você começa a incrementar coisas, tem tempo para isso, até conceder coisas diferenciadas que dois anos atrás não faria. E ao mesmo tempo essa angustia que nós que trabalhamos carnaval, não vemos a hora de ver algo novo”.

Escola pronta e pequenos ajustes devido adiamento

Sem mexer nas raízes do projeto, o carnavalesco revelou: “Estamos 100% (pronto). Podemos levar a Tom Maior hoje, se quiser desfilar aqui na Fábrica, podemos. Só estamos fazendo algumas alterações no carro da comissão de frente. Que apesar de já estar decorado, pronto, é uma alegoria que a gente está usando sempre para ensaiar com comissão. Ajustes esses que possivelmente que se tivéssemos em um cronograma comum, não seriam possíveis de fazer, e a gente tem tempo para executar isso. Então hoje temos o tempo todo dedicado aos ajustes, ou a incrementar ao projeto”.

Estreia e busca pelo título

Com dois anos de espera, Campello finalmente vai estrear na Tom Maior que bateu na trave em 2018: “Não tem algo melhor para um carnavalesco de poder proporcionar uma comunidade que nunca teve de ter um título inédito. Tatuapé foi assim em 2017, levar aquela taça de escola campeã para dentro da quadra, você vê as pessoas chorando, sem palavras para demonstrar a gratidão dela por aquilo ali. É algo fantástico, não tem preço, talvez seja a maior experiência em vida para qualquer profissional do carnaval, essa questão do primeiro título”.

Fantasias feitas quase totalmente no barracão

Produção em casa, toda feita pela Tom Maior na Fábrica do Samba, algo não tão comum, mas que é uma das causas da pandemia nas escolas de samba… Falta de materiais nas lojas, obrigou solução: “Praticamente 100% da escola está com tecidos estampados por nós. Não chegamos na loja e pegamos rolo de tecido pronto e colocou na fantasia, pois não tínhamos. Você consegue comprar hoje em uma loja, 10 metros, 15 metros de tecido. Mas não 150, 300 metros que a gente está acostumado”.

Com aposta colorida na fantasias, e como disse Campello: “as fantasias, todas estão associadas a um personagem, seja ele vivo, ou da natureza”. Ele contou sobre três fantasias em específico: “A gente tem por exemplo, a ala que representa o baobá, é a maior preocupação do pequeno príncipe, se um dia nascesse baobá dentro do planeta dele, que não deixaria a rosa sobreviver. Colocamos dentro do desfile monstruosos baobás, que foram inspirados em um baobá do Rio Grande do Norte que também inspirou o próprio escritor francês. Em um período da segunda guerra mundial, ele (escritor francês) esteve na base americana aqui no Rio Grande do Norte, Natal, Paramirim. Ele se deparou com esse baobá, então o baobá que ele colocou na história, não é o africano, foi um baobá que ele viu aqui no Brasil. Tenho a fantasia que apresenta o aviador, a bateria, e vem com uma imensidão de cores, vamos formar um arco-íris na avenida com a bateria. Super difícil de fazer, pois temos o segmento do desfile que não tem intenção de participar do desfile, diretamente falando no sentido visual, apenas na constância de ritmo. Conseguimos inserir na bateria, que é o coração da nossa escola, com uma homenagem ao escritor do livro”.

“A baiana que é uma ala emblemática de todas as escolas, ela representa toda essa questão do feminismo, o acalento. Que a gente fez, pegou grande amor do pequeno príncipe, e a baiana vem representando as rosas, a gente conseguiu transformar no nosso desenvolvimento, esses elementos que tem simbologia forte, marcante, tanto para a história, nos unimos com a simbologia marcante, importante, com a escola de samba”.

Conheça o desfile:

Mas com alegorias prontas, todas estão totalmente encapadas… Mistério que só na avenida descobriremos! Apostando em movimento nos carros, o carnavalesco diz que a presença do Pequeno Príncipe em todas alegorias foi sua opção. “Nós estávamos falando de uma história onde o protagonista é o pequeno príncipe e o aviador, eu quis manter viva a essência do Pequeno Príncipe em todas alegorias”.

Setor 1
Com um abre alas gigantesco, como gosta o carnavalesco Flavio Campello, e que pretende entrar para a história, vira como: “O Pequeno Príncipe com a famosa Espadinha dele”.

Setor 2
Com pássaros nos lados da alegoria e sempre com grandeza. “É o carro da viagem do pequeno príncipe, uma revoada de asas brancas, ele está pilotando uma nave”.

Setor 3
“A gente tem no carro 3, ele no Nordeste, então ele está apontando para o céu mostrando para a raposa que também está olhando para o céu. Onde era o planeta dele, que a raposa nossa sofreu uma adaptação, que colocamos a raposa como lobo guará que é um animal totalmente brasileiro. Fomos pegando personagens da história e transformando dentro da nossa realidade”, diz o carnavalesco.

Setor 4
“No último carro, ele está em uma forma diferenciada desses três. Porque como eu falei, é o livro do reencontro, é o carro do reencontro do pequeno príncipe com o aviador. No último carro tem o pequeno príncipe abraçado com o aviador. Ele estará presente em todos os momentos de nosso desfile”.

Ficha técnica
Alegorias: 4
Componentes: 1.700
Alas: 16
Diretor de barracão: Carlos Alves
Supervisão de fantasias: Equipe Ulisses Bara
Ateliê: Equipe Ulisses Bara

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