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Série ‘Barracões’: A história de Esperança Garcia será reverenciada pela Em Cima da Hora

Diretamente do bairro de Cavalcanti, a Em Cima da Hora vai levar para a Avenida a história e representatividade de Esperança Garcia, considerada a primeira advogada mulher do Brasil. Negra e escravizada, ela foi a responsável por redigir uma carta com embasamento jurídico ao governo do Piauí, em 1770, denunciando os maus tratos ocorridos na fazenda em que era forçada a trabalhar. Com o enredo “Esperança, Presente!”, do carnavalesco Marco Antônio Falleiros, a agremiação pretende honrar a história dela e inspirar outras mulheres negras.

“Eu tinha esse enredo guardado. Quando eu fiz a Luiza Mahin [Alegria da Zona Sul, 2018], eu passei por Esperança Garcia e guardei essa ideia. Eu tinha uma proposta de fazer um enredo sobre mulher negra e sobre empoderamento feminino, aí ressurgiu a Esperança Garcia. Eu apresentei à escola e foi aceita”, revelou o artista.

Acredita-se que a advogada aprendeu a escrever com os padres jesuítas que tomavam conta da Fazenda de Algodões na capitania do Piauí. A partir do momento que os religiosos foram expulsos do Brasil, a fazenda passou para as mãos de senhores de engenho que separaram Esperança de sua família. A homenageada da escola de Cavalcanti compilou todo sofrimento da escravidão em uma carta, hoje em dia, lida como uma petição pedindo o fim da violência. Essa carta só foi encontrada em 1979, dois séculos depois de escrita, pelo historiador Luiz Mott. Em 2017, Esperança Garcia foi reconhecida como primeira advogada do Piauí. Já em novembro de 2022, ela recebe o título de primeira advogada mulher do país.

“O que eu acho mais interessante na Esperança é a luta dela. Ela foi uma mulher que lutou para mostrar os maus tratos que ela sofria e a partir disso ela virou a primeira advogada negra do país”, contou o carnavalesco.

Ao passar pela ancestralidade, a vida cruel na fazenda e a inspiração para diversas mulheres, Falleiros propôs construir um desfile iluminado e colorido em prol da didática. O carnavalesco confirmará sua assinatura estética no Sambódromo.

“O grande trunfo da Em Cima da Hora será o conjunto. Ela está com um conjunto alegórico muito bom, as fantasias estão didáticas e com um colorido bem legal. E eu sempre destaco nos meus trabalhos a iluminação. Vai ser uma iluminação bem diferenciada, em que vamos conseguir fazer um efeito de iluminação bem legal”, anunciou Marco.

As cores ajudarão a contar a história da personagem reverenciada. O desfile vai do vermelho ao azul e dourado, passando pelos tons terrosos e ocre.

“Eu começo com o vermelho de Xangô, como ela a primeira advogada eu a coloco com o este orixá. Depois eu conto a vida dela na Fazenda Algodões, onde ela trabalhava, então eu passo mais pelos tons de ocre e de marrom da terra batida do Piauí. Finalizo com o ouro e azul, as cores da escola, em que eu entro com o grito de liberdade. A Esperança Garcia vem no alto do último carro em uma escultura dela que vai subir a 8 metros de altura”, afirmou o Falleiros.

Marco Antônio está no seu nono Carnaval pela Em Cima da Hora. Começou em 2010 na agremiação e contribuiu para a que ela saísse da quinta divisão do Carnaval carioca e chegasse ao Grupo de Acesso A (atualmente a Série Ouro), em que reeditou o clássico “Os sertões”, em 2014. Entre 2016 e 2019, o carnavalesco passou por outras escolas e, em 2020, ele voltou para Cavalcanti.

Conheça o desfile da Em Cima da Hora:

A azul-pavão e branco de Cavalcanti chegará para contar a trajetória de Esperança Garcia na Sapucaí com 1800 componentes em 16 alas, três alegorias e um tripé. O carnavalesco Marco Antônio Falleiros explicou a divisão setor-a-setor do desfile:

Setor 1: “Nasce a Esperança Garcia, filha de Xangô. Eu faço uma analogia entre o orixá e Esperança mostrando toda a africanidade dela.”

Setor 2: “É a vida dela na fazenda. O trabalho dela, o chão batido, a terra e a fazenda onde ela trabalhava. Tem um carro que relata isso todo em forma de barro com um grupo teatralizado, onde as pessoas vão se misturar com o barro, com a alegoria. Uma forma diferente de mostrar a escravatura e a fazenda.”

Setor 3: “É o grito de liberdade, onde eu faço uma homenagem a todas as mulheres negras que lutaram para ter direito a ter uma formatura e um estudo na vida.”

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