O Império Serrano está de volta ao Grupo Especial e levará para a avenida a vida e obra de um dos seus maiores baluartes, Arlindo Cruz, ele, que já compôs diversos sambas para o reizinho de Madureira, agora tem um samba em sua homenagem. O enredo “Lugares de Arlindo” será desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, em sua estreia na escola. A ideia é passear na carreira, além de mergulhar na ancestralidade e lugares por onde Arlindo passou.
O samba que contará essa história é de autoria de Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrosio Aurélio. O Império fará a abertura do primeiro dia de desfiles do Grupo Especial.
O site CARNAVALESCO dando início à série de reportagens “Samba Didático”, entrevistou o compositor Sombrinha para saber sobre os significados e as representações por trás dos versos e expressões presentes no samba do Império Serrano para o carnaval de 2023. Sombrinha conta como foi fazer um samba em homenagem a Arlindo Cruz, seu maior parceiro na música e como surgiu a ideia do samba com acróstico.
“Pra mim foi maravilhoso. Eu na primeira vez eu declinei, eu não queria fazer samba enredo. O último que eu fiz foi pra Mangueira, minha escola. E não estava afim de mexer com samba-enredo, estou trabalhando bastante. Mas, depois eu refleti bastante, muita gente, poxa você é o maior parceiro do Arlindo de todos os tempos e tal, a grande parceria, o grande dueto genial. Você tem que fazer o samba. Bom, eu concordei, vim e conversei com o Carniceiro que havia me convidado. Falei, olha, eu vou fazer o samba e já me veio uma ideia aqui do acróstico. Foi a primeira coisa que me veio na cabeça foi o acróstico. Porque eu vi que o Arlindo tem um nome muito grande. Quer dizer eu não tinha ainda e pensado sobre esse assunto, o nome dele era tão grande. Arlindo Domingos da Cruz Filho, me veio isso na cabeça. Falei, poxa, eu acho que tem 26 letras, para um samba-enredo tá maravilhoso, é o que basta. Levei essa ideia pra rapaziada e virou consenso”, conta o compositor.
Acorde partideiro sem igual
Nascia então, um samba do seu jeito
Reluz feito Candeia, imortal
O compositor, sambista perfeito
Levada de tantam, banjo e repique
“Um samba que Arlindo herdou de Candeia, nós fazíamos partido alto naquela época e Candeia foi uma grande inspiração”.
Poesia de um Cacique, malandragem deu lição
Inspiração de ventre ancestral
“Malandragem deu lição foi a música Lição de Malandragem que ele compôs primeiro e o Davi Correia gravou”.
O dueto, a patente vêm do fundo do quintal
Na boêmia, no subúrbio, na viela
O seu nome é favela
Madureira
“Aqui seria Arlindo Cruz e Sombrinha, o dueto genial. Faz referência também a Madureira e música famosa dele, ele já cantou muito sobre isso”.
Deixa, o fim da tristeza ainda há de chegar
O show do artista vai continuar
Morando nos sambas que você fez pra mim
Imperiano sim!
“Essa parte faz referência a um samba meu, dele e do Luiz Carlos da Vila”.
No verso que aflora
Giram os sonhos da porta-bandeira
O amor de Orfeu, melodia namora
Serrinha é teu canto pra vida inteira
“Aqui fazemos referência a Flora, filha dele e a Babi, esposa”.
Zambi da Coroa Imperial
Abiaxé, Arlindo CruzFirma na palma da mão, tem alujá e agogô
Império Serrano falange de Jorge no oxê de XangôLaroyê Epa Babá
Há de roncar meu tambor
O verso de Arlindo, poema infindo, morada do amor
“Tudo do Arlindo está nesse samba, a vida, a religiosidade, a música, o companheirismo, mas o que mais me chamou atenção foi o Abiaxé, porque quando a mãe dele foi fazer Santo, ela estava com o Arlindo na barriga, então temos um Abiaxé, ele até brincava sobre isso de que já havia um xangozinho na barriga da mãe dele, entramos com isso então que é o Arlindo ainda em formação, pra mim foi a maior sacada já que muita gente não sabe disso. É o que tem de mais forte no samba”.
Confira o glossário do samba:
Dagô: De licença, permita-me falar de …Reverência a todos os Orixás
Zambi: Deus Supremo, liderança das energias da Umbanda e nação de Angola
Abiaxé: É aquele que recebeu ainda na barriga da mãe os sacrifícios de uma iniciação ou obrigação no Candomblé
Laroyê, Epa Babá: Fazendo uma reverência a Exu e Oxalá