O Morro da Casa Verde foi a segunda escola a ensaiar no Sambódromo do Anhembi na noite de sábado. Com o enredo “Dynasteia. História, Poder e Nobreza”, a verde e rosa da Zona Norte de São Paulo tem pontos a destacar pela garra da comunidade, e vinha em boa evolução, mas precisa ajustar reta final do desfile. O desfile oficial será a quinta escola a desfilar no domingo, dia 19 de fevereiro, antes disso tem mais um ensaio técnico marcado, será no dia 2 de fevereiro.
Comissão de Frente
Representando os Guardiões da palavra Dinastia, a comissão de frente veio de preto em toda sua roupa, inclusive um gorro que só deixava os olhos à mostra. Somente o bastão era diferente na cor, branco. Foram 14 membros na comissão, em momentos largaram o bastão, centralizavam e gritavam com força. Nos primeiros setores, cantaram bem, interessante para a comissão de frente, ponto a destacar. A coreografia foi praticamente toda baseada no uso dos bastões, que eram em geral, maiores que os componentes. Por vezes marchavam como exército, aproveitando o barulho que ecoava no contato com o chão.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Leonardo Silva e Julia Mary fizeram uma apresentação com muita conexão e sorrisos no Setor B. Mesmo com momentos de vento batendo, o pavilhão seguiu intacto na dança. A dança fluiu bem, fizeram um ensaio bem seguro passando pelo setor B, sem ousar tanto, um desfile bem técnico. O destaque fica mesmo pelo entrosamento, encaixando os momentos com o pavilhão e ponto de contato das mãos. Vale destacar novamente, o sorriso que encanta no casal, em todo momento valorizam isso, e principalmente na cabine dos jurados.
Harmonia
Deu para sentir um Morro muito aguerrido. A verde e rosa em 2022 fez um desfile para permanecer no Grupo de Acesso I, e ficou. Para esse ano parece buscar um salto a mais, e conta com a comunidade para isso. Ala produto do Morro foi uma bem animada, cantando e interagindo bastante na sua passagem. Vimos também alas com bexigas verde e rosa. O primeiro setor veio forte, e bem na análise do canto, o segundo setor caiu um pouco no que vimos no primeiro. O trecho do samba ‘Gira baianas, brilha feito ouro’, e as baianas rodavam, inclusive todas vestidas de branco, foi um ponto alto. Passistas de verde e rosa, foram destaques pelo samba no pé, claramente com muita força da comunidade nesta ala. Importante a ala do Projeto Social, Roda Viva, que tem em outras escolas, esteve presente no Morro, a alegria dos componentes é contagiante.
Evolução
A escola vinha certa e evoluindo tranquilamente, portanto compacta. Mas perto do último setor, entre a ala das passistas e a bateria, gerando um pequeno espaço. Como dito, a escola vinha muito bem no quesito, mas acabou que o ritmo da escola acabou desandando com o que vinha a bateria. Bem verdade que logo foi corrigido pelos membros de harmonia, e fechando com a escola compacta. Mesmo assim, vale ficar de olho e corrigir no andamento da escola. Já era no fim da apresentação, tanto que a escola encerrou ainda com cerca de 52 minutos pela nossa cronometragem, sem precisar correr ou desespero.
Samba-Enredo
O samba do Morro de Casa Verde é fácil de pegar com a comunidade, torcida, e também no time de canto. Juninho Branco e sua ala musical tiveram um desempenho importante para ajudar a engajar a comunidade neste ponto. O refrão ‘Morro de orgulho, Morro de amor’, foi muito cantado pela comunidade. Pela primeira impressão na pista do Anhembi, deu para sentir que funcionou e tem potencial para melhorar mais ainda no próximo ensaio. Vale citar que o Juninho Branco gosta de estar bem perto da comunidade, as alas vão passando, e ele interagindo com as mesmas. Outro momento foi no antes do samba, seu discurso pré-ensaio foi bem forte.
Outros destaques
A bateria comandada por Mestre Marcel Bonfim chegou no recuo em cerca de 23 minutos de ensaio, e fizeram muitas bossas, uma levada que ajudou bastante o samba a ir além na sua apresentação. Foi um dos pontos a destacar no ensaio do Morro, afinal, souberem aproveitar trechos da explosão do samba, e trazer a comunidade para ressaltar isso na harmonia. Componentes do Chocalho vestiam um chapéu branco com o escrito em rosa: ‘Chocalho do Morro’.
Na frente da Bateria do Morro, estava a rainha Paula Santos, vestindo verde e dourado. Ela que é muito enérgica, interage e dança bastante, desperta sempre olhares. Como musa da ala musical, Karol Silva veio com um look no rosa, pedras e um pouquinho de ousadia na transparência. Mostrou muita empolgação junto com o time de canto.
O carnavalesco Danilo Dantas é sempre atuante na comunidade e acabou de ponta a ponta o ensaio da escola. Interagindo em certos pontos, seja com o canto, ou alguma observação aos diretores. O presidente Emerson também é bem atuante no ensaio, e busca ajudar na organização da diretoria, também no andamento da escola no centro dela, a frente da bateria.
Um fato curioso é que a escola tem muitas crianças espalhadas pela comunidade. Tem na ala de passistas, tem casal de jovens, tem gente na bateria, e até uma menina que acompanha a ala musical, ao lado dela. Ou seja, vai projetando o futuro.
Por fim temos que destacar Dona Guga, a primeira presidente mulher do Carnaval paulista, segue a todo vapor, sambando, à frente da bateria é alvo dos holofotes, e gosta deles. Vê uma câmera, interage, samba, faz sua graça e levanta o público. Reverenciada por todos do samba, viva Dona Guga.