A imensa maioria das pessoas que estava presente nos minidesfiles que marcam o lançamento do CD das agremiações filiadas à Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) têm uma escola de samba do coração. Isso, entretanto, nem sempre quer dizer que os torcedores escolhem a agremiação preferida como a melhor em uma apresentação. Foi o que aconteceu no evento em questão, realizado no último sábado, Dia Nacional do Samba, na Fábrica do Samba, Zona Oeste da capital paulista.
A maioria das pessoas ouvidas pela reportagem do CARNAVALESCO se declarou torcedora dos Gaviões da Fiel – por conta da ligação com a torcida organizada homônima do Corinthians, clube mais popular da cidade e do estado de São Paulo e segundo com mais apoiadores do Brasil, tal situação é natural. Quem agradou bastante, entretanto, foi a Império de Casa Verde.
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Ala musical com destaque
Nem mesmo o desfalque de Tinga, intérprete oficial do Tigre e ausente para cantar na Unidos de Vila Isabel no minidesfile carioca (que desfilou na mesma noite), fez com que a Império de Casa Verde fosse menos apupada. O samba que canta o enredo “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, interpretado por Tiago Nascimento, teve grande sustentação também da Barcelona do Samba, bateria comandada por mestre Zoinho.
Sergio dos Santos, 22 anos, músico e torcedor do Vai-Vai é um dos que se encantou pelo que ouviu. “Para a gente, que vive da música, a batucada é algo que chama muito a atenção. E a Barcelona do Samba eu achei demais hoje. E eles tem um samba chiclete, muito fácil de decorar… acho que a galera vai vir junto no dia do desfile”, suspirou. Lucas Martins, também de 22 anos, químico e torcedor dos Gaviões, concordou. “A Império de Casa Verde foi braba! Gostei muito da bateria deles. Eu tenho um amigo que toca lá e eu foquei neles, não me decepcionei. Além da Barcelona do Samba, também gostei do samba-enredo deles”, afirmou.
Tabata Tamara, de 36 anos, auxiliar de classe e torcedora da Unidos do Peruche (escola da qual surgiu o Império, por sinal), foi mais uma pessoa que se encantou pela obra – mas não só por isso. “Império de Casa Verde eu também gostei. Dei um show! O samba foi bacana demais, também gostei muito de ver a porta-bandeira, a Jéssica Gioz, que é maravilhosa, o canto dos componentes… o conjunto completo foi um show”, arrematou.
Citando outra escola, Gleice Simões, de 39 anos, auxiliar de professora e torcedora do Vai-Vai, endossou o coro da amiga – que faltou no parágrafo acima. “Também gostei muito da Tom Maior e da Império de Casa Verde. Ao meu ver, a Tom Maior tem o melhor samba do Grupo Especial”, afirmou.
Nem só de Tigre se vive
Outros torcedores se encantaram por agremiações do Grupo Especial diferentes. Foi o caso de Cacau Morena, de 40 anos, cabeleireira e torcedora da Mocidade Alegre. “Gostei muito da Acadêmicos do Tatuapé, veio surpreendendo, maravilhosa. Acho que é uma forte candidata, foi maravilhosa. Sem comentários. Eu gostei, primeiro, do samba, que deu uma contagiada. O conjunto todo foi de uma apresentação muito linda, mas o samba deu uma emoção maior”, destacou.
Já Carla Calixto, de 40 anos, professora e torcedora dos Gaviões da Fiel e da Mocidade Unida da Mooca, que estava acompanhada do também professor e também torcedor dos Gaviões Gleidson Leandro, de 34 anos, mostrou que futebol é uma coisa e a confraternização do samba é algo que está além de qualquer outro sentimento. “A gente não quer reconhecer, mas gostamos muito do samba da Mancha Verde. Nós gostamos muito de enredos de escolas que não tínhamos conhecimentos, é o caso da Mancha. Também gostei de Tom Maior e Vai-Vai, que me surpreendeu bastante”, afirmou.
E no visual?
Mesmo sendo difícil avaliar questões estéticas, alguns foliões arriscaram analisar a beleza do bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, dos figurinos e de alguns elementos alegóricos. “Visualmente falando, acho que Mocidade Alegre, Vai-Vai e Gaviões da Fiel vieram bem. Acho que esse desfile vai ser incrível, bem legal de se assistir”, pontuou Sergio. Felix Silva, de 33 anos, cuidador de idoso e torcedor dos Gaviões, elencou outra agremiação. “O Barroca feio forte na parte visual, gostei muito do que eles mostraram”, destacou.
No fim, fica o espírito de Gleidson. “Eu vim ver Mocidade Alegre, Rosas de Ouro, Tom Maior… isso porque foram as escolas que mais me chamaram atenção nesse ano. Eu sou Gaviões de coração, mas a apresentação, o enredo, o que eu vi no Sambódromo dessas escolas eu gostei de sentir, então voltei pra ver”, finalizou.