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Por dentro dos ritmos: saiba detalhes sobre a bateria da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2023

Confira como foi o primeiro ensaio técnico de rua e as expectativas da bateria Soberana para o próximo carnaval

Tocavam os primeiros acordes do cavaco, já com a bateria da Beija-Flor de Nilópolis, dos mestres Rodney e Plínio, devidamente posicionada dentro do primeiro recuo, quando desaba um dilúvio daqueles que contraditoriamente costumam elevar a temperatura da escola. O prenúncio de uma noite de samba genuinamente nilopolitana havia sido dado.

A bateria “Soberana”, diante de tanta chuva, só tinha duas opções: esmorecer ou se entregar musicalmente a situação, aumentando o clima de satisfação. Claramente, a escolha natural foi a segunda alternativa e os componentes da escola levaram em conta a alegria dos ritmistas, sendo impulsionados a realizar um ensaio produtivo e quente. A recém empossada rainha de bateria, Lorena Raíssa, foi devidamente batizada no tremendo aguaceiro que caía em Nilópolis, esbanjando simpatia e cativando o público por onde passava.

Mestre Plínio, a rainha Lorena e mestre Rodney no ensaio de rua da Beija-Flor

Ainda que em condições normais, o excesso de chuva derrube de forma mais rápida e mais intensa a afinação de surdos, o problema em questão não foi notado diante de um capricho e esmero muito específico envolvendo esse trabalho dentro da bateria da Beija-Flor. Essa, inclusive, é uma das peculiaridades que norteiam o ritmo soberano. Uma afinação de surdos sempre apurada, que auxilie na manutenção rítmica. Tudo isso ainda ganha um acrescento notável na sonoridade do swing propiciado pelo tom metálico das tradicionais frigideiras nilopolitanas que desfilam em meio ao ritmo, próximo aos repiques mor.

Outro detalhe que vale menção diz respeito às caixas de polegadas distintas intercaladas, uma tocando para fornecer base de sustentação e outra com toque tipo de partido alto, mescla que contribui no molho e na consistência da bateria. Manter o perfeito andamento com o mais ajustado equilíbrio sonoro é praticamente a espinha dorsal da bateria “Soberana”. O divisor de águas foi um trabalho de base dentro da própria comunidade, até firmar um projeto que segue colhendo frutos, além de resultados.

Dentro da bateria da Beija Flor de Nilópolis há um respeito fundamental a musicalidade da escola, no que tange a criação das convenções, todas sendo pautadas necessariamente pela essência da agremiação. Cabe ressaltar que a criação musical segue vinculada a necessidade de ter a lenda Neguinho da Beija Flor (que em 2023 fará dupla com a cantora Ludmilla) sempre à vontade para a melhor execução do samba. Traço de uma escola costumeiramente preocupada em ter um departamento musical que ao longo dos anos foi se notabilizando por uma estrutura que tem permitido um trabalho tanto sólido, quanto linear.

A criação musical, portanto, acaba se baseando em simplicidade conceitual, permitindo o perfeito acompanhamento do samba, além de sustentar o canto e a dança com bom gosto musical, algo intimamente vinculado a característica da escola. Para o Carnaval 2023, a bateria “Soberana” pretende levar oito arranjos musicais entre bossas e breques, com seis já sendo ensaiadas. Para um primeiro ensaio técnico de rua, o encaixe dos arranjos com o samba teve impacto surpreendente e até certo ponto bem orgânico.

Em bate papo após o ensaio com mestre Rodney, a avaliação sobre o treino foi bem positiva. Foi possível também conversar um pouco sobre o Carnaval 2022 (onde a bateria da Beija-Flor gabaritou com nota máxima o quesito, além de receber elogio de um julgador). Segundo Rodney, a constatação da qualidade musical em tom elogioso por parte do júri valeu tanto quanto uma premiação especializada, já que mostra um trabalho que evolui musicalmente para um caminho digno de ser enaltecido e apreciado.

Vale também o registro da felicidade tanto dos mestres Rodney e Plínio, como de diversos segmentos da escola, pela inauguração da sala de bateria Nelson Abraão David, além da homenagem ao saudoso Carlos Alberto Menezes. O popular Carlinhos agora dá nome a sala de oficina de percussão, onde ficam as peças que dedicou grande parte da vida fazendo manutenção. Todo o amor e doação de Carlinhos a bateria “Soberana”, portanto, ganha merecidamente um selo de eternidade e reconhecimento a tanta dedicação.

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