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É de arrepiar! Com grande público na Conde de Bonfim, Salgueiro dá show de canto em último ensaio

O Salgueiro fechou a temporada de ensaio para o Carnaval 2022 com o tradicional treino na Conde de Bonfim. A escola levou ótimo público para as ruas da Tijuca e promoveu grande espetáculo digno de emocionar qualquer um, salgueirense ou não. Com forte canto da comunidade e grande trabalho da bateria Furiosa, a agremiação se mostrou pronta para o desfile na próxima sexta-feira.

Com grito de campeão preso há 13 anos, a comunidade do Salgueiro colocou mais uma vez à prova a força do chão da comunidade. Empolgadas e vestidas com as roupas do ensaio técnico, todas as alas passaram cantando do início ao fim. A ala de passistas e Maculelê, do mestre Carlinhos do Salgueiro também deram show à parte. O refrão do samba foi gritado não só pelos componentes, mas também pelo público presente.

“Daqui a pouco chega o Natal, mas não chega o Carnaval. Agora são cinco dias, mas vão virar uma eternidade. A expectativa é muito grande para a gente executar o que temos treinado em mais de 780 dias. Só queremos desfilar. Marcamos mais uma vez a história da Tijuca com esse ensaio. Viemos consagrar esse conjunto de bairros aqui da Grande Tijuca que também faz parte da nossa comunidade e nos ajuda a crescer cada vez mais. Hoje o Salgueiro é reconhecido no mundo todo, temos gente de Portugal, Estados Unidos, que vem desfilar com a gente, que vira salgueirense. E isso é graças a essa comunidade, que leva a alegria para o povo do Carnaval. Eu comecei a trabalhar em barracão em 2011, e afirmo que esse é o maior Carnaval que eu já fiz na minha vida”, analisou o diretor de Carnaval, Alexandre Couto.

Com barracão grandioso, rico em detalhes e de acabamento impecável, o Salgueiro promete grande espetáculo na Sapucaí na próxima sexta-feira. Será o terceiro Carnaval do presidente André Vaz à frente da Academia do Samba. Desde 2010, a escola volta no desfile das campeãs, com três vice-campeonatos, mas para o mandatário, esse ano a expectativa é pelo lugar mais alto do pódio.

“Foi muito difícil o que todos nós passamos, mas com muita união e muito empenho, conseguimos estar prontos para o desfile em 2022. Nós vamos surpreender o público com um grande espetáculo, e que a gente possa conquistar esse campeonato tão sonhado pela escola. Nós chegamos muito fortes para essa briga pelo título. Temos um samba bom, que já tá na boca do povo. Fantasias maravilhosas, carros alegóricos imensos, tripés, além de todos os segmentos muito unidos. Fora a nossa comunidade, que dispensa comentários. Vamos para cima e ganhar esse campeonato”, projetou André Vaz.

andre vaz

Alguns membros importantes do Salgueiro já aproveitaram estes últimos dias para descansar e poupar energia para a apresentação no Sambódromo, como foram os casos de Marcella Alves, Sidiclei e Quinho. Sem perder pontos nos dois primeiros anos que comandaram a Furiosa, os irmãos Guilherme e Gustavo impulsionaram a escola e o público com bastante energia da bateria. A dupla falou sobre o longo trabalho até aqui e comentou a expectativa para sexta-feira.

“O início foi muito difícil por conta da pandemia, muitos ritmistas com medo, foi um ano bem atípico, no qual tivemos que entender a galera. Alguns perderam empregos, mudaram de horários, foi difícil para todos, temos que entender. Mas conforme o tempo passou as coisas se ajustaram e tudo correu bem até esse momento. Além da gente trabalhar no Salgueiro, somos salgueirenses, de berço, então a gente curte estar na nossa escola. Estamos sempre acompanhando tudo de perto, no barracão, em contato com Emerson e Quinho, Marcela e Sidiclei, tudo unido. Isso tudo é em prol do Salgueiro. O presidente deu todo suporte na dificuldade e hoje a gente chega no barracão e se emociona. Aqui tem uma energia e uma garra muito grande pra conseguir esse título”, vibrou Gustavo.

mestres salgueiro

“Sendo sincero, eu estou tranquilo, já estamos acostumados com os desfiles há muitos anos. Mas claro, cada ano é uma emoção diferente. Não quero pensar em nervosismo, fizemos um ensaio técnico muito bom, a bateria e a escola estão vibrando demais, e isso deixa a gente com ainda mais vontade. Quero curtir o Carnaval também, na quarta, na quinta. Amanhã a gente faz a entrega das fantasias com aquele último retoque na afinação dos instrumentos que vão para a Sapucaí. Vamos fazer as coisas com calma, são só cinco dias, mas dá para organizar tudo direitinho, temos que curtir o processo também. Hoje almoçamos com toda diretoria, então é um clima de família e união mesmo”, comentou Guilherme, que finalizou:

bateria salgueiro

“Essa semana nós fomos no ensaio da comissão de frente, do Patrick, já com os figurinos, com tripé funcionando, e foi um espetáculo. Eles começaram a ensaiar às 3h30 da manhã. Vimos a prova de roupa da Marcela e do Sidiclei. Participamos da reunião dos harmonias. Então essa parte de curtir o processo é muito bacana. Está todo mundo com vontade de ser campeão. Eu acho que vencer é parte do que a gente vai fazer lá no dia, são vários quesitos únicos, como Mestre-Sala e Porta-Bandeira é uma nota, bateria é outra. O mais importante é que está todo mundo muito feliz com o trabalho. No dia vai bater aquele nervosismo, é normal, mas nós sabemos o que temos que fazer. Vai dar tudo certo”, encerrou o mestre.

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Freddy Ferreira: Panorama das baterias da Série Ouro para o Carnaval 2022

A proposta do panorama pré desfile é informar o que se aguarda das baterias da Série Ouro no geral, além de pontuar o que se espera de uma a uma individualmente. Muitas das vezes, além da produção sonora, uma bateria busca passar algum aspecto cultural envolvido ao enredo da escola de forma musical, agregando inestimável valor ao ritmo. A intenção desse conteúdo, portanto, visa garantir ao leitor uma quantidade de informações mínimas, no intuito de guiar os sambistas e apreciadores de ritmo, proporcionando uma absorção musical mais fluída de cada bateria.

No dia do desfile oficial após a passagem de cada escola será publicado um texto, analisando a bateria pela pista e pontuando as passagens pelos módulos de julgadores. Numa análise que, além de exaltar fatores positivos e mencionar peculiaridades de cada ritmo, também fará ponderações de caráter técnico, levando em conta as apresentações das baterias para os jurados. No final de cada dia de desfile será gravado um vídeo contendo um apanhado geral sobre os ritmos, resumindo as passagens de cada bateria como quesito.

Em Cima da Hora

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Da bateria da Em Cima da Hora de Mestre Wando se espera uma sonoridade marcada por um timbre um pouco mais grave, com pulsação firme. Além de um acompanhamento de peças leves que complementem com qualidade o ritmo da Sintonia de Cavalcante, auxiliando nas bossas de modo eficaz. É aguardada uma bateria que mostre seu valor sonoro na tradicional Em Cima da Hora.

Cubango

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Na Acadêmicos do Cubango a expectativa é de um ritmo marcado pelo equilíbrio entre naipes, por parte da bateria Ritmo Folgado (RF) de Mestre Demétrius. Tudo isso acompanhado por paradinhas de alto grau de complexidade e bom gosto musical. Vale ouvir com carinho a execução em conjunto das bossas envolvendo os atabaques na bateria da Cubango.

Unidos da Ponte

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A Ritmo Meritiense da Unidos da Ponte, sob a batuta do estreante Mestre Branco Ribeiro, exibirá uma concepção musical ousada. Uma bateria da Ponte mais pesada, com afinação grave de surdos, mas com peças leves eficientes para preencher seu ritmo. Paradinhas que pretendem unir boa musicalidade e espontaneidade.

Porto da Pedra

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A Ritmo Feroz de Mestre Pablo mesclará boa sonoridade a bossas de grau de dificuldade elevado. A base musical das paradinhas envolverá ritmistas que tocam timbal, produzindo uma sonoridade peculiar, inclusive na largada da bateria subindo o samba da Unidos do Porto da Pedra.

União da Ilha

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A Baterilha dos Mestres Keko e Marcelo promete uma apresentação com destaque para a batida de caixas com sua acentuação rítmica tradicional e um acompanhamento acima da média das peças leves. Além das paradinhas com boa concepção musical e um elemento audiovisual com potencial de alto impacto.

Unidos de Bangu

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A bateria Caldeirão da Zona Oeste (CZO) de Mestre Léo Capoeira levará para a Avenida um amplo leque de paradinhas com grau de dificuldade extremo. Os destaques vão para as bossas do refrão do meio e para a complexa paradinha da segunda do samba, onde a bateria da Unidos de Bangu pretende fazer uma alusão rítmica à bateria da Mocidade.

Acadêmicos do Sossego

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A bateria Swing da Batalha de Mestre Laion aliará bom ritmo a uma desenvoltura acima da média. As paradinhas da bateria da Acadêmicos do Sossego unem produção de sonoridade com solidez a movimentos sincronizados, na tentativa de instigar o público a “cair dentro” do samba da escola.

Lins Imperial

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Na estreia de Mestre Átila, a expectativa é por uma bateria da Lins Imperial tentando cativar a plateia com sua musicalidade e espontaneidade. A paradinha iniciada no refrão principal terá acentuado nível de dificuldade, além de movimentos interativos pela pista. O destaque sonoro tem tudo para ser a bossa em que os ritmistas da Lins Imperial tocarão com as características da bateria da Mangueira, no enredo sobre Mussum.

Inocentes de Belford Roxo

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A estreia de Mestre Juninho na Cadência da Baixada tem a expectativa por uma bateria mais pesada. As bossas terão grau de dificuldade acima da média. No acompanhamento das peças leves, uma ala de tamborins com elevado número de ritmistas (por volta de 40) pretende complementar o ritmo e ajudar na equalização com a afinação mais grave da bateria da Inocentes.

Estácio de Sá

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A bateria Medalha de Ouro juntará sua musicalidade identitária a uma desenvoltura que pretende ter destaque. Uma bateria da Estácio de Sá dirigida por Mestre Chuvisco buscando unir boa musicalidade a uma passagem arrojada, na tentativa de levantar o público da Sapucaí, principalmente os rubro-negros.

Acadêmicos de Santa Cruz

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A bateria Tabajara da Zona Oeste de Mestre Riquinho planeja aliar bom ritmo à leveza de movimentos sincronizados. A cabeça do samba terá uma bossa de execução praticamente constante. Além de uma paradinha do refrão de baixo, que unirá ritmo a uma saudação ao público e julgadores.

Unidos de Padre Miguel

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A bateria Guerreiros de Mestre Dinho exibirá uma plataforma sonora mais grave aliada a um acompanhamento de peças leves buscando destaque. As paradinhas são de elevado grau de dificuldade. A bateria da Unidos de Padre Miguel contará com a utilização de atabaques, tentando preencher o ritmo com boa musicalidade.

Acadêmicos de Vigário Geral

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A Bateria Swing Puro de Mestre Luygui produzirá um ritmo pautado pela melodia, executando viradas na tentativa de impulsionar o samba, se aproveitando das nuances da obra. A paradinha de maior destaque engloba um solo de agogôs e atabaques no refrão principal, numa bossa que se estende em complexidade e musicalidade até parte da primeira.

Império da Tijuca

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A bateria Sinfonia Imperial regida por Mestre Jordan unirá seu tradicional ritmo com naipe de caixas de guerra e afinação de surdos característica a um bom acompanhamento de peças leves. A bossa iniciada na segunda passada do refrão principal é a de maior complexidade musical, com participação de surdos de terceira com duas macetas preenchendo a sonoridade.

Império Serrano

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A estreia de Mestre Vitinho, filho de Mestre Faísca, na bateria Sinfônica do Samba é cercada de expectativa. Uma bateria do Império Serrano disciplinada é aguardada. Assim como paradinhas de grau de dificuldade elevado e construção musical refinada. Destaque para a bossa onde os tradicionais agogôs da Serrinha tocarão em ritmo de Capoeira, em alusão ao enredo sobre o capoeirista Besouro Mangangá.

Considerações finais

As baterias da Série Ouro do Grupo de Acesso prometem apresentações de invariável qualidade. Além da concepção musical muito bem elaborada, é aguardado um desempenho acima da média das baterias envolvidas, no que tange a desenvoltura. A expectativa é por uma mescla entre boa sonoridade e espontaneidade. Garantindo assim, além da produção de bom ritmo, uma tentativa cada vez mais nítida de tratar seus desfiles como autênticos espetáculos. A busca será, portanto, por aliar musicalidade à apresentações que propiciem interação popular, transformando a passagem da bateria das agremiações numa parte primordial inserida no show de cada escola de samba.

Grupo de Avaliação e Série Bronze abrem o carnaval da Superliga na Intendente Magalhães

A Superliga Carnavalesca do Brasil prepara um grande show com suas escolas filiadas na Intendente Magalhães. Nesta semana, abrem as celebrações no bairro de Campinho as escolas do Grupo de Avaliação, quinta-feira, dia 21 de abril e a Série Bronze, na sexta-feira, 22 de abril. Os desfiles marcam a volta do carnaval após o período de pandemia.

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Foto: Divulgação

Com entrada franca, o público presente curtirá duas noites de grandes apresentações. No total, 33 escolas cruzarão a pista levando suas comunidades para o maior espetáculo da terra. Quem for assistir deverá apresentar o cartão de vacinação para acessar as arquibancadas populares.

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Foto: Gabriel Monteiro – Riotur

“Foram dois anos de incertezas, mas as escolas seguiram trabalhando, mesmo em home office. O retorno dos desfiles é aguardado por todos, as agremiações fizeram um lindo trabalho e vão ser coroados na avenida. Independente da disputa, todas já são vencedoras,” revelou o Presidente Clayton Ferreira.

No grupo de avaliação, 21 escolas lutarão por 8 vagas para o acesso à Série Bronze em 2023. Já no Bronze, 12 agremiações disputam por 6 vagas na Série Prata no próximo carnaval. Os desfiles da Série Prata acontecerão nos dias 29 e 30 de abril.

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Foto: Gabriel Monteiro – Riotur

Confira a ordem

GRUPO DE AVALIAÇÃO – 21 DE ABRIL – 20H

1º IMPÉRIO DE BRÁS DE PINA2º BANGAY3º COROA IMPERIAL4º ALEGRIA DO VILAR5º FLAMANGUAÇA6º MOCIDADE UNIDA DA CIDADE DE DEUS7º CAMISA 108º UNIDOS DA BARRA DA TIJUCA9º BALANÇO DO IRAJÁ10º UNIDOS DE COSMOS11º IMPÉRIO DA ZONA NORTE12º COROADO DE JACAREPAGUÁ13º CONCENTRA IMPERIAL14º UNIDOS DO CABRAL14º IMPÉRIO DE NOVA IGUAÇU16º TUBARÃO DE MESQUITA17º ACADÊMICOS DA PEDRA BRANCA18º COLIBRI19º GATO DE BONSUCESSO20º FLOR DO JARDIM PRIMAVERA21º UNIÃO RIO MINAS

SÉRIE BRONZE – 22 DE ABRIL – 20H

1º MOCIDADE UNIDA DO SANTA MARTA2º ACADÊMICOS DO JARDIM BANGU3º UNIÃO CRUZMALTINA4º IMPÉRIO DE PETRÓPOLIS5º ACADÊMICOS DO DENDÊ6º ACADÊMICOS DO PEIXE7º IMPÉRIO RICARDENSE8º VICENTE DE CARVALHO9º GUERREIROS TRICOLORES10º UNIDOS DE MANGUINHOS11º ACADÊMICOS DE JACAREPAGUÁ12º ARRASTÃO DE CASCADURA

CARNAVALESCO e Instituto do Samba preparam mais uma edição do prêmio ‘Estrela do Carnaval’ em São Paulo

O site CARNAVALESCO, em parceria com o Instituto do Samba, prepara mais uma edição do prêmio “Estrela do Carnaval” para os melhores do Carnaval de São Paulo. Dessa vez, iremos premiar também a campeã e vice do Acesso 1 de 2022. O resultado dos vencedores será divulgado na segunda-feira, dia 25 de abril, a festa de premiação será em maio.

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“É uma honra estar novamente com o site CARNAVALESCO no prêmio Estrela do Carnaval. Faremos uma grande festa de premiação para celebrar os melhores dos desfiles de 2022″, disse Rogério Portos, presidente do Instituto do Samba e do grupo Doentes da Sapucaí.

Confira todas categorias de 2022: Desfile do Ano do Grupo Especial, Bateria, Samba-Enredo, Comissão de Frente, Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Carnavalesco, Conjunto de Alegorias, Conjunto de Fantasias, Intérprete e Baianas.

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“A votação é feita de forma secreta. Participam os nossos jornalistas que trabalham no Anhembi. Sabemos da responsabilidade que temos de escolhermos os melhores em todas categorias. Mais uma vez, a parceria com o Instituto do Samba nos orgulha por serem sambistas e apaixonados por carnaval. Vamos fazer em maio uma grande festa”, disse Alberto João, editor responsável pelo site CARNAVALESCO.

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Série ‘Barracões’: O retorno da Imperatriz aos tempos de glória

Rendas, babados, pompons. O gresilense pode esperar um reencontro com a plástica que coroou a Imperatriz Leopoldinense na década de 90 em seu próximo carnaval. Com o enredo “Meninos, Eu Vivi… Onde Canta o Sabiá, Onde Cantam Dalva e Lamartine”, a escola retorna ao Grupo Especial após uma reedição campeã e imponente na Série Ouro, em 2020. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Rosa Magalhães, responsável por desenvolver o enredo e Bruno de Oliveira, seu assistente nesta jornada, revelam detalhes do que o público deve receber na avenida nas próximas semanas.

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De acordo com a carnavalesca, a ideia original do enredo partiu de Luiz Pacheco Drumond, ex-presidente da escola que faleceu em julho de 2020. “O Luizinho foi lá em casa, e me convidou para fazer a escola esse ano. Ele me disse que queria que o enredo fosse esse. Então, quem escolheu foi ele. ‘Tem que ser o Arlindo’, aí eu disse tudo bem. Na verdade, eles eram muito amigos e o Arlindo deu o primeiro título para a Imperatriz. E depois, saiu da escola, mas acabou voltando. O último carnaval do Arlindo ele fez aqui. E aí acabou morrendo no meio do ano. Era uma escola pequena, porém conhecida. De repente deu aquele salto”, conta Rosa.

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Bruno de Oliveira é assistente de Rosa Magalhães na Imperatriz

Todo o desenvolvimento da pesquisa ficou a cargo de Rosa Magalhães. Entretanto, Oliveira que é também carnavalesco da Caprichosos de Pilares, assumiu como o seu braço direito para auxiliar na execução das fantasias que a escola levará para a Marquês de Sapucaí. “A minha função começa a ser mais atuante quando se iniciam os protótipos das fantasias. Ela elabora os figurinos e eu começo a discutir com ela a questão de tirar do papel. Em termos de pesquisa eu fui atrás de imagens, coisas que eu sugeri para ela a fim de influenciar no desenvolvimento das fantasias. Tudo o que eu conhecia, carnavais e fantasias antigas do Arlindo eu passava para a Rosa. Eu sou um apaixonado pelo Arlindo”, revela.

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Oliveira teve uma passagem longe da escola a partir de 2017. Mas o seu retorno veio cercado de muita expectativa e boas surpresas, afinal, ao saber que dividiria os trabalhos com a professora, realizava também um sonho. O primeiro croqui de fantasia que ele teve contato foi elaborado por Rosa Magalhães, dessa forma, ela o inspirou a desenhar fantasias de carnaval. Para o desenvolvimento desse enredo, ele foi atrás dos materiais que Rodrigues costumava usar, bem como as texturas para chegar ao máximo possível da qualidade esperada.

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“Além de aprender a execução, como pessoa ela é muito tranquila, didática em suas explicações, desprovida de vaidades. Ela dá a possibilidade de voz para contribuição. Eu me senti um privilegiado. Eu me lembro quando fui à casa dela discutir os figurinos, algumas situações ela indicava, mas falou fique à vontade, então não tem coisa melhor de ouvir da professora. E na pandemia, não tínhamos esse contato pessoalmente, muita coisa foi definida por vídeos e fotos. Ela costumava dar muitas dicas dos tons das cores, por exemplo. A Rosa é conhecida no Brasil e no mundo e sempre me incentiva. Isso me dá força e vontade para trabalhar. No fim das contas, ela exercitou uma coisa que eu nunca havia feito que é tirar do papel. Testar textura, volumetria, o que fica ou não legal. Ela desenhou e eu executei, geralmente é o contrário”, completa.

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Há uma semelhança entre os estilos executados nas histórias de Rosa Magalhães e Arlindo Rodrigues. Para Oliveira, ao assistir o carnaval de 1995, ele consegue observar similaridades como a modelagem das fantasias e a renda utilizada. Com base nessas pesquisas, ele buscou refinar essas questões para que o desfile lembre a obra do carnavalesco, mas sem deixar de lado o estilo dela, respeitando sua identidade.

Rosa revelou também algumas curiosidades do passado com Rodrigues e reforça a homenagem que o enredo proporcionará. “Alguns elementos, por exemplo, eu sei que eles começaram com essa coisa do vime, inclusive quem começou com isso era um senhor, a gente chamava de Vimoso. O Arlindo fazia as coisas para o Salgueiro em uma loja de vime em Botafogo, adereço de mão, porque eles inventaram isso tudo por causa da versatilidade, material leve, material mais barato, fibra natural. Tudo isso não é invenção de ontem, é de muito tempo atrás”, explica.

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Na visão de Oliveira, a própria escola e comunidade serão o grande trunfo da Imperatriz nesse carnaval, afinal, com o fato de retornar ao Grupo Especial, a agremiação vive uma nova e saudosa fase. Com vigor e força, ele acredita que não só eles, como toda a equipe, vão buscar resgatar a história campeã que a escola fez durante muitos anos. Já na visão da carnavalesca, ainda não está claro, embora ela tenha alguns palpites.

“A gente pensa que o trunfo é alguma coisa, e é sempre outra. Eu acho que primeiro a emoção, por vários motivos. Vai ser a primeira escola a desfilar neste carnaval após esse pesadelo da pandemia. Querendo ou não, acho que as pessoas não vão ficar em casa, vão querer chegar logo para ver. Então, eu acho que essa vai ser a mola do carnaval, o suspiro de alívio graças a Deus. Ainda tem o fato de o Luizinho ter morrido, o enredo que ele escolheu. A Maria Helena que já estava com um lugar no carro para sair direitinho. Eu acho que vai ser uma válvula de escape, esquece tudo e agora começa uma coisa nova”, completa.

Sem dúvidas, a plástica que a escola levará para a avenida é uma das questões mais aguardadas para esse carnaval, afinal, se trata de um belo resgate. Oliveira revela que a Imperatriz virá com volume e muito bem-vestida. “Foi o Arlindo quem trouxe. Depois disso, o Max e a Rosa consagraram o estilo. Em resumo, será a Imperatriz se reencontrando do jeito que ela gosta de se vestir. Vai ter muito babado, pompom, lógico que não de uma forma muito retrô. Não queremos que seja algo anos 90, pelo contrário. Estamos dando uma nova roupagem ao estilo”, diz.

imperatriz barracao22 1Ao ser questionada sobre as alegorias, Rosa Magalhães acredita que estamos vivendo na era do “carrão”. “Os carros antigamente eram muito pequenos. Eu particularmente acho um exagero, mas está na época, isso passa, vai ficar uns 10 anos assim, depois muda. Você pode marcar uns 10 anos certinho. A coisa muda, isso eu acho que é uma tendência. O que que vem? Não me pergunte. Mas que vai mudar, vai. É natural que mude, tudo vai evoluindo. O importante é que ele seja bem feito, bem cuidado, com segurança. Não pode arriscar a vida das pessoas. Segurança é o item principal”, enfatiza.

Arlindo Rodrigues teve passagens memoráveis na história de outras duas grandes escolas: Mocidade e Salgueiro. Dessa forma, o enredo irá homenagear as duas escolas em setores distintos do desfile. “A parte do Salgueiro nós pegamos a narrativa de personagens até então desconhecidos e que Arlindo dá voz, assim como Xica da Silva, Zumbi dos Palmares. Em seguida vem o setor da Mocidade. Nós não vamos pincelar vários carnavais, ou seja, escolhemos o primeiro campeonato do Arlindo por lá e fizemos um mini desfile com o carnaval de 1979. Aí depois vem a chegada do carnavalesco na Imperatriz que ele consegue o bi e depois o tricampeonato. E daí vamos passeando, quem viver, verá”, explica Oliveira.

A espinha dorsal do desfile começa a se desenvolver com o Theatro Municipal. Na sequência, o próximo setor exalta a força e a negritude do Salgueiro. O terceiro setor consagra o primeiro campeonato da agremiação de Padre Miguel no ano de 1979, “O Descobrimento do Brasil”. Na sequência, a chegada de Rodrigues e a inspiração para uma nova Imperatriz e, por fim, a grande apoteose que ele se tornou não só para a história da escola, mas também para outros carnavais e carnavalescos.

Primeira escola a desfilar na abertura do Grupo Especial em 2022, a Imperatriz Leopoldinense contará com 3000 componentes, cinco alegorias e dois tripés, sem contabilizar o que a comissão de frente utilizará. Além do abre-alas acoplado, serão ao todo 28 alas e dois grupos. Se depender do trabalho competente da carnavalesca e seu assistente, além do trabalho exemplar desenvolvido pela direção, a escola de Ramos retorna com força total na busca pelas primeiras posições do carnaval carioca. Eterna seja!

Entrevistão com Junior Scapin: ‘Eu como homem, gay, coreógrafo, me sinto honrado de trazer a alegria do Paulo Gustavo para a Avenida’

Responsável pela comissão de frente da São Clemente desde 2019, Junior Scapin acumula na função passagens, entre outras, pela Estação Primeira de Mangueira, Império Serrano, Estácio, Império da Tijuca, em que desenvolveu a memorável comissão de frente de 2013, no enredo “Negra, Pérola Mulher”, que rendeu a escola o acesso ao Grupo Especial. Na Verde-e-rosa, o artista foi responsável por abrir a apresentação de 2016, ano em que a escola foi coroada com o título no enredo que homenageou Maria Bethânia. No terceiro ano na São Clemente, Junior foi bastante elogiado pela coragem em 2019 em tocar em assuntos delicados com bastante humor representando os dirigentes das escolas de samba e as viradas de mesa do carnaval. Fora do samba, o artista tem trabalhos em programas como “Esquenta” e “Criança Esperança” da TV Globo.

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Admirador do trabalho sem tripés e elementos alegóricos, em entrevista ao site CARNAVALESCO, o coreógrafo admite a dificuldade pelo julgamento ao realizar comissões mais simples, mais focadas nos bailarinos, no Grupo Especial. Na conversa, Junior também relembrou trabalhos marcantes, falou um pouco das ideias para a apresentação de 2022, reclamou do peso dado às bandeiras na hora do julgamento e explicou o tamanho da responsabilidade de produzir uma comissão para homenagear um artista como Paulo Gustavo.

Qual é o maior desafio hoje da comissão de frente ser a síntese do enredo ou um espetáculo impactante de abertura?

Junior Scapin: “Eu penso que hoje em dia tem que ter as duas coisas porque as pessoas falam muito do primeiro setor da escola. De alguns anos para cá, a comissão de frente acabou ganhando muita importância, o início vem ganhando muita importância. Confesso para você que sou da opinião de que a comissão de frente hoje em dia ajuda sim a ganhar carnaval. Se você vem com uma boa frente de escola, acho que já é um chamariz para o que vem atrás, mas acho que juntar a importância da comissão de frente, juntar tudo que você faz durante três meses com o que vai ser contado, com o que vem atrás, acho muito importante. O que eu não gosto, na verdade, é que a comissão de frente seja uma coisa, e aí depois comece o desfile. Isso eu não concordo. Acho que a comissão de frente não pode ser uma coisa à parte. A Comissão de Frente tem que ser tudo junto, tem que existir uma uniformidade, desde o primeiro setor que é o nosso, até a última ala que vem na escola”.

Qual é a comissão inesquecível da sua carreira? E qual foi a que podia ser melhor na hora para valer?

Junior Scapin: “Eu costumo dizer que eu tenho três comissões muito boas e que eu não consigo escolher. Mas, obviamente, uma muito importante é o Império da Tijuca de 2013 que foram as mulheres negras. Eu digo que foi um divisor de águas na minha vida, existe um Júnior Scapin antes da Tijuca 2013, e outro depois. Acho que uma comissão de frente muito importante que eu tive também, que na verdade eu nem sei o que deu errado porque no meu julgamento os julgadores falaram tanta coisa e coisas que na verdade não aconteceram, foi Mangueira 2017, porque foi a primeira vez que eu comecei a trabalhar com teatro, comecei a ver a comissão de frente muito mais teatral do que dançada. Como eu fui bailarino durante muitos anos e hoje em dia eu sou coreógrafo, a gente tende, quando está começando a fazer comissão de frente, a deixar tudo muito dançado e esquece um pouco da teatralidade. Na verdade, nesse ano foi muito mais teatral do que dançado. Foi uma comissão de frente muito importante, uma comissão de frente que todo mundo fala, foi bem bacana. Os julgadores citaram que a minha comissão não teve interação com o carro, sendo que a minha coreografia era totalmente relacionada ao carro. E, 2019, na São Clemente, que tinha tudo para dar errado, tinha tudo para ser muito mal falada no sentido que eu estava falando dos dirigentes das escolas de samba, da virada de mesa, e na verdade, a surpresa grata que eu tive foi que todo mundo falou muito bem, todo mundo entendeu a comissão de frente, e essa era uma preocupação minha, porque a arquibancada não tem o livro Abre-alas, então você tem que olhar e entender o que está sendo contado. Fiquei muito feliz também com a repercussão deste trabalho”.

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Sem ser a sua, qual a comissão que você adora? Pode citar até três.

Junior Scapin: “Gosto muito da comissão do Patrick (Carvalho), dos pretos velhos (Paraíso do Tuiuti 2018), eu acho que é uma comissão simples, e é uma comissão de um efeito absurdo, de uma emoção absurda, o Patrick foi muito feliz naquela comissão de frente. Gosto muito da comissão de frente do Hélio Bejani, agora da piscina, dos orixás, enfim, gosto muito (Grande Rio 2020). Eu gosto de todas as comissões do Marcelo Misailidis, eu sou apaixonado por ele. É a minha grande referência no mundo do carnaval, é o Marcelo Misailidis e o Hélio Bejani, o Hélio eu já trabalhei, comecei no carnaval sendo bailarino dele em comissão de frente, mas eu gosto da savana do Marcelo Misailidis (Vila Isabel 2012), que foi incrível, todo mundo ficou encantado, apaixonado. São três comissões assim da atualidade que eu acho bem bacana e bem importantes”.

Se pudesse, o que aperfeiçoaria no quesito Comissão de Frente?

Junior Scapin: “Gostaria muito que um dia os coreógrafos do Grupo Especial não fizessem comissão de frente com o tripé, enfim, essas coisas, eu prefiro trabalhar sem tripé, por isso que eu gosto de trabalhar muito no Grupo de Acesso, porque eu me sinto muito mais desafiado quando não tem um elemento cenográfico para me debruçar. Eu acho que exige muito mais da sua criatividade como artista e é por isso que a gente vê no Grupo de Acesso comissões lindas, comissões super interessantes, porque como você não tem esse artifício para se debruçar, você acaba tendo que exigir muito da sua criatividade”.

O elemento cenográfico é tão fundamental assim no Grupo Especial?

Junior Scapin: “Hoje em dia, acho que é praticamente um critério você ter que usar um carro, você ter que usar um elemento cenográfico. Porque parece que se você vem sem um elemento cenográfico, você já entra na Avenida com 9,9. Assim, já tendo um tripé, um elemento cenográfico, já é difícil você tirar nota máxima, imagina sem. Eu tento, obviamente, nos meus elementos cenográficos, não ter eles como a atração principal. Para mim, a atração principal sempre é o meu material humano, que são os meus bailarinos. Eu tento agregar o meu trabalho com esses tripés e eu acho que eu consigo. Confesso, que já trouxe alguns muito grandes, mas eu acho que foi necessário para o que eu queria mostrar. Mas, gostaria que não tivesse. Eu tiraria esse tripé um ano talvez só para ver como funcionaria essa coisa da criatividade dos profissionais”.

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Acha legal que tenha a apresentação apenas na frente do módulo de jurados ou gostaria que a análise fosse igual São Paulo pela pista toda?

Junior Scapin: “Acho muito importante a apresentação para o jurado porque você tem condição de fazer uma coreografia especial, parar e se apresentar. Eu já fui chamado para fazer o carnaval de São Paulo, eu não pude aceitar porque eu estava no carnaval do Rio, mas, quando eu fui chamado fiquei me perguntando, ‘gente será que eu consigo fazer um trabalho que eu vá me apresentar para o jurado andando assim no decorrer da Avenida? ’ É muito difícil. Acho que eles têm até um trabalho muito bacana de estrutura, de como você vai desfilar, acho que o trabalho da direção de carnaval, direção de harmonia deve ser muito bom lá, mas eu como coreógrafo eu sinto a necessidade de parar, de virar, de me apresentar, de agradecer e de ir embora. Isso é importante para que o jurado de fato consiga ver o que você quer apresentar”.

Não haverá mais a obrigatoriedade de se apresentar para o público do setor 3. Você vai manter? E faz algo para o setor 1?

Junior Scapin: “Eu sempre faço no setor 1, acho que o setor 1 é o grande termômetro se seu trabalho vai dar certo, se seu trabalho vai dar errado. Se você escuta gritos, escuta aplausos, tende que seu trabalho dê certo ao longo da Avenida. Para o setor 3 eu não sei qual a importância disso, até mesmo para a escola. Se a escola me pedir que eu faça, eu faço, mas eu me sinto um pouco prejudicado, porque na verdade a gente larga de um portão e já tem que virar no setor 3 para poder fazer a apresentação. Isso come tempo, isso atrapalha um pouco a harmonia da escola. Mas, se eu tiver que fazer, eu fiz ao longo de todos anos, não tive problema nenhum porque soube me adequar ao tempo ali da escola, mas não acho importante. Acho importante sim a apresentação para o setor 1. Porque é uma galera que não vai poder ver a apresentação, é uma galera que só vê as pessoas passando correndo ali e muito rápido. É um carinho com a galera que está ali”.

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A sua comissão de frente em 2013 pelo Império da Tijuca foi histórica. Por que uma comissão como aquela dificilmente seria aprovada pelos jurados do Especial?

Junior Scapin: “Acho que aquela comissão de frente para o Especial, hoje em dia, por mais força que elas tivessem, por mais garra que elas tivessem, por mais emoção que elas tivessem, eles iriam tocar no ponto não teve um clímax, não teve um ápice, não teve um elemento cenográfico, embora, a gente tivesse uma menina que vinha com uma asa, enfim. Mas, eu acho que os jurados hoje em dia eles iriam interferir nesse momento do ‘ cadê o clímax?’. Acho que para eles não é só emoção, eles precisam ver uma mágica acontecendo, uma pessoa sumindo, uma pessoa voando, uma pessoa trocando de roupa, uma pessoa mergulhando. Eu acho que precisa esse ‘Q’ de ‘Broadway’, de ‘Las Vegas’ na comissão de frente para que você consiga tirar os 40 pontos, para que você consiga ganhar prêmios. Só por esse lado. Pela emoção, pela garra, as pessoas iriam se encantar, iriam se emocionar, pelo fato de ela ser simples aos olhos de quem está julgando, poderia tirar um 9,9”.

Te incomoda quando você faz um belo trabalho e na hora do julgamento tem o peso da bandeira? O que você sente?

Junior Scapin: “Me incomoda. Eu acho que as pessoas tinham que respeitar o pavilhão da escola. Independente se a escola tem muitos títulos, se não tem nenhum título. Existe muita diferença, até, de dinheiro dentro das escolas. Tem escolas hoje em dia que não fazem carnaval só com a verba da prefeitura. Elas têm patrocinadores, escolas de outros municípios ganham de outros municípios. Eu acho até injusta a comparação porque no caso do meu quesito comissão de frente, é muito diferente um trabalho que custa 500 mil reais para um trabalho que custa 180 mil. É muito difícil. Por isso, acho que cada escola, cada envelope tinha que ser lacrado quando você vê a apresentação da comissão de frente. Assistiu a apresentação da comissão de frente de tal escola, dá a sua nota, lacre seu envelope, e entrega para quem tiver que entregar. Porque esse comparativo de notas eu acho muito injusto. Existem escolas com mais dinheiro, escolas com menos dinheiro, o empenho é o mesmo, mas a gente sabe que carnaval não se faz só com dedicação e empenho. A gente sabe que precisa de dinheiro para colocar o carnaval na rua. Infelizmente o preconceito das bandeiras existe sim, tanto da escola que sobe do Grupo de Acesso, que geralmente é a escola que cai, e geralmente é a escola que tem menos bandeira, quanto com as escolas que sempre estão cotadas para descer. O Carnaval acaba e já tem escola cotada para descer no carnaval seguinte. É um absurdo, mas eu graças a Deus faço meu trabalho, não penso sinceramente nesse lance se a bandeira da escola vai me prejudicar ou não, eu espero quando estou me apresentando, que realmente quem está me julgando veja o meu trabalho, veja o meu empenho, veja o empenho da minha equipe, dos meus bailarinos, da minha apresentação, e que me dê a nota mediante aquilo que eu estou apresentando naquele momento”.

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O que representa na sua carreira fazer a comissão de frente em homenagem ao Paulo Gustavo?

Junior Scapin: “Eu conheci o Paulo, eu fui coreógrafo do programa ‘Esquenta’ da Regina Casé. A Regina é muito amiga do Paulo e o Paulo vivia no programa. A gente tinha uma troca legal quando estava lá no programa, ele sempre muito engraçado, sempre muito educado. E artista. Eu acho que é uma perda precoce, ninguém esperava. O Paulo tinha toda uma rede de apoio do lado dele quando ele ficou doente e a gente vê o quanto essa doença é ingrata, independente de classe social, independentemente de você ter dinheiro ou não, se você contrair esse vírus, e se infelizmente estiver na sua hora, você vai acabar indo embora. Fazer uma comissão de frente que vai trazer a alegria do Paulo, essa luta LGBTQI+ que o Paulo tanto lutava. Eu como homem, gay, coreógrafo, me sinto muito feliz e muito honrado de poder estar representando na Avenida uma pessoa que foi tão importante, que morreu tão precocemente, mas que vai ser lembrado aí por muito tempo, e graças a Deus também ser lembrado por esse carnaval que a São Clemente vai fazer”.

O que o público vai sentir quando olhar a comissão de frente da São Clemente?

Junior Scapin: “Eu acho que primeiro eles vão se divertir muito. Acho que o primeiro olhar do público, eles vão se divertir demais. As pessoas estão pensando muito no óbvio. E, na verdade, eu procurei fugir do óbvio. Mas, a gente vem falando de um momento muito especial na vida do Paulo. É um momento muito divertido. As pessoas vão se divertir muito nesse primeiro momento. E, eu acho que a minha apresentação para o jurado começa com toda essa alegria, começa com todo esse deboche que o Paulo tinha, e a gente divide a apresentação da comissão de frente em dois momentos: alegria e emoção. Eu quero que as pessoas se divirtam muito, mas eu quero também que as pessoas olhem da metade para o final da minha apresentação e se emocionem muito com tudo que está acontecendo ali”

Série ‘Barracões’: ‘Visões Xamânicas’ do Sossego

A Acadêmicos do Sossego pretende melhorar sua colocação e apresentação de desfile em 2022. Em 2020, a escola ocupou a oitava colocação da Série Ouro, com o enredo “Os Tambores de Olokun”, que teve o desenvolvimento dos carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques, que assumiram o trabalho faltando apenas 15 dias do desfile oficial. Agora, a escola do Largo da Batalha, em Niterói, optou pela contratação do carnavalesco André Rodrigues. Desenvolvendo o enredo “Visões Xamânicas”, o artista pretende levar para a avenida uma história atrelada ao presente e ao futuro. A ideia de falar sobre essa temática surgiu durante a quarentena, quando ele leu algumas reportagens falando sobre o processo de reestruturação de alguns lugares naturais com o afastamento da ação humana. Com as reportagens, André começou a ler o livro do líder Yanomami, Davi Kopenawa, e baseado na leitura ele começou a desenvolver o enredo.

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“Li o livro, quis fazer um enredo sobre a vida do Davi, pois é tudo místico já que tem a transformação dele em pajé. Procurei fazer algo mais ficcional, parecido com uma fábula e criei o meu próprio pajé. Que vai ter algumas visões a partir do encontro com os ancestrais, após a infusão de ervas e tudo mais. Quando ele encontra com os espíritos é contemplado com várias visões, sendo elas: as visões de destruição da terra, as visões de profecias indígenas que falam sobre o fim do mundo e a última sobre como podemos consertar esse planeta”.

Focando mais na cosmologia índigena,a parte mais interessante durante a pesquisa do enredo, segundo ele, foi entender a relação deles com o templo, cultura e natureza. Sendo totalmente diferente da nossa cultura ocidental e também no que acreditamos, pois eles possuem um outro tipo de vivência. “É muito importante ler e entender essa relação deles com esse templo místico, com o templo do sonho e essa relação com o etéreo. E como tudo é ao redor deles, da relação com a natureza”, conta André.

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André Rodrigues permitiu deixar o mundo mais lúdico e sonhado. Já que o enredo se passa no mundo dos sonhos, como respeito para retratá-los. Pois esse não é o local de vivência dessa cultura do artista. Para ele, o grande trunfo do desfile do Sossego é estar pronta.

“Um carnaval bem feito, bem acabado independente de feio ou bonito, desde que dê orgulho para as pessoas que participam desse projeto, é o grande trunfo. Entregar uma Sossego mais encorpada, organizada e pensar na escola é o mais importante agora. Não pensar no que pode acontecer, nos fatores externos. No momento temos que pensar em fazer a escola melhor, desfilar bem e que passe tranquila na Sapucaí”, diz o carnavalesco.

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Muitas pessoas estão elogiando a plástica da escola e durante a visita da equipe do site CARNAVALESCO, foi possível notar o que já vem sendo falado. Para o carnavalesco da agremiação é diferente, pois ele não consegue falar sobre o próprio trabalho.

“É um trabalho muito dedicado, de bastante organização não só da minha parte, mas também da direção da escola. Isso tudo aqui é o resultado de vários encontros de dedicação de trabalho, não é só o que eu faço”, relata.

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Até chegar na versão final do carro abre-alas da escola, André fez umas quatro versões, tendo que se organizar e readaptar. E também fazendo orçamentos para que esteja dentro do possível gasto pela escola e no tempo para montar as alegorias. As pessoas podem esperar da Sossego um trabalho que foi e está sendo feito até o desfile com muito carinho e dedicação de todos os envolvidos. Talvez, o maior desafio durante a carreira do carnavalesco até o desfile do Sossego, está sendo terminar bem todo esse trabalho realizado. O artista expõe sobre esse desafio. Segundo o carnavalesco, ele está bastante ansioso para o desfile e satisfeito com tudo.

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“Fazer essas negociações bem, do eu perco e ganho. Não consigo ver de uma maneira unilateral, tem um conjunto de vários fatores, de pessoas que participaram”.

Entenda o desfile

O Sossego irá levar para avenida o enredo “Visões Xamânicas”, desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues. Baseado na cosmologia indígena, a agremiação promete vir melhor no carnaval deste ano. A escola do Largo da Batalha vai encerrar os desfiles do primeiro dia da Série Ouro.

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Primeiro setor: “A primeira visão. O que nós fizemos de uriri”.
Segundo setor: “A segunda visão. A pajelança universal”.
Terceiro setor: “Terceira visão. Descerá de uma estrela, o índio guerreiro”.
Quarto setor: “Quarta visão. Um novo dia virá”.

Ficha técnica
Número de alegorias: 3 alegorias e dois tripés
Número de alas: 17 alas
Número de componentes: 2.000
Carnavalesco: André Rodrigues
Diretora responsável do barracão: Alessandra Guedes
Ferreiro chefe: Augles Ferreira da Silva
Carpinteiro chefe: Fernando de Paula Rosa
Escultor chefe: Augles Ferreira da Silva
Pintor chefe: Gereca Pantoja
Eletricista chefe: Antonio Ferreira da Silva
Mecânico chefe: Antonio Ferreira da Silva
Iluminação: Alan Carvalho
Adereço/alegoria 1: Márcio Pessoa
Adereço/alegoria 2: Márcio Pessoa
Adereço/alegoria 3: Cláudia Costa
Adereço/tripé: Cláudia Costa
Efeito de água: Jamaica e Sérgio Pina