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No desfile do Salgueiro, a resistência negra no futebol

Salgueiro02O futebol chegou ao Brasil, em 1894, trazido pelos europeus e estudantes de classe alta que voltavam de seus estudos no Reino Unido Charles Miler e Oscar Cox. Dando continuidade ao enredo resistência, a décima sétima ala “O negro e o futebol carioca”, arremeteu a relatar o preconceito que os negros sofreram no esporte por, incialmente, ser uma atividade realizada com jogadores majoritariamente brancos, trazendo para os dias atuais, que mesmo após muita luta, os negros ainda tem que se firmar neste cenário. Mario Sérgio, em entrevista ao site, relatou a importância de trazer essa temática para o desfile.

“A fantasia veio representando a dificuldade que os negros enfrentaram há décadas atrás para se inreriem no futebol, tanto no Rio de Janeiro. O Vasco e o Bangu foram pioneiros a contribuírem para dar um basta nesse preconceito. Nós viemos com para uma época mais contemporânea representando o que eles viveram tempos atrás.”

O Bangu Atlético Clube, fundado por ingleses mas formado, em sua maioria, por operários da Fábrica de Tecidos de Bangu, foi o primeiro clube no estado a escalar um atleta negro no ano de 1905. Tomada esta atitude, no ano de 1907 a Liga Metropolitana de Football proibiu que atletas “de cor” fossem escalados, com isso, o clube branco e vermelho decidiu abandonar a competição.

O acontecimento de 1905 poderia ter ficado só no passado, porém, nos dias atuais ainda podemos observar diversos casos em que negros sofrem preconceito no futebol. Marcelo Jaqueta, que desfila há 3 anos na escola, relatou em entrevista ao site CARNAVALESCO sua opinião sobre esses atos.

“É triste nós observarmos essa realidade nos dias de hoje porque todos somos iguais, não tem cor, somos seres humanos, o sangue que corre na nossa veia é vermelho, é igual, não tem diferença. Então, a gente tem que lutar e sempre falar em resistência, temos que acabar com esse preconceito hoje. O Salgueiro trouxe isso, vamos acabar com o preconceito!”, concluiu.

‘Saber que nossa luta continua e que nós nunca iremos para de lutar’, diz atriz Aline Dias sobre vir na última alegoria do Salgueiro

Salgueiro01bA terceira escola a se apresentar nesta sexta-feira na Sapucaí, trouxe um desfile retratando críticas sociais que, mesmo no século 21, têm de ser debatidas e a resistência a esses ataques. No seu último carro apresentado “A resistência continua!” teve sua parte da frente representada por uma praça estilizada e o termo racismo sendo utilizado, a última alegoria do Salgueiro mostrou para os espectadores como é necessário estimular o debate sobre temas ligados à discriminação contra a população negra no Rio de Janeiro.

Para instigar ainda mais quem assiste ao desfile, na alegoria pudemos observar uma cena em que um grupo de manifestantes envolve a alegoria e ocupa o cenário urbano, formado pela praça estilizada e os prédios que a contornam. Reunindo as pessoas na praça e assim gerando uma mobilização, os protestantes se expressaram contra as injustiças e violências contra os negros e, firmando assim, o Morro do Salgueiro como lugar de resistência afro-brasileira até os dias atuais. Um dos diretores da Escola, em entrevista para o site CARNAVALESCO, contou alguns detalhes do carro.

Salgueiro01c“Esse carro é o desfecho do enredo, representou justamente a resistência contra o racismo. Pudemos contar na composição com vários personagens do movimento negro, a velha guarda da escola também veio nessa alegoria. É a representação do enredo”.

Em certo momento do desfile, o preconceito e o racismo são derrubados, no sentido literal da palavra, providos de cartazes e bandeiras, utilizando-se de algumas imagens e palavras de ordem, o grupo ocupou o obelisco que está localizado na praça. Já na parte traseira da quinta alegoria, a vermelho e branco trouxe um cenário inspirado na favela criada para o desfile de Skindô de 1984.

“Representar a luta antirracista, representar o povo preto, é muito necessário, é muito importante passar essa mensagem para o público e saber que a nossa luta continua e que nós não iremos para de lutar.”, comentou a a atriz Aline Dias que veio compondo a última alegoria.

Análise da bateria da Imperatriz no desfile

A bateria Swing da Leopoldina de Mestre Lolo fez uma grande apresentação. Uma exímia afinação de surdos foi notada, amparando o ritmo da bateria da Imperatriz Leopoldinense de forma eficaz. O balanço dos surdos de terceira preencheram a sonoridade junto a um toque de caixas uniforme e ressonante, além de repiques complementando o molho da cozinha da bateria. Peças leves acompanharam e contribuíram com qualidade inegável. Uma ala de tamborins com ótimo volume, coesão rítmica, que tocou chapado a convenção que explorou a melodia do samba com um desenho baseado em simplicidade. Um naipe de chocalhos exemplar, assim como cuícas seguras também foram percebidas.

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O leque de paradinhas esbanjou concepção musical refinada. A bossa do refrão do meio inseriu um arranjo musical com retomada que remetia à bateria da Mocidade Independente. Os chocalhos fizeram subida “cascavel”, com marcadores tocando o surdo de maneira invertida, além das caixas fazendo a batida da bateria da Mocidade. A paradinha da segunda unia bom gosto musical e uma sonoridade de notório destaque.

As passagens da bateria da Imperatriz diante dos julgadores ocorreram sem qualquer transtorno musical evidenciado da pista de desfile. Inclusive, a apresentação na última cabine dupla de jurados arrancou aplausos e boa receptividade. Uma abertura de início dos trabalhos muito boa do ritmo da escola de Ramos. A única ressalva negativa fica por conta do chapéu da bateria. De altura elevada, prejudicou as sinalizações das paradinhas por parte dos diretores, que foram bravos e garantiram com muito sacrifício que nenhum problema ocorresse.

Colorado 2022: galeria de fotos do desfile

Fotos: desfile da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval 2022

Imperatriz cumpre promessa de maior abertura do Especial e faz desfile com grande qualidade estética

A Imperatriz voltou ao Grupo Especial e fez jus à missão de abrir o principal grupo do Rio de Janeiro após mais de dois anos sem carnaval devido à pandemia. O encontro Rosa Magalhães, Imperatriz e Arlindo Rodrigues trouxe alegorias e fantasias luxuosas, misturando a estética dos dois carnavalescos que mais representam o estilo clássico da Imperatriz. O início da escola impressionava pelo alinhamento entre a enorme locomotiva da comissão de frente, o tripé trazendo a figura do homenageado e o abre-alas com o Theatro Municipal. Destaque também para a bateria de mestre Lolo e para a comissão de frente com bons efeitos e traduzindo com irreverência e bom humor o enredo. As fantasias com boa leitura eram luxuosas, de bom gosto e com materiais que foram consagrados pelo carnavalesco homenageado. Único ponto negativo foi a irregularidade na harmonia, que alternou algumas alas cantando muito e outras nem tanto. Com o enredo “Meninos eu vivi…Onde Canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, a Imperatriz abriu a primeira noite de desfiles do Grupo Especial encerrando com o tempo de 67 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE DA IMPERATRIZ

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Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Coreografada por Thiago Soares, a comissão de frente “O trem das lembranças” apresentou uma proposta coreográfica lúdica, respeitando as características da Imperatriz Leopoldinense e promovendo o reencontro da escola com suas marcas de identidade. O elemento alegórico do grupo recriou a imagem mais simbólica do desfile de 1981, o trem que se tornou vedete da apresentação em homenagem a Lamartine Babo. De seu vagão, há a referência ao espelho, material lançado no carnaval por Arlindo. No elenco, o pioneirismo na inserção de mulheres no quesito, as bailarinas dançavam com saias que se transformavam em capas e outros elementos de figurino.

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Depois, em um segundo momento a comissão de frente interagia com o vagão de trem e portas espelhadas, até um segundo elenco todo prateado aparecer. Uma bailarina também realizava um truque de troca rápida de roupa os outros integrantes se aproximavam, o que levava o publico ao delírio. Outro ponto forte, era um drone totalmente caracterizado de sabiá que voava no final da apresentação da comissão. Importante ser citado que na primeira cabine de julgamento um pouco antes da apresentação ter início uma das bailarinas parou para ajustar a roupa com uma assistente e depois no segundo módulo , um dos espelhos girou um pouquinho antes da hora na troca de elenco.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal, Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro, vestiu a fantasia “Imperatriz- a manequim dos sonhos de Arlindo” representando as formas sinuosas, arabescas e barrocas, ideias constantes em toda obra do carnavalesco homenageado e que também caracterizam o estilo romântico, histórico, barroco e tradicional da Rainha de Ramos desde sua fundação. A apresentação nos três módulos aconteceu sem problemas, com a bandeira sendo bem desfraldada mesmo com o vento que começou a atingir a pista com um pouco mais de força. A dupla da Imperatriz preferiu trazer uma coreografia mais tradicional com destaque para o fato de conseguirem alinhar ao mesmo tempo intensidade e leveza com uma postura corporal impecável. Apenas algumas terminações de passos faziam maior referência ao samba como em “Salve a Mocidade”, em que faziam um referência com os braços ao alto. A dupla também seguiu o ritmo de uma bossa de mestre Lolo com um ritmo de pagode no trecho “Seu samba nascendo no morro”.

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Harmonia

O ponto negativo a ser citado da escola, pois o canto não foi tão uniforme e nem tão intenso como visto em alguns ensaios. A imperatriz alternou alas cantando com mais vigor como ” Africanidades – a raiz africana nas peles e no vime”, e outras nem tanto como algumas do terceiro setor. O canto começou até mais intenso no início do desfile mas foi perdendo um pouco dessa vitalidade a partir da segunda cabine. Outras alas que se destacaram no canto foram “Zumbi dos Palmares – o herói da revolução” no segundo setor, e “Sincretismo religioso – Oxalá do Bonfim” no quarto setor. Do samba, o trecho “Amada Imperatriz” era o de maior destaque com os componente entoando e erguendo o braço para cima.

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Enredo

O enredo “Meninos, eu vivi… Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine” trouxe o reencontro da Imperatriz Leopoldinense com o seu grande mentor artístico Arlindo Rodrigues, pontuando o momento de renascimento da escola que se olha no espelho e se reconhece outra vez como uma referência do carnaval. A escola dividiu o desfile em cinco setores. No primeiro “Da Ribalta à Avenida” – À Luz do Destino, o Menino e o Dom”, a revolução que Arlindo trouxe do Theatro Municipal para o carnaval. Em seguida “Canta, Salgueiro!- A Revolução Africana na Vermelho e Branco”, apresentou a chegada de Arlindo e Pamplona ao Salgueiro nos anos 60.

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No terceiro setor “”Salve a Mocidade! – Onde Arlindo descobriu o Brasil”, foi representado a mudança de Arlindo para a Mocidade, no quarto setor “Reluzente como a luz do dia – O encontro romântico e barroco entre Arlindo Rodrigues e a Imperatriz”, foi retratado a chegada do homenageado à escola de Ramos. E por fim, em “Meninos, eu vivi … Onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, a escola celebrou a consolidação da Imperatriz como potência por Arlindo no desfile sobre Lamartine. O enredo foi apresentado de forma coerente, no geral de fácil leitura e como se esperava da carnavalesca Rosa Magalhães, com um tom didático e bastante claro.

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Evolução

A Imperatriz Leopoldinense realizou uma evolução fluida, sem correria e sem grandes paradas, apesar de algumas fantasias serem de um material um pouco mais pesado . Não foram observados buracos ou alas emboladas. O segundo setor que fazia referência ao Salgueiro e o último brindando a força dos carnavais de Arlindo na Imperatriz eram os que traziam um evolução mais espontânea e alegra. Nesse sentido, a fantasia parece ter ajudado um pouco.

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Samba

O samba interpretado pela dupla Arthur Franco e Bruno Ribas foi beneficiado pelo andamento cadenciado introduzido pela “Swing da Leopoldina” de mestre Lolo, facilitando o canto e a evolução dos componentes. A dupla de intérpretes mostrou grande entrosamento com Arthur trazendo intensidade à obra e Bruno Ribas realizando boas intervenções harmônicas e vocalizações. Destaque para o trecho “Amada Imperatriz”, em que alguns momentos a bateria de mestre Lolo secava os instrumentos e o trecho era entoado pelos componentes com bastante vigor. O trecho “Seu samba nascendo no morro”, mais melódico e com uma outra bossa de mestre Lolo em ritmo de pagode também era cantando com intensidade.

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Fantasias

O conjunto de fantasias da Imperatriz foi um dos grandes destaques do desfile trazendo uma mistura do estilo Rosa com o Estilo Arlindo Rodrigues, e se consolidando naquela estética clássica, romântica da Imperatriz que há algum tempo não era vista com tanto vigor e bom gosto na Sapucaí. A utilização da renda e de babados, estilo de material aliado tanto a estética de Rosa como de Arlindo era visto em diversas fantasias principalmente no primeiro e no último setor que faziam maior referência a produção do Arlindo.

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Destaque para as alas “Imersão teatral -Inspiração no drama e na comédia”, e “Corpo de baile – A arte em movimento”, ambas do primeiro setor, e a fantasias das composições do último carro ” Meninos eu vivi” que também esbanjavam bom gosto no uso da renda. No segundo setor houve a mudança de cor fazendo homenagem ao Salgueiro e trouxe a presença de um estilo mais afro com destaque para figurinos com mais vime, outro material de preferência de Arlindo como nas ” baianas de todos os deuses – matriarcas afro-brasileiras” e “Zumbi dos Palmares – o herói da revolução”. Em geral um banho de bom gosto com materiais de primeira qualidade.

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Alegorias

A escola trouxe cinco alegorias e dois tripés. O primeiro tripé que funcionava como um “pede passagem” “Arlindo a contemplação” trazia o homenageada admirando a entrada de sua amada Imperatriz para contar sua história. O carro abre-alas “À luz de um nobre destino, o universo fascinante do Theatro Municipal” com a primeira parte apresentando a coroa da Imperatriz Leopoldinense decorada com os rocailles magníficos do interior do Theatro Municipal, além das luminárias fascinantes que adornam o lugar. Na segunda parte, os espelhos – introduzidos por Arlindo no carnaval e abundantes na decoração do Theatro.

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O segundo carro “A raça encarnada na Negritude do Salgueiro – Formas estampas e natureza: A África de Arlindo” trouxe um retrato da verdadeira identidade do negro brasileiro e das raízes africanas plantadas no Brasil”. A escultura de Zumbi era muito alta. No último carro “Meninos, eu vivi…e ainda vivo! A eterna influência” trouxe no final uma bonita homenagem a Joaosinho Trinta com o cristo de “ratos e urubus”. Joaozinho trabalhou com Arlindo, o substituiu no Salgueiro e foi seu contemporâneo na disputa de carnavais com um estilo oposto ao clássico que formou a identidade da Imperatriz. Apesar da beleza e do bom gosto dos carros, as luzes do segundo tripé “Decorações de rua – o caminho enfeitado pelas mãos de Arlindo e Pamplona”, estavam apagado próximo a terceira cabine de julgamento. A ultima alegoria também apresentou alguns problemas de acabamento quando um pano voava com o vento e deixava a mostra a parte interna.

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Outros Destaques

Antes do desfile, Joao Drumond discursou prestando uma homenagem ao avô falecido em 2021, o eterno patrono da Imperatriz, Luiz Pacheco Drumond. A cantora Iza esbanjou simpatia a frente da Swing da Leopoldina com a fantasia “matriz brasileiro – as cores da Terra”, representando os matizes que coloriram o avistamento dos portugueses no descobrimento do país. Os ritmistas vieram representando o descobrimento do Brasil, um dos temas que Arlindo mais gostava de contar na Avenida.

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Mestre Lolo e seus diretores fez uma homenagem a mestre André o icônico comandante da “Não Existe Mais Quente” inventor das famosas paradinhas. O último carro, além de trazer imagens de Arlindo em um telão também trouxe vídeos com seu Luizinho Drumond, o responsável pela escolha do enredo e a volta de Rosa a Imperatriz. Já a carnavalesca veio sentada na última alegoria da escola. O ex mestre-sala Chiquinho causou bastante emoção ao vir sozinho no carro “A sagração no altar da Bahia”, sua falecida mãe, a porta-bandeira Maria Helena originalmente também viria na alegoria.

Ala das baianas faz referência aos antigos carnavais da Mangueira

Mangueira04aA tradicional ala das baianas da Estação Primeira de Mangueira, esse ano reforçam o mergulho na memória dos aspectos afetivos da escola, assim revivendo antigos carnavais.

Com bastante forro apesar de leve, a saia é composta por cor predominante rosa, porém com a barra esverdeada, fazendo referência as conhecidas cores da escola. Na parte superior do corpo, um chapéu com flores e penas de cor rosa.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, algumas baianas relataram suas opiniões quanto as suas respectivas fantasias, as quais aparentemente foram de total agrado das componentes.

“Esse é o meu quarto ano como baiana. Nossa fantasia está lindíssima, e além de clássica, está honrando a verdadeira tradição das baianas. Me sinto muito feliz e emocionada em poder rodar bastante minha baiana ao estilo dos antigos carnavais”, contou a fotógrafa Andréia Nestreia, de 51 anos.

Mangueira04bA baiana Nara Cristina, de 65 anos, também compartilhou parte de sua emoção em estar de volta a Sapucaí e não mediu elogios a sua fantasia.

“Está linda a minha fantasia, da até gosto de desfilar. Muita emoção esse ano com a Mangueira, mas o importante é se divertir e torcer para o título sair na terça feira, antiga clássica quarta feira de cinzas”.

Estreando como baiana na escola, Claudia Coelho se mostrou muito emocionada em desfilar na sua escola do coração. Torcedora há mais de 20 anos, quando questionada sobre a emoção em estar desfilando, respondeu: “Meu coração está explodindo de felicidade! Eu sempre quis desfilar, mas demorei a tomar coragem. O desfile exige muita responsabilidade, principalmente na ala das baianas, mas finalmente estou aqui, antes tarde do que nunca”, brincou.

Em homenagem a Cartola, Jamelão e Delegado, Mangueira abre o desfile com mar verde e rosa

Mangueira03bCom um enredo muito aguardado, “Angenor, José e Laurindo”, em homenagem a Cartola, Jamelão e Delegado, a Estação Primeira de Mangueira foi a segunda escola a pisar na Marquês de Sapucaí, na primeira noite de desfiles do Grupo Especial. Para exaltar seus baluartes, a escola abriu seu desfile com intenso uso das cores do seu pavilhão, o verde e rosa.

Em seu sexto carnaval na Mangueira, o carnavalesco Leandro Vieira desenvolveu o projeto com maior uso das cores da escola. Logo no início do desfile, o artista formou um mar verde e rosa. A tradicional ala de baianas, por exemplo, vestia uma bela fantasia, toda em verde e rosa, atrás de um elemento cenográfico que as representava.

Mangueira03aEm entrevista ao Site CARNAVALESCO, algumas componentes da Mangueira relataram a emoção de vestir as cores da escola em sua fantasia. Confiantes, admitem o orgulho de ver o mar verde e rosa, no palco sagrado da Marquês de Sapucaí. É o que conta a baiana Paula, apaixonada mangueirense.

“A gente está nas cores da escola representando a nossa ancestralidade, os guerreiros que fundaram a Mangueira e hoje estão sendo homenageados pela escola. É uma honra estar vestida nas cores da escola, o verde e rosa, que foi escolhida pelo Cartola, Dona Zica, Nelson Sargento e tantos outros baluartes que já nos deixaram”, disse.

A emoção de vestir o verde e rosa de Paula é compartilhada com a analista jurídica Raquel Nery, que exalta a capacidade da escola de unir pessoas de pensamentos diferentes.

Mangueira03c“Eu sou suspeita para falar porque a Mangueira é e sempre foi minha escola do coração. Hoje, não sei como vou fazer para segurar a emoção, ainda mais com a escola carregada com as suas cores. Eu costumo dizer que a Mangueira é a única instituição capaz de congregar, em suas cores, flamenguistas e vascaínos, petistas e bolsonaristas. Estação Primeira de Mangueira só existe uma”, afirmou.

Veterano na Sapucaí com a Mangueira, DamiãoPereira afirmou nunca ter visto a escola tão carregada em suas cores. O historiador relatou sua emoção ao ver a abertura da Estação Primeira, carregada no verde e rosa.

“Eu já desfilo na Mangueira há muito tempo e hoje, pela primeira vez, estou vendo essa quantidade de verde e rosa na avenida. É extremamente significante porque essas cores significam o que de fato é a Mangueira, é Verde e Rosa, a melhor escola que existe”, contou.

Diretamente do Rio Grande do Sul para a Avenida Marquês de Sapucaí, a psicóloga Bruna Madrid se emocionou ao pisar no solo sagrado com a Mangueira, em sua estreia como desfilante.

“Eu estou muito emocionada porque eu sempre acompanhei o carnaval e Mangueira na TV e agora poder estar aqui fazendo parte disso e com escola exaltando as suas cores, é mágico. Está tudo muito lindo”, relatou.

Com fantasia verde e rosa, bateria da Mangueira encanta Marquês de Sapucaí

Mangueira02aCom homenagem a Cartola, Jamelão e Delegado, a Mangueira foi a segunda escola a pisar na Sapucaí, na primeira noite do Grupo Especial. No enredo “Angenor, José e Laurindo”, a bateria ganhou um lugar especial, homenageando o eterno intérprete da escola, Jamelão.

A fantasia, desenvolvida pelo bicampeão Leandro Vieira, fez referência a Gradim, o responsável por levar Jamelão à Estação Primeira de Mangueira. O figurino, além de um terninho verde e rosa, tinha um belo chapéu, com papagaios nas cores da escola.

Em entrevista ao Site CARNAVALESCO, os ritmistas comandados por mestre Wesley aprovaram a roupa desenvolvida por Leandro Vieira. Confiantes, os componentes acreditam no título da Verde-Rosa. É o caso do músico Roberto Malaguete, de 65 anos.

Mangueira02b“A fantasia é um pouco volumosa. Para a gente que transporta o instrumento, ela dá uma atrapalhada, mas nada que nossa boa vontade não possa compensar. De qualquer forma, vai dar tudo certo. A Mangueira está além do título, ela tem uma características muito pessoais, como a batida do surdo, que caracteriza nossa escola. Todo mundo sabe para pra ver a Mangueira, quer saber como está a escola, já existe essa consciência coletiva, de pelo menos, olhar e respeitar toda história da Mangueira”, disse.

Além disso, o músico, com apresentações de percussão mundo afora, se disse emocionado ao pisar na Marquês de Sapucaí. “Sou músico e sempre trabalhei com cultura brasileira. Aqui, estou premiado um ano de felicidade, por viver esse momento maravilhoso, que tem a ver com a nossa cidade, com meu amor pela música e pela percussão. Eu vou estar agradecendo aos meus orixás pela benção de participar desse evento, uma ópera a céu aberto”.

O sentimento de Roberto sobre a fantasia é compartilhado com Kleber Assumpção, já veterano na bateria da Mangueira. O motorista também disse acreditar no título da Supercampeã.

“A fantasia é bem levinha, muito tradicional para a gente poder tocar e ficar bem à vontade, homenageando nosso mestre Jamelão, ídolo do samba e da nossa escola. Vamos que vamos, pra cima. Vamos entrar na avenida com garra para trazer esse título pra Mangueira”, afirmou.

O mais novo dos entrevistados, Sérgio Paiva, de 34 anos, não teve dúvidas quanto a sua aprovação da fantasia dos ritmistas. “A nossa fantasia está leve, muito boa para a gente poder tocar e fazer nossa apresentação. Acredito muito no título, tem alguns anos que a gente não ganha. Se Deus quiser, esse ano a gente levanta mais um caneco”, contou.