A voz da Cidade do Amor! Na tarde desta sexta-feira, a Inocentes de Belford Roxo anunciou a volta do intérprete Thiago Brito para o Carnaval de 2023. O cantor conquistou o título com a escola em 2012 e fez sua estréia no Grupo Especial em 2013.
“Já era um namoro antigo essa minha volta a essa escola maravilhosa. Onde conquistei o título do carnaval 2012 e o passaporte para o Grupo Especial no carnaval de 2013. Conquistei premiações, amigos, já sou da família. Tive propostas do Rio e São Paulo, a cabeça fica a mil, mas somos profissionais e temos que ter calma pra resolver. Posso garantir a toda comunidade,que volto pra brigar por esse título mais uma vez, sede de vitória, com essa escola maravilhosa”, afirmou o cantor.
A Portela realiza no próximo domingo sua eleição presidencial. A atual administração concorre com a chapa “Portela Verdade”. Fábio Pavão é o candidato para presidente e Junior Escafura para vice. Abaixo, você pode conferir uma entrevista com Pavão, que hoje ocupa o posto de vice. O site CARNAVALESCO aguarda também as respostas da chapa “Respeita Portela”, que é de oposição no pleito.
Por que você quer ser presidente da Portela?
Fábio Pavão: “Eu cheguei a Portela em 1995, como componente da ala Mocotó. Tinha 19 anos quando comprei minha primeira fantasia para desfilar. Especificamente nos últimos nove anos, eu fui, na sequencia, vice-presidente do Conselho Deliberativo, Presidente do Conselho Deliberativo e Vice-Presidente executivo. Em todos esses anos, eu trabalhei diretamente com a direção de carnaval, ou fiz parte efetivamente dela. Acho que possuo plena condição de exercer esse cargo, pois entendo da parte administrativa e da produção do desfile. Nosso grupo político não se limita a uma só pessoa. Somos um grupo que se uniu para tornar a Portela cada vez mais forte. A morte do Falcon foi um baque muito grande, mas nós nos reorganizamos e mantivemos a Portela como uma escola forte e competitiva. Se eu for eleito, serei o quarto presidente da Portela Verdade. Somos muitas cabeças pensando, muitas vozes, mas uma só paixão. Este ano, a minha proposta e a do Junior é unir a escola, até por causa do centenário. Queremos trazer de volta quem estava afastado, gente boa que fez parte de outras gestões, pessoas que podem e querem voltar a contribuir com a Portela. Quero ser presidente para seguir com o trabalho sério que vem sendo feito nestes últimos nove anos. As pessoas que tentam assumir a escola já ocuparam postos de comando e nada fizeram. Cobram transparência da gestão mais transparente que a Portela já teve, mas, quando tiveram a oportunidade, mesmo ocupando cargos da área financeira ou jurídica, a Portela sequer fazia prestação de contas de dinheiro público. Sim, até hoje nós temos que brigar na justiça para defender a Portela da não prestação de contas de verbas públicas referentes ao carnaval de 2006, repassadas pelo Ministério do Turismo. O Departamento jurídico da Portela conseguiu vencer o processo pela não prestação de contas no carnaval de 2007, junto ao Ministério do Esporte, mas a do carnaval de 2006 ainda permanece no TCU. Recentemente, teve uma atualização de valores que elevou a dívida da Portela, saltando de 500 mil para 2 milhões. Isso interfere diretamente com os nossos projetos atuais de captação de recursos. É um assunto que precisa ser tratado com o máximo de seriedade, mas o portelense sabe quem é quem. Conhece as nossas trajetórias dentro da Portela”.
Foto: Divulgação
Qual é a principal mudança que a Portela precisa e será feita na sua gestão?
Fábio Pavão: “Mudanças fazem parte da vida. Uma chapa de situação precisa manter o que está certo e mudar aquilo que não está funcionando. Isso é normal. O que não está funcionando? Em função da pandemia, o faturamento de nossa quadra de ensaios caiu de 1.501 mil, entre maio de 2019 e maio de 2020, para apenas 13 mil, entre maio de 2020 e maio de 2021. Inevitavelmente isso compromete a manutenção da quadra, que é nosso maior bem. Passada a correria para a realização deste carnaval, que durou dois meses a mais, temos que fazer algumas intervenções. Queremos melhorar a comunicação com os sócios e frequentadores da quadra, criando um serviço de ouvidoria. Na verdade, isso era um compromisso assumido em 2019, mas, na maior parte destes últimos três anos, a quadra ficou vazia e outras prioridades emergenciais apareceram. Agora é o momento de implantar este projeto. Consideramos isso fundamental para a melhoria dos serviços que nós oferecemos. Precisamos realizar uma Reforma Estatutária. É necessário preparar a escola para o futuro, ratificando a necessidade de uma gestão democrática, o que é para nós um princípio inegociável. Desde 2013, mais que dobramos a quantidade de sócios da escola com poder de voto, mas nós queremos avançar ainda mais. Vamos abrir o quadro social e oferecer vantagens para os sócios estatutários. O pagamento das mensalidades é uma receita mensal importante para a Portela. Temos um equipamento importante, que é a nossa Capela de São Sebastião e Nossa Senhora da Conceição, uma homenagem a Dona Dodô que foi construída em 2015, durante a gestão Serginho Procópio/Marcos Falcon. Acho que ela pode ser mais bem aproveitada, com um calendário constante de atividades. Queremos permitir aos sócios que realizem missas particulares, por exemplo. Pode parecer que não, mas, para quem é da Portela, toda mudança precisa preservar nossos valores tradicionais, como a devoção aos nossos Santos e Orixás. Só assim, vamos voar para os próximos 100 anos e continuar sendo aquilo que nós somos. Nossos valores precisam ser preservados”.
A Portela produz muitos eventos sociais durante o ano. O que sua gestão faria nesta área de shows e atividades sociais?
Fábio Pavão: “A Portela é uma escola que tem atividades durante todo o ano. Além da feijoada mensal, que é nosso carro-chefe, queremos realizar eventos voltados para o público jovem. Também queremos realizar eventos em outras partes da cidade, como a Zona Sul. Temos a tradição de ter realizado eventos no Mourisco. Os tempos são outros, é verdade, mas podemos fazer parcerias para que nos façamos presentes em outros lugares. Temos a bem sucedida experiência do “camarote Portela”, fruto de uma parceria com um grupo de investidores. Esse é um modelo que podemos adotar em outros lugares, já que temos credibilidade e uma marca forte, que vem sendo trabalhada desde 2018, quando fizemos nosso projeto de branding. Temos também os projetos cultuais na quadra, como a “Fliportela”. Nossa feira literária é prova da relevância cultural da Portela, que vai muito além dos desfiles carnavalescos. Este ano, tivemos uma parceria muito legal com a Secretaria Municipal de Educação. Especificamente para 2023, temos o nosso centenário. Nosso projeto está sendo elaborado pela SRCOM e será apresentado logo após as eleições. Ainda não posso adiantar muita coisa, mas vai ser um ano muito agitado, isso eu posso garantir”.
Na área social o que você pensa em trabalhar na escola?
Fábio Pavão: “Nós temos um Departamento de Cidadania que é bastante atuante. Ele tem esse nome porque, como princípio, entendemos que uma escola de samba não pode ser apenas lazer e entretimento. Como parte da Sociedade Civil, cabem as escolas de samba expandir a cidadania para a comunidade que está ao seu redor. Durante a pandemia, este Departamento assumiu o protagonismo da escola, desenvolvendo o projeto` “Águia solidária”, que buscou minimizar os impactos não só da pandemia, mas também da crise econômica, sobre nossos componentes e a comunidade ao nosso redor. Nossa quadra foi transformada em posto de vacinação, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, fazendo a Portela assumir seu papel como centro comunitário neste momento tão difícil. Agora, no pós-pandemia, as atividades deste Departamento retornaram em sua plenitude. Temos um pré-vestibular social de enorme sucesso, que já colocou muitos de nossos alunos em universidades públicas, ou como bolsistas de instituições particulares. Este é um projeto fundamental de inclusão social. Criamos uma sala de leitura que está sendo ampliada, virando uma biblioteca. O último projeto que nós implantamos foi o acompanhamento da saúde dos maiores de 55 anos, especialmente velhas guardas, baianas e Departamento feminino. Para o próximo triênio eu assumo o compromisso de continuar tendo a expansão da cidadania e a inclusão social como uma das prioridades da nossa escola, que, como eu já disse, é muito mais que lazer e entretenimento”.
Eleito, você mantém toda equipe que fez o desfile de 2020 ou pensa em alguma mudança e qual?
Fábio Pavão: “Essa pergunta parece simples, mas permite um debate interessante. Quem entende de carnaval sabe que, logo após o desfiles das campeãs, e as vezes até antes, o mercado do carnaval se agita e os bons profissionais são contratados. Portanto, a escola que “perder o time”, vamos dizer assim, fica enfraquecida para o próximo carnaval. As eleições da Portela, normalmente, acontecem três meses depois do desfile. Se as contratações e as renovaççoes ficarem para depois da eleição, nós vamos ter, de três em três anos, uma equipe pouco competitiva. Este ano, quando o mercado de contratações se agitou, mesmo faltando apenas um mês para as eleições, não havia sequer chapas formadas. O que fazer? Deixar a Portela se enfraquecer no carnaval? Deixar a eleição afetar o desfile e enfraquecer a escola, exatamente no ano do centenário? Nós temos uma equipe de carnaval forte e competitiva. Fizemos um desfile que, não fosse uma falha humana, que comprometeu nosso quesito alegoria, teríamos ficado em segundo ou terceiro lugar. Teríamos deixado nossos profissionais serem contratados por outras escolas e ficar de braços cruzados? Por este motivo nós renovamos com a nossa equipe, e, claro, vamos mantê-la após a eleição”.
O enredo de 2023 é o centenário. O que não pode faltar nesse enredo?
Fábio Pavão: “Um enredo sobre o centenário da Portela é consenso dentro da escola. Precisa ser um enredo com conteúdo, que apresente a história da Portela, ao mesmo tempo em que ofereça boas soluções plásticas. Enredo não é só um texto no papel, muita gente esquece isso. O que não pode faltar? Não pode faltar Paulo da Portela, Natal, Candeia, o título de 1935, o supercampeonato de 1953, o heptacampeonato de 1941 a 47….Muita coisa não pode faltar, mas nós temos que sintetizar tudo isso em cinco alegorias, como a grande maioria das escolas estão desfilando. Não é das tarefas mais fáceis, mas, passada a eleição, nós vamos nos sentar com os carnavalescos e definir o desenvolvimento. Já estamos trocando algumas ideias, e, devido ao tempo mais curto que nos separa do desfile de 2023, isso tem que ser resolvido já nas próximas semanas. A Portela não pode parar”.
A Estação Primeira de Mangueira anunciou na noite de quinta-feira que Tânia Bisteka é a nova diretora de barracão da escola. Ela começou a desfilar na escola ainda criança, aos 8 anos de idade. Na adolescência entrou pra ala de passistas da escola e em 1999 chegou ao cargo de rainha e retornou em 2001. Tânia assumiu a direção de shows e se tornou professora de samba. Desde 2015 era responsável pelo almoxarifado do barracão.
Foto: Divulgação
“É uma honra atender mais esta convocação da Mangueira. A Estação Primeira é minha casa, meu lugar no mundo. Agora, a convite da presidente Guanayra Firmino, tenho o privilégio de ser a primeira diretora de barracão do Grupo Especial. Vou me dedicar a esta nova missão com a mesma dedicação e paixão de quando fui rainha de bateria, vice-presidente de eventos, coordenadora de passista, coordenadora de musas e chefe do almoxarifado. Vamos em frente com a Mangueira. Obrigada, presidente Guanayra Firmino pela oportunidade”, disse Tânia Bisteka.
No texto publicado nas redes sociais, a Mangueira citou que “é a representatividade dentro do carnaval. Mais uma vez a Estação Primeira na Vanguarda trazendo uma mulher para um cargo de importância dentro da escola e da folia carioca. Bisteka, seja bem-vinda e que seja um ciclo vitorioso! É mais um reforço da gestão da presidente eleita, Guanayra Firmino, primeira mulher eleita diretamente à presidência da Estação Primeira”.
O Tucuruvi anunciou na noite de quinta-feira que o sambista Bezerra da Silva é o seu enredo para o Carnaval de 2023. A escola desfila no Grupo Especial de São Paulo. O enredo recebeu o nome de “Da Silva, Bezerra. A voz do povo!”
Confira o comunicado do Tucuruvi sobre o enredo de 2023. O desfile será conduzido pelos carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte.
“O Tucuruvi reafirmando e reconhecendo seu papel de quilombo e resistência cultural e como porta-voz da sua comunidade e de milhares de DA SILVA pelo Brasil, vem em nome de todos que carregam o seu legado exaltar a voz do povo que é a nossa maior riqueza.
Do povo, exaltamos a voz daquele que sempre foi o REI DA MALANDRAGEM. Sambista partideiro que em sua vida enxergou e vivenciou a sua verdade e dela construiu sua história deixando um legado imortal que perpetua através do tempo.
Hoje somos JOSÉS, BEZERRAS, da família DA SILVA, em homenagem à voz que ressoa entre seu povo e na vida de milhões que se enxergam nele. Com deboche e irreverência, tornou-se o porta-voz dos menos favorecidos, aqueles que vivem até hoje às margens da sociedade, nos becos, vielas e nas favelas, de onde ele fez sua morada e criou suas raízes, num país onde a pluralidade não conversa com a igualdade.
Em todo DA SILVA tem um pouco de José Bezerra. DA SILVA é o povo. Bezerra é o porta-voz do povo”.
A Caprichosos de Pilares anunciou a contratação do intérprete Tem Tem Jr para o Carnaval 2023. Com passagens por várias escolas cariocas como Inocentes, Renascer, Em Cima da Hora, entre outras, nos grupos de acesso e também no grupo especial, e atual intérprete do Acadêmicos de Vigário Geral na Série Ouro,Tem Tem chega na agremiação com a missão de ajudar o time de Pilares ao seu retorno para a Marquês de Sapucaí.
“Estou muito feliz com a contratação. A Caprichosos é uma escola gigante. Vou me dedicar ao máximo e me entregar de coração para trazer esse caneco tão sonhado para o povo de Pilares.” disse ele , a nova voz oficial da escola.
A Arena do Sesc Copacabana recebe a partir do dia 9 de junho o espetáculo “Joãosinho & Laíla: Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”. A temporada vai até 3 de julho, com sessões de quinta a domingo, às 19h. A ideia surgiu de uma conversa de Édio Nunes, diretor da peça, que participou do histórico desfile, com o coreógrafo de comissão de frente Patrick Carvalho.
Foto: Claudia Ribeiro/Divulgação
“Jamais esqueci a cena em que nós, os mendigos, arrancávamos o plástico preto (desfile das campeãs) que cobria a réplica da estátua do Cristo Redentor, um Cristo mendigo, que havia sido censurado pela Igreja e execrado pela mídia. Durante o desfile, a gente foi arrancando aquele plástico, desvelando aquele Cristo, provocando uma comoção. Essa memória me veio conversando com meu amigo Patrick, sobre Laíla e Beija-Flor. Fui percebendo que havia ali um espetáculo. Resolvi, então, levar para o palco aquela memória tão viva dentro de nós, aquele desfile que foi um divisor de águas. Levar para o palco atores e músicos com o candomblé na veia, levar o luxo e o lixo, arrancando o plástico da censura e pedindo para que o Cristo Oxalá – assim o chamo – continue olhando por nós, pelos que sofrem injúria racial e com o racismo estrutural, pelas mães negras que perdem seus filhos, pelas crianças negras que morrem diariamente; por todos nós, negros, macumbeiros, gays, indígenas, todos os diminuídos pela sociedade brasileira. Que olhe por nossa cultura, por nossos artistas. E que esse espetáculo abençoe todos nós”, exalta Édio.
O texto é assinado por Márcia Santos. Ela observou que, este ano, uma escola de samba vencera o carnaval carioca levando para a avenida os diversos aspectos de Exu, arquétipo e entidade da religiosidade africana, confirmando a importância do carnaval na desconstrução de preconceitos, na formação de conhecimento e na divulgação de valores históricos.
“Joãosinho e Laíla são, com certeza, dois dos responsáveis pela construção do espaço de transgressão e de irreverência que tem a arte, essa poderosa ferramenta social e política”, explica Márcia, cujo texto vai mostrar traços da personalidade de Joãosinho e Laíla, assim como os bastidores do desenvolvimento de um desfile, figuras e elementos do universo carnavalesco. “Minha sensação é de que, em sincronia com o tempo, nossa montagem chega na hora certa e crava, no seio da zona sul carioca, um pouco da história do carnaval e da comunidade de Nilópolis”, conclui a autora.
Em cena, Wanderley Gomes e Cridemar Aquino dão vida a Joãosinho e Laíla, respectivamente; enquanto Ana Paula Black e Milton Filho desdobram-se em diversos papéis. Junto com os três músicos em cena – Fábio D’Lélis (percussão), Leo Antunes (cavaquinho) e Marlon Jr (violão) – o elenco conta a história daquele desfile e seus personagens e leva ao público um pouco da dinâmica dos bastidores do carnaval, a rotina dos barracões, os sambas de enredo e as figuras que compõem esse universo.
A montagem propõe render sua homenagem ao samba e a essas relevantes figuras do carnaval carioca, cujas vidas fazem parte da história da cidade do Rio de Janeiro e, em extensão, da história do país, dada a importância deste patrimônio cultural popular e histórico que é o carnaval do Rio de Janeiro, além de percorrer por acontecimentos de grande comoção midiática entre os anos de 1989 e 1990. Oito sambas enredo costuram a cronologia do espetáculo.
Serviço
Joãosinho & Laíla: Ratos e Urubus, larguem minha fantasia
De 9 de junho a 3 de julho de 2022
De quinta a domingo – Horário: 19h
Local: Arena do Sesc Copacabana
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2547-0156
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h; e sábados, domingos e feriados, das 13h às 20h
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 75 minutos
O carnaval de 2022 foi atípico em muitos sentidos. Passada, finalmente, a folia é tempo de reavaliar e apontar tudo que deu certo ou errado no nosso esperado retorno à Sapucaí. Em tempo de maturação maior entre as folia de 2020 e 2022, tivemos uma discussão mais aprofundada dos enredos que seriam apresentados pelas agremiações do Especial carioca.
Antes do último abril, escrevi aqui para o CARNAVALESCO que o que conduzia, para mim, a maioria das narrativas era uma sensação de orgulho e valorização das próprias agremiações. Apesar da notável presença de muitas narrativas entendidas como “afro”, em uma denominação pra lá de genérica, havia um fio que costurava uma auto-exaltação das próprias escolas em seus desenvolvimentos. Um recurso belo e necessário, se não soar gratuito.
Fotos de Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
Muito se comentou que havia uma boa safra de enredos, porém é bem verdade que muitos desenvolvimentos deixaram a desejar durante sua passagem na Avenida. Por isso, é válido esperar o cortejo oficial para manter o martelo sobre o que de fato concerne o “enredo” de uma agremiação. Pois por mais que tenhamos noção da ideia a ser desenvolvida, é apenas na pista que tudo se realiza completamente. Um desfile de escola de samba só acontece ali, no conjunto e na força das energias de alas e alegorias em conjunto. Muitas ideias que tinham ótimas premissas podem ser mal desenvolvidas, ou vice-versa.
Partindo da leitura atenta do livro Abre-alas de cada agremiação, temos um vislumbre detalhado dos desenvolvimentos dos temas, a partir de sua setorização, sinopse, justificativa e setorização. Usando ainda como régua o julgamento do quesito, tivemos no geral uma boa avaliação de “Enredos”, mesmo com notas que possam ser questionadas relativamente. Parando para ler as justificativas, a maioria dos membros do júri, nesse quesito, tiveram avaliações coerentes e bem amarradas. A exceção foi o jurado da última cabine, que apenas distribuiu notas dez para onze agremiações, penalizando com apenas um 9,7 a São Clemente.
Justamente, a escola que mais perdeu em enredo, somou apenas 29,8 pontos no quesito, fora os descartes. De fato, a preto e amarelo possuía a narrativa mais frágil do Grupo Especial em 2022. Noves fora a pertinência e a importância da homenagem a Paulo Gustavo, a forma como o enredo foi desenvolvido deixou bastante a desejar. No geral, o júri apontou a falta de coerência e de criatividade no desenrolar da narrativa, assim como problemas na amarração dos setores. A repetição da personagem Dona Hermínia em diversos momentos da apresentação (comissão, segunda alegoria e bateria) foi outro ponto bem percebido e despontuado. Além disso, mais de um julgador criticou o uso de legendas e de siglas mal explicadas nas alegorias e fantasias.
O segundo enredo que mais perdeu décimos foi o do Paraíso do Tuiuti. A proposta do carnavalesco Paulo Barros de exaltar a cultura negra acabou se tornando uma “lista de chamada” de personalidades negras, relacionando-os com os orixás. Com isso, pecando bastante assim na originalidade e coesão do enredo. No desfile, houve ainda um excesso no desenvolvimento plástico: cada ala possuía a presença de um componente representando literalmente a figura homenageada e um adereço que trazia uma foto do mesmo, sem contar ainda com a própria fantasia da ala. O exagero dessa necessidade de “legenda” foi corretamente descontado algumas vezes pelos jurados. Outro “erro” que também valeu preciosos décimos foi a presença de uma ala em homenagem a uma enxadrista num setor que era dedicado às ciências. Por fim, a coesão do último setor e seus elementos também marcaram um desenvolvimento bem além do esperado.
Foto: Site CARNAVALESCO
Outro enredo muito penalizado foi a homenagem tripla da Mangueira aos seus grandes artistas. Apesar de ser um dos principais narradores da festa recentemente, a proposta de Leandro Vieira não agradou o júri e recebeu quatro notas 9,8. Três dos cinco avaliadores sentiram falta de uma conclusão ou desfecho na narrativa, após um setor para cada homenageado. Para outros, faltou também um aprofundamento no desenvolvimento e houve pesos diferentes na condução da forma que as biografias foram abordadas. Por exemplo, uma das justificativas apontou o fato da infância de Jamelão ter sido lembrada, enquanto não houve o mesmo com Cartola e Delegado. Um desacerto veio de um dos julgadores pontuou que faltou registar o legado dos artistas homenageados, como foi proposto no enredo, mas que estava claro em alguns momentos da narrativa.
Logo após, tanto Salgueiro e Tijuca acumularam a mesma soma de pontos: 29,7 (com os descartes). No caso da Academia, a agremiação realmente tinha uma boa premissa de enredo, mas que deixou a desejar em alguns aspectos de sua condução. Para uma das avaliadoras, faltou a maior presença do fio condutor que era a ideia de territorialidade, presente, segundo ela, em apenas dois momentos da setorização. A proximidade visual entre as alas “Capoeira” e “Bloco Afro” também foi observada por mais de um jurado. No geral, a falta de criatividade e “carnavalização” foram outros motivos de descontos de décimos.
Terminando com a mesma pontuação, a Tijuca foi julgada com um rigor acima da média, mas com um enredo bem mais redondo que o da Academia. Com uma apresentação bastante criativa e ousada, a escola acabou não agradando o júri. As justificativas para tantos decréscimos passaram por um problema conceitual até bem observado no uso cromático do azul, mas uma justificativa menos pertinente que apontou o último setor, em referências às religiões afro-brasileiras, como um problema na amarração do enredo.
A Mocidade foi descontada em dois décimos, nos dois casos foi apontado uma questão cronológica na narrativa, pois as alas que faziam referência a Umbanda estavam posicionadas antes das que traziam o Candomblé. A Imperatriz deixou pelo caminho apenas um décimo, mas foi desapontada duas vezes, tendo uma das notas descartadas. Uma das justificativas apontam uma incoerência no terceiro setor do desfile e outra despontou pela falta de criatividade e a última alegoria. Quem também perdeu apenas um décimo, mas, nesse caso, acabou sendo beneficiada foi a Vila Isabel. O desenvolvimento da homenagem a Martinho da Vila apresentava diversas incoerências narrativas que não foram observadas, como a falta de coesão e algumas quebras no desenvolvimento entre os setores. Para dar um exemplo, uma ala que marcava chegada do música ao bairro de Vila Isabel já adulto, estava a frente da segunda alegoria, lembrando a sua infância na cidade de Duas Barras. Um revés na narrativa cronológica proposta.
Por fim, quatro escolas fecharam a conta com três notas máximas: Viradouro, Portela, Grande Rio e Beija-Flor. De fato, trata-se de algumas das narrativas mais fundamentadas do ano em diferentes aspectos. No caso da vermelho e branco, uma pesquisa histórica muito bem defendida e apresentada no Abre-alas. Vigor de texto e aprofundamento também presente nas escolas da Baixada. A Beija-Flor fez um importante passeio sobre a cultura negra, a partir de teóricos negros e revelou nomes fundamentais da nossa cultura. Já a campeã, mergulhou intensamente numa narrativa cíclica e densa sobre Exu, abrindo chaves interpretativas diversas.
Nos três casos, a figura de pesquisador e enredista para dar corpo e densidade aos temas e na feitura do livro Abre-Alas foi fundamental. É um personagem cada vez mais central na construção de um bom enredo, ainda mais quando trazem pertinência ao tema desenvolvido. Talvez tenha sido uma falta sentida na quarta agremiação a fechar as notas máximas, a Portela. O enredo sobre a diáspora africana, centrado na figura do Baobá, se mostrou na Avenida pouco inspirado e genérico. Apesar de bem defendindo, que pode justificar a falta de perda de pontos, algumas alas desfilavam apenas representações de orixás sem maior amarração. Em meio a tantos enredos que repensaram o termo “afro”, a azul e branco seguiu um caminho mais tradicional e pecou na falta de ousadia, com representações já saturadas sobre o tema.
Fechando a conta, felizmente, os enredos e os discursos apresentados na Avenida voltaram a ser centrais. Nada de temas patrocinados poucos pertinentes, isso ficou para trás. Para vencer a folia carioca hoje, é necessário força em seu discurso. A vitória da Grande Rio, em sua ousadia, reafirma esse novo frescor. Visualmente e narrativamente, vimos uma escola conectada a seu tempo, que apostou na força da linguagem carnavalesca e toda sua potência.
Mudança na bateria da União da Ilha. Mestre Marcelo seguirá no comando, mas sem a presença de Keko. Eles dividiam o cargo até o desfile de 2022. Nas redes sociais, Marcelo falou da novidade.
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
“Hoje Venho anunciar a todos que sigo como mestre de Bateria da União da Ilha agora em carreira solo. Todo ciclo tem início, meio e fim e hj informo que meu ciclos de parceria com o mestre Keko Araújo chegou ao fim, agradeço nossa trajetória , foram quatro anos juntos de muita aprendizagem , conhecimentos, para ambas as partes, mais agora é seguir em frente em novos projetos e desafios! Agradeço ao Dr.Ney Fillardys pela confiança e pela oportunidade de eu como prata da casa continuar o trabalho a frente dos meus ritmistas e junto com meus diretores. Seguirei fazendo um trabalho sério e dedicado, nossa Baterilha seguirá raiz como sempre foi, porque daí, vem seu brilho. O sucesso será a recompensa de um trabalho árduo que será desenvolvido com humildade e de maneira correta. Seguirei trabalhando para que consigamos os sonhados 40 pontos e dessa forma ajudar a União da Ilha a conquistar seu objetivo maior que é o retorno ao grupo especial. Em breve começará tudo outra vez, conto com o apoio de todos, vamos juntos, Um abraço, Mestre Marcelo Santos, mestre de bateria da União da Ilha do Governador”.
A expectativa em cima do desfile da Unidos de Vila Isabel era enorme, afinal, a escola iria homenagear o seu ilustre baluarte, Martinho da Vila, após o desfile, a sensação foi de dever cumprido com maestria, a escola passou pela avenida muito bem e recebeu elogios de crítica e público, muitos apostaram em uma briga acirrada com a Grande Rio, que acabou sendo a grande campeã. Porém, com a leitura das notas, a agremiação do bairro de Noel ficou em quarto lugar, uma colocação melhor que a conquistada no último carnaval, mas ainda assim abaixo da expectativa geral.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, alguns repercutiram o resultado, na visão deles, o título da Grande Rio é incontestável, porém, eles esperavam uma colocação melhor.
O bailarino Reinaldo Lima contou que seu último desfile pela Vila foi o de 2002, e que retornou esse ano por conta da homenagem ao Martinho, para ele, foi uma emoção única poder participar desse momento especial, sobre o resultado, ele acredita que foi justo e espera que nos próximos anos a escola consiga posições ainda melhores.
“Acho que a gente sempre espera mais, se tivesse tirado em décimo, queríamos o nono e assim por diante, acredito que no já foi um salto gigantesco desde o último desfile, ficamos em oitavo e agora conseguimos ficar entre as quatro primeiras, acho isso ótimo. Martinho da Vila é sem comentários, ele merecia essa homenagem, foi lindo. Confesso que demorei a entender o samba, mas depois que eu me conectei, pude sentir uma plenitude muito grande, o refrão era ótimo, mas o conjunto todo era bom, a escola veio linda, não vi nenhum comentarista relatar um problema, então isso gerou muita confiança para a apuração. No próximo ano eu desejo que a Vila venha ainda mais forte, como diz o samba, a Vila vai melhorar, sempre esperamos o melhor”, pontua Reinaldo.
A funcionária pública Aulecir Moura, de 60 anos, se mostrou muito feliz com o resultado da escola, ela contou que sempre desfilou pela Vila, mas que estava afastada há alguns anos, poder retornar no ano de homenagem a Martinho foi um momento muito especial.
“Eu adorei ter voltado no sábado das campeãs, eu sempre desfilei há muitos anos aqui, a Vila é a minha escola do coração, essa homenagem ao Martinho foi muito bonita e veio na hora certa, fiquei muito feliz porque realizamos um desfile a altura dele, lógico que esperava o título, a gente sempre espera o melhor, e como eu disse, o desfile foi muito bonito, não vi ninguém apontando defeitos, acho que a Grande Rio mereceu muito ganhar, mas esperava um pouco mais pra Vila. Para o próximo ano eu confio que iremos conseguir esse caneco”, contou a funcionária pública.
Lucas de Castro participou do seu terceiro desfile pela Vila Isabel e o que ele mais destacou foi a leveza das fantasias em relação aos últimos anos, para ele, as fantasias contribuíram para que os componentes pudessem desfilar com mais empolgação. Para o próximo carnaval, o programador prefere aguardar a divulgação do enredo, mas deseja o melhor para sua escola do coração.
“Eu acho que o quarto lugar ficou de bom tamanho, todo mundo ficou satisfeito com o desfile, acho que a Grande Rio merecia o título, era incontestável, mas eu fiquei feliz por ter voltado nas campeãs. No desfile, o que eu mais gostei foi a leveza das fantasias,comparado com os dois últimos anos as fantasias estavam bem mais leves, conversando com o pessoal aqui na concentração tava todo mundo relatando isso. Para o próximo ano eu ainda não sei o que esperar, vou esperar o lançamento da sinopse para poder analisar direitinho”, contou o programador.
A dona de casa Maria de Fátima, de 63 anos, contou que esperava um resultado melhor, mas que a volta nas campeãs é um bom resultado, para o próximo ano, ela confia no trabalho do carnavalesco Paulo Barros e projeta um ano de vitórias.
“Eu esperava que fôssemos campeões, o desfile estava lindo, sem erros, uma justa homenagem ao Martinho, mas não deu e tá tudo certo. O que eu mais gostei foi o samba e o meu Martinho da Vila lindo, maravilhoso, sem dúvidas foi um momento muito emocionante e bonito, tenho certeza que até quem não torce pra Vila ficou feliz por vê-lo ali. Para o próximo ano eu espero que ela venha maravilhosa, gosto muito do Paulo Barros e tenho certeza que fará um lindo trabalho”, contou a dona de casa.
Após total êxito na Expo Dubai, evento no qual foi consagrado por não ter concorrente que realizasse projeto semelhante há tanto tempo, e com tamanha excelência, o espetáculo “Ginga Tropical” apresentado em seu país de origem, depois de um hiato de dois anos em virtude da pandemia.
Fotos: Divulgação
O show gira como um gigante mágico, através de artistas que, com figurinos que destacam cores fortes, refletindo brasilidade, originalidade, encanto e diversidade, trazendo referências da nossa história cultural e musical. Um passeio pelo imaginário e por um Brasil real, que atinge em cheio sua identidade.
Entre 2013 e 2019, o “Ginga Tropical” ficou em cartaz na cidade do Rio de Janeiro e ao longo deste período, esteve em grandes palcos, como o Festival Internacional de Folclore em Chengdu, na China.
No elenco, entre grandes talentos, estão Luana Bandeira, musa da Unidos do Viradouro, Thai Rodrigues, atual Rainha do Carnaval do RJ e Luara Lino, 1ª Princesa do Carnaval do RJ.
Sonho de uma ex-aeromoça
O espetáculo nasceu a partir de um grande desejo de Rose Oliveira, diretora artística, ex-comissária de bordo da extinta companhia de aviação, Varig. Criado, produzido e dirigido por ela, o show objetiva aflorar o orgulho pela cultura nacional e que cada pessoa que o assista tenha a curiosidade de conhecer de perto as regiões do Brasil ali representadas.
Fotos: Divulgação
“Tratamos de história, de folclore e de cultura. Manter esta história viva é conservar as raízes do brasileiro e conduzir ao alcance das novas gerações. É simplesmente deixar que todos conheçam nossas origens, pois um povo precisa saber sobre sua história e o estrangeiro que nos visita deve ser contagiado pela nossa alegria e energia de viver”, enfatiza Rose Oliveira.
Serviço:
Ginga Tropical
Sábado, 28 de maio, às 21h
Teatro Fashion Mall (Estrada da Gávea, 899 – loja 213, Rio de Janeiro)
Ingresso: a partir de R$ 110
Classificação etária: Livre