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Feijoada do Salgueiro, domingo, terá Netinho e Kiloucura

A já tradicional Feijoada do Salgueiro edição de julho acontecerá neste domingo, 10, a partir das 13h, levando ao público uma verdadeira viagem ao passado através das músicas de Netinho de Paula e Kiloucura, atrações principais. O evento, e que terá ainda a presença da cantora Yeda Maranhão, cuja participação no programa The Voice +, orgulhou a todos os salgueirenses. Dona de uma voz potente, Yeda é integrante da Ala dos Compositores do Salgueiro e representou muito bem as tradições musicais da Academia do Samba.

feijoada salgueiro
Foto: Ewerton Pereira/Divulgação

No repertório de Netinho de Paula, cuja trajetória teve início no grupo Negritude Junior, sucessos como Cohab City, Timidez, Depois da Briga, embalarão o público fiel que prestigia o evento que acontece todo segundo domingo de cada mês. Na mesma pegada, o grupo Kiloucura chega com hits do fim da década de 1990 e 2000 como Pela Vida Inteira e Mulher da Minha Vida, sucessos cantados até os dias de hoje por quem é fã do gênero musical.

A feijoada é servida com o tempero especial da alegria das tias baianas do Salgueiro. No encerramento, a Bateria Furiosa e todo o elenco salgueirense entram em cena para converter a quadra em um grande espetáculo pré-carnavalesco.

Os ingressos já estão sendo vendidos. A quadra do Salgueiro fica na Rua Silva Teles, 104 – Andaraí.

Serviço: Feijoada do Salgueiro edição de julho
Data: 10 de julho, domingo
Horário: 13h
Local: quadra do Salgueiro (Rua Silva Teles, 104 – Andaraí)
Atrações: Yeda Maranhão, Kiloucura e Netinho de Paula; encerramento com Bateria Furiosa e elenco show do Salgueiro
Classificação etária: livre

 

Carnaval perde Jorge Mendes

Jorge Mendes Carneiro, carinhosamente chamado por todos de Jorjão, morreu nesta sexta-feira em decorrência de complicações de um câncer. Ele estava internado no Hospital Memorial do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio.

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Foto: reprodução

Jorjão era um folião nato e pesquisador. Desfilou em diversas escolas e não perdia um carnaval. Portelense, nos últimos fez parte da equipe de direção de alegorias.Foi fundador do Prêmio Samba-net. Atuou como jurado e coordenador de jurados. Teve ainda passagem pelo site SRZD-CARNAVALESCO como colunista.

Em 2017 lançou o livro “Bastidores do Carnaval, o que quase ninguém viu…”, que traz histórias curiosas sobre episódios marcantes ocorridos na preparação e também durante o carnaval.

Com workshop, Vila Isabel prepara novos diretores de Harmonia, os ‘cérebros’ da Sapucaí

Começa neste sábado, o workshop que a Unidos de Vila Isabel irá promover em sua quadra, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para formar novos diretores de Harmonia — considerados os “cérebros” da Sapucaí, responsáveis pela organização e ensaios do cortejo das escolas de samba, bem como o canto de cada comunidade. O evento terá uma segunda etapa no sábado seguinte, dia 16, e será comandado pelo diretor-geral da azul e branca para o quesito, Marcelinho Emoção.

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Foto: Divulgação

“Nossa intenção era formar cerca de 50 novos diretores, mas já temos 150 inscritos. O workshop visa ensinar a prática da Harmonia e selecionar componentes para integrarem o time da escola com essa função”, conta Marcelinho, para quem o perfil mais adequado para o ofício é o de pessoas apaixonadas pelo samba (e pela Vila, no caso) comprometidas e abertas a aprender.

Inicialmente, a proposta era aprimorar o treinamento somente da equipe que já atua na Harmonia da Vila. No último Carnaval, quando a agremiação ficou numa honrosa quarta colocação, o segmento deixou apenas um décimo para trás entre as três notas válidas. Mas, com a procura por inscrições, Marcelinho resolveu expandir o trabalho:

“É uma semente que estamos plantando. E não vai parar por aí. Depois dessa edição, vamos fazer mais”, diz o diretor.

O primeiro dia de ensinamentos incluirá uma aula ministrada pelo próprio Marcelinho, em parceria com lideranças do Carnaval carioca e diretores de segmentos da Vila, como a Velha Guarda. O segundo encontro terá as participações de Elmo José dos Santos, diretor de Carnaval da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa); Moisés Carvalho, diretor de Carnaval da Vila; Sidney Machado, o Chopp, diretor com experiência reconhecida no quesito e Luiz Martins, que comanda a logística do barracão da escola.

Nas duas ocasiões, o início das atividades está marcado para às 10h, com duração até 14h. As inscrições estão sendo feitas online, por meio de passo a passo disponibilizado nas redes sociais da Vila.

Águia de Ouro anuncia “Um Pedaço do Céu” como enredo para 2023

A Águia de Ouro divulgou o seu enredo para o carnaval de 2023. O tema é intitulado como “Um Pedaço do Céu”. O desfile de 2023 será assinado pelo carnavalesco Sidney França, que está indo para o seu terceiro ano na agremiação. Veja o texto publicado pela escola.

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“Sob a luz do carnaval, o G.R.C.S.E.S. Águia de Ouro orgulhosamente apresenta o seu enredo para 2023, quando fará de seu desfile momento de encantamento e magia… Com vocês:

“Um Pedaço do Céu”

💙🤍🦅✨

Rumo ao Carnaval 2023!!!”

Presidente de honra da Portela, Tia Surica fala sobre o centenário da escola

No final do mês de maio a Portela teve a sua eleição para a nova diretoria. A chapa “Portela Verdade” foi a vencedora, com Fábio Pavão como presidente, Júnior Escafura como vice-presidente e Tia Surica como presidente de honra da agremiação. Para a baluarte ocupar esse cargo é uma forma de reconhecimento. Ela disse que se sente lisonjeada por estar fazendo parte disso e dessa homenagem pela sua escola de coração. A nova presidência tem uma missão muito grande que é planejar o carnaval do centenário da Portela. Algo que todos os sambistas estão ansiosos para ver e com Tia Surica não é diferente. Ela conta que confia na atual administração.

tia surica

“Votei neles e tenho certeza que vão fazer uma boa gestão. Confio muito no Pavão e no Escafura. Temos que ter um bom samba, uma excelente bateria e tudo que conte ponto não pode faltar na escola”, afirmou.

O próximo carnaval da escola promete ser emocionante para todos, e, principalmente, para os portelenses. O centenário da azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira é algo histórico e em 2023 a agremiação irá honrar toda a sua trajetória até os 100 anos. Com o enredo “O azul que vem do infinito”, cujo desenvolvimento ficou por conta dos carnavalescos Márcia e Renato Lage irá de encontro com as suas raízes desde a fundação por Paulo Benjamin de Oliveira (Paulo da Portela). A presidente de honra da Águia Altaneira, Tia Surica, em conversa com a equipe do site CARNAVALESCO relata o quão ansiosa está para esse desfile e que não sabe o que irá sentir quando pisar na avenida pela escola.

“Ainda temos que aguardar muita coisa, pois até agora não sabemos muito. Mas irei esperar estar na avenida para ver a magia acontecer. Todos meus 75 anos na Portela são memoráveis. Só em 2005 que eu viro a página, pois foi muito triste e constrangedor. Nesses anos todos que saio no carnaval, nunca vi uma coisa tão triste como o que nós passamos naquele ano. É algo que já passou e eu não gosto nem de ficar fazendo comentários e viro essa página completamente”.

A Portela é muito conhecida por conta do seu símbolo, a águia. Já vimos esta ave de tudo quanto é jeito na avenida e sem dúvida uma que impactou muito foi a “Águia Redentora”, de 2015. Com os 100 anos da instituição, todos têm a curiosidade de como ela virá nesse desfile. Uma lenda viva da cultura carioca, Tia Surica afirma que a águia será uma surpresa para todos.

“Temos que esperar, pelo o que eu sei vai ser surpresa, não podemos falar nada, pois não sabemos. Mas sei que será uma surpresa incrível”.

São Clemente anuncia enredo para o Carnaval 2023

A São Clemente anunciou que “O Achamento do Velho Mundo” é o título do enredo para o Carnaval 2023. O desenvolvimento é do carnavalesco Jorge Silveira. Leia abaixo o texto publicado pela escola. A sinopse será divulgada no dia 14 de julho.

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“Se é pra falar de identidade eu tenho repertório! A São Clemente construiu sua trajetória através de uma sequência de enredos críticos e irreverentes. Cria das areias de Botafogo, a escola da Zona Sul nasceu envolta pela espontaneidade carioca, do carnaval de rua, do futebol e de toda essência que paira no ar dessa cidade que respira o carnaval. Ela tem tatuada na pele a alma do Rio de Janeiro; o Pão de Açúcar gravado em seu pavilhão.

Sua voz sempre foi uma forma de defender os interesses da massa, se colocando ao lado do povo. Foi assim quando ela denunciou o problema dos menores abandonados; quando mostrou mais de uma vez os males que assolavam a nação; quando colocou o dedo na ferida da educação; até mesmo quando o “samba sambou” (parte 1 e “o retorno”). “São Clemente consciente, irreverente”. Suas bandeiras sempre foram as pautas que mais importavam a população, afinal “maiores são os poderes do povo”.

E sempre fez isso com o melhor do bom humor do carioca, lembrando sobretudo que é carnaval! Que é através da catarse dessa festa que nós nos conhecemos e nos reinventamos todos os anos. Sempre invertendo a lógica, propondo a reflexão, nos fazendo pensar “fora da caixinha”. Esse é o jeito de ser da São Clemente: carioca da gema do ovo.

A adversidade faz parte de toda caminhada. Tropeço também. Mas só se levanta quem tropeça. E ela já se levantou, sacudiu a poeira (no caso, a areia de Botafogo) e está se aprontando para brilhar mais uma vez na Sapucaí. Ela é carioca: adversidade a gente come com farofa! “Não adianta jogar água malandragem, que a poeira vai subir”. “Afinal “sou eu que faço a Zona Sul vibrar”.

Em 2023 a São Clemente vai fazer uma viagem no tempo, de um jeito que só ela sabe fazer. Vamos propor uma reflexão muito bem humorada na avenida: e se fosse ao contrário? Vem ai …”

Sinopse do enredo da União da Ilha para o Carnaval 2023

Enredo: “O Encontro das Águias no Templo de Momo”

Sinopse

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A Águia é a ave que possui maior longevidade da espécie.

Para conseguir esse feito, precisa tomar uma séria e difícil decisão. Com o passar do tempo suas garras enfraquecem e ela não consegue mais dominar as presas das quais se alimenta. O bico se curva, as penas tornam-se mais densas e pesadas. Voar já não é tão fácil.

A Natureza ensina que é hora enfrentar as adversidades. É tempo de renovar para dar início a um novo ciclo.

A Águia se recolhe no alto da montanha, até que recupere a força das garras e do bico, adquira uma nova plumagem e se encha de brios para alçar um voo triunfal, na direção do infinito!

Nossa história reúne duas Águias que se reencontram para renovar os compromissos com a Bandeira do Samba e a alegria do Carnaval.

I. BALL MASQUÉ

Hoje é um dia especial.

O Templo de Momo está em festa para celebrar o encontro de duas Águias, símbolos da dinastia do Samba.

Uma delas, fará um voo pioneiro.
É uma Águia centenária, que domina experiências acumuladas ao longo de uma vida. Vem visitar a sua afilhada e, juntas, cumprirão uma jornada inesquecível: alçarão um voo mágico para resgatar a alegria.
A alegria de brincar o Carnaval!

I. O GRANDE BAL MASQUÉ

O Tempo parou porque a festa não tem hora para acabar.

Momo abriu os portões da folia e vestiu a sua ilha de magia. É tudo tão  bonito, tão intenso, tão romântico, que não dá para separar a realidade de um sonho. Engalanou os salões do palácio para um grande baile, onde casais mascarados dançam ao som de uma orquestra arlequinada.

Há uma intensa troca de energia entre seres apaixonados, que se envolvem em segredos nessa aventura momesca para celebrar o amor! O verdadeiro amor à Escola de Samba!

– Mas… Quem é você?

– Sou a União da Ilha, meu amor.

II. O BATIZADO

Ela não podia ser mais carioca. Nasceu no Carnaval de 1953, na batucada do samba, inspirando a rapaziada de um time de futebol do Cacuia.

Foi na porta de um armazém de secos e molhados, entre versos inspirados e uma palavra que virou obrigação: União… União da Ilha… Ritmando as batidas do coração. (2)

Ainda estava aprendendo a voar quando foi batizada.

Como descobridores de um Novo Mundo, portelenses traziam as glórias da Avenida. As duas bandeiras se entrelaçaram, misturando as cores da vida. Sambistas se abraçaram e abriram o caminho para ouvir o padrinho. Era o famoso Natal, emocionado, comovido. Apontou para o pavilhão tricolor, e fez um pedido: que a Águia pousasse para sempre naquele brasão! E assim foi, desde então.

III. O CORTEJO DE MOMO

Momo ordena que soem os clarins. Abrem-se as cortinas do Templo, e  o povo se aglomera para ver o cortejo…

Bufões se espalham na galhofa do entrudo. Vêm o Zé Pereira, cucumbis, cordões, as grandes sociedades, o corso, blocos, foliões fantasiados, ranchos e uma intensa batucada, que desce dos morros e transforma a grande praça numa pequena África.

É de lá, do outro lado do mar, que vem toda essa magia, que se espalha pelos quatro cantos da Ilha. É o coro, a dança, o giro das baianas, o gingado dos passistas, e o pulsar da bateria, que faz o corpo vibrar: no altar do Samba, forma-se a curimba. Segura a marimba!

É o elixir da alegria… Nos versos de Didi… Na voz de Aroldo Melodia!

Ouçam o apito…

IV. A BARCA DO INFINITO

Lá vem a barca, meu bom Jesus, trazendo no agito o “Conjunto Oswaldo Cruz”,  “Quem Nos Faz É o Capricho”, “Vai Como Pode”… O mar sacode, tremulam bandeiras. Abram alas para a madrinha “Portela”! Gente amiga de Oswaldo Cruz e Madureira!

As duas Águias se encontram no alto do campanário, guardam as glórias num relicário e selam um compromisso tão claro como a luz do dia: o de enfrentar qualquer sacrifício, para que o Samba – por dever de ofício – seja sempre uma realidade e não fantasia.

A Majestade abre as asas, e antes de partir, diz à afilhada:

“Você sempre foi determinada. Comece uma nova jornada. Sua história é fantástica! A legião insulana é aguerrida. Descubra a sua verdade e não tenha medo de ser feliz.

Faça como eu fiz: olhe para trás e reencontre o fio da meada. Ele está em cada componente, no sorriso inocente, no suor dessa, no suor dessa gente que não se cansa de sonhar…

Em trazer a Ilha de volta para o seu verdadeiro lugar!”

Bata do peito com orgulho! Cante como se não houvesse Amanhã.

É Hoje, o grande dia! Os portões do Templo se abrem para que a Ilha passe com o seu mar de alegria,
saudando a madrinha que abençoou o seu caminhar…

Bata do peito com orgulho! Cante como se não houvesse Amanhã.

É Hoje o grande dia!

Os portões do Templo se abrem para que a Ilha passe com o seu mar de alegria,
saudando a madrinha que abençoou o seu caminhar…

Que momento lindo!

É Como se a vida fosse o alvorecer
de um novo e colorido Domingo!

Cahe Rodrigues
Carnavalesco

Sinopse: Cahe Rodrigues e Cláudio Vieira
Desenvolvimento: Cahe Rodrigues
Pesquisa e Texto: Cahe Rodrigues e Cláudio Vieira

Representantes da Unidos de Bangu, Ponte e Sossego analisam o sorteio para 2023

Por Lucas Santos e Luan Costa

Após o sorteio que definiu a ordem dos desfiles da Série Ouro para o Carnaval 2023 o site CARNAVALESCO ouviu os representantes das Sossego, Ponte e Unidos de Bangu. Confira abaixo.

Sossego (Presidente Hugo)
“A gente está pronto aí pra desfilar sexta, sábado, estaremos lá engrandecendo com grandes agremiações na sexta-feira, temos a São Clemente, Unidos de Miguel, Estácio, Vigário, Lins, Arranco e vamos abrilhantar sim a sexta-feira, abrir esse carnaval 2023 em grande estilo como foi o carnaval 2022. A gente está definindo enredo nos próximos dias, será divulgado, já está no forno, inclusive, os protótipos já estão sendo confeccionados, a gente já colocou o Carnaval 2023 pra executar. O nosso enredo tem tudo a ver com a cara do Sossego. Tenho certeza que o carnaval do Rio de Janeiro vai ficar bastante lisonjeado e a terra de Niterói também. O nosso município, que a gente representa, vai estar feliz também”.

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Unidos de Bangu (Diretor de carnaval Marcelo do Rap)
“Como é um sorteio, a gente fica sempre apreensivo quanto a sorte. A gente escolheu um enredo religioso, um enredo que fala de Xangô, e a gente pediu muito a Xangô para dar uma colocação legal, um dia legal para gente. O presidente teve a felicidade de tirar os dois números certos e a gente caiu em uma colocação sonhada. Sonhada para que a Bangu possa fazer um grande carnaval e a gente tem tudo para fazer um carnaval maravilhoso esse ano, abençoados por Xangô”.

Unidos da Ponte (Presidente Rosemberg)
“Em relação ao planejamento fugiu um pouco mas é o destino, o desafio está dado, todo mundo não gosta muito de desfilar do lado do Balança por conta da montagem, esses problemas todos, mas é o desafio, quem quer alguma coisa, tem algum propósito no carnaval, tem que aceitar todos os desafios e vencer todas essas barreiras. Vamos fazer um grande carnaval. Já saímos de sexta-feira, que desde que retornamos para Sapucaí sempre foi sexta. Agora estamos no sábado e vamos dentro, desafio foi feito para ser vencido. Vamos lançar o enredo em agosto, mas já está tudo pronto. Vai ser uma homenagem a uma pessoa de São João de Meriti”.

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Jorge Silveira detalha enredo da Mocidade Alegre para o Carnaval 2023

A Mocidade Alegre convidou integrantes da imprensa para um bate-papo, que ocorreu na quadra da escola, na noite da última terça-feira. Com a participação da presidente Solange Cruz e do carnavalesco Jorge Silveira, o encontro visou explicar detalhes e tirar dúvidas sobre o desenvolvimento do enredo para o Carnaval de 2023, que teve grande repercussão após ser anunciado em uma live promovida pela Morada do Samba.

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O primeiro negro samurai, “Yasuke”, cujo nome foi o escolhido para levar essa história para a Avenida, terá sua jornada contada desde sua saída de Moçambique, na África, no século XVI, até sua chegada ao Japão, onde se tornou o mais leal soldado do Daimyô de Kyoto, Oba Nobugara.

Como nasceu a ideia

“Se tem um local onde essa história tem que acontecer é em São Paulo, e acho que a Mocidade tem a herança e a carga necessárias para levar essa história, para poder conduzir esse personagem. Acho que Yasuke está muito feliz por ter encontrado essa Morada”. Foi com estas palavras que Jorge Silveira definiu a importância do enredo escolhido. Quinta escola a desfilar na segunda noite do próximo carnaval, a Mocidade Alegre abraçou o tema que foi sugerido ao carnavalesco por Rodrigo, um de seus assistentes.

“É um personagem pelo qual eu já era apaixonado há algum tempo, e eu sempre enxerguei nele a viabilidade de se transformar em uma trama de Carnaval pelo potencial que a história tem. Não só pelo visual, a parte estética, mas principalmente pela mensagem que o personagem tem de crescimento, superação, de igualdade, de mescla de culturas e boa convivência cultural, que são coisas que o nosso mundo precisa e que são mensagens que o Carnaval traz naturalmente. Acho que Yasuke vem acrescentar muito a esse momento. É a narrativa certa no momento certo”.

Mundo do samba reverencia Yasuke

A presidente Solange Cruz exaltou o impacto causado pelo enredo anunciado. “A repercussão foi muito positiva. Fizemos uma live que bateu mil pessoas assistindo no meio da semana (quinta-feira). Começamos a receber mensagens, como a de um diretor do Vai-Vai e o filho falando para ele, porque tem essa série na Netflix (também chamada “Yasuke”) que passa depois dessa fase que vamos contar, e isso é muito legal. Vamos contar uma fase, e a Netflix conta uma fase posterior dessa história. É muito bacana porque as crianças conhecem. Aí vem outro diretor, de outra escola, e manda “somos todos Yasuke”. Isso me chamou muita atenção, a forma como as pessoas se identificaram e entraram no clima”, declarou.

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O enredo promoverá uma ligação das experiências vividas por Yasuke com os desafios enfrentados pelos jovens negros nos dias de hoje, de acordo com Jorge Silveira. “O grande foco de trabalhar assuntos assim no carnaval é você focar naquilo que é positivo. É usar essa oportunidade do desfile para poder jogar luz nos bons exemplos, e poder potencializar esses bons exemplos. Sabemos de todo o problema e de todas as questões pertinentes ao tema, mas eu posso usar esse desfile como uma oportunidade para podermos evidenciar todos aqueles que se armam como samurais para enfrentar e vencer estes desafios, e usar esses exemplos como força motriz, impulsionadora, para incentivar outros a vencerem também. O nosso foco será esse, de mostrar, jogar luz sobre o que é positivo e como conseguimos construir bons exemplos com essa história do Yasuke. Como ele pode se espelhar para que outros jovens possam enxergar nessa nossa narrativa a experiência e a força que o personagem tem”, explicou.

Yasuke e sua religiosidade

Historicamente, a Mocidade Alegre sempre aborda a religiosidade em seus desfiles. Apesar de ser um enredo que em tese foge um pouco disso, tal fato não vai ficar de fora. “Existem algumas origens possíveis de religiosidade para o personagem. A que é mais provável é que ele tenha vindo de Moçambique. Vindo do país, a base da religiosidade é da cultura ‘banto’. Então, não é uma religião que cultua orixás e, sim, ‘inquices’. Tem dados momentos que a gente vai citar essa ancestralidade, porque o grande diferencial do personagem, é que ele carrega consigo a ancestralidade de dois mundos. Ele se constrói através disso. Vai ter um momento em que a gente vai mostrar essa presença dos inquices na alma do Yasuke, misturado com esse universo que ele começa a flertar com a cultura japonesa, até porque é impossível falar desse personagem sem abordar o aspecto da religiosidade, porque é um dos elementos que compõe a essência dele. A virtude, força, dignidade vem da força espiritual que ele tem”, explanou.

Um enredo que está nas mãos certas

Conforme a conversa foi se desenvolvendo, Jorge Silveira revelou um detalhe inusitado sobre seu passado. Antes de se tornar carnavalesco, Jorge foi mangaká, que são artistas que trabalham no desenvolvimento de mangás, um estilo de histórias em quadrinhos japonês. “Eu trago na minha própria natureza elementos que conversam de todos esses aspectos do Yasuke. Tenho minha ligação com a visualidade africana por conta do carnaval, por tudo que já trabalhei e já vi ligado ao carnaval, e tenho essa ligação com o universo mangaká, da estética japonesa. O que vamos ver é um filtro de tudo isso, através da minha percepção, do que eu leio dessas duas culturas, e como eu vou tratar, com todo respeito e dignidade, essas duas culturas. Elas já são fortes sozinhas, as duas imagens já são muito poderosas. Elas têm identidade própria. O grande desafio meu é cruzar essas duas referências e criar uma narrativa para a Mocidade Alegre em Carnaval, que é uma outra camada. É um desfile de Carnaval com tudo que tem que ter, com a grandiosidade que a Mocidade gosta, com as fantasias e a imponência alegórica que a Mocidade gosta, e esse é o desafio”, contou.

Sobre a influência desta experiência anterior em um trabalho para o carnaval, Jorge Silveira garantiu que a tratativa segue por uma outra linha. “As lembranças serviram principalmente no esforço de não usar aquelas referências. No universo mangá muitas vezes temos a possibilidade de explorar o fantasioso, o imaginário, o lúdico. E nesse enredo eu tenho um compromisso histórico, de rigor, de pesquisa, de fidelidade de figurino de época, de composição de cenário, de personagem. Então eu procurei me desligar um pouco disso. Eu gosto muito desse universo, e inclusive meu traço é muito conhecido quando desenho porque eu desenhei quadrinhos por muito tempo. Então meu exercício nesse momento é me desligar disso e mergulhar na história para valer. Ali é Yasuke na veia”, garantiu o artista.

Semelhanças entre Japão, África e o bairro da Liberdade

Apesar de serem povos que se desenvolveram em locais tão distantes um do outro, as semelhanças culturais entre africanos e japoneses são grandes. A Morada do Samba pretende mostrar de forma carnavalizada essa similaridade. “África e Japão estão muito distantes, mas tem muito pontos de contato. As duas culturas são muito ligadas à ancestralidade, e esse é um ponto muito comum entre elas. Tanto o japonês quanto o africano baseiam suas culturas no conhecimento daqueles que vieram antes. As duas culturas se expressam muito forte visualmente, tem seus ícones de comunicação culturais e religiosas por imagem, ou no corpo, ou na pintura, ou na parede, escultura, máscara ou em tambor. O tambor também é um elemento muito forte nas duas culturas. O africano toca o tambor para evocar sua ancestralidade e o japonês também. O africano usa a máscara para se incorporar na entidade, e o japonês põe a máscara para virar outro personagem e encarar a luta. São culturas que, podem ser que estejam distantes, mas tem links imagéticos muito fortes, e tudo isso se conversa no desfile. Meu desafio é criar essa química entre esses dois universos e vocês pensarem que o Japão e a África é um do lado do outro”, disse Jorge Silveira.

São Paulo é a cidade com mais presença de japoneses e seus descendentes fora do Japão. Além disso, eles se instalaram principalmente na Liberdade, um bairro cujo passado possui forte vínculo com a população negra do período colonial. A Mocidade Alegre passará por esse universo, garante o carnavalesco. “A Liberdade é um bairro que começa negro, e depois os japoneses vão chegando e vai criando essa mistura cultural. Teremos a possibilidade de juntar esses dois mundos, e trazer essa reflexão para o nosso desfile. São Paulo é a maior cidade japonesa fora do Japão, e de maneira paradoxal é a cidade que mais mata jovens negros. É uma reflexão fundamental, importante, que a gente precisa trazer para a nossa narrativa, e vamos tratar com todo o respeito e todo carinho que tem que ter”, revelou.

Jorge Silveira e seu novo desafio

O artista é conhecido por assinar temas lúdicos e colocar em prática apresentações ‘leves’ na avenida. Porém, de acordo com o carnavalesco, o desfile de 2023, tem um desafio especial no aspecto do desenvolvimento.

“É um desafio especial por todo aspecto de novidade que essa ideia tem. É uma escola nova e um contexto novo. Mas, Yasuke é o meu carnaval número nove e, se você somar na ponta do lápis, é a menor parte, só que as pessoas olham mais para os enredos lúdicos. Eu fiz um enredo sobre os 200 anos da Escola das Belas Artes do Rio de Janeiro. Não tem nada de lúdico. Até na Dragões, a “Asa Branca”, tem característica regional. Agora, esse tem uma pega fortemente histórica, porque todo embasamento estético é calcado na arte japonesa e africana marcado no tempo em que a história acontece, mas haverá um desenvolvimento onde a gente vai fazer um link com o contemporâneo. Então, talvez seja nas propostas que eu já trabalhei, a que tenha a maior versatilidade no tempo. Ela vai cruzar um arco de tempo maior entre o passado mítico do personagem e o contemporâneo. Acho que esse arco de tempo, pra mim é uma novidade que eu estou adorando fazer. Não tem nada de lúdico e, pode ter certeza, que vai entrar forte”, finalizou.

Lula se encontra com representantes das escolas de samba, promete valorização do carnaval e diz: ‘o samba é um patrimônio imaterial nesse país’

O ex-presidente e atual pré-candidato a presidência Lula (PT) participou na tarde desta quarta-feira de um evento com sambistas, trabalhadores e dirigentes de escolas de samba na quadra da Unidos da Tijuca. Durante o encontro, ao lado de sua esposa, Janja, de seu parceiro de chapa, Geraldo Alckmin, e de algumas lideranças políticas, Lula discursou para uma quadra lotada e inflamada.

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Fotos: Luan Costa/Site CARNAVALESCO

O ato foi marcado pela presença de representantes do mundo do samba num manifesto em prol da pré-candidatura de Lula à presidência nas eleições de 2022 e em defesa do carnaval. Estavam presentes no encontro a presidenta de honra da Portela, Tia Surica, o carnavalesco Leandro Vieira, da Imperatriz Leopoldinense, o compositor André Diniz, o intérprete Neguinho da Beija-Flor, o também intérprete Pitty de Menezes, da Imperatriz, Noca da Portela, entre outras figuras do carnaval. Os discursos exaltaram Lula e defenderam a importância da valorização do samba e da cultura em busca de dias melhores. Dentre as falas, destacam-se as seguintes:

Fábio Fabato: “Por favor, acreditemos nos sonhos e nas políticas públicas que moram essencialmente numa escola de samba. Por favor, insiramos o samba e as escolas no orçamento público. Por favor. A gente fundamentalmente precisa que o Carnaval não seja mais paliativo. O Carnaval não é mero festejo, o Carnaval é identidade, é economia pulsante, é tudo aquilo o que com os olhos brilhando o senhor sempre falou e eu acompanho desde guri”.

Pitty de Menezes: “Meu presidente Lula, meu vice-presidente Alckmin, é uma grande honra estar aqui, emocionadíssimo! Eu vejo aqui muitos amigos que estão aqui hoje, cantores, intérpretes, músicos! E eu sou um jovem que comecei na escola mirim, passei pela Intendente Magalhães, passei pela Sapucaí, pelo Carnaval de São Paulo e passamos por muitos momentos difíceis com o prefeito que nós tivemos, que eu costumo dizer que é o nosso prefeito das cavernas, e olhando pro senhor aqui, eu tenho a certeza da esperança de um Carnaval com mais eh com mais visibilidade e com mais respeito. E olhando pro senhor eu digo pra todos, não tenho vergonha, a minha esperança não é verde a minha esperança é vermelha a minha esperança está no senhor Lula está no senhor vice-presidente Geraldo Alckmin”.

Leandro Vieira: “É uma alegria pra mim tá aqui participando da construção pelo menos do pensamento, da construção de um futuro melhor pra todo mundo. Disseram pro senhor que seria seu encontro com o mundo do samba. Mas eu acho que esse encontro é com o mundo do sambista. E eu acho que é bacana o senhor entender quem é o sambista. Muita gente vai falar do samba do Carnaval, da festa, mas é importante falar do sambista, eu acho bacana o senhor olhar pro rostinho de todo mundo aqui pra entender quem é o sambista e o senhor sabe quem é, o sambista é a classe trabalhadora, o sambista, o sambista é essa gente que anda de ônibus e precisa do transporte público, o sambista é a galera da periferia, o sambista é a galera da comunidade, o sambista é a costureira, o sambista é o carpinteiro, o sambista é o ferreiro, o sambista é a galera que borda, o sambista é uma galera que trabalha todo dia pra colocar o Carnaval na rua. A gente escuta a galera demonizar o Carnaval, a gente escuta a galera demonizar a festa que a gente faz porque as pessoas não entenderam ainda que a gente não faz festa porque a gente acha que a vida é boa. Eu falo sempre que o brasileiro faz festa porque a gente acredita que a vida precisa ser boa, não é porque é boa, mas a gente acredita que ela precisa ser boa”.

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Lula recebeu o microfone das mãos de Tia Surica, em sua fala, o ex-presidente reforçou os discursos anteriores, exaltou a importância do carnaval para a economia, prometeu recriar o ministério da Cultura e disse que o povo do samba não tem que me mendigar por algo que é deles por direito.

O ex-presidente afirmou que tem priorizado discutir sobre cultura por todos os Estados que têm passado durante a pré-campanha, de acordo com ele, é importante deixar claro que cultura não é tapa-buraco, deve ser pensada em conjunto e valorizada. Ele disse ainda que tem se reunido com segmentos da cultura e que o primeiro ato após tomar posse será a recriação do ministério da cultura, além de criar comitês culturais em cada cidade para que a capacidade cultural do povo seja explorada.

“Cultura é arte. Cultura é emprego. Cultura é trabalho. E a gente precisa tratar com respeito o pessoal da cultura que ficou passando privações por conta da política de destruição que esse atual presidente da república fez com a cultura em nosso país. Eu estava vendo agora um material da prefeitura do Rio de Janeiro dizendo que esse ano no Carnaval do Rio me parece que o carnaval rendeu para os cofres da prefeitura, uma bagatela de quatro bilhões de reais. E havia uma mesma notícia que dizia que antes de terminar o Carnaval por conta da pandemia tinha sido declarado que o Carnaval rendia por volta de oito bilhões de reais”, disse Lula.

Lula ainda fez uma autocrítica, ao lembrar que quando era governante não olhava para o carnaval com a importância que ele merecia ter, segundo ele, erros do passado devem ser reparados em uma possível nova gestão. Ele ainda citou a pandemia ao dizer que o país ficou triste sem carnaval.

“Olha então eu fico imaginando como é que nós que já fomos governantes. Como é que muitas vezes a gente não enxerga as coisas como elas são? Como é que muitas vezes a gente deixa de fazer algo que estava no nosso nariz? Por que o carnaval não está no orçamento do Estado, por que os sambistas têm que mendigar? Se alguém tinha dúvida da importância do carnaval, precisa ver como esse país ficou triste e empobrecido quando não teve carnaval, por conta da pandemia”.

O pré-candidato do PT fez questão de exaltar o trabalhador do carnaval, seja ele o empurrador de carro alegórico ou a costureira, ele acredita que essas pessoas, muitas vezes moradores das periferias, são os que fazem a nação seguir em frente.

“Vendo um desfile de carnaval a gente não se dá conta que todas aquelas coisas maravilhosas que foram feitas alguém fez. E esse alguém que fez são as pessoas mais humildes que às vezes fica empurrando um carro alegórico, mas tem tanta importância quanto aquele que está em cima representando a alegoria daquela história. A gente não se dá conta de quantas mulheres passam tempos e tempos trabalhando dentro da sua casa ou da escola tentando produzir a fantasia que nós achamos maravilhosa e parece que foi importada de um país muito rico. Quando na verdade foi feita pelo povo pobre, trabalhador, da periferia do Rio de Janeiro, das comunidades do Rio de Janeiro que muitas vezes são tratados pela imprensa como se fossem bandidos, que fossem pessoas do mal. A gente não se dá conta. Porque a televisão é uma fantasia. As pessoas são invisíveis, mas são essas pessoas que constroem essa nação”.

Ao final de seu discurso, o ex-presidente disse que o samba é patrimônio imaterial do Brasil e que seus profissionais devem ser tratados com o maior respeito, como uma indústria cultural que tanto produz, o samba não deve mendigar favores, seus orçamentos devem constar na união.

“O que nós vamos precisar fazer é o seguinte: por que que o samba como tantas outras coisas não entra no orçamento da prefeitura, no orçamento do estado e no orçamento da união? Por que as pessoas tem que ficar mendigando ajuda pra um, ajuda pra outro, às vezes recebe um pouco de um, às vezes é até um sentido por causa do dinheiro, não precisa disso. Se é uma indústria capaz de produzir emprego, capaz de produzir profissionalização das pessoas, porque o que você sabe costurando as coisas nessa fantasia não é uma coisa qualquer. É uma demonstração da capacidade cultural de trabalhador das pessoas. Uma profissão. Então, gente, eu quero dizer pra vocês companheiros, o samba é um patrimônio imaterial nesse país. O samba definitivamente faz parte da cultura. Tem algumas coisas conhecidas no Brasil. E uma delas é o samba”, finalizou Lula.

Após o discurso, Lula foi muito aclamado, prometeu voltar à Sapucaí em 2023, tirou fotos com eleitores e caiu no samba ao lado de sua esposa.