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Com Grande Rio e novidades, Academia do Samba inicia nova temporada do ‘Salgueiro Convida’

A Grande Rio, campeã do Grupo Especial do Rio no Carnaval 2022, inaugurou os trabalhos do já tradicional “Salgueiro Convida”, projeto da Academia que traz para as noites de sábado sempre a apresentação de uma co-irmã e da própria anfitriã na quadra localizada na Rua Silva Teles. Para esta temporada os shows começaram ainda mais caprichados nos figurinos, na coreografia e nos efeitos de luz. Duas plataformas foram colocadas em frente ao palco para que os passistas e cantores em determinado momento pudessem ficar ainda mais próximos do público. * VEJA AQUI O SHOW DA GRANDE RIO

O Salgueiro, como tradição, abriu a noite com seus sambas antológicos na voz de Emerson Dias e da equipe do carro de som, com a apresentação do time de passistas coreografados por Carlinhos, e a bateria furiosa dos mestres Guilherme e Gustavo. Entre as obras cantadas estavam clássicos como “Chica Xavier” e “Pega no Ganzá”, além dos mais recentes “Xangô”, “Malandro Batuqueiro” e “Resistência” do último carnaval, além de hinos campeões como “Peguei um Ita no Norte” e “Tambor”.

Antes da apresentação da Grande Rio, o presidente do Salgueiro André Vaz subiu ao palco para agradecer a comunidade e segmentos pelo trabalho realizado ao longo da última temporada e lembrou do intérprete Quinho que está afastado por motivos de saúde.

“Mais uma vez, começamos o nosso carnaval com o Salgueiro Convida. É uma honra participar desse evento com vocês. O nosso maior patrocinador é o público que vem aqui nas feijoadas, em todos os eventos, e que compra os produtos da escola. Ano passado o Salgueiro arrecadou R$ 3 milhões só em eventos e na boutique. Queria agradecer a todos os segmentos da escola, a nossa comunidade, a equipe que trabalha o ano todo, seguranças, bilheteria, boutique. Ao Quinho mando meu abraço, estamos rezando muito para que ele possa se recuperar”, disse o mandatário salgueirense.

Andre Vaz também deu as boas vindas a Grande Rio e cumprimentou o presidente da Tricolor de Caxias, Milton Perácio, presente ao evento, que também subiu ao palco.

“Falar da Grande Rio a gente fica até sem palavras. Conheço Perácio desde os anos 1990. Torço muito por você (disse à Perácio), torço muito pela vitória da Grande Rio. A Grande Rio foi campeã, mas com muita sobra, mereceu muito. Agradeço a todos os segmentos da Grande Rio e torcedores”, explicou André Vaz.

Em resposta, o presidente Milton Perácio agradeceu as boas vindas e fez questão de rasgar elogios ao evento e ao tratamento que o Salgueiro dá às coirmãs.

“A emoção é muito grande e vocês sabem disso. Eu gosto, eu amo vir aqui no Salgueiro e a Grande Rio gosta de vir aqui no Salgueiro pelo tratamento, pelo carinho a nossa escola e a todas as coirmãs”.

Na apresentação da Grande Rio comandada pelo carro de som de Evandro Malandro, com a participação de Emerson Dias, e a bateria de mestre Fafá, a escola trouxe obviamente o samba campeão de 2022 “Fala Majeté!As setes chaves de Exú” , mas passeou por obras dos anos 1990 como “No mundo da lua” e “Prestes, o cavaleiro da esperança”, além disso, cantou “Gentileza X – o profeta do fogo” e “Ivete, do rio ao Rio”, lembrando de obras que ficaram em segundo lugar e quase foram campeões como “Amazonas, o Eldorado é aqui”, “Duque de Caxias, o caminho do progresso, o retrato do Brasil” e “Tatá Londirá” .

Com status de uma das maiores estrelas do samba, Wander Pires é apresentado como intérprete do Tuituti em uma grande festa

Uma noite histórica no Paraíso. Assim, o Tuiuti apresentou para seus componentes o intérprete Wander Pires, agora, dono do microfone principal da agremiação de São Cristóvão. Com status, merecido, de uma das principais estrelas do carnaval, o cantor fez um show inesquecível para o público que lotou o espaço. Destaque também para a nova equipe do carro de som e o encaixe perfeito com a bateria “SuperSom”, comandada por mestre Marcão. A dupla de coreógrafos, Lucas Maciel e Karina Dias, que comandará a comissão de frente no Carnaval 2023 também foi apresentada. A noite ainda foi marcada também por dois grandes espetáculos feitos pela Beija-Flor de Nilópolis, vice-campeã, e, a Grande Rio, atual campeã do Grupo Especial do Rio.

Emoção toma conta da comunidade

Como sempre, Wander Pires caprichou visual. O famoso topete estava ainda mais bonito, além disso, ele usou um sobretudo azul e um cachecol amarelo, cores da escola. O artista passou por grandes sambas-enredos que marcaram a discografia do Paraíso do Tuiuti. Com todo o talento que possui, Wander deu uma nova “roupagem” para todas obras.

“Nossa comunidade está muito orgulhosa em ter o Wander Pires no Paraíso do Tuiuti”, declarou Renato Thor, presidente da escola.

No início da apresentação, Wander Pires desceu do camarote presidencial cantando trechos de sambas históricos e com som de piano ao fundo. O artista foi muito aplaudido pelo público. A partir daí, o passeio foi completo pelos sambas-enredo. Veja abaixo os vídeos.

Escolas do Grupo de Acesso definem apoio para reeleição de Cláudio Castro

Representantes das escolas de samba das séries Ouro, Prata e Bronze estiveram reunidos na manhã desta sexta-feira, na quadra do Império Serrano, para demonstrarem apoio para reeleição de Cláudio Castro (PL) ao Governo do Estado. O presidente da Inocentes de Belford Roxo, Reginaldo Gomes, explicou a decisão das agremiações.

encontro castro
Foto: Divulgação

“O governador nos disse que o samba e o carnaval, não são só nos dias de folia e sim o ano todo, pois gera emprego o ano inteiro e cultura. As pessoas estão equivocadas quando pensam que tudo é feito em três dias. O trabalho é o ano inteiro com milhares de profissionais exercendo suas profissões. Concordamos com as palavras do governador, pois o nosso trabalho é durante os 365 dias do ano, quando terminamos um carnaval, começamos outro. E nós do Grupo de Acesso temos muitas dificuldades, pois nossas subvenções são mais baixas que a do Grupo Especial e temos que colocar na avenida um desfile no mesmo padrão. Queremos que as autoridades nos olhem com mais respeito e carinho, porque somos em maior número de agremiações, componentes e comunidades. Vamos apoiar o Cláudio Castro por sabermos que o mesmo lutará por nossa causa”, comentou o presidente da Inocentes de Belford Roxo.

Também fizeram uso da palavra o anfitrião e presidente do Império Serrano, Sandro Avelar; o presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares e o presidente da Superliga, Clayton Ferreira.

Na próxima semana, Cláudio Castro vai encontrar os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial, em um restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Mestre Laion assume o comando da bateria da Botafogo Samba Clube

A Botafogo Samba Clube segue se reforçando para 2023. A escola do torcedor alvinegro acertou a contratação do mestre de bateria Laion, que terá jornada dupla no próximo carnaval. Responsável por comandar os ritmistas da Unidos de Bangu, na Série Ouro, ele vai estar à frente da Ritmo Alvinegro em busca da nota máxima na Intendente Magalhães, na Série Prata.

Laion Jorge
Foto: Divulgação

“Agradeço o convite da diretoria por ter escolhido o meu nome em meio a tantos outros. É mais uma oportunidade de mostrar o meu trabalho. A Botafogo Samba Clube vem se consolidando cada vez mais e será muito importante fazer parte desse crescimento, tanto da escola quanto o meu como profissional. Chego para somar forças e apresentar um bom trabalho. Não irei decepcionar a família alvinegra”, afirma Laion.

Cria da escola mirim Infantes do Lins, Laion vem se destacando nos últimos anos ao empilhar prêmios e notas máximas. Ele acumula trabalhos à frente da Abolição, Engenho da Rainha, até chegar à Sapucaí comandando a bateria do Acadêmicos do Sossego. Para 2023, ele foi contratado pela Unidos de Bangu e vai dividir os trabalhos com a Botafogo Samba Clube.

No próximo ano, a BSC será a primeira escola a desfilar no segundo dia de desfiles da Série Prata, no dia 25 de fevereiro. Em breve, a escola vai apresentar o enredo que irá apresentar na Intendente Magalhães, visando o acesso à Série Ouro.

French Roulette, uma grande roleta

O jogo da roleta francesa, é um dos jogos de roleta de casino mais conhecidos e é jogado em casinos de todo o mundo, ao contrário dos jogos da roleta americana e da roleta americana de um zero, que são mais populares e se encontram facilmente para serem jogadas grátis na internet, dependendo do país em questão, a roleta francesa está em menor proporção disponível de forma grátis, este jogo de roleta que tem um retorno alto na taxa de pagamentos.

A roleta francesa que é um jogo da roleta do cassino tem 37 números, os números 1 a 36 e o zero, neste modo, o jogo é assistido por três dealers, o ritmo de jogo com o qual a partida acontece é mais lento que a versão americana e como regra os níveis de apostas nas mesas de roleta francesa tendem a ser elevados, justamente por conta de sua alta taxa de retorno nos pagamentos.

Há alguns detalhe estéticos no que se diz respeito a apresentação do jogo. No jogo de roleta francesa, o tamanho da mesa e de seu pano são ligeiramente diferentes do que o jogo da roleta americana tanto o tamanho do pano como o tamanho da mesa em geral são maiores do que na roleta americana. Em termos de altura, a mesa da roleta francesa é mais baixa porque é jogada sentada, com cadeiras para os jogadores e os três dealers que frequentam a mesa, os assentos usados tradicionalmente são cadeiras e não bancos como no jogo de pôquer, blackjack, por exemplo. Na roleta americana, a mesa é mais alta e o jogo é jogado com os participantes posicionados em pé.

roleta

O tecido usado na mesa da roleta francesa em sua extensão conta com três pontos de indicações,  sendo que em casa um deles é colocado um perímetro da mesa da roleta francesa tem três identificações localizadas na área do pano de apostas, em cada uma das quais é colocado um croupier para desempenhar determinadas funções de acordo com a sua posição.

A roleta francesa é composta por 37 números, numerados de 1 a 36 e o zero (‘0’). À volta da roleta os números são dispostos alternando números vermelhos e pretos. Se for dividido em duas partes a partir do zero (‘0’), obtêm-se duas partes, cada uma constituída por 18 números. Cada uma das metades tem um conjunto de apostas clássicas baseadas na distribuição dos números dentro da roleta: vizinhos de zero, 0 e os seus vizinhos, órfãos e terços.

Esta roleta é também utilizada no jogo da roleta americana com um zero e, portanto, estas apostas clássicas também podem ser jogadas. A distribuição dos números na Roleta Americana é completamente diferente, portanto as apostas clássicas acima mencionadas não têm lugar.

O layout de apostas, a roleta francesa tem um layout diferente do da roleta americana. As apostas simples (vermelho/preto, ímpar/ímpar e ímpar/falha) e as dezenas são colocadas em ambos os lados da área numérica. Esta mesa é acessível de ambos os lados da mesa, ao contrário da mesa americana, onde um dos lados é ocupado pelo croupier e apostas são normalmente colocadas pelos negociantes de acordo com a solitação dos competidores.

‘Merìndílógún – A fala dos ancestrais’ é o enredo da Independentes de Olaria para 2023

A Independentes de Olaria já tem enredo para o carnaval de 2023. “Merìndílógún – a fala dos ancestrais” será desenvolvido pelos carnavalescos Alex Carvalho e Caio Cidrini na Intendente Magalhães. O lobo forte da Leopoldina embarca nos mistérios e saberes do Merìndílógún, o oráculo que une o Orum e o Ayé, sendo poderoso canal de comunicação com as divindades.

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A agremiação contará as histórias deste oráculo transmitidas através da palavra de velhos sábios. Histórias essas essenciais para a disseminação de uma das práticas mais importantes nas religiões de matriz africana. Se todos buscam equilíbrio na vida e respostas para as indagações ontológicas que nos permeiam, chegou a vez do Lobo Forte da Leopoldina conhecer o seu destino na folia e exaltar um aspecto tão fundamental na cultura afro-brasileira.

“O tema foi escolhido por uma vontade da própria escola de querer tratar de temas afros, de religiosidade negra, de exaltar essa força e ancestralidade. A escola já veio com enredo indígena, exaltou o folclore brasileiro com câmara cascudo, a musicalidade da festa da Penha e trouxe luz para uma figura escondida da história como Padre Perereca, mas ainda não havia feito um afro. E escolher esse sistema de comunicação com divino nas religiões de matriz africana que acabou se incorporando de forma muito forte na nossa sociedade é uma excelente ideia”, revelou o carnavalesco Caio Cidrini.

A explanação do enredo e leitura da sinopse aos compositores acontecerá no dia 4 de agosto, onde também será entregue o regulamento da disputa de samba-enredo para o carnaval de 2023. Décima terceira escola a desfilar no dia 25 de fevereiro, sábado, pela Série Prata, a azul e branca de Olaria vai em busca do campeonato e de uma vaga na Série Ouro, na Marquês de Sapucaí para 2024.

‘No quintal de casa’, Nêgo estreará como intérprete oficial da Porto da Pedra

Morador de São Gonçalo, o intérprete Nêgo comemorou a chegada ao Porto da Pedra. A contratação do cantor é um sonho antigo da escola de São Gonçalo.

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Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“Eu estou no quintal de casa, estou na minha cidade, São Gonçalo, que eu amo, gosto, tenho amigos maravilhosos e isso é muito importante para mim. Rumo ao campeonato, se Deus quiser”.

Fábio Montibelo, atual presidente de honra, conta que, com a chegada de Nego, pôde realizar o desejo de um antigo presidente da escola.

“Quando surgiu a Porto da Pedra, o presidente e patrono da escola, à época, tinha um sonho de trazer o Nêgo. Estou realizando o sonho da outra gestão e trazendo um grande intérprete para a Porto da Pedra”, concluiu.

Renovado com a Porto da Pedra para o carnaval de 2023, o coreógrafo Paulo Pinna, que também assinará a comissão de frente da Mocidade Independente de Padre Miguel, falou sobre o enredo e o início das ideias para o trabalho a ser apresentado na avenida.

“Eu fiquei muito feliz porque gosto de enredos representativos, acho que a gente precisa falar mais da gente. Eu fiquei sabendo do enredo e a ansiedade foi muita, a cabeça começa a ferver, a gente já fica maluco. Já viajei muito nesse enredo e vai ser mais uma vez lindo”, disse.

Mais um título para Duque de Caxias! Grande Rio é patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro

Depois de conquistar o título inédito de campeã do Carnaval no Grupo Especial este ano, a Acadêmicos do Grande Rio tem, agora, mais um motivo para comemorar. O governador Cláudio Castro sancionou lei que torna a Tricolor de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro. A novidade foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE DE 2022

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Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

A iniciativa tem como finalidade preservar a cultura do samba, da música e da história, bem como a divulgação do local para visitação turística e ensaios da escola, fundada em 1988.

A escola de Duque de Caxias levou para Avenida em 2022 o enredo “Fala Majeté: sete chaves de Exu”, desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

O histórico título de 2022

Uma comunidade em festa, o título inédito da Grande Rio mexeu com o ânimo de todos, confiantes desde o início da apuração, o público compareceu em peso a quadra da escola, o respeito pelas co-irmãs era enorme, mas a vontade de soltar o grito de é campeã pela primeira vez falava mais alto, foram muitos anos batendo na trave e esse ano com Exu abrindo os caminhos, o primeiro título veio e a festa não teve hora para acabar.

A agremiação, que já era orgulho da cidade, alcançou um novo patamar no mundo samba, na visão dos segmentos da escola, esse é só o começo.

Sinopse do enredo do Salgueiro para o Carnaval 2023

Enredo: DELÍRIOS DE UM PARAÍSO VERMELHO

PRÓLOGO
No princípio era o verbo. E os verbos e as gírias estavam com o povo, eram o povo, que descia o morro para transformar a rua em palco. Artistas de uma opulenta ópera popular chamada escola de samba, regida por um maestro/profeta que banhou de luxo a miséria e escancarou aflições escondidas em folhas de jornal.

Pelas mãos do profeta João esfarrapados ganharam ar de nobreza e protagonismo. Suas visões misturaram paraísos e infernos. Opostos que se atraem e se reinventam.

O evangelho segundo o João do povo teve suas primeiras páginas escritas na Academia do Samba e pregou que a regra é ousar. Seus delírios etéreos gozavam de intensa liberdade, não cabendo em si ou em julgamentos outros. Sem proibição ou pecado — abolir o não, purgar os preconceitos. A arte é para fazer sonhar, riqueza que não cabe em uma caixa ou que possa estar encarcerada nos porões de mentes tacanhas.

As epístolas deixadas ainda conduzem o reino do carnaval. Quem aprendeu em suas escrituras sabe bem que a alforria é soberana e que o encantamento e as inquietações provocadas pela criação e manifestação artística são elementos fundamentais de sanidade, capazes de provar que a fantasia é uma grande realidade.

João 30:90

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ENREDO

O misterioso pórtico ergue-se da página em branco do universo. Por detrás de suas portas maciças, cuidadosamente entalhadas por nobre criador, a mais sublime obra de arte: as faces de um novo mundo. Superfície coberta por jardins que atravessam o horizonte, contorno sem fim. Paraíso protegido, íntegro. Em uma exuberância desmedida brotam árvores, folhas e flores de suntuoso encantamento. Os frutos ostentam tenra suculência, despertam apetite inesgotável. Até onde os olhos alcançam tudo é deslumbrante.

Frondosa e exótica, a natureza se impõe guardiã da sabedoria. O paraíso, ao contrário do que relatam os livros, se expande em tons de vermelho, em ricas cores vivas, fortes e sedutoras, que tingem a terra e o céu.

Entre barro e costela levantam-se as primeiras criaturas. Imagem e semelhança divina, testemunhas únicas a experienciar a excelência do Éden, os mistérios guardados no paraíso original. Adão e Eva, nativos afortunados, são retrato do bom selvagem, carregam em si a pureza em estado bruto, a inocência cercada de curiosidade. Cada descoberta é magnífica: tudo é estranho e familiar. No paraíso, o real e o fantástico se frequentam, o vento fresco tem perfume de liberdade. Os corpos dançam fluidos, percorrem o ambiente livres para as ilusões.

Vagueiam pelos campos sem contar que em sua sombra espia-lhes a ira. Furtiva criatura a invadir sorrateira a calmaria do Éden. Dissimulada aos olhos e nas palavras, transfigura verdades e mentiras, destila veneno poderoso e ludibria talentosa a pureza nativa. Sedutora serpente de língua afiada, faz florescer na mínima censura a mais tenra tentação. De tantas árvores e tantos frutos, somente aquela, proibida, há de revelar os segredos da vida, de preencher a ignorância com sabedoria.

No afã por intensidade, em uma mordida, o vermelho perde a cor, a exuberância míngua. No perigo maior do paraíso, a perda. Fruto da desobediência, agora pecado original. O pórtico se fecha e o Éden esvanece. Paraíso perdido, herança primeira da humanidade, expatriada da perfeição por ser facilmente corrompida.

O ser humano é filho da queda, desorientado pela condenação aos limites mundanos. Aqui na Terra, jardim dos exilados, o inferno são os outros. A cada juízo, uma condenação. Tudo é perversão e pecado. Tudo é proibido. Grandes olhos vigiam a vida dos outros e sentenciam à margem quem desafia os “costumes”: exclusão, apagamento. A obediência anda incorporada na culpa. Quem há de ter pecado maior?

Uma luta de vaidades se manifesta e entre a inveja e a ira os homens se afrontam. Onde antes dava valor, hoje boto preço. Vendo barato minha dignidade, pois meu paraíso são meus bens. Notícias de tempos corrompidos, dos prazeres da carne, da gula devastadora e da preguiça moral. Relatos de períodos obscuros e frios.

A esperança renasce na fé, na ponta da espada, duelo do bem contra o mal. Na luta diária contra as cabeças de um dragão insaciável pelo sofrimento. Com a batalha armada, põe-se entre nós a cavalgada do fim dos tempos. É ensurdecedor o som do galope austero dos cavaleiros do apocalipse se misturando nas ruas, despertando dores e espalhando terror. Vendem a paz que não queremos, propagam o conflito. Devastam, destroem, espalham a escassez e a fome. E nessa irradiação do caos, a morte é a verdade anunciada.

A velha barca para o inferno tem uma nova diretriz: a redenção vem para os renegados. Os crucificados, os doloridos: uma multidão marginalizada aos olhos dos homens. Seus demônios caíram por terra.

Louvados sejam os excluídos!
Louvados sejam os rejeitados!

A compaixão lhes aguarda no novo Éden. Reluz em tons fortes de vermelho, renasce de amores e sonhos. Portas abertas a quem tem fome e sede de infinito. Entrem e sejam tomados pelo êxtase de um paraíso em festa, efusivo como uma interminável noite de carnaval. Lugar de desejos e das individualidades. Caldeirão de diversidade. Paraíso dos devaneios, da liberdade democrática das ruas, da comunhão entre todos, onde a fantasia se mistura com a realidade. O que era aparente ilusão hoje alimenta os olhos, preenche do corpo à alma: a fartura, a união, o respeito. Ouse imaginar um paraíso “carnevale”, salgueirense, em que a celebração é a fonte da vida eterna. No lugar das trombetas, tambores da Furiosa dão as boas vindas e pedem passagem para toda a gente.

Ainda que a mesma história fosse contada setenta vezes ou ilustrada por trinta mãos talentosas, seria difícil fantasiar esse lugar de reencontro com a liberdade, onde o pecado não mora mais ao lado, pois o sagrado e o profano se misturam, são tão mundanos quanto divinos, fontes de um mesmo criador. Apenas abra os olhos e flutue pelos encantos e delírios do novo paraíso vermelho, pulsante como a Academia do Samba, viva de desejos e prazeres.

Autoria do Enredo: Edson
Pereira Pesquisa e Desenvolvimento: Edson Pereira, Ruan Rocha, Lucas Abelha, Victor Brito e Departamento Cultural. Roteiro: Edson Pereira e Ruan Rocha